Comentário Bíblico
Gênesis 21
Finalmente, após vinte e cinco anos, Deus cumpriu a promessa de dar um filho e herdeiro a Abraão e Sara! A espera foi difícil e talvez até desanimadora e frustrante. Mas, fiel à Sua palavra, Deus fez exatamente como prometeu — e justamente no tempo prometido (Gênesis 18:10, Gênesis 18:14).
Porém, o nascimento do filho prometido não trouxe paz e alegria ao casal. Em vez disso, as consequências da tentativa de Abraão e Sara de cumprir a promessa de Deus por meio de Agar estavam começando a aparecer. Assim, surgiram contendas na casa de Abraão, pois Sara procurava garantir a primazia de Isaque e se ressentia do amor de Abraão pelo seu outro filho, Ismael. Embora essa narrativa apresente todo o evento em um curto espaço de tempo, provavelmente as tensões naquele lar já estavam aumentando há algum tempo. Então, os maus-tratos de Ismael a Isaque foram apenas a gota d'água que fez transbordar o copo.
Abraão estava angustiado com tudo aquilo. Ele realmente amava Ismael (Gênesis 17:18) e, pela maneira como Deus se referiu a Agar em Gênesis 21:12, é possível que Abraão também sentia algo por ela. Provavelmente, ele tentou de tudo para manter a paz naquela casa, mas sem sucesso. Diante dessa situação, Deus disse a Abraão para atender ao pedido de Sara. Independente de Sara ter ou não o direito de agir daquele jeito, o plano de Deus exigia a saída de Ismael daquela casa.
Entretanto, mesmo exigindo aquela separação, Deus assegurou a Abraão que Ismael seria abençoado, “porquanto é tua semente” (versículo 13). Em outras palavras, embora não tenha garantido que iria ajudar e proteger Ismael, Deus resolveu misericordiosamente abençoá-lo porque Ele amava Abraão e este amava Ismael. Às vezes, a graça de Deus recai sobre outras pessoas por causa do amor que Ele tem para com Seu povo. Quando nos tornamos filhos de Deus, o amor e a afeição dEle se estendem muito além de nós mesmos. E por nossa causa, porque Ele nos ama e nós amamos a outros, às vezes Deus estende Sua proteção e bênçãos àqueles que amamos. Isso nos remete diretamente a 1 Coríntios 7:14, onde Paulo nos diz que um cônjuge incrédulo é santificado pelo crédulo — uma extensão do amor de Deus por nós. Assim, embora estejamos separados do mundo pelo plano e chamado de Deus, sabemos que, por causa desse nosso chamado e separação para Deus, muitas vezes nossos entes queridos não convertidos também participam da graça de Deus.
ademais, precisamos enfatizar nesse contexto os tipos de problemas que podem surgir sempre que nos afastamos do padrão divino para o casamento — que é a união de um homem com uma mulher para viverem em um relacionamento amoroso e monogâmico (Mateus 19:5-6). Como vimos no exemplo de Abraão, Sara e Agar, em Gênesis 16 e 21, qualquer relacionamento contrário a esse padrão resulta em sofrimento, ciúmes, mágoas e adversidades. E muitos desses mesmos problemas virão à tona novamente quando chegarmos ao relato da vida de Jacó, neto de Abraão. Esses exemplos gritantes servem para nos advertir e lembrar das consequências que nós e outros podemos sofrer quando decidimos ignorar as leis e as instruções de Deus.