Comentário Bíblico: Gênesis 22

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Comentário Bíblico

Gênesis 22

O sacrifício de Abraão é uma das histórias mais conhecidas da Bíblia. Na verdade, isso tornou-se sinônimo de fé e obediência.

Por que Deus precisou testar Abraão? A resposta está implícita nesta passagem: “Porquanto agora sei que temes a Deus” (Gênesis 22:12). Como mencionado em leituras anteriores, o livro de Gênesis tece diversos temas recorrentes. E dois desses temas são a soberania de Deus e a nossa submissão a Ele. Será que Abraão realmente tinha o devido temor a Deus, respeitando quem Ele era e também Seu majestoso poder e sublime propósito? Ele acreditava e confiava verdadeira e intimamente em Deus? Ou será que Abraão era obediente porque esperava alguma recompensa imediata de Deus? Será que Abraão obedeceria se a situação fosse desvantajosa para ele? A obediência, por si só, não é necessariamente um sinal de amor ou submissão. Pois, alguém pode obedecer por medo ou por uma recompensa material. Então, como Deus descobriria isso? Fazendo um teste.

O que Abraão pensou sobre isso? Ele não demorou a obedecer àquela ordem (levantou-se cedo na manhã seguinte), mas enquanto viajava com Isaque para Moriá, Abraão seguia refletindo sobre a situação. O livro de Hebreus nos diz o que Abraão estava pensando: “Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou” (Hebreus 11:17-19, ARA).

Abraão considerou que Deus era capaz de ressuscitar Isaque dos mortos para cumprir Sua promessa de que a principal linhagem da descendência dele seria através de Isaque — ao invés de ser de qualquer um dos outros filhos de Abraão. A palavra grega traduzida como “considerar” significa exatamente isso — levar em conta. Abraão estava levando em conta a situação enquanto se dirigia a Moriá. Ele estava considerando a promessa, a integridade e o caráter de Deus — levou em conta todos os fatos e chegou à conclusão de que Deus precisaria ressuscitar Isaque. A fé de Abraão estava sendo edificada por uma consideração sóbria de quem era Deus!

Abraão demonstrou extrema confiança em Deus ao dizer a seus servos: “Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós” (Gênesis 22:5) — ou seja, ele disse que ambos, ele e Isaque, retornariam. Sem dúvida, Abraão acreditava fielmente nisso. O fato de estar disposto a colocar uma faca na garganta de Isaque provou tanto sua obediência quanto sua fé, ao mesmo tempo que confirmava também que ele tinha uma fé inteligente e uma submissão à soberania de Deus não motivada pela busca de vantagens egoístas.

Mas esse teste não foi apenas para Abraão, pois tudo indica que Isaque também estava sendo testado. Será que Isaque se submeteria a essa ideia aparentemente insana de seu pai? Ou será que ele lutaria contra o pai dele? A resposta de Isaque foi a simples submissão. Não há nenhum indício de resistência de Isaque nem qualquer objeção à decisão de seu pai. Isaque prefigura a obediência inquestionável e a submissão voluntária de Cristo a Deus. Jesus nunca resistiu à vontade de Seu Pai. Embora Sua morte tenha sido humilhante e extremamente dolorosa, Jesus estava comprometido em fazer a vontade de Seu Pai — “Faça-se a Tua vontade” (Mateus 26:39, 42).

Contudo, Abraão e Isaque não foram os únicos a serem testados. Deus também estava permitindo que Abraão O colocasse à prova. Será que Deus poderia descumprir Sua própria palavra? Abraão conhecia Deus há mais de trinta anos. Ele havia deixado sua família e parentes por Deus. Ele havia guardado as leis, os estatutos e os juízos de Deus. Ele tinha visto a providência de Deus em sua vida. Em diversas ocasiões, ele havia conversado diretamente com Deus. Ele também tinha argumentado com Deus sobre Sodoma e Gomorra. Abraão conhecia a Deus — ou assim pensava. Agora Abraão estava considerando aquela a situação. Assim, por três dias, Abraão ponderou sobre o que lhe foi pedido para fazer. Durante esse tempo ele analisou tudo detidamente. E sua conclusão foi que se Deus é Deus, então Ele cumpriria Sua promessa. Porém, como essa promessa seria cumprida era outra questão. Em suma, agora Abraão conheceria realmente a Deus — esse Deus que sempre cumpre Sua palavra.