Os Selos do Pergaminho Profético

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Os Selos do Pergaminho Profético

Jesus Cristo rompe os selos e abre o livro diante dos olhos de João (Apocalipse 6:1). João vê e descreve os símbolos da visão, cada um com um significado profético específico.

Como já vimos, só Cristo tem o direito de revelar o significado dos selos. Mas, Ele não explica inteiramente cada selo neste contexto. Na verdade, Ele já tinha—antes de Sua morte e ressurreição—revelado as chaves que precisamos para entender os selos.

Esta informação está registrada em Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21. Os escritores de cada um destes três Evangelhos registram a resposta de Jesus à pergunta dos Seus discípulos sobre quando Ele viria outra vez e qual seria o sinal de Sua vinda no final dos tempos. “E, estando assentado no monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mateus 24:3).

Jesus revelou-lhes as tendências e condições que prevaleceriam no mundo até o Seu retorno. Os selos de Apocalipse 6 simbolicamente retratam as mesmas condições, e na mesma sequência, que Cristo já havia descrito.

A maior parte de Apocalipse—cerca de dois terços de seu conteúdo —é dedicada ao sétimo selo. Todo o conteúdo dos primeiros seis selos é encontrado no capítulo 6.

O capítulo 7 interrompe a explicação dos selos para explicar que cento e quarenta e quatro mil pessoas das tribos de Israel, depois de serem espiritualmente convertidas, serão protegidas contra as sete pragas anunciadas por toques de trombeta. E também explica que, durante a Grande Tribulação, uma grande multidão de todas as nações da Terra se arrependerão e se voltarão para Deus.

Os eventos correspondentes ao sétimo selo dominam o restante  do livro.

Por que é necessário o julgamento de Deus?

Os primeiros cinco selos correspondem às adversidades que afligem uma vasta parte da humanidade, incluindo alguns dos servos de Deus, entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Estas dificuldades, tendo começado já durante a vida de João, se estenderão até o tempo do fim.

E quanto a estas aflições em particular, Jesus já havia advertido que “todas essas coisas são o princípio das dores” (Mateus 24:8) ou das “dores de parto” (BLH), significando calamidades que, como as contrações do parto, aumentariam em frequência e intensidade antes do fim. Ele também disse: “. . . não vos assusteis. Porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas o fim não será logo” (Lucas 21:9).

Devemos lembrar que o principal período das profecias de Apocalipse é o Dia do Senhor. É o dia do julgamento e da ira de Deus sobre as nações. Os eventos dessa época são o tema específico do sétimo selo.

Os primeiros cinco selos descrevem as condições que antecedem o Dia do Senhor. Estas são as aflições que tornam justamente necessário a intervenção e o julgamento de Deus. Estes cinco selos descrevem especificamente como Satanás administrará no tempo do fim o contínuo engano da humanidade, a sua perseguição aos santos e o padrão interminável de guerras—com suas horríveis consequências que serão nada mais que os frutos do seu engano.

Sob o sexto selo, vemos retratada uma impressionante exibição de sinais e maravilhas nos céus. Isso vai acontecer pouco antes do Dia do Senhor, anunciando que a ira e o julgamento de Deus estão próximos.

Agora, observe que Jesus pessoalmente identifica as adversidades ligadas aos selos: “Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras . . . se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores. Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome” (Mateus 24:4-9, ARA).

Vamos comparar o que Jesus disse aos Seus discípulos em Mateus 24 com o que o apóstolo João viu, em visão, em cada selo aberto.

O primeiro selo: a religião falsa

A abertura dos quatro primeiros selos revela a cavalgada dos famosos “quatro cavaleiros do Apocalipse”.

João relata no primeiro: “Observei quando o Cordeiro abriu o primeiro dos sete selos. Então . . . Olhei, e diante de mim estava um cavalo branco. Seu cavaleiro empunhava um arco, e foi-lhe dada uma coroa; ele cavalgava como vencedor determinado a vencer” (Apocalipse 6:1-2, NVI).

Qual é o significado deste cavaleiro misterioso? Qual é o alvo de  sua conquista?

Em Apocalipse 19:11, em um período de tempo mais tarde, Jesus Cristo é retratado retornando vitorioso em um cavalo branco. O que significa esta imagem do selo? Cristo voltando e conquistando? Certamente este simbólico cavaleiro tem muita semelhança externa com Cristo no Seu retorno. Mas note as diferenças significativas nos detalhes. Cristo está usando muitas coroas (versículo 12), e não apenas a coroa como esse cavaleiro, e Jesus é retratado com uma espada como Sua arma (versículo 15), em vez de um arco. O cavaleiro do primeiro selo é semelhante a Cristo voltando, mas diferente. Será que ele simboliza o verdadeiro Cristo ou um impostor?

Agora vamos comparar este cavaleiro simbólico com o primeiro aviso que Jesus deu aos discípulos na profecia do Monte das Oliveiras. Ele advertiu-os: “Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos” (Mateus 24:4-5, ARA).

Jesus advertiu a Seus discípulos de que a primeira adversidade que enfrentariam viria de enganadores. Em alguns versículos adiante Ele explicou os métodos que esses impostores usariam para apoderar-se de Seu nome. Ele revela que eles iriam estampar Seu nome em uma religião que é, na verdade, um cristianismo falsificado:

“Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui ou ali, não lhe deis crédito, porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa, não acrediteis” (versículos 23-26).

Para ser coerente com a profecias de Jesus, este primeiro cavaleiro deve representar apenas um poder enganoso disfarçado de Cristo. Exteriormente ele parecerá cristão, mas na realidade será como os três cavaleiros que vêm a seguir, uma força do mal e da destruição.

Esse engano começou nos dias dos apóstolos. Mas vai atingir o auge nos últimos dias. Por exemplo, Paulo diz que “será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (2 Tessalonicenses 2:8). Sua influência sobre a humanidade será “segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça . . .” (versículos 9-10).

No tempo do fim o engano da humanidade será tão grande que a maior parte do mundo estará sob o domínio de um sistema religioso idólatra, corrupto e falso que rejeita os verdadeiros ensinamentos da Bíblia.

O segundo selo: o horror da guerra

“Quando o Cordeiro abriu o segundo selo... saiu outro cavalo; e este era vermelho. Seu cavaleiro recebeu poder para tirar a paz da terra e fazer que os homens se matassem uns aos outros. E lhe foi dada uma grande espada” (Apocalipse 6:3-4, NVI).

Este cavalo, cor de sangue, se assemelha às advertências da segunda de Cristo. “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras . . . Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino” (Mateus 24:6-7).

Quando Jesus fundou a Igreja, o Império Romano passava por um breve período de paz. Mas isso durou apenas algumas décadas, e pouco depois Roma estaria novamente em guerra. Este padrão iria continuar até o tempo do fim, quando atingiria seu auge na “batalha do grande Dia do Deus Todo-Poderoso” (Apocalipse 16:14; 19:11-21).

Mas antes daquela batalha final, o livro de Apocalipse indica que uma guerra mundial já estará em andamento. Ele descreve enormes exércitos envolvidos em ações militares que custarão centenas de milhões  de vidas.

O terceiro selo: as consequências da guerra

“Quando o Cordeiro abriu o terceiro selo... Olhei, e diante de mim estava um cavalo preto. Seu cavaleiro tinha na mão uma balança. Então ouvi o que parecia uma voz entre os quatro seres viventes, dizendo: “Um quilo de trigo por um denário, e três quilos de cevada por um denário, e não danifique o azeite e o vinho!” (Apocalipse 6:5-6, NVI). Este selo retrata uma extrema escassez de alimentos e de outras necessidades básicas da vida. E corresponde à terceira advertência de Cristo: “. . . e haverá fomes . . .” (Mateus 24:7).

A escassez de alimentos e a fome são as consequências naturais da guerra. No tempo do fim, os conflitos militares entre as nações destruirão propriedades e vão interromper a produção agrícola, levando à grave e generalizada escassez de alimentos e outras necessidades.

O quarto selo: o custo crescente

“Quando o Cordeiro abriu o quarto selo . . . Olhei, e diante de mim estava um cavalo amarelo [aparência doentia]. Seu cavaleiro chamava-se Morte, e o Hades [a sepultura] o seguia de perto. Foi-lhes [aos quatro cavaleiros] dado poder sobre um quarto da terra para matar pela espada, pela fome, por pragas e por meio dos animais selvagens da terra” (Apocalipse 6:7-8, NVI).

O quarto selo descreve as frequentes epidemias e a morte no rastro da guerra e da fome dos selos anteriores. Isso corresponde com a quarta condição listada por Jesus—“peste”, ou epidemias mortais de doenças e enfermidades (Mateus 24:7). Sua menção de desastres naturais como terremotos também se encaixa no contexto de pragas que espalham a morte.

Além disso, todos esses elementos—guerra, fome, peste e outras calamidades—se reforçam mutuamente. As guerras e outros desastres levam à fomes e pestes, que levam à intensificação da luta por mais recursos. Os animais selvagens da terra se tornarão uma preocupação nesse tempos de ruptura da sociedade—a referência aqui também poderia ser sobre animais hospedeiros de doenças como ratos ou até mesmo agentes patológicos microscópicos.

No tempo do fim, podemos esperar condições terrivelmente impactantes em várias nações e regiões do mundo—e entre o povo fiel do Deus vivente. As condições em algumas áreas poderão ser semelhantes aos últimos dias da antiga Israel quando Deus disse a Jeremias que “os consumiria pela espada, e pela fome, e pela peste” (Jeremias 14:12). Deus não quer que Seus servos estejam surpresos pela eclosão de tais tragédias, mas que O busquem para ajuda e libertação.

O quinto selo: a perseguição religiosa

Após os quatro cavaleiros, Jesus ainda abre outros selos. João escreve:

“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram. Eles clamavam em alta voz: “Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?” Então cada um deles recebeu uma veste branca, e foi-lhes dito que esperassem um pouco mais, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que deveriam ser mortos como eles”  (Apocalipse 6:9-11, NVI).

Simbolicamente retratado no altar do templo de Deus, aqueles que já deram as suas vidas como mártires a Seu serviço ainda estão à espera, na véspera do Dia do Senhor, para o julgamento de Deus sobre aqueles que odeiam Seus caminhos, Seus servos e a Ele mesmo. Mas eles vão ter que esperar um pouco mais porque outro grande martírio de fiéis de Deus deve ocorrer primeiro.

Cristo já havia explicado aos discípulos o que deve acontecer: “Então, vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão. E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos se esfriará”  (Mateus 24:9-12).

A Igreja primitiva tinha sido estabelecida, pouco antes da perseguição começar. Várias cartas dos apóstolos referem-se ao sofrimento e martírio de membros fiéis nas mãos dos inimigos da Igreja. A maioria dos apóstolos encontrou uma morte violenta e precoce. As epístolas de segundo Timóteo e segundo Pedro registram os últimos e encorajadores pensamentos de Paulo e Pedro, à espera da execução. A perseguição brutal e o tormento continuaram nas décadas seguintes e séculos mais tarde. E isso vai acontecer novamente.

Jesus explicou que a pior perseguição e martírio viria no tempo do fim: “Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos, serão abreviados aqueles dias” (Mateus 24:21-22).

Como veremos mais claramente depois, as pessoas que se recusem a adorar “a imagem da besta” nos últimos dias terão de enfrentar a possibilidade de execução (Apocalipse 13:15). Os alvos principais desta carnificina serão aqueles “que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo” (Apocalipse 12:17).

As demais profecias explicam que este tempo de grande tribulação e perseguição também afligiriam os modernos descendentes naturais das doze tribos da antiga Israel (ver “O ‘Tempo de angústia para Jacó”, página 61).

O sexto selo: sinais nos céus

Então chegamos a uma grande transição.

“E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares” (Apocalipse 6:12-14, NVI).

Será que Cristo anteciparia a explicação de quando, na sequência dos eventos profetizados, estes impressionante e terríveis sinais celestiais iriam ocorrer? Ele assim o fez: “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas” (Mateus 24:29).

Agora, observe, na descrição de encerramento do sexto selo, o que vem depois dos sinais celestiais: “E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo servo, e todo livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro, porque é vindo o grande Dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (Apocalipse 6:15-17; compare Sofonias 1:14-17).

Note a ordem desses três eventos separadamente: Primeiro vem a tribulação, como descrito no quinto selo. Em seguida, os sinais celestiais, descrito no sexto selo, ocorrem. Depois dos sinais celestiais é o Dia do Senhor, o dia da ira de Deus.

Os sinais celestiais ocorrem depois do tempo de tribulação ter começado, mas antes de começar o Dia do Senhor. O profeta Joel confirma isso: “E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue, e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do senhor” (Joel 2:30-31).

Por isso é tão importante?

Satanás ataca

A perseguição e o martírio dos santos no fim dos tempos (também dirigido aos descendentes físicos da antiga Israel) começam antes dos sinais celestiais e ambos são resultado e expressão da ira de Satanás. Mais tarde, João descreve que ouviu uma voz do céu anunciando: “Ai dos que habitam na terra e no mar! Porque o diabo desceu a vós e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (Apocalipse 12:12).

Sabendo que seu tempo é curto, o que faz Satanás? “E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão” (versículo 13).

A mulher representa o povo de Deus. No tempo do fim Satanás irá desencadear muitos eventos destrutivos. Porque seu tempo é curto, ele vai mobilizar uma humanidade enganada em um frenesi de ódio e destruição contra qualquer coisa e qualquer um que represente o verdadeiro Deus.

Este ponto é extremamente importante. A aterrorizante fúria vingativa de Satanás será lançada contra os descendentes naturais das tribos de Israel, assim como aos servos convertidos de Cristo antes dos sinais celestiais anunciarem o Dia do Senhor.

Isto significa que a ira de Satanás—o tempo em que grande tribulação cairá sobre o povo de Deus—já estará em curso há algum tempo antes de se iniciar a ira de Deus. Mesmo após o tempo da ira do Deus—o dia do Senhor—a guerra destrutiva de Satanás contra o povo de Deus, aparentemente, não cessará enquanto ele não for preso no retorno de Jesus (Apocalipse 20:1-2).

Observe que a mulher do capítulo 12 será “sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo [um ano, anos e meio ano], fora da vista da serpente” (versículo 14). Mesmo Deus sustentando, fortalecendo e protegendo alguns do Seu povo durante esse tempo terrível, muitos outros, como já vimos, serão mortos.

Apocalipse 11:2 nos diz que Jerusalém deve ser pisada pelos gentios por quarenta e dois meses (Apocalipse 11:2). Deus também promete levantar dois profetas para serem Suas testemunhas por mil duzentos e sessenta dias (versículo 3).

Cada um desses períodos é composto de significativos três anos e meio. Estas referências indicam que um total de três anos e meio decorrido após o início do ataque de Satanás ao povo de Deus até que seu sistema político e religioso seja destruído e ele seja trancafiado ao retorno de Cristo.

O dia da ira de Deus será breve

A duração do julgamento de Deus não é descrito em nenhum lugar em Apocalipse, a menos que esteja implícito na expressão “o grande Dia da sua ira” (Apocalipse 6:17). Em algumas outras passagens proféticas Deus menciona que um “dia” representa um ano de punição (Números 14:34; Ezequiel 4:4-6). Se esse mesmo princípio se aplicar aqui em Apocalipse, o Dia do Senhor (“o dia da Sua ira”) seria o último ano antes da volta de Cristo. De fato, Isaías 34:8 se refere ao dia da ira do Senhor como um período de um ano de duração.

Isto corresponde ao último ano dos três anos e meio da ira de Satanás. Em outras palavras, os castigos de Deus, no Dia do Senhor iria se sobrepor a vingança de Satanás sobre o povo de Deus por um período de um ano—o último ano dos três anos e meio.

Este prazo parece ser o que João, sob inspiração de Cristo, estava indicando para os principais eventos do tempo do fim descritos em Apocalipse. E combinam inteiramente com as palavras de Cristo. Como Ele disse: “E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias” (Mateus 24:22, NVI). Ele demonstra que todos os eventos relacionados especificamente com o tempo do fim ocorrerão dentro de um curto período.

A descrição do sexto selo de Apocalipse 6 termina com as palavras: “Porque é vindo o grande Dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (Versículo 17). Isto anuncia o Dia do Senhor, o tema do sétimo selo. No entanto, a abertura do sétimo selo não é discutida até o início do capítulo 8. João interrompe a narração da história dos sete selos para mostrar que cento e quarenta e quatro mil são selados e uma grande e inumerável multidão é convertida dentre todas as nações neste tempo de  turbulência mundial.

O sinal nos cento e quarenta e quatro mil

Primeiro, um anjo anuncia: “Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores [mencionados como devastados pelas pragas das primeiras quatro trombetas no capítulo 8], até que hajamos assinalado na testa os servos do nosso Deus” (Apocalipse 7:3).

Por que cento e quarenta e quatro mil são assinalados? Uma chave é dada posteriormente quando outro anjo ordena que instrumentos de guerra parecidos com gafanhotos “não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm na testa o sinal de Deus” (Apocalipse 9:4).

A marcação dos que foram escolhidos por Deus já está concluída. E agora a devastação maciça das pragas da próxima trombeta que Deus descarregará sobre a humanidade durante o Dia do Senhor não vai atingi-los. Eles poderão continuar sentindo alguns dos efeitos da vingança de Satanás, mesmo durante o Dia do Senhor, mas o sinal garante que as punições que representam a ira de Deus em nada os afetarão.

Quem são estes cento e quarenta e quatro mil? E como eles são identificados?

“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel” (Apocalipse 7:4). Este sinal tem a ver com o recebimento do Espírito Santo de Deus, assim alguém torna-se espiritualmente convertido. Como Efésios 1:13-14 diz: “Tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória” (compare com Efésios 4:30 e  2 Timóteo 2:19).

Os cento e quarenta e quatro mil de Apocalipse 7 são mencionados novamente em Apocalipse 14, onde se torna claro que essas “primícias” espirituais se arrependeram e se converteram antes do início do Dia do Senhor. Eles são descritos como resgatados e inculpados. E são mostrados tendo uma convivência próxima a Deus Pai e a Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus.

“E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu Pai. E ouvi uma voz do céu como a voz de muitas águas e como a voz de um grande trovão; e uma voz de harpistas, que tocavam com a sua harpa. E cantavam um como cântico novo diante do trono e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra”.

“Estes são os que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus” (Apocalipse 14:1-5).

A grande e inumerável multidão

“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro” (Apocalipse 7:9-10). Esta multidão é composta de pessoas de muitas nacionalidades e grupos étnicos na terra—de suas tribos, clãs e línguas. O que torna-os especiais é que todos eles “vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (versículos 13-14). Eles são servos convertidos de Deus que sofreram e―como parece implícito―se converteram durante os primeiros dois anos e meio da Grande Tribulação, antes do início do Dia do Senhor.

Não há consenso entre os intérpretes da Bíblia sobre qual texto de Apocalipse 7 indica o futuro imediato desta multidão. Essas pessoas, no entanto, têm a promessa da vida eterna―a salvação― com o restante dos santos no retorno de Cristo.

Alguns interpretam que o recebimento de “vestes brancas” é uma indicação que eles podem ter sido martirizados no início do Dia do Senhor. Se assim for, eles serão ressuscitados na vinda de Cristo―exatamente como aqueles mártires que receberam vestes brancas em Apocalipse 6:11 devem “esperar” até que suas mortes sejam vingadas (durante o Dia do Senhor) para que sejam ressuscitados à vida eterna na volta de Cristo.

Outra ponto de vista é que a multidão inumerável vai sobreviver à Grande Tribulação e continuará a viver e a ser protegida por Deus durante o Dia do Senhor.

A Bíblia na Linguagem de Hoje parece defender este significado pela forma como traduz Apocalipse 7:15: “É por isso que eles estão de pé diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo. E aquele que está sentado no trono os protegerá com a sua presença.”

Outras versões, entretanto, são menos específicas na tradução deste versículo. A razão para isto é que o texto original grego diz apenas que Deus vai “habitar” (ou “ fazer tabernáculo”) entre eles. A conclusão de que eles permanecem vivos e são protegidos de maiores danos durante o Dia do Senhor pode ser, então, deduzido dessa promessa.

As promessas nos próximos dois versículos, embora sua aplicação específica seja um pouco ambígua, são geralmente consideradas como reforços desta dedução: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda lágrima” (versículos 16-17).

Está, inequivocamente, claro em Apocalipse 7 que uma grande colheita de cristãos verdadeiros e fiéis acontecerá durante os primeiros anos da grande tribulação. Esssa enorme colheita espiritual alcançará não apenas as próprias tribos de Israel, mas também outras nações e povos de toda a terra. A pregação poderosa das duas testemunhas de Deus (capítulo 11), sem dúvida, contribuirá muito para a conversão desse grande número durante esse tempo assustador e mortífero.