O Jantar: Hora ideal para reconstruir união na família 

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O Jantar

Hora ideal para reconstruir união na família 

Como conselheiro professional, eu aprendi que a comida é um importante fator de amizade e união entre pessoas. Ela desempenha um papel fundamental quando em jogo a estabilidade familiar. No entanto, nós vemos na sociedade uma tendência crescente de diminuição do tempo que as famílias possuem para apreciar juntas uma refeição.

Neste contexto, o jantar pode, na verdade, vir a ser a única oportunidade para as famílias estarem juntas (se estão). Hoje em dia, com a disponibilidade de vários tipos de mídia moderna fácilmente acessíveis, a família ainda tem de enfrentar a concorrência com a televisão e outras formas de entretenimento. Quando os pais e filhos não dedicam tempo para conversar, a união, ingrediente-chave na família, é perdida.

Os pais podem fazer da hora do jantar uma hora especial e bem agradável para acompanhar a vida de seus filhos e desenvolver valores morais que eles desejam que os seus filhos aprendam para a vida.

Por que o jantar com a família está a desaparecer?

Boa comida, boa conversa e uma boa risada — é como os jantares em família deveriam ser.  Mas a nossa vida atarefada torna cada vez mais difícil dedicar um tempo para a refeição em família. Mas isto importa?

A razão mais comum de não serem os jantares em família frequentes é, segundo os adolescentes, que os “pais trabalham até tarde.”

A razão mais comum que os pais dão é um “conflite de horários.”

Outras razões são apontadas: “a famílias decidem não comer juntas,” “interfere nas atividades dos adolescentes” e “não podemos perder este programa de televisão.”

Mais de um entre cinco pais com crianças e adolescentes dizem que simplesmente “estão muito ocupados” para jantarem com a família reunida. Dado o impacto que a participação dos pais tem na prevenção de abuso por parte dos adolescentes, as famílias deveriam se esforçar para vencer os obstáculos que se colocam contra o frequente jantar em família!

Abrindo as linhas de comunicação

Pela experiência que possuo em aconselhamento, cheguei à conclusão de que muitas das questões exigentes que confrontam as famílias podem ser guiadas e resolvidas simplesmente criando tempo para o jantar e dando tempo a saudáveis e positivas conversas e discussões — em vez de ceder à pressa e agitação da vida moderna em que estamos ocupados 24 horas por dia, sete dias por semana.

Há muitos anos uma frase que veio a ser bem conhecida do filme Cool Hand Luke (no Brasil foi entitulado Rebeldia Indomável e em Portugal foi entitulado O Presidiário) dizia: “O que temos aqui é uma falha de comunicação.” Uma queixa comum entra as famílias hoje em dia é semelhante: “Nós simplesmente não falamos mais.”

Algumas famílias queixam-se que o tempo que possuem para si é seccionado, mas por outro lado falam da importância de não cancelar o treino de futebol, a ginástica, a banda, as viagens dos pais, ou qualquer outras dezenas de atividades que lhes roubam oportunidades de estar com a família.

Fazer listas de prioridades no trabalho torna-se uma coisa fácil para a maioria das pessoas, mas essas mesmas pessoas encontram barreiras quase que intranponíveis quando se trata da família em casa. A maioria dos pais admitem abertamente que é necessário executar planos efectivamente para o sucesso dos seus empregos. Mas será que consideram que fazer refeições juntas também é necessário como parte dos planos para uma família sã?

Diz-se que Rose Fitzgerald Kennedy, do famoso clã político Kennedy, em várias ocasiões deu a seus filhos um artigo do jornal para ler no café da manhã. Ela então deu uma tarefa para a refeição da noite: Cada criança devia falar do seu artigo e explicar as suas observações e pontos de vista em conversa com os outros membros da família, numa forma de discussão de mesa redonda. Independentemente de estarmos de acordo, ou não, com o ponto de vista político de muitos dos seus filhos, não se deve negar a importância do que aprenderam e dos benefícios que este princípio de discussão familiar lhes deu mais tarde na vida.

Redescobrindo a arte perdida de jantar juntos

Tendo em mente que jantares em família são muito mais acerca do desenvolvimento duma família sã do que simplesmente compartilhar alimentos, vamos considerar algumas sugestões para melhorar o tempo de refeições em família.

• Faça um compromisso de ter jantares em família e mantenha esse hábito até que se torne uma tradição da família, de maneira que outras importantes tarefas diárias e semanais sejam programadas à volta dessa hora. Poderá encontrar alguma dificuldade de início, mas os resultados positivos serão visíveis. Comece de forma realista, talvez, por exemplo, todos os domingos à noite, e então estenda esse compromisso para mais noites.

Decida dedicar uma certa quantidade de tempo para a refeição. Uma refeição sem pressa cria um ambiente melhor para a digestão. As autoridades médicas provaram que comer sem pressa produz muitos efeitos positivos sobre o bem-estar de cada pessoa. Por isso, do contrário, apressar as refeições ou engolir os alimentos às pressas poderá levar a complicações em sua saúde.

• Jante à volta da mesa, e não à volta da TV. Compartilhe a refeição, num lugar onde a família possa desfrutar uma boa conversa. É um triste, porém não surpreendente, o fato das vendas de mesas de jantar ter diminuído progressivamente na última década. Muitas casas novas nem sequer têm uma mesa de jantar, muito menos uma sala de jantar.

• Faça turnos para começar uma conversa de algo sério antes de comer – e dê a oportunidade para que todos comentem e não apenas um dos pais. Assuntos simples como, por exemplo, agradecer a pessoa que fez a comida, ou falar acerca da razão do horário de verão e do início das estações do ano podem ajudar a ver as coisas de um ângulo diferente e faz lembrar do ciclo da natureza. Um outro exemplo pode ser a leitura dum poema.

• Na conversa, realce o positivo. O cristianismo se baseia em focar no positivo.

Filipenses 4:8 aconselha a pensar e meditar em coisas positivas. Use perguntas abertas como, por exemplo: "O que você fez esta semana que te trouxe bem estar?" ou "O que aconteceu esta semana que te fez sentir grato? ou "Qual foi a coisa mais feliz que você fez hoje?"

• Donde é que o alimento vem? Fale sobre isso. Lembro-me de uma história, transmitida durante uma discussão familiar no jantar, na qual um jovem pensava que o leite vinha do supermercado e não tinha idéia de que vinha de uma vaca. Engraçado? Talvez, mas surpreendentemente essa falta de conhecimento é hoje cada vez mais comum. Veio este alimento dum animal? Ou é um vegetal? Como é que foi mantido congelado em transporte para o mercado? Veio de uma caixa de papelão, é fresco, ou foi enlatado? De que país teve origem este alimento? Essas perguntas fornecem material para uma conversa instigante e benéfica durante o jantar da família.

• Ria! Provérbios 15:15 nos diz que “o de coração alegre tem um banquete contínuo.” Partilhar uma anedota na hora do jantar pode torná-lo uma experiência positiva. Bibliotecas e livrarias têm histórias humorosas que terão interesse para aqueles com crianças mais jovens. Estudos têm demonstrado que o riso até auxilia numa boa digestão para ambos adultos e crianças.

Conforme demonstrado, a conversa é uma parte importante em todas as sugestões mencionadas acima. Assim não surpreende o fato de que as refeições em família estimulam a melhora da comunicação familiar!

Embora o que se delineie de forma cada vez mais forte na sociedade não reflita o desejo de Deus para o homem, é possível inverter essa tendência em nossas famílias. Como Jesus Cristo nos assegura em Lucas 11:9, Deus promete ajudar a quem pedir, sinceramente, buscando Sua ajuda.

A arte de jantar com a família não precisa se tornar uma coisa do passado! BN