Alemanha: Uma Potência Mundial Relutante?

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Uma Potência Mundial Relutante?

A julgar pelas reações nas negociações sobre a aprovação de empréstimos para estabilizar o euro, parece ter despertado os velhos temores europeus sobre uma Alemanha forte. Os furiosos manifestantes em Atenas chamaram os líderes alemães de "nazistas", enquanto a imprensa britânica afirma que a Alemanha está usando a crise do euro para realizar um antigo sonho, há muito tempo reprimido, de ter seu próprio império.

Em um comentário sobre a posição da Alemanha durante as negociações do último verão sobre um novo empréstimo para saldar a dívida grega, o colunista do jornal Daily Telegraph afirmou que a Alemanha estava à beira de realizar o antigo sonho de Bismarck de um império econômico alemão na Europa. Esse império veria países do sul da Europa, como Grécia e Portugal — e também, mais tarde, a Espanha e a Itália — tornarem-se "desindustrializados". Como fonte de mão-de-obra e matérias-primas baratas, então, de fato, se tornariam colônias alemãs e a Alemanha se transformaria em uma das economias mais eficientes e produtivas do mundo.

De acordo com o Daily Telegraph, a situação hoje na Europa é muito semelhante àquela após o quebra da bolsa de valores de Wall Street em outubro de 1929. A depressão resultante em todo o mundo levou à submissão da República de Weimar, proporcionando um impulso ao fascismo alemão. Tendo em vista esse precedente histórico o Daily Telegraph vê grandes mudanças potenciais na Europa decorrentes da atual crise ("A crise do euro vai dar a Alemanha o império que sempre sonhou", 21 de julho de 2011).

Um mês após o comentário do Daily Telegraph outro importante jornal britânico, o Daily Mail, manifestou sua preocupação sobre o crescente poder germânico no continente europeu. Alegando que a Alemanha está usando a crise financeira para conquistar a Europa, o Daily Mail noticiou que um "Quarto Reich" alemão está surgindo no horizonte.

"Se o euro sobreviver — e com ele o projeto europeu — os outros dezesseis países da zona do euro terão de ser como os alemães. Com efeito, eles devem perder a liberdade de não serem como os alemães. Isso significa uma total união fiscal na qual a Alemanha, como a economia mais poderosa da União Europeia e principal tesoureiro, vai ditar as regras e as tornará invioláveis. Não resta dúvidas do que significa uma união fiscal: Uma só política econômica, um único sistema de tributação, um único sistema de seguridade social, uma única dívida, uma única economia, um único ministro da economia. E tudo isso seria alemão" ("O Despertar do Quarto Reich: Como a Alemanha está usando a crise financeira para conquistar a Europa", 17 de agosto de 2011).

Em um artigo publicado antes da reunião de cúpula da União Europeia, no mês de janeiro em Bruxelas, sobre a crise do euro, o Daily Mail continuou sua retórica anti-alemã. Ao se referir à estrutura organizacional utilizada pela Alemanha nazista, o jornal descreveu a sugestão de Berlim para ter um funcionário europeu supervisionando a economia grega com a atribuição de um "Gauleiter" (líder político e oficial chefe de um distrito sob o controle nazista) para a Grécia (28 de janeiro de 2012). O jornal alemão Bild já havia citado o artigo do Daily Mail sobre a conquista alemã pela dominação econômica: "Na conquista militar do passado era necessário se livrar da liderança de um país europeu. Hoje isso acontece através da pressão econômica. Com a ajuda da França, uma aliada, os alemães causaram mudanças de regime em dois dos países mais problemáticos da zona do euro" — Grécia e Itália (9 de novembro de 2011).

O papel de liderança da Alemanha dentro da zona do euro

Vindo do Reino Unido, comentários como os citados acima podem parecer estranhos, pois o país não é membro da zona euro e provavelmente nunca será. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, deixou claro que seu país não vai participar do apoio financeiro ao euro e não vai fazer parte da proposta de união fiscal da zona do euro e de outros membros da União Europeia.

A Alemanha não pode se esquivar da responsabilidade já que o Reino Unido não está disposto a apoiar uma solução para a crise do euro. A chanceler alemã, Angela Merkel, tem dito, inúmeras vezes, que o colapso da moeda comum significaria também o fim da "experiência europeia", como ela chama. A Alemanha tem se comprometido com a visão de uma Europa unificada desde o início e a participação da Alemanha na preservação do euro é consistente com essa visão. O permanente "Mecanismo Europeu de Estabilidade", que entra em vigor em primeiro de julho de 2012, será um fundo de quinhentos bilhões de euros e a contribuição da Alemanha para o fundo foi de cento e noventa bilhões de euros.

Apesar de a Alemanha estar empenhada em preservar o euro, David Cameron criticou a Alemanha, em janeiro, na reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Cameron disse que a Alemanha tem que fazer muito mais para ajudar a encontrar uma solução duradoura para a crise atual da zona do euro. Na visão de Cameron, a Alemanha precisa fazer mais para estimular sua própria economia, que por sua vez, providencia um impulso econômico para outros membros da zona euro, com mais dos produtos destas nações sendo exportados para a Alemanha.

Os comentários críticos da imprensa britânica e do primeiro-ministro são na verdade uma reflexão sobre o papel fundamental que a Alemanha assumiu na zona do euro. Com sua economia sendo, de longe, a maior entre os membros da zona do euro, desde o início o papel atual da Alemanha era previsível.

No entanto, Berlim não procurou seu papel de líder na união monetária. Pelo contrário, os parceiros europeus da Alemanha — especialmente a França — queriam que ela participasse da zona do euro. Para a França, a participação alemã na união monetária (do euro) significava o fim do domínio da moeda alemã entre as moedas europeias e uma maior integração da Alemanha na Europa.

No vigésimo aniversário da unificação alemã, a revista Der Spiegel publicou algo sobre um suposto acordo de cavalheiros entre o presidente francês François Mitterrand e o chanceler alemão Helmut Kohl na época do processo "dois mais quatro", onde formalmente terminou a Segunda Guerra Mundial e o caminho para a unificação alemã foi pavimentado. O artigo da revista mostra Mitterand tendo uma posição clara quando começaram as negociações: "Os alemães estão enfrentando uma escolha importante. A Alemanha só pode esperar uma reunificação se estiver em uma comunidade forte".

Segundo o ex-conselheiro de Mitterand, Hubert Védrine, "Mitterrand não queria a reunificação [da alemanha], sem nenhum progresso na integração europeia. E a única base que se tinha preparado para isso era a moeda [comum]". O ex-presidente do Bundesbank, banco central alemão, Karl-Otto Pöhl acrescenta: "A união monetária europeia nunca poderia ter acontecido sem a unificação alemã" (Der Spiegel, 39/2000).

Com a Alemanha sendo cada vez mais integrada à Europa através da união monetária, a preocupação de Mitterrand com o seu vizinho — que em breve seria muito maior como resultado da unificação alemã — desapareceu. O papel da Alemanha na persistente crise do euro não é o resultado de qualquer desejo dos líderes alemães para a Alemanha se estabelecer como uma potência mundial. Em vez disso, é o resultado natural da integração da Alemanha na zona euro, que é o que os vizinhos da Alemanha queriam desde o início.

A origem da atual parceria franco-alemã

Antes de cada reunião de cúpula por causa da recente crise do euro, Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy se reúnem para coordenar suas posições na cúpula. A posição conjunta, em seguida, tem se tornado um item da agenda desta reunião. Visto que a França insistiu na Alemanha ser membro da união monetária, alcançar uma posição franco-alemã comum para as reuniões de cúpula do euro, é consistente com a desejada integração que a França sempre quis para a Alemanha desde o início.

Berlim e Paris, atualmente trabalhando em conjunto, seguem um padrão de cooperação estabelecido entre a França e a Alemanha a mais de sessenta anos para promover a união europeia. Ao se envolver no "projeto europeu" após a Segunda Guerra Mundial, os dois países estavam determinados a eliminar os problemas de concorrência e hostilidade que resultaram em estados nacionais fortes competindo pelo domínio na Europa.

A força motriz do lado francês foi ministro das Relações Exteriores Robert Schuman, que buscou a reconciliação com o velho inimigo da França e sua integração na colcha de retalhos europeia. Em retrospecto, Schuman parece ter sido predestinado a este papel. Quando a Alemanha anexou a Alsácia-Lorena em 1871, após derrotar a França no campo de batalha, seu pai tornou-se cidadão alemão. Assim Schuman nasceu como um cidadão alemão em 1886. Ele obteve seu diploma de Direito na Alemanha e, em seguida, exerceu a advocacia em Metz, enquanto estava no quadro de reserva do exército alemão. Quando a Alsácia-Lorena voltou à soberania francesa em 1919, ele tornou-se cidadão francês pela primeira vez, mas não tinha nenhum resquício de ódio contra a Alemanha.

Cinco anos depois que as forças armadas da Alemanha se renderam aos aliados, Schuman — agora ministro das Relações Exteriores da França — propôs a criação de uma união europeia quanto ao carvão e o aço, isso foi o primeiro passo em direção a uma Europa unida no pós-guerra. A declaração de Schuman em 9 de maio de 1950 dizia:

"A [união da] Europa não pode ser criada com um único golpe, nem por meio de uma combinação simples. Ela surgirá através de medidas concretas que criem primeiro uma unidade de ação... Com este intuito, o governo francês propõe uma ação pontual limitada, mas decisiva... combinando a produção de carvão e de aço, cria-se uma base comum que assegure o desenvolvimento econômico e seja o primeiro passo rumo a uma federação europeia".

A proposta de Schuman causou comoção. "O anúncio do plano Schuman foi uma mensagem de boas-vindas para a geração que sofreu com a Segunda Guerra Mundial e agora tinha esperança de que outra guerra entre irmãos europeus não ocorreria — não tão cedo. Tal como referido na declaração de Schuman, a junção da indústria pesada — que também foi uma indústria de armamentos — tornaria uma guerra entre a França e a Alemanha materialmente impossível. Assim, uma sepultura foi cavada para a inimizade secular entre os dois países vizinhos e na sua lápide um fundamento foi estabelecido para unificação da Europa" (Franz Herre, Um wie Adenauer, Stuttgart, Deutsche Verlags-Anstalt, 1997, páginas 67-68).

Treze anos depois de fazer sua proposta Schuman descreveu seu enfoque: "Não se pode presumir imediatamente ao apresentar uma proposta econômica europeia e executa-la em todos os níveis. Devido às complicações técnicas e a preparação mental insuficiente ela teve que ser implantada por etapas" (Schuman, Für Europa, Hamburgo, Nagel, 1963).

Schuman não fez nenhuma tentativa para disfarçar o seu objetivo de integrar o Estado nacional alemão, em uma parceria internacional europeia, impedindo assim que a Alemanha persiga planos hostis aos seus vizinhos. Apenas cinco meses antes de fazer sua proposta de união do carvão e aço, Schuman abordou este tema em um discurso proferido em Bruxelas:

"O resultado da adesão da Alemanha numa [proposta] organização europeia — subjugando este país às necessidades de toda a comunidade — será a sua reabilitação e uma garantia para nós... Ele disponibiliza o potencial alemão para o intelecto e trabalho a serviço da Europa e Alemanha se beneficia do potencial intelectual e material fornecido pela Europa em uma comunidade... a Alemanha é mais perigosa quando deixada por conta própria em seu estado terrível e destrutivo de inquietação" (18 de dezembro de 1949; ênfase adicionada).

A integração da Alemanha na União Europeia de hoje não é o resultado do seu desejo de alcançar um império europeu. Em vez disso, é apenas o lugar onde seus vizinhos — principalmente a França — queriam que ela estivesse.

As raízes históricas da atual Europa

O parceiro de Schuman na integração da Alemanha dentro de um quadro europeu foi o chanceler alemão Konrad Adenauer. Ambos eram democratas cristãos. "Ambos políticos amigos e opositores se referem a eles como carolíngios porque procuraram criar uma nova Europa [após a Segunda Guerra Mundial] com o espírito cristão, inicialmente no território do antigo império carolíngio" (Um wie Adenauer, página 66, grifo do autor).

O reino carolíngio de Carlos Magno tinha a visão futurística de uma Europa unida após a guerra. Afinal, seu reino havia unido os ancestrais dos franceses e alemães, que tinham descendentes em guerra uns contra os outros, por três vezes nas sete décadas anteriores a 1945.

"Foi na corte de Carlos Magno que o antigo termo ‘Europa’ foi ressuscitado". Assim escreveu o historiador britânico Norman Davies em seu livro História da Europa 1996 (página 302). "Os carolíngios [a família nobre dos francos, de onde provém o nome França, governou a Europa Ocidental após a queda do Império Romano do Ocidente] precisavam de um título para descrever essa parte do mundo que dominava, como distinção das terras pagãs, de Bizâncio [o Império Romano do Oriente, que ainda continuou como um estado cristão], ou da cristandade como um todo. Esta ‘primeira Europa’, portanto, era um conceito efêmero ocidental, que não durou mais do que o próprio Carlos" (ibidem).

Carlos Magno não foi o primeiro governante ou o último a buscar a união da Europa. Após a queda do Império Romano no século V, havia uma contínua necessidade de unidade. O caos e a confusão, muitas vezes referida como "Idade das Trevas", seguidos do desaparecimento do império, com tribos guerreiras bárbaras se deslocando para áreas anteriormente civilizadas.

No século VI, o imperador bizantino Justiniano, que governava de Constantinopla (atual Istambul, Turquia), tentou reviver o Império Romano do Ocidente. Ele foi parcialmente bem sucedido, mas seu sonho não sobreviveu a ele.

No século VIII, os árabes muçulmanos invadiram a Espanha e rapidamente se moveram rumo ao norte, chegando perto de Paris apenas vinte e um anos depois. Aí, na famosa Batalha de Tours, em 732 (também conhecida como a Batalha de Poitiers, o lugar perto de Tours que foi onde realmente lutaram), os muçulmanos foram derrotados pelo avô de Carlos Magno, Charles Martel. A cristandade ocidental da igreja romana foi ameaçada. Não é à toa que Carlos Magno foi coroado pelo papa, que viu a necessidade de um imperador ocidental, assim como houve um imperador no leste.

O historiador John Bowle relata que "o evento foi crucial na história da Europa, para o Império Ocidental revivido que continuaria 'santo' nessa era medieval, bem como romano, e, em teoria, dominaria a política europeia até os dias do [Imperador] Carlos V, no século XVI, então... continuaria até... 1806, quando Napoleão o aboliu" (A História da Europa, 1979, página 170).

É evidente que havia um ponto comum na história da Europa — o desejo de uma Europa unida na tradição dos romanos. Na verdade, a questão vai ainda mais longe do que isso. O desejo era de uma Europa unida em comunhão com a Igreja de Roma, assim como era no Império Romano.

A perspectiva bíblica sobre o futuro da Europa

Os eventos na Europa estão seguindo um padrão histórico — uma tentativa de unir espanhóis e italianos, alemães e eslavos, franceses e escandinavos em um império.

O profeta Daniel recebeu inspiração divina para revelar o significado de um sonho profético. Em Daniel 2, o profeta fala de quatro sucessivos impérios, incluindo um que será governando no momento da vinda do Messias para estabelecer o Reino de Deus na terra. Comparando a história com outras profecias, vemos que estes quatro reinos foram, em ordem, a Babilônia, o Medo-Persa, o Greco-macedônio e os Impérios Romanos.

Falando do quarto e último reino, Daniel disse que ele seria "forte como ferro; pois, como o ferro esmiúça e quebra tudo, como o ferro quebra todas as coisas" (versículo 40). O Império Romano, na verdade, provou ser mais dominador do que os três anteriores, engolindo seus remanescentes em um reinado que durou séculos.

Daniel também revelou detalhes proféticos fascinantes deste último reino. Ele disse que as pernas e os pés da imagem do sonho de Nabucodonosor representavam um reino, que mais tarde mostrou ser o Império Romano. A imagem tinha pés e os dedos compostos "em parte de barro de oleiro e em parte de ferro” (versículo 41). Isto indicava que “será um reino dividido” e “parte forte e parte frágil” (versículos 41-42). Além disso, "assim como o ferro se não mistura com o barro”, os componentes deste reino não permaneceriam firmemente seguros juntos por muito tempo (versículo 43).

Em seguida, descrevendo o retorno de Jesus Cristo e a derrocada de todos os reinos e governos humanos, Daniel diz que "nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído... esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre" (versículo 44).

Especificamente, "esses reis" aqui são um grupo de dez líderes reunidos em uma liga ou aliança no fim dos tempos. A profecia de Daniel indica que, por causa de diferentes culturas e línguas, essa derradeira superpotência não será um grupo de Estados fortemente integrado, como os Estados Unidos, mas entidades divergentes unidas por um propósito comum. Alguns, sem dúvida, serão muito mais forte do que outros.

O último livro da Bíblia, o livro do Apocalipse, revela os detalhes adicionais sobre esta aliança do fim dos tempos. O capítulo 17 fornece uma descrição simbólica de um sistema político-religioso que corresponde à parte de ferro da imagem de Nabucodonosor em Daniel 2.

Os versículos 1-3 descrevem uma "grande prostituta", simbolismo bíblico para uma religião falsa. (Em contraste, a verdadeira igreja de Deus é sempre descrita como uma virgem). A prostituta senta-se em uma "besta de cor escarlate" versículo 3, retratando a cooperação entre a Igreja e o Estado. A política e religião têm sido inseparáveis ​​em quase 1.700 anos de história europeia após a conversão do imperador Constantino ao catolicismo romano nos primeiros anos do século IV.

Quando o apóstolo João viu este futuro sistema político-religioso, representado por uma mulher caída montando uma besta, ele maravilhou-se “com grande admiração” (versículo 6). Um anjo então lhe explicou que "a besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo". Outras pessoas "se admirarão vendo a besta que era e já não é, mas que virá" (versículo 8).

Qual é o significado de tão estranha frase? O fato de que esta besta "foi e já não é, mas que virá" nos diz que o Império Romano, que hoje não existe, será restaurado. Ele "foi", o que significa que já existiu uma vez, ele "não é", o que significa que não existia na época em que João recebeu sua visão, e que "virá” e "há de subir do abismo", o que significa que surgirá novamente.

Os versículos 12-13 nos dizem mais sobre esta união político-religiosa de “dez reis [líderes] que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis por uma hora [um curto espaço de tempo], juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta”. Os "dez reis" que transferem a sua autoridade por "uma hora" para a besta são os da restauração do versículo 8, que a farão "subir do abismo".

Quando isto acontecerá? O versículo 14 nos mostra claramente o cenário do tempo desta profecia e estabelece a conexão entre os "dez reis" e os dez dedos do reino de ferro de Daniel 2: "Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá". Os dez reis vão lutar contra Jesus Cristo. O curto período do seu reinado é abreviado pela volta de Jesus (Apocalipse 11:15).

O Cordeiro não é outro senão Jesus Cristo. Ele ainda não voltou, de modo que o cumprimento desta profecia dos dez líderes ou governantes que fazem parte deste império do fim dos tempos ainda está no futuro. Mas está claro que no tempo do fim do governo do homem, haverá um Império Romano reavivado. Ele se oporá ao verdadeiro Jesus Cristo, e seus exércitos vão, literalmente, lutar contra Ele no Seu retorno! Jesus também representa a pedra, não feita por mãos humanas de Daniel 2, que vem de cima e atinge os pés da imagem.

Então Daniel 2, versículos 40-44, e Apocalipse 17, versículos 12-14, descrevem o mesmo evento: O retorno de Jesus Cristo estabelece uma nova ordem mundial e acaba com a existência da última ressurreição do Império Romano, que é formada pela união de dez reis. Pode parecer difícil de acreditar, mas esta profecia descreve o futuro da Europa!

Vista desta perspectiva, as raízes da União Europeia são interessantes. A edição da revista Newsweek de 29 de janeiro de 1996, divulgou: "Em janeiro de 1957, seis países assinaram um tratado no local do antigo Capitólio Romano, e se tornaram a Comunidade Econômica Europeia... Um assessor de Paul-Henri Spaak, na época ministro do exterior belga, lembra que seu chefe disse: ‘Você não acha que lançamos a primeira pedra de um novo Império Romano?’ Recorda o assessor, ‘Nós nos sentimos intensamente romanos naquele dia’".

Alemanha: O motor da Europa

A alegação de que a Alemanha está perseguindo um sonho antigo de estabelecer um império é ridícula. Por outro lado, a Alemanha de hoje, comprometida com o sucesso da "experiência europeia" e solidamente entrincheirada em seu lugar (como desejado por seus vizinhos), não hesita em expressar a sua opinião sobre os assuntos europeus.

Charles Kupchan, professor da Universidade de Georgetown e autor do livro O Fim da Era Norte-Americana: A Política Externa dos Estados Unidos e a Geopolítica do Século XXI, descreve a atitude moderna da Alemanha: "Como parte de sua política de confiança e reconciliação do pós-guerra, Bonn por décadas tem agido com diplomacia e na defensiva. Desde 1999, entretanto, quando a sede do governo voltou a Berlim, simbolizando a renovação de uma autoconfiança, a Alemanha tem estado ativamente guiando a evolução da União Europeia, traçando um caminho para a construção de uma Europa Federativa".

No âmbito da União Europeia, a Alemanha é o maior parceiro comercial de cada um dos países membros. Uma economia europeia forte sem uma economia alemã forte não é possível. Apesar de que alguns europeus possam se sentir desconfortáveis com uma Alemanha unificada forte — como evidenciado nas citações no início deste artigo — a criação de uma união política e econômica europeia, sem a participação alemã é impensável.

Os europeus também compreendem isso. A quem pedir ajuda para resolver a crise da dívida soberana da zona do euro? Em quem vão confiar para resolver situações semelhantes no futuro? Nos alemães.

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