A União Europeia: Bênção ou Torre de Babel?

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A União Europeia

Bênção ou Torre de Babel?

A queles que fazem parte do mundo da política e dos negócios geralmente mantêm uma de duas visões contrastantes da Europa. Uma das visões é que o continente está a enfraquecer cada vez mais. Muitos líderes políticos vêem a China e a Índia como as próximas superpotências—não a UE.

Alguns observadores dizem que a União Europeia está a ter um desempenho abaixo do que é pedido num mundo globalizado, pensando que a UE está a ficar para trás no desempenho industrial e de longe demasiado lenta no desenvolvimento de novas tecnologias.

Na introdução de um artigo de 26 de Março de 2007 da Newsweek, afirmava-se que: "Enquanto a União Europeia celebra o quinquagésimo aniversário do seu tratado fundador de Roma, os peritos estão de acordo: a Europa está num declínio terminal. É um museu de tamanho continental a cair no caixote de lixo da história.

"Este retrato é especialmente popular na América. Como os cépticos dos EUA dizem, o Velho Mundo (com excepção da Grã-Bretanha, naturalmente) chegou ao fim. As economias estão estagnadas. A energia tecnológica e empreendedora passou para o Vale do Silício e Bangalore. Os políticos não têm poder face aos sistemas escleróticos de assistência social" (Andrew Moravcsik, "The Golden Moment," ênfase nossa).

"O mundo é bipolar e o outro pólo é a Europa"

O autor do artigo da Newsweek, Andrew Moravcsik, não concorda com esta avaliação negativa da Europa. Afinal, ele é o director do Programa da União Europeia na Universidade de Princeton.

Ele pensa na Europa como sendo "a superpotência silenciosa." Para ele, "o mundo é bipolar e o outro pólo é a Europa." Moravcsik acredita que a UE usa (e irá usar) o poder civil e diplomático de longe de forma mais eficaz do que os Estados Unidos.

O futurologista Jeremy Rifkin é citado no artigo como dizendo, "O espírito americano está cansado e jaz no passado," e que é a Europa que fornecerá a liderança para um mundo em confusão. De acordo com esta linha de pensamento, o poder do exército dos EUA não está a funcionar no mundo complexo de hoje enquanto a ênfase da Europa na diplomacia, levada a cabo pela Alemanha e França, está num processo de renuncia gradual às armas como um meio de resolver as crises periódicas que ameaçam a estabilidade global.

Berlim é o líder nesta nova forma de pensar. O escritor de longa data Gerhard Marx e eu viajamos até Berlim para apresentar um relatório sobre as comemorações oficiais do quinquagésimo aniversário da assinatura do Tratado de Roma, o documento fundador da UE. Não muito atrás de Londres, de Paris e de Roma, a cidade de Berlim é agora a quarta cidade mais visitada na Europa. Desde que o Muro de Berlim caiu em Novembro de 1989, esta cidade tem feito muitos progressos. Foi restaurada como a capital da Alemanha e está novamente no coração da cultura europeia.

O senhor Marx e eu encontrámo-nos na estação central de caminhos-de-ferro de Berlim. Esta impressionante Hauptbahnhof (estação de caminhos-de-ferro principal), abriu antecipadamente em relação ao Campeonato do Mundo de Futebol em Maio de 2006. Nenhuma outra estação de comboios de proporções maiores foi construída na história recente. Esta é onde muitos milhares de passageiros mudam de comboio ou desembarcam para visitar a cidade.

Este edifício altamente funcional e com vários andares apresenta umas 80 lojas de retalho abertas das 8 horas da manhã até às 10 horas da noite.

Roma teria adorado ter sido a anfitriã destas celebrações e festividades do aniversário, mas Berlim prevaleceu. A Alemanha exerce a actual presidência da União Europeia.

Até ao final de 1989 esta cidade simbolizou as divisões que afligiam o continente europeu. Uma barreira proibitiva construída pelo comunismo passava directamente pelo meio de Berlim, separando os povos da Europa, o leste do oeste. Agora, aproximadamente 20 anos mais tarde, a cidade capital aparece como o símbolo de uma nova unidade que cresce em muitas partes do continente europeu.

"A Declaração de Berlim"

As celebrações culminaram com um relatório formal chamado "A Declaração de Berlim" assinado por Angela Merkel (Chanceler Alemã) para o Concelho da União Europeia, Hans-Gert Pöttering, presidente do Parlamento Europeu e José Manuel Barroso (de Portugal), presidente da Comissão Europeia.

Este apresenta alguns ideais interessantes—se a Europa pudesse ao menos cumpri-los a longo prazo.

"Se a divisão contra naturam da Europa está hoje definitivamente superada é graças ao amor que os povos da Europa Central e Oriental nutrem pela liberdade. A integração europeia é a prova de que tirámos ensinamentos de um passado de conflitos sangrentos e de uma história marcada pelo sofrimento…"

"Nós, cidadãos e cidadãs da União Europeia, estamos unidos para o nosso bem…"

"Aspiramos à paz e à liberdade, à democracia e ao primado do Direito, ao respeito mútuo e à responsabilidade, ao bem-estar e à segurança, à tolerância e à partilha, à justiça e à solidariedade. . ."

"Deste modo, podemos moldar de acordo com os nossos valores a crescente interpenetração das economias no Mundo e a concorrência cada vez mais intensa que caracteriza os mercados internacionais…"

"Pugnamos por que os conflitos que afligem o Mundo sejam resolvidos pacificamente e por que as pessoas deixem de ser vítimas da guerra, do terrorismo e da violência…"

"A Unificação da Europa veio dar vida a um sonho de gerações passadas."

Estes são certamente sentimentos idealistas. No entanto, a Bíblia afirma claramente que "Enganoso é o coração [humano], mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9).

Em Romanos 8:7 acrescenta-se que "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser." A menos que sejamos cristãos verdadeiramente convertidos, nós humanos somos seres rebeldes por natureza e não conhecemos na verdade o caminho para a paz (Romanos 3:17).

Apesar das boas intenções, pode a Europa ir contra estas verdades bíblicas a longo prazo?

Cinquenta anos de progresso, prosperidade e paz

O Senhor Barroso elogiou o progresso da Europa no seu discurso de Berlim. "Permitamos reconhecer 50 anos de êxitos, paz, liberdade e prosperidade, para além dos sonhos mais optimistas dos pais fundadores da Europa. Em 1957, 15 dos nossos 27 estados membros estavam ou sob uma ditadura ou não lhes era concedido existir como países independentes. Agora somos todos democracias que prosperam. A UE de hoje é cerca de 50 vezes mais próspera…"

"A União Europeia alargada dá-nos não apenas uma dimensão económica mas também política e estratégica…O tamanho é importante no mundo de hoje".

Vale bem a pena tomar nota desta afirmação visto que "dimensão estratégica" é muito provavelmente um eufemismo para a dimensão militar. Devemo-nos perguntar aqui o seguinte: Quanto tempo pode um gigante económico como a UE permanecer como um relativo anão militar?

A Chanceler alemã Merkel afirmou no seu discurso oficial em Berlim que: "Uma Política Externa e de Segurança Comuns são por isso absolutamente vitais…A Europa precisa de ser capaz de agir, para agir mais eficazmente do que pode no presente . . . Os pais fundadores da Europa sabiam que em última análise os mundos económico e político não se podem manter separados . . . Porque sabemos que devemos sempre renovar a forma política da Europa mantendo esta actualizada em relação ao tempo".

O que foi na sua origem uma promessa de união de cooperação económica iria inevitavelmente tornar-se numa união política, estratégica e militar.

Reconhecendo a dimensão cristã da Europa

No princípio do seu discurso a Chanceler Merkel acrescentou um aparte importante: "E se pudesse fazer um comentário pessoal, acrescentaria que esta visão do indivíduo é para mim também parte e parcela do património judaico-cristão da Europa." No princípio do ano a Newsweek citou a Chanceler alemã a dizer, "Devemos dar uma alma à Europa; temos que encontrar a alma da Europa" (29 de Janeiro de 2007).

Um artigo do Jewish Chronicle crítico da Dr.ª Merkel, escrito por um membro liberal do Parlamento Britânico, afirmou que "a Chanceler alemã está a sugerir que se injecte na constituição europeia uma cláusula cristã…[Ela] reacendeu o argumento sobre se a UE deveria 'incluir Deus' dizendo:

'Precisamos de uma identidade europeia na forma de um tratado constitucional e este deveria ter uma ligação ao cristianismo e a Deus, porque o cristianismo moldou a Europa de uma forma decisiva'" ("Deus e Política não se devem misturar. A Merkel deveria saber isso," 23 de Março de 2007).

A profecia bíblica claramente vaticina que a religião desempenhará um papel futuro decisivo numa união futura que irá dominar o mundo, uma união assente na esfera geográfica geral do antigo Império Sacro Romano da Europa.

Uma Babel de línguas já não constitui um problema

Como representante de imprensa da The Good News, assisti à conferência final dos meios de comunicação recebida pelos signatários da "Declaração de Berlim"—a Chanceler Merkel, o Professor Pöttering e o Sr.

Barroso. Muitas centenas de jornalistas que assistiam no edifício de imprensa podiam ouvir traduções imediatas nas suas próprias línguas. Quando o Sr. Barroso falou em inglês, a Dr.ª Merkel e o Professor Pöttering puseram auriculares e escutaram uma tradução simultânea em alemão.

Todos os discursos mais importantes foram impressos e disponibilizados gratuitamente em inglês e outras línguas. A Europa é um lugar onde existem muitas línguas, mas muitos cidadãos falam várias línguas e tradutores competentes estão disponíveis em abundância—alguns dos quais à espera numa lista longa de potenciais empregados na UE.

Claramente, as diferentes línguas não são o problema que outrora foram na Europa.

É a União Europeia uma moderna Torre de Babel? Muitos dos seus líderes e proponentes parecem ver a UE como uma bênção definitiva para a humanidade. Eles simplesmente não conseguem imaginar o que a Bíblia vaticina nos livros de Daniel e da Apocalipse.

Á excepção dos seus líderes, provavelmente muitos daqueles que começaram a construir a antiga Torre de Babel não compreenderam totalmente onde esse empreendimento poderia por fim levar, não tivesse Deus intervido. Repare no relato bíblico:

"E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala. E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinear; e habitaram ali. . . . E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamonos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra" (Génesis 11:1-4, Nova Versão Internacional).

Deus, que conhece o futuro longínquo, sabia o que iria eventualmente acontecer. "Mas o Senhor desceu para ver a cidade que os homens estavam a construir. O Senhor disse, 'Se como um povo que fala a mesma língua eles começam a fazer isto, então nada do que eles planeiam fazer será impossível para eles.

Desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entendam a língua uns dos outros" (Versículos 5-7).

Apenas agora nesta era moderna estamos a ver o enorme potencial dos seres humanos a tornar-se realidade. Foi profetizado que no tempo do fim, o conhecimento e o transporte no mundo iriam aumentar imensamente (Daniel 12:4).

Os motivos dos líderes europeus parecem cobertos com aspirações para muitas coisas boas que poderiam ajudar a humanidade incomensuravelmente. Mas para onde se dirige esta união poderosa a longo prazo? Tornarse-á esta por fim numa Torre de Babel moderna?

As intenções originais e a realidade futura

É apropriado aqui relembrar uma profecia de Isaías: "Ai da Assíria, a vara da minha ira, em cuja mão está o bastão da minha indignação! Enviá-lo-ei contra uma nação sem Deus [a casa de Israel], envio-o contra os povos que me enfurecem...Mas isto não é a sua intenção, isto não é o que ele tem em mente, [contudo] o seu propósito é destruir, acabar com muitas nações" (Isaías 10:5-7).

Os líderes das nações nem sempre compreendem as suas próprias mentes e motivos. Muitos podem-se enganar a si próprios.

Então Deus pode usar uma nação—ou uma coligação ou aliança de nações ou grupos de nações—para punir outras por causa das suas transgressões e violações em relação à Sua lei. Irá o Criador usar uma união final de nações ou grupos de nações na Europa para punir as nações modernas descendentes de antigo Israel —mesmo que os perpetradores não tenham qualquer intenção de o fazer neste momento? O nosso livro gratuito, Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha na Profecia Bíblica, identifica a localização e identidade profética da posteridade de Israel nos dias de hoje. (Note: Este livro é correntemente disponível em Inglês, e a sua tradução para o Português está a ser feita.)

É necessário conjugar um determinado número de profecias bíblicas de forma apropriada para compreender para onde se dirige de facto a Europa. Requer tempo, estudo e esforço para compreender o significado destes acontecimentos.

De acordo com as Sagradas Escrituras, o resultado final de esforços para unificar a Europa não será um grupo amigável de nações democráticas que abençoarão a humanidade de inúmeras formas. Pelo contrário, estes esforços conduzirão ao surgimento de uma nova superpotência liderada por um ditador poderoso o qual instituirá um período sem precedentes de tirania e desordem global.

Sim, uma moderna Torre de Babel irá surgir na Europa—uma que irá trabalhar em conjunto e em unidade durante algum tempo—e é necessário estar armado com conhecimento espiritual para saber fazer face ao que se avizinha! BN