Alegrando-se com Deus por Encontrar o Perdido
Um dos aspectos mais desafiadores do convite de seguir a Jesus Cristo é revelado em Lucas 15. Aqui, Jesus se utiliza de três parábolas que se sobrepõem rumo a uma poderosa conclusão temática.
O propósito básico de Jesus nessa passagem é o de abrir nossos horizontes para experimentar as mesmas emoções que Deus experimenta. Neste capítulo, Ele expõe a importante tarefa que nos permite não apenas conhecer e crer no evangelho, ou "boa nova", trazida por Ele, mas também experimentar a alegria adicional de mais uma boa nova dentro da abrangência do evangelho — literalmente, alegrar-se ao lado de Deus, quando aqueles que "estavam perdidos são encontrados".
"Este homem recebe pecadores"
Vamos nos juntar à multidão reunida em torno de Jesus, como começa o capítulo, e ouvi-Lo pessoalmente.
Aquela multidão era composta de um grupo diversificado — ministrada por um jovem Rabino, que tinha ensinamentos exclusivos e o poder de curar. Seu grande público se compunha de pessoas religiosas desde aquelas que pensavam já ter ouvido tudo e saber tudo, até às que acreditavam que tinham feito tantas concessões desonrosas e por tanto tempo que, aparentemente, Deus lhes fechou a porta. No entanto, aqui está um homem que fala de esperança e redenção e de uma forma de voltar para Deus, nunca antes divulgada por alguém.
Assim, "chegavam-se a Ele todos os publicanos e pecadores para O ouvir " (versículo 1). E, ao mesmo tempo, "os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles" (versículo 2).
As pessoas religiosas confiantes e corretas (pelo menos era o que pensavam), que estavam ali, não apenas buscavam se exaltar ante o público e mostra-lhe seu lugar, mas também queriam manchar a reputação de Jesus. Basicamente, eles O recriminavam: "O que eles estão fazendo aqui? Quem os convidou para virem aqui?”. Bem se vê quem!
Indo após ele
Jesus olha em volta e examina seus corações — na verdade, todos os corações. Ele sabe o que precisa ser falado e começa com "Que homem dentre vós...?", assim Ele passa a narrar a história do bom pastor que deixa suas noventa e nove ovelhas e "vai após a perdida até que venha a achá-la" (versículos 3-4).
Como ouvintes de Jesus entendiam muito bem que cada ovelha é preciosa e, no final do dia, quando todos os pastores voltavam do campo para casa, exceto um, então toda a aldeia já sabia o que estava acontecendo. Uma ovelha desapareceu. O homem continuaria no campo e não voltaria para casa até ter a pequena ovelha em segurança. A ansiedade e a expectativa toma conta da aldeia até o seu retorno, pois o deserto é repleto de desafios, tanto para as ovelhas quanto para os pastores.
Jesus conclui a história com o pastor aparecendo com sua pequena ovelha, que foi negligente e havia se desviado, aonde o herói proclama: "Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida" (versículo 6). O homem pede uma resposta comum e coletiva de todos os que entendem o que acaba de acontecer.
Então, jubiloso, Cristo exalta o exemplo do animal desgarrado e, figurativamente, abre uma janela para o céu: "Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento" (versículo 7) .
Buscar até encontrar
A linguagem corporal de alguns na plateia, no entanto, mostra que Jesus teria de ir mais longe.
"Ou", Ele diz, introduzindo uma nova história sobre uma mulher que perde apenas uma das dez moedas que possuía — possivelmente, sua coleção particular — que, então, vira a sua casa de ponta-cabeça e a vasculha por dentro e por fora para encontrá-la. Ele comenta que ela "acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar" (versículo 8).
Todos nós podemos nos identificar com essa história, quando perdemos uma carteira, uma bolsa, as chaves ou qualquer documento importante. E, quando ela finalmente recupera o que lhe é valioso, ela é incapaz de guardar essa notícia emocionante para si mesma e conta para todos os seus amigos e vizinhos, "Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida" (versículo 9).
Então, Cristo novamente nos proporciona uma visão da sala do trono de Deus: "Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" (versículo 10).
Como antes, a história provoca pensamentos de foco continuado e enérgico, porque "é sobre buscar alguma coisa", pois encontrar o que está perdido é algo verdadeiramente satisfatório. E isso é para ser compartilhado e vivido por outros em uma resposta comum e coletiva, sabendo todos estamos inclusos nisso.
Estreitando a relação
Jesus agora se desloca para uma terceira história, aprofundando para dar a Sua resposta sobre a tensão inicial entre os "benfeitores" e os pecadores castigados de Sua plateia (Lembre-se: "O que eles estão fazendo aqui?").
Até agora temos lidado com as interessantes analogias de animais e dinheiro. Os contrastes apresentados ter sido um fora de uma centena e uma de dez. A ovelha foi negligente e se afastou e a moeda foi perdida, não por si só, mas por uma pessoa. O cordeiro e a moeda não poderiam voltar por conta própria. Eles tiveram que ser procurados, e foram — com êxito.
Mas agora Cristo acentua o foco na proximidade, pessoa a pessoa, quando conta a história de um pai e seu filho pródigo (esbanjador, imprudente).
O filho pede ao seu pai sua herança antecipadamente (versículos 11-12). O problema não está no que ele pede e na parte dada. Mas no que ele faz com ela. Ele sai de casa e esbanja tudo, "vivendo dissolutamente", assim, com as próprias mãos, ele prejudica sua vida — e a fome agrava a situação (versículos 13-14).
E ele acaba alimentando porcos — tarefa repugnante para um judeu — e chega a um ponto onde a comida, que ele dispensava, parecia muito boa e muito mais do que ele poderia esperar (versículos 15-16).
"E, caindo em si..."
Finalmente, o jovem chegou ao fundo do poço! O versículo 17 reflete a experiência de todos aqueles que fazem o caminho de volta do abismo da natureza humana: "E, caindo em si... Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores" (Versículos 18-19).
Então, segue-se uma das mais belas cenas das Escrituras, no versículo 20: "E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou”. Um abraço que ecoa por eras! O pai nunca fechou a porta e esperou com a mesma expectativa, esperança e coragem que reflete a energia do pastor e da mulher das parábolas anteriores sobre perdas.
Não é de se admirar a alegria do pai quando seu filho humildemente lhe confessou, no versículo 21: "Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho”?
Pois, muitas vezes o arrependimento é incompleto e desaparece quando simplesmente estamos dizendo estar arrependidos para ganhar o favor momentâneo das pessoas diante de nós ao invés de buscar o sublime perdão do Doador da vida. Até que busquemos prontamente esse alto nível de relacionamento em primeiro lugar, ficamos condenados a permanecer no enganoso caminho humano.
O pai está entusiasmado e restabelece plenamente o seu filho como um membro da família. O pai deseja que todos saibam que seu filho está de volta — exatamente como o cordeiro e as moedas, mencionados anteriormente — e todos são convidados a compartilhar com ele essa alegria (versículos 22-27).
Mas todo mundo está feliz? Não! Seu irmão está furioso. A história diz: "Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele” (versículo 28). Ele queixou-se a seu pai: "Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento... Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado" (versículos 29-30).
O pai respondeu: “Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado” (versículos 31-32).
A revelação e a conclusão inevitável
Esta tripla lição nos deixa com uma revelação incrível e uma conclusão óbvia para aqueles que aceitarem o convite de seguir a Jesus.
Em primeiro lugar, estas parábolas revelam um Deus que, literalmente, procura coisas preciosas para Si. Deus segue sendo uma força ativa e intervém em nossas vidas. Esta revelação de Cristo separa o nosso Pai Celestial de qualquer divindade inventada pelo homem. Não existe nenhum ser com essa qualidade de buscar aqueles que outros já desistiram! Apenas o Seu amor pode amar o inamável, ajudar os desamparados e dar esperança aos desesperados.
Nosso Deus é Aquele que aproveita nossa iniciativa para nos guiar de volta a Ele. Ele está trabalhando de modo incrível, que não podemos entender plenamente. Mas podemos crescer em fidelidade quando nós ou os outros se afastam, pois Ele ainda segue nos buscando.
Em segundo lugar, a conclusão inevitável é que Deus deseja que nos alegremos ao Seu lado, como Ele se alegra. Isto é revelado quando abraçamos a missão de Cristo, revelada em Lucas 19:10: "Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido".
Assim, devemos rejeitar a visão dos escribas, dos fariseus e desse irmão mais velho de Lucas 15. Não é nosso trabalho escolher os membros da família de Deus. Pelo contrário, o nosso trabalho é aceitá-los. Talvez pelo fato de que nós mesmos estivemos perdidos e afastados de Deus e, em seguida, fomos encontrados e resgatados por Ele, é que se torna possível nos alegrar quando outros são encontrados.
Cristo continua a buscar corações, assim como fez naquele dia registrado em Lucas 15, quando foi cercado por uma multidão cética, envolta em todos os seus problemas. Talvez o antídoto para o fato de estar se incomodando com alguém agora — talvez até esteja se perguntando como Deus poderia usar essa pessoa — se encontre em uma história atribuída ao presidente Abraão Lincoln.
No final da Guerra Civil norte-americana, parecia que o Norte que se sairia vencedor. Um assessor se aproximou do presidente e perguntou: "O que vamos fazer agora se o Sul for conquistado?" Lincoln respondeu: "Eu vou tratá-los como se eles nunca tivessem saído".
Abrace essa ideia. E abrace a alegria daquele pastor, daquela mulher e daquele pai esperançoso, assim você se alegrará com Deus como Ele se alegra ao encontrar os que estavam perdidos. BN