Seguindo os Passos dos Apóstolos

Você está aqui

Seguindo os Passos dos Apóstolos

Como observado anteriormente, nós, membros da Igreja de Deus Unida, uma Associação Internacional, olhamos para a pequena, mas fiel Igreja descrita o livro de Atos, como o nosso modelo e antepassado espiritual. Para podermos apreciar plenamente por que a Igreja descrita em Atos serve como o único modelo para nossas crenças, missão e organização, devemos entender um pouco da história pouco conhecida do cristianismo.

Por essa razão nós incluímos aqui um breve resumo do que aconteceu com a Igreja que Jesus edificou e à religião que leva Seu nome.

O capítulo dois de Atos registra o início dessa Igreja. A partir de poucas pessoas, a Igreja espalhou-se na época do primeiro século na Judéia até os confins do Império Romano e ainda além. No entanto, manteve-se pequena em números (ver Lucas 12:32), em parte porque resolutamente se recusou a ser atraída para o comprometimento da mistura corrupta do paganismo que dominou a crença religiosa no Império Romano.

A Igreja de Deus começou na Festa bíblica de Pentecostes. Naquele dia Deus derramou o poder do Seu Espírito sobre os discípulos que estavam reunidos em Jerusalém, obedecendo a Sua lei e as instruções pessoais de Cristo (ver Atos 1:4-5; 2:1-4).

Isto cumpriu a promessa que Jesus tinha feito anteriormente aos Seus discípulos: "Sobre esta pedra [referindo-se a Si mesmo, ver 1 Coríntios 10:4] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno [a sepultura] não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18).

Há uma dualidade nessa promessa. Jesus iria levantar um corpo espiritual de crentes que continuaria existindo através dos séculos, até ao fim da presente época e Seu retorno à Terra. Nenhuma força humana do mundo físico ou poder maligno do mundo espiritual jamais seria capaz de destruir a Sua Igreja.

O livro de Atos, escrito por Lucas, conta a história de como a Igreja, desde o seu início em Jerusalém, espalhou o evangelho do Reino de Deus pelo mundo do Império Romano. Lucas preencheu as páginas dessa história com a obra de Pedro, Paulo, Barnabé e outros personagens proeminentes da Igreja primitiva.

Em um breve esboço histórico de Lucas vemos a Igreja dedicada fielmente a proclamar o Reino de Deus, tendo Cristo como sua cabeça. O relato de Lucas descreve o objetivo e propósito primordial que uniu esse primeiro corpo de crentes.

Paulo nos informa acerca de uma característica importante da Igreja que Cristo edificou. Com Cristo como pedra fundamental angular, a base da Igreja também se apoia nos ensinamentos dos apóstolos e—não se deve esquecer—dos profetas do Antigo Testamento (Efésios 2:19-20).

Uma violação das crenças e práticas

No entanto, apenas algumas décadas após a crucificação de Cristo, a Igreja começou a mudar. Os mestres hereges começaram a reinterpretar as Escrituras para adequá-la às suas próprias ideias. Nos séculos que se seguiram, surgiram grandes divisões acerca da doutrina.

Como resultado, a mensagem pregada por Cristo e Seus apóstolos foi sutilmente transformada. Com o tempo, essa mensagem veio a ser alterada para ser quase exclusivamente sobre a pessoa de Jesus, a ponto de se negligenciar o núcleo central e importantíssimo de Seus ensinamentos.

Entre um número crescente de pessoas, um relato distorcido e em alguns aspectos ficcional sobre o Mensageiro desse Reino substituiu a mensagem original trazida por Ele. Essa transformação começou a ocorrer nos dias dos apóstolos, quando Paulo denunciou aqueles que estavam ensinando um "outro Jesus" e "um evangelho diferente" (2 Coríntios 11:3-4).

O resultado foi um mascaramento inteligente da mensagem central do evangelho—o retorno de Cristo para estabelecer o Reino de Deus na Terra e a natureza importantíssima desse Reino. Este abandono da mensagem central do evangelho foi grandemente auxiliado por eventos de longo alcance ocorridos no Império Romano, no final do primeiro e início do segundo século da era cristã.

Durante parte inicial do primeiro século a religião judaica era tratada com notável deferência pelo governo romano. E por um curto período de tempo, os oficiais romanos até consideravam os cristãos como meramente outra seita dos judeus, significando que os cristãos recebiam a mesma consideração concedida às pessoas de religião judaica.

Mas na segunda metade do primeiro século ocorreu uma grande mudança. Era inevitável que a idolatria e o paganismo romano (que tinha chegado a incluir o culto ao imperador) entrassem em conflito com a fidelidade estrita dos judeus e cristãos ao Deus verdadeiro. Não demorou muito para que ambos os cristãos e os judeus caíssem em desgraça com os romanos. Em 66 d.C., muitos judeus que viviam na Judeia se rebelaram contra o domínio romano, e em 70 d.C. as legiões romanas conquistaram Jerusalém e arrasaram o templo.

Muitas décadas após este evento a palavra judeu se tornou um epíteto racial e religioso entre os cidadãos romanos. (Uma segunda revolta judaica de 132 a 135 d.C. teve resultado ainda pior; Jerusalém foi destruída e os judeus foram proibidos de colocar seus pés lá, sob pena de serem mortos).

Enquanto esses eventos se desenrolavam e um sentimento antijudaico se espalhava por todo o império (resultando na morte de Pedro, Paulo e muitos cristãos originais), muitos que professavam ser cristãos começaram a se distanciar de qualquer coisa que parecesse ser judaica. Desde que as crenças e práticas da Igreja original tinham muito em comum com os judeus, esta rejeição de tudo que fosse judaico também levou a grandes alterações—e abandono—nos principais aspectos dos ensinamentos originais de Cristo e Seus apóstolos.

O que se seguiu foi uma proliferação de grupos e mestres se autoproclamando cristãos, mas cujas tradições e ensinamentos não se originaram em Cristo e Seus apóstolos. Alguns decidiram manter muitas tradições pagãs que antes praticavam e começaram a misturar essas crenças e práticas com sua crença recente sobre a vida eterna acessível através de Jesus Cristo. Alguns simplesmente foram vítimas de um engano crescente que envolvia "falsos apóstolos, obreiros fraudulentos" que "transformaram-se em apóstolos de Cristo", mas na realidade eram, no entanto, involuntariamente, ministros de Satanás, o diabo (2 Coríntios 11:13-15).

Aos poucos, à medida que os apóstolos morriam, esses "falsos irmãos" (2 Coríntios 11:26) abandonavam ou alteravam os ensinamentos bíblicos e as tradições que eles temiam que pudessem associá-los à religião judaica. Nesse processo, eles também destruíram os aspectos críticos da mensagem e do caminho de vida ensinado por Jesus e Seus apóstolos.

A lei de Deus: O centro de controvérsia

Geralmente, os historiadores reconhecem que a Igreja descrita no Novo Testamento é consideravelmente diferente da que emergiu com o cristianismo histórico, depois de os apóstolos saírem de cena. Edward Gibbon, cronista do século XVIII, do Império Romano, escreveu sobre uma "nuvem negra que pairava sobre a primeira era da Igreja" (O Declínio e Queda do Império Romano [The Decline and Fall of the Roman Empire], 1776, capítulo 15, seção 1).

Mais tarde historiador Jesse Hurlbut escreveu: "Nós nomeamos a última geração do primeiro século, de 68 a 100 d.C., com ‘A Era das Sombras’, em parte porque a escuridão da perseguição caiu sobre a igreja, mas sobretudo por causa de que entre todos os períodos da história [da igreja], este periodo é aquele sobre o qual sabemos a menos . . . Por cinquenta anos depois da vida de São Paulo uma cortina paira sobre a igreja, através da qual em vão nos esforçamos para olhar, e quando finalmente ela é levantada, por volta de 120 d.C., com os escritos dos primeiros pais da Igreja, encontramos uma igreja em muitos aspectos bastante diferente daquela dos dias de São Pedro e São Paulo" (A História da Igreja Cristã [The Story of the Christian Church], 1970, pág. 33).

No centro desta brecha no cristianismo estava a controvérsia sobre a lei de Deus—como, ou se, ela devia ser definida como um padrão de conduta cristã. Aqueles que queriam evitar qualquer associação com os judeus estavam determinados a abandonar tudo o que pudesse identificá-los com a religião judaica, incluindo qualquer obrigação direta de obedecer à lei de Deus.

Eles ignoraram ou se basearam no fato de que Jesus já havia dado uma resposta definitiva para esta questão quando disse: "Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra" (Mateus 5:17-18, ARA).

Porém, quando alguém perguntou a Jesus: "Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?" Ele respondeu: "Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos" (Mateus 19:16-17).

Paulo expressou o mesmo apoio à lei de Deus, afirmando: "A circuncisão não significa nada, e a incircuncisão também nada é; o que importa é obedecer aos mandamentos de Deus" (1 Coríntios 7:19, NVI). Paulo também escreveu que Cristo não veio abandonar, mas "confirmar as promessas feitas aos pais" (Romanos 15:8).

Portanto, encontramos a Igreja descrita em Atos guardando fielmente os Dez Mandamentos, inclusive o Sábado do sétimo dia. A Igreja daquela era também observou as mesmas festas santas como os judeus (ver

Êxodo 20:8-11; Deuteronômio 16:1-16; Levítico 23). À medida que a Igreja original se expandia para incluir os gentios (não israelitas), vemos que eles, também, foram ensinados a observar essas festas estabelecidas na Bíblia (Atos 13:42, 44; 18:4; 1 Coríntios 5:7-8). (Não deixe de ler "O que a Igreja Primitiva Acreditava e Praticava", começando na página 45.)

No entanto, quando olhamos para a história, como é relatada de forma proeminente e publicamente, do cristianismo depois de séculos, achamos que ele abandonou as festas santas e passou a celebrar em seu lugar um conjunto inteiramente diferente de dias como o Natal, o Domingo de Páscoa e o culto no domingo, o primeiro dia da semana. Aqueles que continuaram guardando fielmente o Sábado do sétimo dia, a Páscoa [no dia 14 do primeiro mês do calendário de Deus] e outras festas ordenadas biblicamente foram aos poucos marginalizados como hereges.

À medida que os novos líderes, com pontos de vista diferentes, ganhavam mais controle sobre as congregações, eles progressivamente expulsavam aqueles que mantinham fielmente as crenças e práticas apostólicas. No final de sua vida, próximo ao fim do primeiro século, o apóstolo João relata um incidente sobre isso: "Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe . . . e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja" (3 João 9-10).

Perseguidos não apenas pelas autoridades do Império Romano, mas também por aqueles que falsamente assumiram uma identidade cristã, esses irmãos condenados ao ostracismo [isto é, banidos de se congregarem], mas fiéis, muitas vezes tiveram de recuar e se esconder. O verdadeiro cristianismo e a Igreja de Deus que Jesus e os apóstolos edificaram começou a desaparecer da vista do público.

Pouco antes de o apóstolo João morrer, ele recebeu uma mensagem reveladora, uma visão de Cristo, para passar aos fiéis remanescentes em Éfeso: "Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores" (Apocalipse 2:2-3, NVI).

Mas podemos nos perguntar, como isso poderia acontecer com a Igreja edificada pelo próprio Cristo?

As advertências de Cristo e Seus apóstolos

À parte do Novo Testamento, poucas fontes sobreviveram para transmitir todos os detalhes do que aconteceu com a religião cristã durante esse tempo. No entanto, o registro do Novo Testamento é claro. Uma grave ruptura havia ocorrido dentro do cristianismo. Na verdade, Jesus e Seus apóstolos tinham advertido continuamente que isso ocorreria (comparar Mateus 7:15; 24:5, 11; Atos 20:29-31; 1 João 4:1).

Jesus entregou a seguinte advertência: "Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam que eu os avisei antecipadamente" (Mateus 24:24-25, NVI).

Nas primeiras décadas da Igreja, os apóstolos se opuseram veementemente às tentativas de corromper a verdade que tinham recebido pessoalmente de Cristo (1 João 2:24-26). Paulo advertiu alguns dos anciãos que ele havia ordenado: "Dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós" (Atos 20:30-31).

E Pedro proclamou: "Assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras . . . E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade" (2 Pedro 2:1-2, ARA). João também advertiu que "muitos enganadores" já haviam saído pelo mundo com suas heresias que se parece com o cristianismo (2 João 7).

Como isso pôde acontecer? Jesus explicou que, no meio do "trigo" (Seu verdadeiro povo), Deus permitiria que crescesse o "joio" (Mateus 13:37-43). A princípio, eles parecem ser indistinguíveis do trigo, mas, no final, dariam seus frutos e provariam que não são genuínos. Superficialmente, eles se parecem com verdadeiros discípulos, mas na realidade seriam bem diferentes. Pois, internamente não teriam nenhuma profundidade de compromisso com o verdadeiro evangelho e os ensinamentos de Cristo.

Portanto, depois do período apostólico da Igreja surgiram duas religiões "cristãs" distintas. Uma pequena e quase invisível no cenário mundial, que se manteve fiel à mensagem de Cristo. E outra que se apropriou do nome de Cristo, mesmo quando incorporava ideias e práticas de outras religiões—um processo conhecido como sincretismo—como era comum no Império Romano da época. As tradições dos homens substituíram os mandamentos de Deus e se tornaram arraigadas naquilo que se tornaria a forma predominante do cristianismo conhecido no mundo.

(Para saber mais sobre esta corrupção do evangelho de Cristo e seu efeito sobre a Igreja estabelecida por Ele, leia nossos guias de estudo bíblicos gratuitos A Igreja que Jesus Edificou e Feriados Religiosos ou Dias Santos: Será que importa Quais Dias Observamos?).

O evangelho do Reino hoje

Apesar de tantas dificuldades e do crescimento do falso cristianismo, Jesus Cristo manteve-se fiel a Sua promessa de que Sua verdadeira Igreja nunca morreria. No seu retorno, os cristãos que O servem fielmente, que são firmes e leais aos mandamentos de Deus, estarão prontos para assumir seu papel na próxima fase do plano de salvação de Deus. Eles se tornarão reis e sacerdotes de Deus, ajudando Cristo a ensinar ao mundo inteiro a mesma obediência à lei de Deus (Apocalipse 5:10; 20:6; Miquéias 4:1-2).

Curiosamente, na época apostólica da Igreja, o apóstolo Paulo descreve o modo de vida de seus membros como "o Caminho" e "este Caminho" (Atos 9:2; 19:9, 23; 22:4; 24:14, 22). Ele o identificava claramente como um caminho de vida. Nunca devemos perder de vista o fato de que o cristianismo não é apenas um conjunto de crenças, e sim a maneira como vivemos.

A Igreja que Jesus edificou nunca morreu. Através dos séculos, os seus membros se mantiveram firmes à verdade e ainda hoje proclamam diligente e fielmente o evangelho de Cristo do Reino de Deus, assim como fizeram Seus discípulos originais. Embora os tempos e as culturas tenham mudado, as verdades básicas e eternas de Deus não mudaram (comparar Malaquias 3:6; Tiago 1:17; Hebreus 13:8). Apocalipse 12:17 descreve claramente os membros da Igreja de Deus do tempo do fim como aqueles que "guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo".

Hoje, a Igreja de Deus Unida, uma Associação Internacional, está se esforçando para praticar "a fé que uma vez foi dada aos santos" (Judas 3). Para conseguir isso, nos comprometemos a viver como Jesus ensinou, "de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mateus 4:4).

Nós nos esforçamos para viver de acordo com a mesma instrução divina que Jesus, Seus apóstolos e a Igreja primitiva seguiam, e estamos conscientes de que isso nos distingue acentuadamente do chamado cristianismo de hoje, que não segue a Igreja descrita no livro de Atos como o seu modelo.

Como os membros da Igreja primitiva, continuamos totalmente comprometidos a proclamar a mensagem do Reino de Deus e o papel central de Cristo nele. Da mesma forma, continuamos totalmente comprometidos com a preparação de um povo para servir como auxiliares de Cristo nesse Reino.

Encorajamos sinceramente ao leitor a examinar com mais detalhes a mensagem que Jesus ensinou. Se você estiver interessado, basta solicitar nosso estudo bíblico gratuito O Evangelho do Reino. Ele está disponível através do escritório mais próximo de você ou através da nossa biblioteca de literatura on-line em www.revistaboanova.org/literatura.