Onde a Rússia se encaixa na profecia do fim dos tempos?

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Onde a Rússia se encaixa na profecia do fim dos tempos?

E, por causa dessa contínua agressão da Rússia contra países do antigo bloco soviético, como fez com a Geórgia e a Ucrânia, os europeus e outros vizinhos estão bastante alarmados, temendo que isso possa se espalhar para outros territórios europeus vizinhos da Rússia, como Estônia, Letônia e Lituânia.

A “máquina do tempo” de Deus

Naturalmente, muitos leitores vão querer saber o que a Bíblia tem a dizer sobre a Rússia. Este país é uma das grandes potências mundiais, possuindo uma das forças armadas mais formidáveis, modernas e bem equipadas do mundo.

Ela também é o país de maior extensão territorial do mundo — com quase o dobro de tamanho do segundo maior país do mundo, o Canadá.

Certamente, não temos uma bola de cristal, mas temos algo muito melhor: a Palavra de Deus. Como Deus disse em Isaías 46:9-10: “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade: que Eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a Mim; que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o Meu conselho será firme, e farei toda a Minha vontade” — ou seja, Deus pode fazer o que quiser. E somente Ele sabe com certeza o que reserva o futuro!

O apóstolo Pedro escreveu sobre “a palavra profética . . . (que) fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação (ou origem); porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:19-21, ARA).

Assim, a Bíblia pode ser vista, de certo modo, como uma espécie de máquina do tempo, pois revela fielmente o ponto de vista de Deus sobre os eventos do passado, presente e futuro. Embora a profecia esclareça bastante os eventos que ocorreram nos tempos antigos, ainda há um período de tempo adiante ao qual ela se refere mais do que qualquer outro. Esse tempo é mencionado nas Escrituras por vários termos, como “o tempo do fim”, “o fim dos tempos”, “derradeiros dias” e “os últimos dias”.

Deus revela o que acontecerá durante esse período imediatamente antes da segunda vinda de Cristo. certamente, Ele é capaz de saber o que acontecerá num futuro distante e também quais nações estarão envolvidas nesse período crucial da história humana. E, pela descrição histórica e geográfica, uma dessas nações mostradas na Bíblia parece ser a Rússia.

A esse respeito, é importante notar que as profecias mencionadas nas Escrituras geralmente têm como ponto de referência a Terra Santa, a terra de Israel e Jerusalém. Deus descreve esse lugar como o local em que Jesus Cristo um dia retornará para governar toda a Terra.

E ainda o profeta Zacarias menciona onde Cristo porá Seus pés quando descer a este planeta: “E o SENHOR sairá e pelejará contra estas nações, como pelejou no dia da batalha. E, naquele dia, estarão os Seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente...E o SENHOR será rei sobre toda a terra” (Zacarias 14:3-4, 9).

Então, onde a Rússia se encaixa em tudo isso? A partir da descrição geográfica dada em uma profecia bíblica, há forte indícios de que a Rússia desempenhará um papel significativo nos eventos do fim dos tempos.

Exércitos preparados para a batalha

No livro de Daniel, vamos ver uma descrição do fim dos tempos, que se refere ao envolvimento de diversas nações.

Observe o que está escrito em Daniel 11:40 a 12:2: “E, no fim do tempo, o rei do Sul [da perspectiva da Terra Santa] lutará com ele [um rei do Norte]; e o rei do Norte o acometerá com carros, e com cavaleiros, e com muitos navios; e entrará nas terras, e as inundará, e passará.  E entrará também na terra gloriosa, e muitos países serão derribados, mas escaparão das suas mãos estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom”.

“E [o rei do Norte] estenderá a sua mão às terras, e a terra do Egito não escapará. E apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas desejáveis do Egito; e os líbios e os etíopes o seguirão. Mas os rumores do Oriente e do Norte o espantarão; e sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos. E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e [ou no] o monte santo e glorioso; mas virá ao seu fim, e não haverá quem o socorra”.

“E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno”.

E é importante incluir esses últimos versículos no contexto porque alguns intérpretes da Bíblia acreditam que essa seção está se referindo a um tempo no passado. Mas como você pode ver claramente, esses eventos estão se referindo aos últimos dias, pouco antes do retorno de Jesus Cristo e a ressurreição dos mortos (comparar 1 Coríntios 15:22-23; 1 Tessalonicenses 4:16), algo que ainda não aconteceu.

Portanto, temos nessa seção um vislumbre de um conflito no fim dos tempos entre várias alianças de nações, uma liderada por um governante chamado “o rei do Sul” e outra conhecida como “o rei do Norte” e, em seguida, forças “do Oriente e do Norte” (ou talvez “nordeste”, para o qual não há termo hebraico equivalente) da Terra Santa eventualmente entrarão na batalha.

Essa profecia de Daniel é explicada com mais profundidade em nosso guia de estudo bíblico gratuito O Oriente Médio na Profecia Bíblica. Então, aqui vamos ressaltar alguns destaques.

Os reis do Sul e do Norte

Na época em que Daniel escreveu essa profecia, a região do rei do Norte era governada pelo Império Persa. Em seguida, ela foi conquistada pelo Império Grego, que foi posteriormente absorvido pelo Império Romano. Embora o Império Romano original tenha ruído em 476 d.C., houve reavivamentos periódicos na Europa durante todo o século vinte (muitas vezes, chamado de “Sacro Império Romano” ou algum termo equivalente).

Por exemplo, a aliança de Adolf Hitler e Benito Mussolini (que proclamou na Itália que estava restaurando uma versão do antigo Império Romano) acabou levando ao banho de sangue mundial, o que foi a Segunda Guerra Mundial.

Assim, esse “rei do Norte”, o derradeiro renascimento do Império Romano centrado na Europa, chamado de Besta no livro de Apocalipse, está destinado a ressurgir, assim entendemos, uma última vez — no tempo do fim. Após serem provocadas, as forças desse governante europeu vão assolar e ocupar as terras desse último rei do Sul.

Podemos ver no capítulo onze de Daniel que o rei do Sul do fim dos tempos será um líder que comandará uma confederação de nações predominantemente ao sul de Israel, mas também se estendendo para o oriente e norte, já que as Escrituras citam vários deles — Edom, Moabe , Amom (seu antigo território agora constitui uma grande parte da moderna Jordânia), Egito, Líbia e Etiópia.

Observe que as Escrituras dizem sobre essa região que “muitos países serão derribados” (inclusive Israel), o que implica que isso pode abranger outras nações vizinhas a leste, sul e oeste de Israel, e que não são citadas nominalmente. Os dois fatores comuns nesses países mencionados, exceto a terra gloriosa de Israel, é que são principalmente descendentes de árabes de religião muçulmana.

Parece que essa confederação sulista é composta principalmente de nações árabes que têm o islamismo como religião — talvez um califado islâmico renascido, que é um antigo sonho de milhões de muçulmanos. E também é o sonho de muitos muçulmanos conquistar a Europa — revivendo os dias de glória dos antigos impérios islâmicos, que invadiram e, em alguns casos, dominaram por séculos partes ou toda a Espanha, Portugal, França, Europa Oriental, Sicília e Itália.

Nos últimos anos, diversos líderes muçulmanos e religiosos proeminentes alardearam seu desejo de conquistar Roma, que eles veem como a sede da Europa e do cristianismo — que, na mente deles, seria uma conquista que provaria a superioridade do islamismo sobre o cristianismo.

Outros países não-árabes, como o Paquistão, que possui dezenas de ogivas nucleares, e o Irã, que logo vão possui-las, também são quase completamente islâmicos — assim como as nações árabes, que poderiam se unir para impedir o domínio iraniano sobre elas. É preciso lembrar que várias vertentes militantes da religião islâmica pegaram de surpresa muitas pessoas no Ocidente, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico (frequentemente chamado de ISIS), e por algum tempo perturbaram grande parte do mundo, espalhando-se da costa atlântica da África Setentrional até o Afeganistão e a Índia. O poder e o alcance deles foram bastante reduzidos e quase destruídos pela intervenção ocidental, em alguns casos após anos de conflito sangrento contra populações locais e combatentes estrangeiros. Entretanto, a rápida ascensão do Estado Islâmico ilustra como as condições adequadas podem convocar simpatizantes de todo o mundo para formarem uma grande força se acreditarem que a causa é justa.

“Rumores do Oriente e do Norte”

A Rússia parece entrar em cena na profecia de Daniel, depois que o rei do Norte invadir a Terra Santa, quando diz que “rumores do Oriente e do Norte o espantarão” (Daniel 11:44). Como várias nações dessa região serão invadidas e conquistadas pelo rei do Norte, naturalmente haverá uma reação das grandes potências ao norte e ao leste (ou, provavelmente, a nordeste) daquela região.

A leste da Terra Santa encontra-se uma grande faixa de nações muçulmanas que ficariam indignadas com a tomada da terceira cidade mais sagrada do islamismo, Jerusalém. Entre elas estão Jordânia, Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Bahrein, Omã, Emirados Árabes Unidos, Irã, Afeganistão, Paquistão e várias nações predominantemente muçulmanas da antiga União Soviética, além de Índia e Indonésia, que têm cada uma duzentos milhões de muçulmanos. Ao norte da Terra Santa há ainda mais nações muçulmanas — Líbano, Síria e Turquia, além de algumas áreas da Rússia, que tem grandes populações muçulmanas.

Qualquer invasão da Terra Santa pelos europeus, conforme previsto nessa profecia, seria vista pelos muçulmanos dessas regiões como outra “cruzada” contra o islamismo. Embora isso soe estranho para os ouvidos ocidentais, muitos muçulmanos chamaram exatamente disso as invasões do Iraque e do Afeganistão lideradas pelos Estados Unidos. Na mente de milhões de muçulmanos, as Cruzadas nunca terminaram e o islamismo continua em guerra contra o cristianismo em uma batalha pela supremacia — como hoje vemos refletido nas palavras e ações de muitos jihadistas.

Sem dúvida, uma conquista ocidental de Jerusalém e da Terra Santa reuniria muitos muçulmanos para lutar e expulsar os “cruzados” — e foi exatamente isso que aconteceu no Iraque e no Afeganistão, levando a uma humilhante saída dos ocidentais, resultando em caos, enquanto grupos militantes islâmicos preenchiam aquele vácuo de poder.

Se olharmos o mapa daquela área, que mostra que além dessas nações muçulmanas e acima do Oriente Médio (e a leste da área do rei europeu do Norte) há apenas uma grande potência, e essa é a Rússia. Moscou está quase ao norte de Israel. E se a tradução correta da localização nessa passagem em questão for mesmo “nordeste”, isso se encaixaria na Rússia, pois seu território se estende mais a leste do que qualquer outra potência asiática. Mas a profecia não limita o envolvimento apenas de uma nação, e é bem provável que um grupo de nações asiáticas estejam envolvido — e de todas as nações mencionadas acima, a China é a mais influente na Ásia. Logo veremos mais sobre isso em outra profecia.

Precisamos acrescentar que a Rússia tem um grande interesse no Oriente Médio por motivos políticos, econômicos, militares e religiosos. Nos últimos duzentos anos, surgiu um padrão histórico quando as potências europeias buscaram conquistar o Oriente Médio — mais cedo ou mais tarde, a Rússia vai se envolver, pois essa região afeta significativamente seus interesses.

“Reis do Oriente”

Mais uma vez, Daniel 11:44 nos diz que “rumores do Oriente” (caso se trate de uma única direção), incomodarão muito o rei do Norte. A que isso pode estar se referindo?

O livro de Apocalipse, expandindo aspectos da profecia de Daniel, descreve dois grandes avanços de tropas envolvendo o rio Eufrates, a antiga fronteira entre o Império Romano e os adversários da região leste. Sem dúvida, esses movimentos do leste serão uma resposta à conquista da Terra Santa pelo rei do Norte — e também em retaliação pelos longos meses de uma tormentosa campanha com armamento aparentemente avançados conduzida pelas forças europeias da Besta, mencionadas no livro de Apocalipse como o primeiro de três ais (Apocalipse 9:1-12; comparar Apocalipse 11:7; 17:8).

As potências orientais formarão um enorme exército de duzentos milhões de soldados e, aparentemente, lançarão um contra-ataque chamado de segundo ai, quando uma terça parte da humanidade será morta — evidentemente através do uso de armas de destruição em massa (Apocalipse 9:13-18) . Então, mais tarde, pouco antes do retorno de Jesus Cristo à Terra, uma força militar liderada pelos “reis [governantes] do Oriente” cruzará o Eufrates, que estará seco, durante a sexta das últimas sete pragas, que juntas são referidas como o terceiro ai (Apocalipse 16:12).

Como observado acima, a leste da Terra Santa está um grande número de nações muçulmanas. E ainda um pouco mais ao leste estão as principais potências, Índia, China e Japão, além de outras nações islâmicas, como Indonésia e Malásia. Provavelmente, algumas dessas nações vão formar uma aliança, pois o Oriente Médio também é do interesse delas. O petróleo do Oriente Médio é muito importante para alguns desses países, e aqueles que professam a fé islâmica na Ásia consideram Jerusalém, Meca e Medina, na Arábia Saudita, como suas cidades sagradas.

Obviamente, seria inaceitável para eles que suas cidades sagradas estivessem ameaçadas de cair nas mãos de uma potência europeia. Ademais, uma força europeia governando pelo menos uma parte do Oriente Médio, o equilíbrio de poder e de riqueza seriam desfavorável a essas potências.

Outra possibilidade para a identidade dessas forças orientais seria a China e seus aliados asiáticos, incluindo a Rússia, que muitas vezes compartilham interesses econômicos, políticos e econômicos comuns. Sem dúvida, muitas dessas nações asiáticas, inclusive as nações asiáticas muçulmanas, já estão formalmente alinhadas em um bloco chamado Organização de Cooperação de Xangai, dominado pela China. É preciso notar que uma profecia em Ezequiel une muitos desses países em uma coalizão contra Israel algum tempo após o retorno de Cristo, mas é razoável vê-los vinculados mesmo antes da vinda dEle (ver “Gogue, da terra de Magogue, Príncipe de Rôs , de Meseque e Tubal”).

Qualquer quantidade de fatores poderia atrair essas potências asiáticas para um conflito no Oriente Médio, como uma ameaça ao suprimento de petróleo e às rotas marítimas importantes, ou qualquer sensação de que uma Europa poderosa está empenhada em expandir seu poder para o leste. A China e a Índia, que têm populações na casa dos bilhões, certamente poderiam contribuir para uma enorme força militar. Ademais, o poder militar e tecnológico da Rússia ainda são formidáveis.

Cabe notar que, a princípio, as potências asiáticas e outras ao redor do mundo podem se submeter ao domínio econômico e militar europeu até certo ponto, pois o livro de Apocalipse mostra o mundo todo adorando ou se prostrando diante da Besta, ou Babilônia, como também é chamada. Porém, isso é algo que não vai durar muito tempo.

Em relação ao rei europeu do Norte, a Bíblia diz que ele lutará com aqueles que, eventualmente, formarem uma aliança contra ele e “sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos” (Daniel 11:44, ARA).

Novamente, vemos dois grandes movimentos de forças geopolíticas a leste e a norte da Terra Santa, além do rio Eufrates, e diversos candidatos proeminentes que podem formar essas forças. Provavelmente, dentre estes haverá um grande número de muçulmanos do sul da Ásia, bem como pessoas da Rússia, China, Índia e Japão.

A marcha final para combater as forças europeias na Terra Santa os levará a se reunir no Armagedom, ou Megido, no norte de Israel, mas a batalha não será nesse lugar. Em vez disso, assim que Cristo descer em Jerusalém, eles lutarão com Ele ali, pois vão vê-Lo como seu inimigo comum — e nessa grande batalha as forças europeias e orientais serão destruídas. (Para saber mais, peça ou baixe nosso guia de estudo bíblico gratuito O Oriente Médio na Profecia Bíblica).

Entretanto, parece que a ascensão do poder da Rússia e seu envolvimento com a China e outras potências asiáticas estão destinados a ter um grande impacto nesses eventos do fim dos tempos que levarão ao retorno de Cristo. Portanto, cabe a nós estarmos alertas observando as notícias mundiais que tratam dessas nações protagonistas.

Enfim, boas notícias para a Rússia e o resto do mundo

Contudo, há boas notícias para a Rússia quando tudo isso terminar — e também para o resto do mundo. Jesus Cristo está voltando para acabar com a política, a ganância e as guerras do ser humano.

Uma das escrituras mais encorajadoras a esse respeito se encontra em Isaías 2:2-4, que descreve o que acontecerá depois que terminar esse período de turbulência global e Cristo vier para governar as nações.

Nossa esperança e objetivo final é fazer parte de Seu Reino vindouro — nessa época finalmente haverá paz e harmonia na Terra. Você também gostaria de fazer parte desse Reino? Pois, afinal de contas, é disso que trata a revista A Boa Nova.

Então, meditemos nessa passagem do livro de Isaías, que descreve essa maravilhosa solução para a guerra: “E acontecerá, nos últimos dias, que se firmará o monte da Casa do SENHOR no cume dos montes e se exalçará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações”.

“E virão muitos povos e dirão: Vinde, subamos ao monte do SENHOR, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine o que concerne aos Seus caminhos, e andemos nas Suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do SENHOR”.

“E Ele exercerá o Seu juízo sobre as nações e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças, em foices; não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerrear” (Isaías 2:2-4).

Surpreendentemente, a União Soviética fez uma estátua para as Nações Unidas que representa essa passagem. Entretanto, apesar de suas melhores tentativas, o ser humano não conseguiu alcançar essa paz por si mesmo. Mas, felizmente, Deus trará a paz que o homem almeja há tanto tempo.


Gogue, da terra de Magogue, Príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal

por Tom Robinson

Além das profecias que vimos neste capítulo sobre as forças do norte e do leste da Terra Santa que avançam contra esse último reavivamento do Império Romano de Daniel 11:44 e Apocalipse 9:13-19 e 16:12-16, há ainda uma menção específica da Rússia se aliando a outras nações da Eurásia em uma profecia registrada em Ezequiel 38 e 39.

Aqui lemos sobre uma grande invasão da terra de Israel no fim dos tempos por uma coalizão de forças vinda do extremo norte sob a direção de “Gogue da terra de Magogue” e uma referência ao “príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal” (Ezequiel 38:2-3). Alguns acreditam que essa invasão precederá o retorno de Jesus Cristo e esperam que isso aconteça a qualquer momento. Mas o texto da profecia deixa claro que isso vai acontecer pouco depois do retorno de Cristo — embora essa coalizão talvez ocorra antes de Sua chegada e pode muito bem ser representada pelas potências orientais mencionadas acima.

Vamos analisar um pouco mais os grupos específicos de pessoas mostrados aqui. Esse Gogue de Magogue e príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal é aliado da Pérsia, de Cuxe e de Pute (esses dois últimos geralmente reconhecidos como Etiópia e Líbia), bem como as nações de Gomer e Togarma. Esses povos estão listados na tabela das nações em Gênesis 10, que mostra as famílias descendentes de Noé. Vários povos descenderam de seu filho Jafé, inclusive Gomer, Magogue, Tubal e Meseque. E do filho de Noé, Cam, vieram os povos de Cuxe e Pute, que parecem ter originado os povos africanos, mas há mais em sua história.

Magogue significa o país de Gogue, talvez denote um proeminente governante, pois os assírios chamavam essas pessoas de Mat Gugi. Por meio de escritores antigos e estudos geográficos, podemos traçar os movimentos desses povos pelas estepes do sul da Rússia até a terra da China. Deles vieram alguns dos povos turcos da Ásia Central, juntamente com os mongóis e uigures e outros na área da China. Muitos dos turcos orientais também parecem descender de Togarma, mencionados acima — estes viviam antes no leste da Ásia Menor e na Armênia nos primórdios  dos tempos bíblicos. Naquela época,  os Mushki e Tabali faziam fronteira com eles, algo mencionado nos monumentos assírios. Por fim, essas pessoas seguiram para o norte das montanhas do Cáucaso até a área da Rússia. A Bíblia de Estudo Scofield observa que a “referência a Meseque e Tubal (Moscou [capital russa] e Tobolsk [na Sibéria Ocidental]) é uma marca muito visível de identificação”.

E ainda temos o nome Rôs. Alguns acham que esse termo se refere à palavra hebraica para “cabeça” e o traduzem como “príncipe e chefe” em vez de “príncipe de Rôs”. Contudo, muitos veem o termo Rôs como um nome, especialmente porque o reino Mitani, ao lado dos antigos Mushki e Tabali, ficou conhecido como a terra de Rashu, uma palavra que significa loiro. Mais uma vez, os historiadores antigos nos ajudam a rastrear o povo de Rashu até o sul da Rússia. O entendimento comum entre os estudiosos ocidentais é que a Rússia derivou seu nome dos varangianos de Rus, vikings suecos, mas os historiadores soviéticos afirmaram que os Rus eram eslavos das estepes do sul. Também é possível que tenha havido uma combinação de fatores. Mas, de qualquer forma, é razoável concluir que Rôs, Meseque e Tubal, conforme mencionados em Ezequiel, denotam a Rússia ocidental, central e oriental, abrangendo a Sibéria ocidental e oriental, onde há muitos povos turcos de Togarma.

Gomer, mencionado na aliança do fim dos tempos, é evidentemente o povo do sudeste da Ásia, o Império Khmer, centrado em Angkor no Camboja, que durou centenas de anos nos tempos medievais, o nome do povo Khmer do Camboja se encontra preservado e também inúmeras outras distinções regionais.

A Pérsia é o Irã moderno, bem como certas áreas para as quais alguns dos antigos persas migraram. Até agora, representamos grande parte da Ásia, exceto o subcontinente indiano do sul da Ásia. Mas as pessoas daquela área também são mencionadas na profecia. Cuxe e Pute podem parecer nomes estranhos para denotar os povos da África. Contudo, quando entendemos que o povo da antiga Cuxe migrou da remota Babilônia em duas direções, alguns indo para a África como os etíopes e outros viajando até a Índia, dando seu nome às montanhas Indocuche e outros lugares. Semelhantemente, o mesmo parece verdadeiro para Pute, que tornou-se os líbios no oeste e ainda deixaram seu nome para os rajaputes (que significa governantes de Pute) da Índia. Assim, Cuxe e Pute nessa profecia podem não denotar os ramos africanos dessas famílias, mas podem referir-se exclusivamente a seus ramos asiáticos na Índia e no Paquistão — completando assim a vasta coalizão eurasiana.

Quanto ao momento dessa invasão do fim dos tempos, liderada pela China e pela Rússia, considere que eles contemplam a terra de Israel, habitada por ex-exilados, como uma terra em paz, sem muros, grades ou portões — alvo de fácil pilhagem para um invasor. Mas, isso definitivamente não descreve a Israel de hoje, que tem um muro de verdade e a proteção de sistemas de defesa. E Israel está totalmente armada. Assim, a época que melhor se encaixa nessa descrição de Ezequiel 38 e 39 é o tempo após os israelitas estarem reunidos em sua terra no início do governo milenar de Cristo, quando não precisarão mais de armamentos para se defender, pois sua proteção estará nas mãos de Cristo e de Seus santos e dos anjos.

Como isso vai acontecer? Sabemos de Apocalipse 16 e 19 que, quando Cristo retornar, as forças orientais descerão à Terra Santa para enfrentar as forças da Besta Europeia, mas que ambas serão destruídas quando tentarem lutar contra Cristo. Entretanto, considere que o exército eurasiano é imenso e, provavelmente, ainda estará percorrendo toda a Eurásia, sendo que apenas a vanguarda dessa força estará na Terra Santa no momento em que todos os que tentarem enfrentar Jesus forem destruídos ali.

Aparentemente, essas forças vão se reagrupar e tentar avaliar o que aconteceu, ainda não entendendo ou acreditando que o Messias divino assumiu o governo do planeta. Depois de algum tempo, percebendo que os exilados que retornaram parecem estar fracos e desprotegidos, as potências eurasianas invadirão a Terra Santa para tentar conquistá-la. Mas a invasão não termina bem para esses povos de Magogue, Rôs, Meseque, Tubal e seus aliados. E o resultado disso é que as pessoas vão levar muito tempo para enterrar seus restos mortais e queimar seus armamentos.

Podemos ver que a conquista do mundo pelas forças divinas será realizada em etapas. Jesus não vai dominar o mundo de uma vez. Começará com Israel e depois se expandirá para as nações vizinhas e, finalmente, para todo o mundo, mas esse é um processo que levará algum tempo. Então, após essa última batalha, haverá paz pelo resto do milênio. E não há indicação na Bíblia de qualquer grande resistência militar durante o milênio depois disso. As Escrituras falam sobre a repreensão de povos longínquos e, em alguns casos, sobre disciplina através da retenção de chuvas — então, poderá haver problemas ocasionais aqui e ali nos primeiros anos do milênio. Mas logo o mundo inteiro estará em paz, sem que ninguém cause danos ou destruição em todo o Reino de Deus, assim a Terra estará repleta do conhecimento de Deus como as águas cobrem o mar (Isaías 11:9-10).

Entretanto, é preciso notar que haverá uma última batalha contra Deus no fim do milênio, quando Satanás for solto da prisão para enganar novamente as nações, conforme descrito em Apocalipse 20:7-10. Aqueles que o seguem nesse ataque ao povo de Deus são chamados de “Gogue e Magogue”. Alguns acreditam que a invasão em Ezequiel 38 e 39 é a mesma de Apocalipse 20, mas há vários indícios de que são conflitos diferentes. Observe, por exemplo, que em Apocalipse 20 diz que essas nações vêm dos “quatro cantos da terra”, significando o mundo inteiro e não a região geográfica específica da Eurásia indicada em Ezequiel. Tudo indica que devemos entender essa invasão de Gogue e Magogue, que ocorrerá próxima do início do milênio, como um tipo de precursor dessa última invasão rebelde de povos de todas as etnias no fim do milênio. Em ambos os casos, os inimigos de Deus são vencidos e Seu povo libertado.

Embora a invasão descrita em Ezequiel 38 e 39 não seja iminente, como dizem alguns, uma vez que seguirá o retorno de Cristo, isso não significa que devemos ignorar os sinais do desenvolvimento dessa coalizão. Como já observado, pode ser que ela se forme antes do retorno de Cristo em oposição ao poder da Besta, que se levantará na Europa. Na verdade, pode ser que já estamos vendo o início dessa coalizão com o fortalecimento dos laços entre Rússia, China, Índia, Irã e outras potências asiáticas. A lista de membros da Organização de Cooperação de Xangai, liderada pela China, é praticamente semelhante a lista de nações apresentada na profecia de Ezequiel. Temos que ficar sempre alertas sobre esse assunto.

E para mais detalhes sobre as identidades de Gogue e Magogue e Rôs, Meseque e Tubal, e seus aliados, leia nosso comentário bíblico online sobre Ezequiel 38 e 39 em nosso site (brevemente disponível em português).