Um Convite à Eternidade

Você está aqui

Um Convite à Eternidade

Quase dois mil anos atrás, uma dupla de pescadores estava indo para sua pescaria no Mar da Galiléia, na esperança de ter um grande dia de pesca.

Naquele dia, como todos os outros dias, André e Pedro estavam regularmente exercendo os seus ofícios, como fizeram seus antepassados ​​antes deles. O ritmo da vida, assim como o quebrar constante das ondas na costa, era lento, constante e seguro.

A vida deles não era complicada, mas mesmo assim era árdua. Eles sabiam dos melhores horários para chegarem à costa e lançar os seus barcos. Os homens lançaram as redes com uma experiência desenvolvida desde a infância e puxava-as com paciência e precisão.

Em seguida, a pesca do dia tinha que ser separada. Então, suas mãos firmes girariam o leme do barco de volta à costa. Uma vez em terra, eles iriam limpar suas redes e pendurá-las para secar. Essas redes eram preciosas — sendo a melhor ferramenta do seu trabalho, pois delas dependia sua sobrevivência. Em outras palavras, as redes eram tudo para eles!

Por último, mas não menos importante, viria o trabalho pesado de transportar o peixe para o mercado. O dia estava quase completo — ou pelo menos pensavam assim, porém mal sabiam eles que a rotina de suas vidas estava prestes a mudar abruptamente.

Um convite e uma resposta imediata

Um homem da Galiléia que eles tinham conhecido e conversado antes estava em pé na praia. Ele usou a acústica da água ainda para enviar uma simples, mas direta mensagem, para esses dois corpolentos pescadores.

As palavras eram uma curiosa mistura de convite e de ordem — "Segue-Me". Ele passou a declarar que faria deles "pescadores de homens" (Mateus 4:19, NVI).

Na verdade, essas duas palavras iniciais não só alterariam duas vidas, mas também, junto com outras, mudariam o curso da história.

O livro de Mateus descreve a resposta deles, afirmando: "Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no" (versículo 20). O impacto desse momento é a realidade de que eles largaram suas redes e entregaram seu passado, presente e futuro nas mãos do homem na praia.

As primeiras palavras registradas de Jesus Cristo a Pedro foram: "Segue-Me". Pedro iria ouvir essas palavras mais de uma vez. Ele não tinha nem ideia onde essa viagem o levaria e o que Cristo tinha reservado para esse filho da Galileia.

Depois de anos seguindo a Jesus de Nazaré nas estradas da Galileia, Judá e Samaria e até mesmo nos arredores da desafiadora Jerusalém, Pedro teria que vir a enfrentar-se completamente e ainda mais deixar de lançar as "redes” da vida.

Pedro recebe novamente um convite

Jesus teria ainda uma última conversa registrada com Seu amado pescador. Foi após a morte e ressurreição de Jesus, nos últimos dias antes de Ele subir ao céu, que o eco daquelas duas primeiras palavras de encorajamento pessoal soaria novamente nos ouvidos de Pedro. E aconteceria onde tudo havia começado ― na mesma costa à beira do mesmo mar.

Muitas vezes a vida parece um círculo, e Deus nos traz de volta à primeira sala de aula da vida para fazer a lição! Como um preâmbulo para ouvir o convite mais uma vez, em seu Evangelho o apóstolo João indica a consternação e perplexidade de Pedro diante das palavras de Cristo sobre o futuro de João e dele próprio.

As palavras de Jesus denotavam que Pedro iria sofrer um desafiante martírio enquanto a vida de João percorreria, aparentemente, um caminho diferente (João 21:18-24). Foi aqui que Jesus disse a Pedro: "Se eu quiser que ele [João] permaneça vivo até que eu volte, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me!"(versículo 22, NVI).

É dentro desses primeiros e últimos comentários de Cristo a Pedro que descobrimos o eco sempre presente do convite de Jesus aos discípulos de todas as eras ― um convite que simplesmente declara: "Segue-Me". Este é o lugar onde Sua conversa sempre começa e nunca termina com aqueles escolhidos por Ele (João 15:16).

Você está disposto a seguir esse mesmo caminho?

"Segue-Me" é o eco direcionado e sempre presente que encerra a jornada de um peregrino cristão enquanto ele ou ela enfrenta os desafios de um mundo que se afastou de Deus. Akoloutheo, a raiz da palavra grega traduzida como "seguir", traz uma variedade de definições que transmitem companheirismo com base na união ou igualdade. Assim, dá o sentido de "um seguindo o mesmo caminho" (Dicionário Expositivo Completo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento de Vine, de 1985, Seção Novo Testamento, "Seguir").

Nos evangelhos esta palavra de seguir a Cristo é usada setenta e sete vezes. Tem sido dito que, se Deus diz algo uma vez é porque é importante. Então, qual seria o significado do conceito de "seguir" a Jesus quando ele o diz setenta e sete vezes?

É claro, a ordem para essa jornada espiritual é muito fácil de ser lida, mas é um desafio colocá-la em prática. E a intenção é justamente essa ― ser um desafio.

Ao contemplar o Sermão da Montanha, percebemos que é humanamente impossível cumprir seus princípios, sem ajuda sobrenatural. Cristo elevou o grau desse desafio ao máximo. Uma leitura completa e sincera das palavras de Jesus lembra a todos que Ele nunca disse que seria fácil, mas sim que valeria a pena. Mas tudo isso tem um custo! E Deus ainda espera que cada um de nós "largue nossas redes".

Desculpas para não aceitar o convite

Depois de sua primeira conversa com Pedro, Jesus explica mais aos outros sobre o que Ele entendia quando disse: “Segue-Me”. A fórmula nunca muda, tal como o relato de Lucas 9:57-62 testifica: "E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça".

E a partir daqui Jesus encoraja ao sincero candidato a discípulo a ter plenamente em conta o que lhe reserva e exige o futuro e também a se preparar para uma vida bem diferente da que ele está acostumado.

“E disse a outro: ‘Segue-me’. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu, vai e anuncia o Reino de Deus”.

Este homem não estava falando de assistir a um funeral naquele momento. Ele parece que tinha algum negócio inacabado em casa com um parente idoso doente, que ainda não havia falecido, ou se o pai realmente tivesse morrido, talvez ele tinha que resolver o problema de uma herança complicada que levaria tempo para ser solucionada. (Ou pode ser uma referência ao ano do período de luto judaico daquela época, após o qual os ossos do morto eram enterrados novamente em um ossuário ou uma urna funerária).

Em qualquer caso, Jesus não estava menosprezando a genuína responsabilidade da família em seu dever com seus falecidos. Ao contrário, Ele estava fazendo uma declaração sobre a exigência do pretenso discípulo, que deveria entregar sua vida presente aos cuidados da providência de Deus.

"Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus".

Este terceiro indivíduo não estava falando de uma rápida viagem de volta para dizer adeus a alguns convidados, que tinha acabado de receber em casa. Aliás, em vez disso, enquanto considerava uma vida de seguir a Cristo, ele queria tempo para visitar os seus velhos companheiros e até abraçar todos os seus conhecidos, os quais teria de deixar para trás.

É aqui mesmo, entre os três pretensos seguidores, que Jesus entrega uma mensagem profunda e emocionante para aqueles a quem seria concedido o dom da vida eterna por nosso Pai Celestial e seguir a Cristo a caminho da eternidade.

Conforme os atordoados seguidores começaram a entender a profundidade do Seu desafio e convite, quase podemos ler os lábios de Jesus e discernir que Ele estava dizendo basicamente isto: "O resumo da Minha mensagem é esta: Quando a Minha chamada vem, ‘você deixe as redes’ imediatamente assim como meus amigos Pedro e André as deixaram. Conforme o faças, entende que a Minha vontade e pré-requisito para que você possa ter companheirismo Comigo é entregar seu passado, presente e futuro em Minhas mãos, com fé e confiança de que, nas mãos da Minha perfeição, sempre estarás melhor que tu poderias fazer com todas as tuas forças".

O apóstolo João registrou as expectativas de Jesus nesses termos: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem" (João 10:27).

Você vai deixar as redes ou vai lançar âncora?

Permitam-me falar claramente: Alguns dos que estão lendo esse artigo podem ter um grau de parentesco, falando espiritualmente (pelo menos no momento), com os indivíduos que acabamos de ler a respeito em Lucas 9.

Precisamos entender claramente que a chamada de Jesus dizendo "Segue-Me", não se restringe somente aos confins do Oriente Médio. Esta chamada ocorre diáriamente, de maneiras muito únicas, pelo mundo inteiro ― em fábricas, em escolas, em escritórios e em residências tal como na sua. Você pode ter ouvido a chamada de Deus há anos, como André e Pedro ouviram a voz de Cristo vindo sobre a água. Mas em vez de você vir para essa “praia” (em analogia) e deixar imediatamente suas redes, você tem ancorado onde está e ficou a uma distância segura sem fazer o compromisso com Aquele que lhe ofereceu algo muito maior do que você mesmo.

Mais uma vez, deixe-me explicar isto bem claro: Há uma imensa diferença entre, por um lado, simplesmente saber quem é Jesus Cristo, enquanto está vendo-O de longe, e por outro lado, caminhar passo a passo com Ele a caminho da eternidade.

Esta nova coluna em A Boa Nova, intitulado "Segue-Me", foi concebido não só para guiá-lo a abrir as páginas de sua Bíblia, mas também para encorajá-lo a abrir as portas do seu coração para "sair do barco" e preparar-se para "deixar a sua própria rede particular", qualquer que sejam os problemas que possam existir, e seguir a Jesus Cristo sem reservas ― caminhando com Ele aonde quer que Ele decida nos guiar.

Sim! Atenda a chamada dEle de todo o coração e deixe com Ele as consequências de sua obediência. E, é claro, quando tropeçar e perder o caminho de vista, lembre-se que o eco reverberante do amor de Deus está sempre presente na ordem: "Segue-Me!" Vamos seguir as pisadas de nosso Mestre através do selo da Sua vida perfeita, sua morte desafiante e ressurreição gloriosa para alimentar o nosso compromisso de segui-Lo em cada aspecto de nossas vidas.

Talvez a voz do "Segue-Me" seja mais bem ouvida na história de um homem cujo avião caiu em uma floresta fechada. E lá ele ficou preso na mata até chegar a uma cabana em uma clareira. Um homem nativo saiu dessa cabana. O piloto desesperado perguntou se ele poderia tirá-lo dali, e o homem nativo confiantemente respondeu: "Sim".

Assim, eles começaram a viagem. Horas e horas se passaram e o nativo seguia em frente, cortando com seu facão o mato à frente deles. Finalmente, o piloto angustiado e frustrado gritou para o homem: “Ei, você disse que conhecia o caminho para me tirar daqui. Onde está o caminho?”.

O guia virou-se lentamente. E com um sorriso no rosto e um olhar penetrante nos olhos do piloto, declarou: "Eu sou o caminho".

Com esta história em mente, este e outros artigos futuros nos ajudarão em nossa jornada para sempre olhar para frente e atender a chamada de Jesus que disse "Segue-Me". Como devemos lembrar, Ele nunca disse que seria fácil, mas disse que valeria a pena. Devemos sempre confiar que Ele nos conduza. E o mesmo é dito a você neste momento em João 14:6: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida".