O Que Você Precisa Saber Sobre a Dopamina

GATILHOS MENTAIS E DESEJOS INSACIÁVEIS
Muitas atividades podem desencadear uma liberação adicional de dopamina — comer doces, praticar esportes, navegar nas redes sociais, assistir filmes, jogar videogame, usar drogas, beber álcool, assistir pornografia, etc. Diferentes atividades desencadeiam a liberação de diferentes quantidades de dopamina, mas quando isso acontece, cria-se uma sensação de euforia. Por um breve período, a pessoa se sente um pouco mais feliz e animada ou apenas um pouco menos entediada.
E isso nem sempre é algo ruim. A dopamina impulsiona o trabalho árduo porque a pessoa sabe que quando concluir sua tarefa se sentirá realizada. A dopamina estimula a pessoa a querer mais para si, para sua vida ou para sua família.
Atualmente temos acesso a mais gatilhos de dopamina do que em qualquer outro momento da história humana. O problema é que o cérebro nunca fica satisfeito. Ele sempre vai querer mais. A dopamina nunca produz sensações de alegria, satisfação ou paz. As notificações no celular, as plataformas de streaming na TV, as redes sociais — Tudo isso desencadeia uma liberação constante e intensa de dopamina no cérebro, incentivando a pessoa a continuar fazendo essas coisas repetidamente, mas nunca produzindo verdadeira felicidade ou satisfação.
UMA SATISFAÇÃO INALCANÇÁVEL
Provérbios 27:20 nos diz que “os olhos do homem nunca se satisfazem”. Esta é uma descrição perfeita do ciclo da dopamina em nosso cérebro. Se buscarmos apenas desejo, prazer e entretenimento, nunca alcançaremos satisfação, porque esse não é o propósito da dopamina.
Em Eclesiastes 2:10-11, Salomão escreveu o seguinte: “Tudo que desejei, busquei e consegui. Não me neguei prazer algum. No trabalho árduo, encontrei grande prazer, a recompensa por meus esforços. Mas, ao olhar para tudo que havia me esforçado tanto para realizar, vi que nada fazia sentido [ou era frustrante]; era como correr atrás do vento. Não havia nada que valesse a pena debaixo do sol” (Nova Versão Transformadora).
Buscar o prazer da dopamina não é satisfatório e não produz verdadeira alegria, satisfação ou contentamento a longo prazo. Pois, com o tempo, seu cérebro se acostuma a ter altos níveis de dopamina sendo liberados constantemente. Por conseguinte, você começa a se sentir mal se tentar parar de verificar as redes sociais ou jogar videogames. Então, coisas que normalmente nos dão alguma satisfação, como passar tempo com a família, caminhar na natureza ou resolver problemas difíceis, deixam de ser prazerosas. Essas mudanças são especialmente influentes para os cérebros adolescentes, que ainda estão passando por grandes mudanças até pelo menos os vinte e cinco anos. O corpo humano nunca fica satisfeito com a dopamina porque seu propósito é motivá-lo a agir e atingir objetivos, não criar paz duradoura.
Na verdade, as distrações como mídias sociais ou videogames são apenas seu cérebro buscando excitação e energia instantâneas em um pico de dopamina, o que é muito mais fácil do que se esforçar para encontrar paz e satisfação. No curto prazo, a distração e a fuga são fáceis e prazerosas, mas acabam deixando a pessoa mais sensível à dor. Então, será cada vez mais difícil para ela se sentir bem, pois seu cérebro precisará cada vez mais de dopamina para sentir prazer.
Por outro lado, se a pessoa estiver disposta a moderar e colocar limites na quantidade de dopamina que busca durante o dia, o cérebro produzirá outras substâncias químicas que farão com que ela se sinta satisfeita e alcance a verdadeira felicidade.
UM PLANO DE AÇÃO
Então, o que podemos fazer? Algo muito útil é criar um plano que regule seu uso das redes sociais, das plataformas de streaming, dos videogames, da televisão, etc. Se você ainda não usa rede social, sugiro que espere um pouco mais para começar. Pesquisas mostram que o uso de redes sociais deixa os adolescentes menos felizes com o tempo.
É importante que os adolescentes conversem com os pais. E eles devem ser honestos com os pais sobre o que vê ao seu redor e como os outros adolescentes usam as redes sociais. Certamente, os pais querem que eles sejam felizes, mas também precisam mantê-los seguros e ajudá-los a atingir seu máximo potencial durante a adolescência.
E se você, adolescente, tem rede social, seja honesto consigo mesmo. Há coisas nas quais você gostaria de gastar menos tempo, mas não consegue evitar? Você se sente pior consigo mesmo depois de usar as redes sociais, assistir muita TV ou jogar videogame por muito tempo?
Se sim, você precisará criar certas regras para moderar o uso do seu tempo. Contudo, isso não diz respeito apenas aos adolescentes, pois é importante que os adultos também façam isso. Por exemplo, você pode definir uma meta de fazer do sábado semanal não apenas um dia de descanso, mas também um dia de desconexão ou pausa de dispositivos digitais. Ou você pode definir um limite de tempo diário nas redes sociais. Peça ajuda à sua família ou amigos — você não deve confiar apenas na sua força de vontade para conseguir fazer isso.
E se você for adolescente, peça aos seus pais para bloquearem seu acesso ao celular ou às redes sociais fora do horário combinado entre ambos. Você também pode desinstalar certos aplicativos de rede social. Caso seus pais considerem algum deles inseguro ou que esteja criando interações ou tentações negativas, não vale a pena mantê-lo instalado.
Esse processo não é algo fácil. Infelizmente, é bem possível que você se sinta ainda pior antes de perceber qualquer melhora. Se você seguir qualquer uma dessas técnicas, esteja preparado para ter sentimentos negativos por até duas semanas. Esse é o tempo que seu cérebro leva para voltar ao normal, e o desconforto que você sentirá é porque ele está reagindo à falta de dopamina que costumava receber. Aproveite o tempo com a família, o tempo com os amigos, o tempo na natureza e em atividades realmente gratificantes, como arte, música ou esportes. Assim, depois de duas semanas, seu cérebro deve começar a produzir dopamina novamente como resultado dessas atividades produtivas e saudáveis, e você começará a se sentir melhor.
RETOMADA DO CONTROLE DA VIDA PARA SER FELIZ
A cultura de hoje diz para você buscar o que lhe faz sentir-se bem, seja rede social, videogames ou até mesmo drogas ou álcool. Mas essas coisas só proporcionam prazer temporário e, a longo prazo, fazem você se sentir pior. Na sociedade atual, precisamos ser proativos e moderar atividades que liberam dopamina, como as redes sociais, para que elas não sequestrem a capacidade do seu cérebro de sentir prazer em atividades saudáveis.
Você precisa estar disposto a experimentar e sentir algumas emoções desagradáveis, como tédio, solidão, frustração e desconforto, e resistir à vontade de procurar imediatamente uma rota de fuga. Pois isolar-se de toda dor e desconforto, fugindo em vez de enfrentar isso, apenas piora a situação. Às vezes, entender como nosso cérebro funciona pode nos ajudar a recuperar o controle de comportamentos que sabemos que precisamos reduzir ou eliminar.
O apóstolo Paulo escreveu: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Filipenses 4:11, Almeida Revista e Atualizada). Ele nos ensina que a verdadeira paz não vem de estímulos externos, mas da satisfação espiritual interna — e isso está baseado na fé, na confiança em Deus e na gratidão.
O Salmo 16:11 nos lembra que Deus proporciona o caminho para a satisfação duradoura e a verdadeira alegria: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na Tua presença há plenitude de alegria, na Tua destra, delícias perpetuamente” (Almeida Revista e Atualizada).