Como Algo de Bom Pode Vir do Sofrimento

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Como não podemos evitar todo o sofrimento, então devemos ter em mente que pelo menos ele pode produzir e muitas vez produz bons resultados. É mais fácil enfrentar o sofrimento e a dor quando os vemos como desafios ao invés de maldições insuportáveis.

Esse tem sido tradicionalmente um dogma da cultura ocidental, e com razão, pois certas dificuldades são benéficas e podem nos ajudar a amadurecer e nos tornar melhores pessoas. Contudo, o escritor Richard Kyle lembra que grande parte da Europa, Grã-Bretanha e Estados Unidos entraram na era pós-cristã, em que “o cristianismo já não define mais os valores culturais” (Os Últimos Dias Voltaram, 1998, p. 25).

A mentalidade pós-cristã rejeita o ponto de vista bíblico tradicional de que a dificuldade e a dor—mesmo desagradáveis e indesejáveis—podem resultar em algo bom. Expressões como “é na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma” (Lucas 21:19 ARA) e “por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:22), apesar de verdadeiras, já não são aceitas unanimemente.

A Bíblia ensina claramente que a adversidade pode gerar resultados benéficos. Até mesmo Cristo, sendo Filho de Deus, também “aprendeu, por meio dos Seus sofrimentos, a ser obediente. E, depois de ser aperfeiçoado, Ele se tornou a fonte da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” (Hebreus 5:8-9, BLH). Até a história secular tem muitos exemplos de pessoas e nações que, sob pressão, venceram circunstâncias difíceis para alcançar a grandeza. Em certas ocasiões, apenas uma pessoa foi suficiente para incentivar as nações a enfrentar tempos difíceis e alcançar objetivos dignos de louvor.

Um primeiro-ministro serviu poderosamente seu paísl

John Keegan observou que esse foi o caso de Winston Churchill e a Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial. Em 1940, durante os piores dias do conflito, Churchill se manteve firme e conseguiu unir o povo britânico, que estava sitiado. “Numa série de discursos magníficos, apelando à coragem do seu povo e à grandeza histórica, ele trouxe a Grã-Bretanha para junto de si”. Por meio de suas poderosas palavras, ele impôs sua “vontade e imaginação a seus compatriotas” (Revista U.S. News e World Report, 29 de Maio de 2000).

Instigados pela determinação do seu primeiro-ministro, os britânicos resistiram ao terrível bombardeio de Hitler na Batalha da Grã-Bretanha e transformaram um tempo de dificuldades e iminente derrota em um triunfo, que Churchill chamou a “hora mais bela” de seu país.

Keegan disse que os britânicos, sob ameaça de invasão, “deram um grande exemplo de como a hora mais bela deve ser vivida. Dos escombros, eles desenterraram seus mortos e os vivos saíram para guarnecer suas praias, apertando seus cintos” (ibid.).

No livro As Lições de História, Will e Ariel Durant observam que “um desafio vencido . . . eleva a moral e a autoestima de uma nação, tornando-a capaz de enfrentar mais desafios” (1968, p. 91).

A experiência britânica demonstra a importância da união e do apoio mútuo durante uma adversidade. O doutor Paul Brand diz como se prepara para o pior: “A melhor coisa que posso fazer para me preparar para a dor é rodear-me de companhias amorosas, que ficam ao meu lado quando ocorre uma tragédia” (Brand e Yancey, p. 236). Ele nota que “o sofrimento só é intolerável quando ninguém se importa” (p. 257).

Deus revela que o sofrimento transmite um propósito nobre: Ele deve servir para nos ajudar a crescer em amor fraternal. Paulo escreve: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gálatas 6:2).

Quando nossa preocupação é direcionada aos outros, o sofrimento pode se tornar uma experiência proveitosa, mesmo sendo indesejável e penoso. Entretanto, nós realmente aprendemos que “quando somos corrigidos, isso no momento nos parece motivo de tristeza e não de alegria. Porém, mais tarde, os que foram corrigidos recebem como recompensa uma vida correta e de paz” (Hebreus 12:11, BLH).

Enfrentando dificuldades

A crença de que a aflição pode produzir considerável benefício quase desapareceu da cultura ocidental. Ela foi substituída pela ideia de que o sofrimento ou qualquer infortúnio é injusto e deve ser evitado a todo o custo.

Talvez, esta noção seja fruto de uma sociedade que vive um estilo de vida de ‘soluções instantâneas’ e que nos ensina que merecemos um comprimido para cada dor e uma solução rápida para todos os problemas. Também é parte disso ter uma mentalidade de vítima—se recusar a assumir a responsabilidade pelas ações ou circunstâncias—e isso pode enfraquecer e derrotar uma sociedade.

Qualquer sociedade que reconhece que, às vezes, a vida nem sempre é justa e fácil—conseguindo enfrentar corajosamente os desafios—vai crescer ainda mais forte.

Na visão moderna, a dor é sinistra e um inimigo que deve ser evitado. Podemos vê-la dessa maneira ou podemos vê-la como um aviso de que é preciso mudar um comportamento. Se não podemos evitá-la, então devemos enfrentar esse desafio e nos tornar uma pessoa melhor e mais forte.

Às vezes, não podemos fazer quase nada; somente suportar a provação e deixar que ela melhore nosso carácter. O terapeuta Norman Wright diz que passar por uma “crise nem sempre é ruim. Pois, ela pode mostrar-se um caminho para dar uma guinada na vida . . . [pois] transporta consigo uma oportunidade de crescimento e mudança” (Como Enfrentar Uma Crise Com Criatividade, 1986, p. 15).

A Bíblia nos diz que, diante das dificuldades, devemos olhar além do presente e concentrar nossa atenção nos potenciais benefícios: “E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma” (Tiago 1:4, NVI).

Não se entregue diante das dificuldades

Não estamos dizendo que se deve sofrer quando se pode evitar. Mas quando não se pode evitar o sofrimento, precisamos saber lidar com ele e, se necessário, aceitá-lo. Se não aprendermos isso, as nossas dificuldades podem nos levar a problemas ainda maiores, pois corremos o risco de tomar decisões que vão mudar nossa vida para sempre por conta da ansiedade causada por essas dificuldades do momento.

Como o doutor Paul Martin escreve em A Mente Cura: “O estresse e a ansiedade . . . podem nos impedir de dormir adequadamente e nos tornar mais propensos ao tabagismo, ao abuso de álcool, à alimentação errada e exagerada, a ignorar medicação, a negligenciar a atividade física, a consumir drogas recreativas nocivas, a incorrer em comportamento sexual de risco, a dirigir em alta velocidade sem cinto de segurança, a sofrer um acidente violento ou até mesmo a cometer suicídio” (p.55).

Em muitas nações, a elevada taxa de suicídio se deve, em parte, à incapacidade das pessoas de aceitarem que a vida pode não ser tão fácil.

Uma boa nova

A Bíblia nos diz que Deus permite o sofrimento para servir a um propósito divino. Os cristãos sabem que seu Salvador, Jesus Cristo, sofreu e morreu por eles e que devem seguir os Seus passos, e isso inclui o sofrimento (1 Pedro 2:21). Jesus suportou à agonia e morreu para que Deus pudesse perdoar os nossos pecados e nos dar a vida eterna, durante a qual reinaremos com Cristo (Apocalipse 5:10). Ter isso em mente pode nos ajudar a enfrentar melhor as dificuldades da vida.

Paulo lembra-nos que “se sofrermos, também com Ele reinaremos” (2 Timóteo 2:12). Um dia, Cristo regressará à Terra para governar e vai acabar com a tristeza e o sofrimento.

Basicamente, a mensagem de Jesus foi a boa nova do Reino de Deus (Marcos 1:14-15), que será estabelecido quando Ele regressar. Cristo vai estabelecer um tempo de paz e de felicidade em todo o mundo. Por intermédio do profeta Isaías, Deus profetizou a paz e a alegria desse futuro Reino: “Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da Minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9).

Quando o conhecimento de Deus for restaurado à humanidade e a influência de Satanás for banida (Apocalipse 20:1-3), então, a dor, que é o resultado de seguir ao diabo em vez de Deus, vai acabar. Finalmente, a Terra encontrará uma paz duradoura. (Para saber mais sobre o assunto, por favor, baixe ou solicite o nosso guia de estudo bíblico O Evangelho do Reino de Deus).

Um futuro maravilhoso

Hoje em dia, dentre toda a humanidade, Deus está chamando apenas algumas pessoas para fazer parte de Sua Igreja. Ele as considera primícias de Sua colheita espiritual (Tiago 1:18)—escolhidas, se permanecerem fiéis, para reinarem com Cristo em Seu Reino. Mas Ele não está chamando a todos agora (Romanos 11:7-8, 25-26). “Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, o não trouxer; e Eu o ressuscitarei no último Dia” (João 6:44).

Quando Jesus falou de ressuscitá-los no último dia, Ele estava a se referindo à Sua segunda vinda. Paulo dá mais detalhes desse evento: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4:16-18).

Quando compreendemos e aceitamos o plano de salvação de Deus, então encontramos grande conforto nessa verdade. Quando Jesus vier, aqueles que se arrependeram e O aceitaram como seu Salvador e entregaram suas vidas em obediência amorosa vão ser consolados. Nunca mais vão sofrer. Deus vai lhes dá vida eterna e um novo corpo—um corpo espiritual—que nunca conhecerá sofrimento (1 Coríntios 15:35-54).

Então, vamos entender algo que compreendemos apenas em parte enquanto estamos na carne, ou seja, que “as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Romanos 8:18).

Aqueles que compreendem o grande propósito e o chamado de Deus sabem que, às vezes, a vida é amarga (versículo 23), mas entendem o motivo. Eles estão ansiosos pelo tempo em que Deus lhes dará a vida eterna e a oportunidade de reinar com Cristo no Reino de Deus. Paulo os encoraja, dizendo: “Consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4:18).

Lições dolorosas

Paulo constata que os cristãos devem sofrer como Cristo: "Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nEle" (Filipenses 1:29, ARA).

Pedro lembra aos cristãos que eles devem esperar sofrer, pois Deus pode usar o sofrimento para nos ajudar e nos purificar de nossos erros: “Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento: que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado, para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (1 Pedro 4:1-2).

Cristo explicou que Seus seguidores podem esperar algum sofrimento. Mas Deus, às vezes, deixa que soframos porque a dor nos ensina a parar de pecar mesmo em circunstâncias muito difíceis.

Quando Deus deixa que soframos por causa de nossas escolhas erradas, na verdade, Ele está agindo com piedade. Por quê? Porque sabemos muito bem que a consequência de continuar pecando (se não nos arrependemos) será a morte por toda a eternidade.

O autor do Salmo 119 escreveu no versículo 67: “Antes de ser afligido, andava errado; mas agora guardo a Tua palavra”. Ele nos recorda que o sofrimento é uma lembrança das consequências do pecado, e que sofrer pode nos trazer benefícios perenes, mas que não percebemos enquanto passamos pela dor física ou emocional.

O importante propósito da dor

O doutor Paul Brand trabalhou muito anos cuidando de doentes de hanseníase (da lepra) na Índia e nos Estados Unidos. Durante esse trabalho, ele chegou a uma espantosa conclusão sobre a patologia da hanseníase.

As vítimas da hanseníase sofrem com causa o apodrecimento dos tecidos de suas extremidades—dedos, mãos, pés e até mesmo nariz e ouvidos—e definham, mas ninguém sabia o motivo. Antes de sua investigação, os médicos achavam que os leprosos estavam amaldiçoados pela “carne corrupta”. O doutor Brand descobriu que a origem era o bacilo da lepra, que ataca os nervos de partes do organismo, desencadeando um processo que leva à morte dos nervos. Quando isto acontece, um paciente que tenha um simples ferimento—até mesmo uma contusão—na área afetada não sente absolutamente nenhuma dor. Por conseguinte, ele continua utilizando a parte danificada do corpo. E esse uso repetido agrava a ferida. Por fim, o tecido fica tão danificado que a carne acaba morrendo e caindo.

O doutor Brand começou a tratar as feridas dos leprosos protegendo-as, às vezes, com talas de gesso. Geralmente, as feridas saravam e não pioravam. A carne protegida ficava sã outra vez, embora o leproso não recuperasse a sensação na parte afetada do corpo porque o tecido nervoso havia se deteriorado permanentemente.

Ele concluiu que a dor é um dom de Deus, pois nos alerta para o fato de que alguma coisa ruim está acontecendo.

A conclusão desse notável médico é útil para qualquer enfermidade, não apenas à lepra. Quando nos ferimos, devemos responder aos sinais do nosso corpo e tomar medidas para aliviar a dor e eliminar suas causas subjacentes. Ele finaliza: “Eu não tinha ideia como corpo se torna vulnerável quando lhe falta de um sistema de alerta” (Brand e Yancey, p. 121).

As lições espirituais do sofrimento

Podemos traçar um paralelo espiritual com a descoberta do doutor Brand. Alguns sofrimentos são resultados de nossos próprios erros ou psicoses. Às vezes, o resultado disso é o disparo automático de consequências negativas e daninhas a nosso corpo. Outras vezes, é porque Deus permite que esse desconforto—e sofrimento—nos leve a prestar atenção no que estamos fazendo para mudarmos o nosso comportamento, atitude ou convicções.

Geralmente, a dor mental e física é o resultado de desobedecer, consciente ou inconsciente, os mandamentos de Deus. Como disse certo psiquiatra: “Metade das pessoas que vai para as clínicas reclamando de dores físicas, na verdade, está querendo dizer: a minha vida dói” (Ibid., p. 251).

Às vezes, quando pecamos, não sofremos imediatamente. Deus pode chamar nossa atenção permitindo que passemos por uma provação dolorosa. “Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hebreus 12:6). As Escrituras contêm muitos exemplos de homens e mulheres cujas vidas refletem este princípio.

Deus não é diferente de qualquer outro pai carinhoso, que pode permitir o sofrimento do filho para lhe chamar à atenção para seus erros e falhas de caráter. Pais e mães que amam os seus filhos investem tempo e esforço para lhes ensinar lições para seu próprio bem. Deus faz o mesmo para conosco porque Ele deseja que aprendamos (Hebreus 12:5-11).

Às vezes, Deus permite nosso sofrimento para aprendermos a discernir o bem do mal e entendermos que dependemos dEle e de Sua orientação. Por isso não devemos ficar surpresos quando nossa vida, mesmo sendo cristãos, é acometida por estresse e dificuldades (1 Pedro 4:12-13).

Em outros casos, o sofrimento pode não ser por causa de pecados, mas porque Deus vê a necessidade de aperfeiçoar e fortalecer alguma parte de nosso caráter. Assim como um músculo inerte se atrofia, também nossa fé e caráter se atrofiam se não forem devidamente exercitados.

Pedro escreve acerca do valor das dificuldades e explica: “Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos por todo tipo de provação. Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado” (1 Pedro 1:6-7, NVI).

Aprendendo a depender de Deus

Não obstante, precisamos entender que Deus permite as adversidades, mas Ele não fica indiferente para conosco quando elas acontecem. Deus é um Pai. E ainda mais carinhoso que um pai humano e Ele não se alegra vendo Seus filhos sofrerem. Então, como Ele se sente nessas ocasiões? “Deixem com Ele todas as suas preocupações e cuidados, pois Ele está sempre pensando em vocês e vigiando tudo o que se relaciona com vocês” (1 Pedro 5:7, Bíblia Viva). Estas palavras nos mostram que, às vezes, temos de depender completamente do poder de Deus para suportar certas adversidades.

Quando estamos sofrendo, Deus quer que O busquemos. Se fizermos isso, Ele promete que nos ajudará. Paulo escreveu que Deus conforta os desanimados (2 Coríntios 7:6), mas temos de pedir-Lhe essa ajuda. Ele promete que não vai nos provar além de nossas forças e que nos providenciará o alívio ou a força necessária para suportar (1 Coríntios 10:13). Precisamos confiar em Sua palavra e nos aproximar dEle com essa promessa em mente, especialmente, quando sentimos que nossas forças estão se acabando.

Precisamos entender que Deus protege, muitas vezes, aqueles que O buscam: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a Sua mão” (Salmos 37:23-24).

Tenha isso em mente ao ler todo o Salmo 91. Devemos pedir a Deus para proteger a nós e a nossos entes queridos. Ele ouve as orações dos justos (Tiago 5:16; 1 Pedro 3:12), e, sem dúvida, protege e abençoa o Seu povo. No entanto, a Bíblia também deixa claro que Deus permitirá que circunstâncias difíceis e dolorosas aconteçam conosco, mas somente até certo ponto. Todos os Seus servos fiéis tiveram de suportar provações. Quando elas chegarem, devemos rogar a Deus que nos proteja de qualquer sofrimento que exceda a nossa capacidade de resistir e que nos dê força para suportar tudo.

Deus sempre está no controle

Alguns estudos têm demonstrado que uma pessoa é capa de resistir à dor quando tem um sentido de controle sobre ela. Devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para aliviar, enfrentar e controlar o sofrimento. Então, vamos perceber que não somos peões sujeitos ao capricho da dor e que podemos optar por manter o controle sobre nossas atitudes e reações quanto a ela.

Como servos de Deus, precisamos compreender que, enfim, Deus está no controle e Ele é misericordioso. Ele quer e pode nos socorrer. Os Seus ouvidos estão abertos às nossas preces (1 Pedro 3:12).

Mas Ele deseja que confiemos em Seu julgamento e tempo e que acreditemos nEle sem titubear. Paulo escreveu: “Irmãos, não queremos que vocês desconheçam as tribulações que sofremos na província da Ásia, as quais foram muito além da nossa capacidade de suportar, ao ponto de perdermos a esperança da própria vida. De fato, já tínhamos sobre nós a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos. Ele nos livrou e continuará nos livrando de tal perigo de morte. Nele temos colocado a nossa esperança de que continuará a livrar-nos” (2 Coríntios 1:8-10, NVI).

Uma vida livre de dor?

Nesse meio tempo, talvez possamos entender a sabedoria das palavras de Tiago: “Queridos irmãos, a vida de vocês está cheia de dificuldades e de tentações? Então, sintam-se felizes porque quando o caminho é áspero, a perseverança de vocês tem uma oportunidade de crescer. Portanto, deixem-na crescer, e não procurem desviar-se dos seus problemas. Porque quando a perseverança de vocês estiver afinal plenamente crescida, vocês estarão preparados para qualquer coisa, e serão fortes de caráter, íntegros e perfeitos” (Tiago 1:2-4, Bíblia Viva).

As palavras de Tiago podem parecer pouco realistas paras as pessoas do mundo ocidental, pois muitas vivem na ilusão de que seremos capazes de pôr um fim a toda dor. Tiago viveu numa sociedade em que o povo frequentemente enfrentava o sofrimento. Eles estavam mais acostumados que nós aos benefícios do sofrimento.

Uma vida livre de sofrimento é impossível. Precisamos encarar a realidade de que Deus pode nos ensinar valiosas lições através do sofrimento. Isto não significa que o sofrimento seja agradável. Mesmo se considerarmos, antecipadamente, a possibilidade de sofrer e nos prepararmos mentalmente para isso, quando esse sofrimento nos alcança, sem dúvida, nós nos sentimos muito mal. A dor perturba e amarga nossas vidas. Ela é um inimigo indesejável.

Mas, em sentido espiritual, o sofrimento e as aflições podem nos ajudar em nossa preparação para o propósito de Deus e Seu Reino. Às vezes, a nossa total reconciliação com o sofrimento só vem depois de tudo terminado—depois de termos aguentado e compreendido a maturidade espiritual que ele gerou em nós.

A única e definitiva libertação da dor e da aflição somente pode vir através da oração e da confiança em Deus. Antes de sofrer o tormento da crucificação, Jesus suplicou: “Meu Pai, se é possível, passa de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres” (Mateus 26:39).

Pedro nos relembras os benefícios de enfrentar as adversidades: “O Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante pouco de tempo, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces” (1 Pedro 5:10, NVI).

Foco no futuro

Quando compreendemos os benefícios que podem acompanhar o nosso sofrimento, então podemos suportá-lo melhor. Viktor Frankl, um psiquiatra que sobreviveu à Segunda Guerra Mundial no campo de concentração de Auschwitz, descobriu a importância de encontrar significado na vida, especialmente nas piores circunstâncias. Ele observou que os prisioneiros que se concentravam em um objetivo tinham muito mais probabilidade de sobreviver.

Talvez tenhamos dificuldade em ver os benefícios espirituais do sofrimento, todavia, posteriormente, vamos compreender ao recebermos a vida eterna no Reino de Deus (2 Pedro 1:11).

Nesse reino ganharemos muito mais do que perdemos por causa do sofrimento nesta vida. Já vimos o que Paulo tem a dizer sobre isso:

“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Romanos 8:18). E, mais adiante, ele nos lembra: “Pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles a quem Ele chamou de acordo com o Seu plano” (Romanos 8:28 BLH). Deus inspirou Paulo a escrever isto, e, portanto, podemos confiar nessas palavras!

O sofrimento ajuda a aperfeiçoar o nosso potencial como filhos de Deus (1 João 3:1). Com o apoio de Deus, o sofrimento pode ter um bom resultado. Um poeta desconhecido vê da seguinte forma:

“Cada um de nós recebeu uma caixa de ferramentas, Uma rocha disforme e um livro de regras, E cada um tem de edificar, antes que a vida se desvaneça,Uma pedra de tropeço ou um degrau”.

E esse degrau é o caminho para o Reino de Deus.

Preparando-se para receber uma herança

Paulo disse que, além de filhos de Deus, também somos “herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Romanos 8:16-17). Se nós somos herdeiros, então temos uma herança. A Bíblia revela que a nossa herança não é ter um futuro de ócio e lazer, e sim com muitas responsabilidades.

As Escrituras revelam que realmente vamos herdar os bens e o negócio de nosso Pai. Temos muito que aprender com Ele. O Pai quer nos dar tempo para crescermos. Ele quer nos ensinar o que necessitamos porque isso vai nos ajudar a desenvolver o caráter que precisamos ter.

Não existe nenhum atalho para esse processo. Não basta ter conhecimento. O caráter não pode ser aperfeiçoado da noite para o dia; isso exige tempo e muito esforço. Por isso é que Paulo nos diz que “se é certo que com Ele [Cristo] padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados” (versículo 17). Assim como Cristo aprendeu e foi aperfeiçoado pelas coisas que teve de sofrer (Hebreus 5:8-9), assim também aprendemos e nos aperfeiçoamos através de adversidades, a fim de compartilhar uma herança com Ele no Reino de Deus.

A fantástica promessa da partilha dessa herança—a filiação na eterna família de Deus (Romanos 8:14-23)—ajuda a explicar porque temos de sofrer. Se o nosso futuro fosse simplesmente descansar no céu e contemplar a Deus por toda a eternidade, como pensam alguns, então Ele poderia nos levar agora ou nos deixar aqui e nos proteger de qualquer adversidade ou dor. E isso não iria exigir nada de nós.

Mas o nosso futuro é muito mais grandioso que isso. Quanto maior a responsabilidade que Ele nos tem reservada, maiores serão os desafios a vencer.