Os Problemas da Europa: Palco para o Cumprimento da Profecia

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Os Problemas da Europa

Palco para o Cumprimento da Profecia

O falecido autor britânico John Stott resumiu a mentalidade de muitos desta maneira: "A maioria de nós nos sentimos desmoralizados pela triste tragédia deste mundo caótico. Nossa própria sobrevivência está em cheque. O cidadão comum muitas vezes se sente uma vítima indefesa da teia da política, ou uma peça sem rosto na máquina da sociedade moderna" (Christianismo Básico, 2008, pág. 152).

O apóstolo Paulo predisse que as condições seriam assim nos últimos dias desta era do homem (2 Timóteo 3:1-5). É por isso que os nossos artigos sobre as tendências regionais e mundiais, em última instância, concentram-se na boa notícia garantida pelas profecias da Bíblia.

Mas a própria Bíblia deixa bem claro que o maravilhoso mundo porvir primeiro será precedido por condições devastadoras de uma magnitude nunca antes vista pela raça humana (ver Mateus 24:21-22; Daniel 12:1, Jeremias 30:7) . A situação do mundo será tão terrível que a sobrevivência humana estará em jogo!

As manchetes das notícias mostram que as profecias escritas na Bíblia há muitos séculos atrás estão começando a ser cumpridas de uma maneira significativa. Em nenhum outro lugar isto é mais verdadeiro do que na Europa Central e Oriente Médio. Este artigo concentra-se na Europa (de qualquer forma você consegue compreender o papel profético de outras regiões, lendo nosso livro gratuito O Oriente Médio na Profecia Bíblica e artigos sobre Israel e o Oriente Médio, que aparecem regularmente nesta revista).

O que é que a profecia bíblica nos diz sobre o futuro da Europa? Os livros bíblicos de Daniel e Apocalipse mostram que uma nova e ditatorial superpotência surgirá no tempo do fim, localizada na Europa. Neste artigo vamos ver como o cenário está aparentemente sendo preparado para o cumprimento dessas profecias.

Europa como uma entidade unificada

A Europa é um protagonista na economia global. Apesar de toda a conversa sobre as economias dos Estados Unidos e China, a União Europeia (UE) é o maior e mais poderoso bloco do mundo e a economia mais rica.

A Europa também tem sido o campo de batalha para incontáveis ​​guerras ao longo dos milênios e também foi o ponto de partida das duas devastadoras guerras mundiais na primeira metade da década de 1900. No centro dessas duas guerras mundiais pelo controle da Europa estava a Alemanha, agora política e economicamente envolvida com outras nações européias na busca de um Estados Unidos da Europa.

A empresa global de inteligência ‘Strategic Forecasting’, mais conhecida como Stratfor, é altamente respeitada por sua análise das tendências globais e regionais. Meses atrás, declarou que "o futuro da Europa [está] vinculado ao processo de tomada de decisão na Alemanha" e que "a Europa não pode funcionar como uma entidade unificada a menos que alguém esteja no controle".

E passou a explicar que "neste momento, a Alemanha é o único país com uma economia e população suficientemente grande para ter esse controle" ("A Escolha da Alemanha: Parte 2", 26 de julho de 2011, grifo nosso em todo o texto). Nos últimos meses temos visto isso demonstrado quando uma e outra vez a Alemanha se posicionou―às vezes abertamente, às vezes nos bastidores―para assumir a liderança da futura direção da Europa.

Atualmente existem dois cenários básicos para o futuro da Europa. O ponto de vista mais popular sustenta que a atual geração de alemães tornaram-se firmes defensores da liberdade e da democracia, estando plenamente consciente dos perigos de repetir a embaraçosa história de Berlim, durante a primeira metade do século vinte―quando suas ambições levaram-nos a duas guerras mundiais.

O segundo ponto de vista é que uma prolongada e persistente crise do euro, inicialmente impulsionada pela dívida grega, mas que depois se espalhará paulatinamente para outras economias europeias, acabará resultando no surgimento de uma potência econômica que pode intervir e resolver a crise―um império novo liderado pela Alemanha.

Os proponentes desta projeção das tendências atuais acreditam que as nações do sul da Europa estão condicionadas a estar sob a influência de Berlim e que, a longo prazo, até mesmo os grandes resgates ralizados pela Alemanha valerão a pena, apesar dos enormes custos. Em outras palavras, a Alemanha vai ser bem sucedida em alcançar seu objetivo através de seu poder econômico, o qual fracassara em tentar através da força militar por duas vezes no século passado.

A história e a Bíblia indicam quem acabará prevalecendo?

"É tudo à volta da Alemanha"

As duas guerras mundiais iniciadas pela Alemanha, têm dominado frequentemente os ansiosos pensamentos do pós-guerra de outros países europeus. Em 1997, o então presidente francês Valery Giscard d'Estaing alertou que um fracasso nos esforços para integrar a Europa economicamente (levando ao atual euro) conduziria a "uma influência preponderante da Alemanha" nos assuntos europeus (Celestine Bohlen, "A Unidade do Euro? É a Alemanha que conta", The New York Times, 9 de março de 2010).

A base racional dos outros países europeus nas últimas décadas tem sido a de encaixar bem a Alemanha dentro da União Europeia para evitar que suas notórias tendências nacionalistas do passado ameacem sua soberania e integridade territorial. Este tem sido um poderoso motivador por trás da movimentação constante a rumo da integração europeia em uma eventual Europa unida.

Mas essa estratégia realmente irá funcionar como esperado a longo prazo, considerando os diferentes povos e culturas da Europa? De qualquer maneira, com a Europa enfrentando uma dolorosa crise e uma divisão econômica, será que Berlim acabará dirigindo as atividades da União Europeia?

Parece que agora a resposta está se tornando mais clara. O artigo citado diz: "Dez anos depois do euro, o assunto ainda é acerca da Alemanha, o que não é da maneira que devia de ser ... O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pode buscar e garantir todo o apoio para a Grécia que quiser, mas no final das contas, a Alemanha é quem importa" (ibidem).

A revista Newsweek recentemente assinalou: "Quem é o maior beneficiário da existência do euro? A resposta é a Alemanha... O resto da zona do euro absorve quarenta por cento das exportações alemãs..." (John Eatwell, "A Visão do Euro" [Euro Vision], 5 de setembro de 2011).

O relatório de Stratfor citado anteriormente também observou: "Apesar de suas falhas, o sistema que gere atualmente a Europa proporcionou com que a Alemanha alcançásse uma riqueza econômica de projeção global sem custar uma única vida alemã. Considerando os horrores da Segunda Guerra Mundial, isso não seria algo que pode ser desprezado levianamente. Nenhum país na Europa tem se beneficiado tanto da zona do euro como a Alemanha. Para a elite alemã, a zona do euro foi um meio fácil de fazer com que a Alemanha se alçasse ao cenário global sem nenhum tipo de reestruturação militar, o que teria gerado pânico na Europa e na antiga União Soviética. E também tornou os alemães ricos".

Caminhando para tomar o controle

A Alemanha claramente está tomando medidas para exercer o controle na atual crise econômica. O relatório de Stratfor também observou que a Alemanha por muito tempo esteve na reserva na arena da liderança europeia, mas agora não está mais.

Com a crise econômica se espalhando entre os países do sul da Europa, a Alemanha é a única potência europeia com vigor financeiro suficiente para socorrê-los―e, discretamente, executou manobras nos bastidores para estar à frente de tudo isso.

A Alemanha criou um novo mecanismo de resgate que, como observa Strafor, "recebe ordens dos alemães. O mecanismo não está estabelecido nos tratados da União Europeia; e sim em um banco privado, cujo diretor é alemão... A fim de conseguir o dinheiro, os Estados em dificuldades apenas têm que fazer o que Alemanha―a gestora do fundo―quer...

"Aceitar a assistência do Fundo de Resgate Europeu [EFSF] significa entregar sua autonomia financeira aos comandantes alemães do EFSF. Por enquanto, isso significa aceitar os programas de austeridade projetados pelos alemães, mas não há nada que force os alemães a limitar as suas condições a ações puramente financeiras ou fiscais.

"Para todos os efeitos práticos, agora iniciou-se o próximo capítulo da história na Europa. Independentemente das intenções, a Alemanha tem sentido um importante avanço na sua capacidade de influenciar seus companheiros, os Estados membros da União Europeia―especialmente aqueles que têm passado por problemas financeiros. Agora, ela pode com facilidade usurpar substancialmente uma soberania nacional.

"Ao invés de restringir o potencial geopolítico da Alemanha, a União Europeia agora tem reforçado-o; a Alemanha está próxima de, mais uma vez, se tornar uma grande potência. Isso não significa que uma regeneração da Wehrmacht [força militar] seja iminente, porém a Alemanha está forçando o reaparecimento de uma reavaliação radical das arquiteturas da Europa e da Eurásia".

"A verdadeira oportunidade para alcançar uma união política na Europa"

A revista britânica The Economist observou recentemente: "De repente... Berlim está repleta de discursos sobre a reestruturação da União Europeia: A emissão conjunta de eurobônus, a renegociação dos tratados da União Europeia, até mesmo a criação de uma Federação Europeia" ("A Questão Alemã do Euro" [Germany’s Euro Question], 10 de setembro de 2011).

Repentinamente, o replanejameto das instituições da União Europeia tem se tornado o objeto de desejo da Alemanha!

Sendo de particular interesse o restabelecimento do federalismo. O artigo do The Economist continua: “Os federalistas europeus da alemanha despertaram depois de um longo sono. Não é nenhuma surpresa que Joschka Fischer, estadista do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia [que foi ministro das Relações Exteriores e vice-chanceler do ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder], clamaria pelos ‘Estados Unidos da Europa’”.

De acordo com um artigo da agência Reuters de 4 de setembro de 2011, Schroeder também pediu a criação de um "Estados Unidos da Europa", afirmando: "A atual crise deixa inexoravelmente claro que não podemos ter uma zona de moeda comum e uma política econômica e social conjunta sem um fiscal em comum... Vamos ter de renunciar à soberania nacional... E isso significa os Estados Unidos da Europa... Nessa crise encontra-se uma oportunidade real para alcançar uma união política na Europa".

Os pontos fortes e fracos das nações da zona do euro

Segundo o The Wall Street Journal: "O escritório grego de estatísticas informou que a economia encolheu 7,3% no segundo trimestre, ante uma estimativa inicial de contração de 6,9% no mês passado. A economia grega vem se contraindo há três anos" ("A Grécia Derrapa Ainda Mais" [Greece Slips Further], 9-11 setembro, 2011).

Recentemente Atenas tem estado a algumas semanas de ficar descapitalizada e enfrentar o difícil calote da dívida. Em resposta, o governo grego prometeu cobrar um imposto sobre a propriedade para resolver um déficit na receita fiscal do euro de dois bilhões. Mas será que esta medida não trará mais cidadãos gregos às ruas para demonstrar insatisfação e protestar? Alguns observadores sentem que um calote grego é inevitável.

A discussão entre os representantes da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, recentemente terminou em ideias divergentes sobre os termos dos empréstimos que a Grécia precisa desesperadamente para evitar o colapso econômico. Vários outros países do sul da Europa apenas estão ligeiramente melhor do que a Grécia.

Como é que, como afirma o artigo da Newsweek outrora citado, "todas as dívidas nacionais da Grécia, Portugal e Irlanda somam menos de cinco por cento da dívida da zona do euro", e ainda assim toda a zona do euro pode ser seriamente abalada pelos problemas dessas dívidas? Isso mostra claramente falhas estruturais de grande porporção na forma como inicialmente o euro foi criado como uma nova moeda no início de 1999.

Isso provavelmente tem razão de acontecer, pois pouco antes do estabelecimento do futuro governo de Jesus Cristo na terra, a Bíblia fala de uma futura superpotência europeia onde os países que a compõem são simbolicamente descritos como ferro misturado com barro, "em parte forte e parte frágil" (veja Daniel 2:40-44).

O futuro preocupante da Europa

O regime nazista de Hitler (1933-1945) só foi possível por causa de uma grave crise econômica na Alemanha durante o final dos anos vinte e início dos anos trinta. Em condições econômicas normais os nazistas nunca poderiam ter chegado ao poder. É claro, a situação é muito diferente hoje. Até este momento não é Berlim, que está enfrentando crise econômica, mas as outras nações da zona do euro, principalmente no sul da Europa. A Alemanha continua a ser o principal tesoureiro da Europa. Mas ainda pode haver consequências financeiras para a Alemanha.

Hoje, a países da União Europeia estão enfrentando sérias diferenças políticas e um grau preocupante de divisão e desunião devido principalemnte aos graves problemas econômicos. A profecia bíblica indica que a União Europeia não vai continuar na forma em que se encontra.

Alguns membros podem optar por sair da União Europeia, ou talvez até mesmo serem forçados a sair quando a entidade profetizada do fim dos tempos ganhar forma (A Grã-Bretanha, por exemplo, tem divergido muitas vezes com a União Europeia, quase desde o seu início em 1958).

No final das contas, um novo e poderoso super-Estado europeu, chamado simbolicamente de "a Besta", vai surpreender enormemente esse mundo desatento. Um bloco imponente de nações que se unirão como o último renascimento do antigo Império Romano (Apocalipse 13:1-8; 17:8-18; Daniel 2:37-45; 7:15-27).

Dez países membros (ou grupos de nações) vão renunciar às suas próprias soberanias nacionais para se tornar parte dessa surpreendente superpotência do fim dos tempos. "Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta" (Apocalipse 17:13).

Esses eventos perturbadores afetarão todo o mundo―inclusive criando o cenário dos tempos devastadoramente perigosos no qual aconteceria a extinção humana se não fosse a intervenção de Deus (Mateus 24:21-22). Uma vez que tudo o que a profecia bíblica prediz certamente acontecerá, todos nós devemos prestar atenção às palavras do apóstolo Pedro. Ele perguntou à luz da instabilidade do mundo que nos rodeia: "Que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade?" (2 Pedro 3:11).

O fato de vermos o cenário montado para a realização das profecias do fim dos tempos deve motivar a cada um de nós a examinar nossa condição espiritual, à luz da Palavra de Deus. Uma compreensão da profecia deve nos levar ao arrependimento e a dedicação de nossas vidas a buscar a Deus e a servi-Lo. Entretanto, um mero conhecimento acadêmico da Bíblia está longe de ser suficiente!

Jesus Cristo claramente nos diz em Lucas 21:36: "Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas essas coisas que hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho do Homem"! BN