A Festa de Pentecostes: Os Primeiros Frutos da Colheita de Deus

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A Festa de Pentecostes

Os Primeiros Frutos da Colheita de Deus

Os Dias Santos estão intrinsecamente ligados quanto ao seu significado. E, juntos, eles  revelam gradualmente como Deus trabalha com a humanidade.

Inicialmente, vimos a Páscoa simbolizando a entrega de Cristo por nós para perdão de nossos pecados. Também aprendemos como os Dias dos Pães Asmos nos ensinam que temos de remover e evitar o pecador em nossas ações e atitudes. O Dia Santo que se segue, Pentecostes, está fundamentado nesse importante entendimento.

Essa festa é conhecida por diversos nomes, que são derivados de seu significado e cálculo [isto é, a necessidade de se fazer uma contagem para chegar nesse dia].

Ela é conhecida como Festa da Sega (Êxodo 23:16), porque representa os primeiros frutos (Números 28:26) colhidos como resultado do trabalho da colheita de cereal da Primavera na antiga Israel (Êxodo 23:16).

E também se chama Festa das Semanas (Êxodo 34:22), em virtude de se contar sete semanas mais um dia (cinquenta dias ao todo) para se determinar a celebração desta festa (Levítico 23:16). Semelhantemente, no Novo Testamento, que foi escrito em grego, ela é conhecida por Pentecostes (Pentekostos no original), que significa “quinquagésimo” (“Pentecostes”, Dicionário Expositivo Completo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento de Vine).

Entre os judeus o nome mais popular festa é Festa das Semanas, ou shavuot, em hebraico. a maioria do povo judeu, ao celebrar essa festa, lembra-se de um dos maiores acontecimentos da história: a revelação da lei de Deus no Monte Sinai.

Mas Pentecostes não significa somente a entrega da lei, pois também mostra — através de um grande milagre ocorrido na primeira celebração de Pentecostes da Igreja primitiva — como manter a intenção espiritual das leis de Deus.

O dom do Pentecostes: o Espírito Santo

Deus escolheu o primeiro Pentecostes, depois da ressurreição de Jesus Cristo, para derramar o Espírito Santo sobre cento e vinte fiéis (Atos 1:15). “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:1-4).

O milagre de falar em línguas ocorreu quando havia uma multidão de pessoas em Jerusalém, e cada visitante ouviu o sermão dos discípulos em sua própria língua (versículos 6-11). Aquele espantoso acontecimento demonstrava a presença do Espírito Santo.

A princípio, as pessoas que testemunharam aquele fenômeno milagroso ficaram estupefatas, e algumas  atribuíram isso a uma possível embriaguez daqueles  cristãos (Atos 2:12-13). Então, corajosamente e cheio do Espírito Santo, o apóstolo Pedro explicou à multidão que aquilo tinha a ver com um cumprimento da profecia de Joel: “E há de ser que, depois, derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne” (Atos 2:17; Joel 2:28).

Pedro explicou como os seus ouvintes também poderiam receber esse Espírito: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (Atos 2:38-39).

Deus utilizou esses milagres e o sermão de Pedro para acrescentar três mil pessoas à Sua Igreja em um só dia. Todos esses conversos foram batizados e receberam o Espírito Santo (versículos 40-41). A partir desse ponto crucial, o Espírito de Deus passou a estar disponível a todos aqueles que, verdadeiramente, se arrependam e sejam devidamente batizados. O Dia de Pentecostes é uma lembrança anual de que Deus derramou o Seu Espírito para estabelecer a Sua Igreja, um grupo de fiéis guiados pelo Seu Espírito.

Por que precisamos do Espírito de Deus?

Humanamente falando, nós ainda pecamos e não importa o quanto nos esforcemos (1 Reis 8:46; Romanos 3:23). Ao reconhecer esta fraqueza inerente ao ser humano, Deus lamentou em Deuteronômio 5:29: “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre!”.

Deus explica aqui que o problema da humanidade se encontra no coração. dão fato de conhecermos a lei não nos capacita a pensar como Deus. Ter pensamentos, atitudes e ações puras está além da compreensão e capacidade do homem sem um elemento adicional: o Espírito de Deus.

A maneira de pensar de Deus produz paz, alegria e cuidado para com os outros. Jesus elogiou um mestre religioso que citou corretamente a essência da lei de Deus: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27). Este homem citou Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18, que são dois livros do Pentateuco. Jesus aqui confirma que as escrituras do Antigo Testamento são baseadas nestes dois grandes princípios de amor (Mateus 22:40).

A essência da lei de Deus é amor (Romanos 13:8-10; 1 Tessalonicenses 4:9). Deus decretou os Seus mandamentos porque nos ama. Ao escrever aos irmãos, que tinham o Espírito de Deus, João disse: “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; e os Seus mandamentos não são pesados” (1 João 5:2-3, ACF).

Porque o Espírito de Deus agora residia na Igreja, os seus membros podiam expressar amor genuíno. Jesus disse: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós... Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:34-35). O dom do Espírito Santo de Deus no Dia de Pentecostes tornou possível à Igreja expressar completamente os mandamentos de amor de Deus.

Jesus Cristo: as primícias da vida eterna

Os primeiros frutos (as primícias) são os primeiros produtos agrícolas a crescer e a amadurecer. Ao longo da Bíblia, Deus usa a analogia das colheitas — e, particularmente, em Pentecostes, as primícias — para ilustrar aspectos do Seu plano de salvação. Israel celebrava este dia ao findar a Primavera, depois das segas da cevada e do trigo. Uma oferta especial das primícias de cevada amadurecida durante os Dias dos Pães Asmos, chamada o molho da oferta movida, marcava o início dessas ceifas, as quais continuavam durante os cinquenta dias seguintes até Pentecostes (Levítico 23:11). Essa colheita primaveril era a dos primeiros frutos do ciclo anual agrícola.

No Novo Testamento, uma das primeiras lições dessas colheitas é a de que Jesus Cristo “ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15:20). O molho da oferta movida representava Jesus Cristo, que foi o “primogênito de toda a criação” e o “primogênito dentre os mortos” (Colossenses 1:15, 18). Ele apresentou-se a Deus Pai, como um tipo ou modelo das primícias no domingo depois de Sua ressurreição; no mesmo dia, durante os Dias dos Pães Asmos, em que as primícias da cevada madura, da sega da primavera, eram movidas perante Deus.

Cedo, no primeiro dia da semana (na manhã de domingo), quando ainda estava escuro, e Jesus já havia ressuscitado, Maria Madalena foi ao sepulcro, e viu que a pedra que bloqueava a entrada fora retirada (João 20:1). Ela correu e foi informar a Pedro e a João que Jesus não mais estava no túmulo. Estes dois homens correram para a tumba e verificaram que Jesus desaparecera (João 20:2-10). Depois que Pedro e João foram embora, Maria Madalena continuou do lado de fora do sepulcro de Jesus (versículo 11). Enquanto ela chorava, Jesus apareceu-lhe, mas não permitiu que O tocasse, porque Ele “ainda não tinha subido” ao Pai (João 20:17).

Mais tarde, no mesmo dia, Jesus apareceu novamente. Desta vez, Ele permitiu que algumas mulheres O tocassem (Mateus 28:9). As Suas próprias palavras demonstram que, entre o tempo em que foi visto por Maria Madalena e o tempo em que permitiu que as mulheres O tocassem, Cristo ao céu para ser aceito pelo Pai.

Assim, a cerimônia do molho da oferta movida, que Deus deu à antiga Israel, representa a aceitação de Jesus Cristo por Seu Pai como “as primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15:20).

A Igreja como as primícias

Lemos em Romanos 8:29 que Jesus Cristo é “o primogênito entre muitos irmãos”. Contudo, a Igreja do Novo Testamento também é considerada primícias. Ao falar sobre o Pai, Tiago disse: “Segundo a Sua vontade, Ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das Suas criaturas” (Tiago 1:18).

O Espírito de Deus em nós é que nos identifica e nos santifica — separando-nos como cristãos. Paulo escreveu: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle”, e “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Romanos 8:9,14).

Paulo também se refere aos irmãos como aqueles que têm “as primícias do Espírito” (versículo 23). Ele alude a diversos cristãos do primeiro século como as primícias do chamado de Deus (Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:15).

A importância de os escritores da Bíblia chamarem essas pessoas de primícias de Deus torna-se evidente quando analisamos João 14:6. Nesta passagem, Jesus disse: “Eu Sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim”.

Através dos séculos, quantas pessoas  realmente aceitaram e praticaram o caminho de vida que Jesus Cristo ensinou? Até hoje,  grande parte da humanidade simplesmente ouviu falar pouco ou quase nada sobre Jesus Cristo.. Então como Deus vai oferecer a salvação a essas pessoas?

Poucas pessoas compreendem que Deus tem um plano metódico, simbolizado pelos Seus Dias Santos, para salvar toda a humanidade, oferecendo a todos a vida eterna em Seu Reino. Nesta era, estamos apenas no princípio da colheita para o Reino de Deus.

O apóstolo Paulo compreendia isso: “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem…Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Coríntios 15:22-23). Quem for chamado e escolhido por Deus agora vai fazer parte das primícias de Deus com Cristo (Tiago 1:18).

A Bíblia dize que Deus é quem chama as pessoas (João 6:44; 6:65). Por conseguinte, o nosso Criador controla o tempo de Sua colheita. Quando Deus fundou a Sua Igreja, entregando o Seu Espírito a alguns crentes no dia de Pentecostes, cinquenta dias após a ressurreição de Jesus, Ele estava expandindo a Sua colheita espiritual. Era o início daquilo que Joel profetizou, ou seja, de que Deus derramaria o Seu Espírito em “toda a carne” (Joel 2:28-29; Atos 2:14-17).

O Espírito Santo em ação

A vinda do Espírito Santo mudou dramaticamente a vida dos primeiros cristãos. O livro de Atos está repleto de registros do notável impacto espiritual na sociedade ao redor da Igreja primitiva. A transformação foi tão evidente que os incrédulos acusavam os cristãos de “alvoroçar o mundo” (Atos 17:6). Isso demonstra como era miraculoso e dinâmico o poder do Espírito Santo.

Para captar completamente o quanto o Espírito de Deus pode atuar em nós, temos que compreender o que é o Espírito Santo. Ele não é uma pessoa que, juntamente com Deus Pai e o Filho Jesus Cristo, formam uma “Santa Trindade”. Nas Escrituras o Espírito Santo é descrito como o poder de Deus atuando em nossas vidas (Atos 1:8; Romanos 15:13, 19), sendo o mesmo poder que atuou no ministério de Jesus Cristo (Lucas 4:14; Atos 10:38).

Esse poder divino faz com que sejamos “guiados pelo Espírito de Deus” (Romanos 8:14). E foi esse mesmo poder que transformou as vidas dos primeiros cristãos e é o poder que atua na Igreja hoje. Paulo disse a Timóteo que o Espírito de Deus é o “espírito de…poder e de amor e de moderação” (2 Timóteo 1:7, ARA).

O Pentecostes tem a função de lembrar, anualmente, que o nosso Criador ainda opera milagres, concedendo o Seu Espírito aos primeiros frutos de Sua colheita espiritual, e fortalecendo-os com poder para continuar a Sua obra neste mundo.