Enxergando Através dos Olhos de Deus

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Enxergando Através dos Olhos de Deus

Era o fim do festival de outono, em Jerusalém, em um dia de sábado especial, com as ruas normalmente cheias de clamor e comoção. Havia um homem ali, cego de nascença, que era capaz de ouvir os sons relaxantes do Sábado de uma forma que ninguém podia. Sua audição era naturalmente aguda para compensar a falta da visão.

Enquanto ouvia, ele agora podia escutar um grupo de pessoas que vem em sua direção — discípulos acompanhando seu mestre, pelas palavras que soavam. Mal sabia ele que sua vida estava prestes a mudar para sempre.

Mas que as obras de Deus devem ser realizadas

A Escritura nos diz o que aconteceu depois em João 9:1: "E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença". Tinha chegado o momento para uma lição especial e extraordinária.

Os discípulos de Jesus lhe perguntaram: "Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" A suposição comum da época era de que aquela deficiência era uma maldição por causa do pecado.

Jesus respondeu: "Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus". Sim, Jesus sabia exatamente o que ia fazer a este homem para glorificar a Deus.

Neste ponto, Jesus inclinou-se e cuspiu no chão e fez um pouco de lodo com sua saliva, depois o passou sobre os olhos do homem. Então, Ele disse ao homem cego para ir ao tanque de Siloé, ao sul do templo, para se lavar. Muitas vezes, quando Cristo começa a trabalhar com as pessoas, Ele lhes dá uma missão — algo que possam fazer depois de Ele realizar o que só Ele pode fazer. E nós vemos isso aqui. O homem obedeceu, lavou-se e, milagrosamente, voltou enxergando.

Como isso foi possível?

Foi difícil para os vizinhos, desse homem, entenderem sua repentina mudança de vida quando ele voltou para casa. “É este o mentigo?” perguntaram.  Uns pensaram que era ele. E outros disseram, “Parece-se com ele.” Ele disse: “Sou eu!”

Naturalmente, eles perguntaram: "Como se te abriram os olhos?" O homem explicou: "O homem chamado Jesus fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te. Então, fui, e lavei-me, e vi" (versículo 11). O homem, agora enxergando, sabia que um homem maravilhoso tinha feito algo admirável em sua vida e deu-lhe todo o crédito.

Mas este foi apenas o começo de uma história que afetaria poderosamente a vida do homem que era cego.

Os vizinhos espantados levaram o homem para compartilhar sua história com os fariseus, os mestres religiosos que dirigiam as sinagogas. Mas a reação destas autoridades, sem dúvida, chocou o homem. Eles desdenharam a cura milagrosa, ironizando que esta não poderia ser de Deus, porque foi realizada em um dia de Sábado.

Naquela época, os códigos religiosos, feitos por homens, impediam de cuidar de uma pessoa no Sábado, exceto tornando-os confortáveis ​​em sua situação. Ao misturar saliva com barro, Jesus tinha, conscientemente, puxado o fio da meada dos prós e contras sobre fazer o bem no Sábado. Mesmo assim, o homem, agora curado, simplesmente repetia a sua história: “Ele pôs barro nos meus olhos, me lavei e passei a enxergar”.

As autoridades o pressionam, perguntando: “Tu que dizes daquele que te abriu os olhos?" O homem respondeu com uma resposta óbvia, mas que os outros não conseguiam enxergar: “Ele é um profeta”.

As autoridades descrentes, em seguida, arrastaram os pais do homem para este drama, exigindo que explicassem como o seu filho podia enxergar agora. Os pais, percebendo que uma resposta errada podia trazer imediatamente graves consequências, cuidadosamente desviaram-se da pergunta, dizendo: "[Ele] tem idade; perguntai-lhe a ele mesmo, e ele falará por si mesmo".

“Havendo eu sido cego, agora vejo”

As autoridades religiosas continuaram o interrogatório, o homem, agora sem o apoio dos pais e do vizinho, finalizou sua história. Então, eles, desdenhosamente, descreveram a Jesus como um pecador separado de Deus. O ex-cego respondeu: "Se é pecador, não sei; uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo".

Eles continuaram intimidando e menosprezando o homem, mas ele se recusou a recuar. Sua declaração final proclamou: "Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer". Então, Seus perseguidores religiosos vociferaram: "Tu és nascido todo em pecados e nos ensinas a nós?".

E João 9:34 nos diz: "E expulsaram-no". Eles o deixaram onde achavam que o haviam encontrado, antes de Jesus tocar seus olhos. Em sua forma distorcida de superioridade religiosa, eles criam que um homem nascido em pecado era incapaz de se libertar. E, agora aqueles que pensam estar fazendo um favor a Deus, "expulsaram-no" da sinagoga, o lugar de culto da comunidade (comparar versículo 22). Era mais fácil rotular o homem de pecador e mentiroso do que aceitar a inconveniente verdade.

É aqui que a história de um homem, e de todo homem, se apresenta na medida plena e completa. Quando os outros não conseguiram ficar ao lado dele — seja a família, os vizinhos ou a religiosa comunidade — então, aqui nós vemos a realização da obra mais profunda de Jesus Cristo.

Lembre-se, Cristo saiu de cena muito antes. Agora, João registra que “Jesus ficou sabendo que tinham expulsado o homem da sinagoga. Foi procurá-lo e, quando o encontrou...” (João 9:35, BLH). Aqui mais uma vez é revelado um Deus que, literalmente, nos busca. Ele não apenas viu o cego no início da história, mas também o procurou e cuidou de suas necessidades. Quando o homem foi expulso do lugar de adoração ao Senhor, o próprio Senhor veio em seu socorro!

 

Verdades simples e passos práticos

Mas agora Jesus faz uma pergunta. É a mesma questão que cada um de nós terá de enfrentar: "Crês tu no Filho de Deus?" O homem respondeu: "Quem é Ele, Senhor, para que nEle creia?"

Jesus respondeu: "Tu já O tens visto, e é Aquele que fala contigo".

O homem exclamou: "Creio, Senhor." E adorou a Jesus (versículos 36-39). Admirável!

Esta história mostra o caminho maravilhoso e realista de como responder ao convite de Cristo para “segui-Lo”. Este pedido e requisito divinos não são nem etéreo nem místico, mas sim verdades simples e passos práticos, como revelado neste exemplo.

À medida que avançamos em nossa peregrinação pessoal, vamos lembrando que Deus Pai e Jesus nos viu primeiro, mesmo estando em nossa cega situação espiritual, e escolheram especificamente lidar com cada um de nós, como fez com o cego.

Deus não se importa com o que o resto do mundo pensa de nós, mas nos lembra do que Cristo fez na Gólgota por cada um de nós que Ele está chamando hoje (João 6:44). A verdade é que todos nós, às vezes, enfrentamos questões que parecem nos desesperançar e amaldiçoar. E, no entanto, Deus diz através de Cristo que Ele pode resolver nossa atual situação — seja ela física, emocional ou espiritual, e, como o cego da nossa história, usá-la para trazer-Lhe glória e honra.

Em segundo lugar, lembre-se que cada um de nós tem uma história — a história de como Deus tem operado em nossas vidas. Pode não ser tão dramática quanto à história do cego ou ser atingido de cegueira, como Paulo na estrada de Damasco, mas temos uma história. Nós não precisamos enfeitá-la — simplesmente nos lembrar dela e nos agarrar a ela a todo custo.

O cego por três específicas vezes foi desafiado quanto a sua história, mas sempre voltava aos mesmos fatos simples. Nunca negando a chegada de Deus em sua escuridão pessoal, como ele disse que estava.

Ao se segurar com firmeza ao que conhecemos, então esteja preparado para crescer no conhecimento de quem é que seguimos. João 9 não é apenas sobre uma cura. Ele explora o que significa a experiência de Deus em novos níveis. O homem curado começou chamando a Jesus de “um homem” no versículo 11. Quando pressionado, ele subiu para um novo nível e O chamou de “um profeta”, no versículo 17. Já no versículo 38, ele está proclamando e “adorando a Jesus como Senhor”.

A intervenção de Deus em nossas vidas e em nossa correspondente conversão não é simplesmente um evento. Ela inclui uma crescente sensibilização e valorização de quem entrou em nossas vidas — ou, novamente, quem é que seguimos.

Em terceiro lugar, vamos lembrar que Jesus "viu um homem que era cego". Isso nos lembra de que Deus Pai e Cristo entrarão e continuarão trabalhando em nossas vidas, a seu modo e em seu devido tempo — muitas vezes, quando menos esperamos.

Quando Ele intervier, então Ele, às vezes, pode fazer coisas que não necessariamente entendemos — como usar a saliva e lodo e, em seguida, dizer para ir onde Ele nos diz para ir e fazer o que Ele nos diz para fazer. Há um tanque de Siloé figurativo esperando cada um de nós lá fora. Quando Deus falar conosco, através da Sua Palavra, devemos obedecer! E deixar as consequências com Deus.

 

Prepare-se para responder a uma pergunta simples

Em quarto e último lugar, temos que entender que seguir a Deus em nossos dias pode ser uma jornada solitária. Quando Deus começa a nos guiar pelo Espírito (Romanos 8:14) nem todo mundo vai ficar feliz. Outras pessoas não ficarão. Mas lembre-se: O Bom Pastor sabe onde está cada membro do rebanho!

Nós adoramos um Deus desconhecido em todas as outras religiões — o verdadeiro Pastor que ama Seu rebanho, e realmente nos procura para o nosso bem. Vamos abraçar e crescer na realidade de que o Espírito de Deus nunca nos levará onde a graça de Deus não possa nos manter e defender.

À medida que nos esforçamos para continuar na jornada antes prevista para nós, por Aquele a quem seguimos, é necessário que estejamos preparados para uma realidade espiritual básica: Nós vamos ser contestados continuamente, inúmeras vezes, e de várias formas, ao longo de nossas vidas com a mesma pergunta simples que Jesus fez ao homem que tinha curado: "Você acredita no Filho de Deus?”

Nossa resposta será evidente pelas nossas atitudes, quando confrontados, pessoa por pessoa e obra por obra.

Há quase cem anos, Helen Keller, uma notável surda e cega autora, proferiu uma verdade simples, quando perguntou: "Qual seria a maior calamidade na vida de uma pessoa?" Ela respondeu: "Ter olhos e não enxergar." A história do cego, em João 9, nos dá olhos para enxergar o que Deus enxerga, à medida que continuamos a busca de responder ao convite de Jesus, que diz: "Siga-Me".  BN