70 Anos de Israel: Uma História Incrível

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70 Anos de Israel

Uma História Incrível

O moderno Estado de Israel, provavelmente, a entidade geopolítica mais complicada e controversa do mundo de hoje, nasceu há setenta anos em 15 de maio de 1948. Muitos já descreveram como milagrosa a história de sua existência, colonização e sobrevivência.

E, como a profecia bíblica revela uma presença política judaica em Jerusalém e na área circunvizinha no tempo do fim, e considerando que isso parecia improvável se não impossível durante séculos, é bastante compreensível reconhecer a mão de Deus em ação para isso se tornar realidade. Deus declara que faria acontecer o que Ele predisse (Isaías 46:9-11).

Qual é a história por trás da formação do Estado de Israel? Muitos leitores já estão um pouco familiarizados com a existência da nação judaica na Terra Santa no tempo de Jesus Cristo e dos apóstolos, mas e quanto ao que se seguiu depois disso? Essa incrível história é um testemunho notável da fidelidade de Deus ao realizar o que tem prometido e predito.

O povo judeu viu sua antiga presença naquela terra, anteriormente conhecida como Canaã e, nos tempos do Novo Testamento, como Judéia, Samaria e Galileia, como um cumprimento das promessas de Deus a Abraão — no território referido como a Terra Prometida. E mesmo depois que os romanos os expulsaram dali, o povo judeu continuou em busca das promessas e das profecias de Deus de trazer de volta as tribos de Israel e Judá àquela terra.

Judeus observantes, aqueles que continuaram a seguir as tradições religiosas judaicas, mantiveram um desejo profundo de retornar à sua terra natal. Seus serviços anuais da Páscoa e do Yom Kipur (ou Dia da Expiação) se encerravam com este rogo: "No próximo ano em Jerusalém!".

Depois de tanto tempo, os sonhos de um povo finalmente começariam a se realizar com os notáveis acontecimentos que levaram ao ano de 1948 e os seguintes. No entanto, como revela a Bíblia, há um cumprimento muito maior ainda por vir.

A Diáspora

Perto do fim do Seu ministério, Jesus predisse a iminente destruição do templo (Mateus 24:2). A situação do exílio judeu na terra de Israel começou no ano 70 d.C. pelas mãos do imperador romano Vespasiano, através de seu filho e sucessor Tito, que na época era um general, e apenas quarenta anos depois que Jesus pronunciou essas palavras. A cidade de Jerusalém e o templo de Deus, onde Jesus adorou e ensinou, foram destruídos.

Os judeus esperavam que o Messias fosse um rei que restauraria a nação e os libertaria do domínio romano — e não o Cordeiro sacrificial de Deus, que lhes foi enviado para libertá-los da escravidão espiritual em que estavam enredados e que ignoravam.

O desejo dos judeus de independer-se de Roma levou a revoltas que provocaram sua própria ruína, e até hoje o Arco de Tito, fora do Coliseu em Roma, é um testemunho dessa vitória que levou a 1.800 anos de "diáspora" — a dispersão do povo judeu da terra de Israel. A construção do próprio Coliseu foi financiada pelos despojos da guerra com os judeus.

Outra tentativa judaica de livrar-se do domínio romano, sessenta e cinco anos depois, a Revolta de Bar Kokhba entre 132 e 135 d.C., foi esmagada pelos romanos sob o imperador Adriano. Isso resultou na expulsão dos judeus de Jerusalém, que tornou-se em uma cidade pagã e com um templo pagão no topo do Monte do Templo.

Os séculos se arrastaram e a Terra Prometida acabou sendo conquistada e submetida ao domínio muçulmano, que duraria por muitos mais séculos. Parecia impossível restabelecer ali um governo judeu.

O movimento sionista

É importante entender que, a partir da destruição de Jerusalém pelos romanos em diante, o povo judeu foi perseguido em quase todos os lugares por onde passaram — não apenas sob o paganismo romano, mas também sob a versão, frequentemente, antissemita do cristianismo que o sucedeu. Durante a Idade das Trevas, a Idade Média e até mesmo a Renascença e o Iluminismo, os judeus continuaram se dispersando em busca de paz, mas não a encontravam.

No fim do século dezenove e início do século vinte, os pogroms antijudaicos — que tinham como objetivo a perseguição, em larga escala, contra os judeus — se espalharam pelo Império Russo.

Em 1896, Theodore Herzl, um ativista político judeu da Hungria e da Áustria, resumiu a condição opressiva dos judeus em seu famoso panfleto Der Judenstaat ("O Estado Judeu"), afirmando:

"Nos países onde há séculos vivemos ainda somos vistos como estranhos e, frequentemente, por aqueles cujos antepassados ainda não habitavam nessa terra onde os judeus já passavam por sofrimentos".

Theodore Herzl foi chamado de pai do sionismo — movimento para restabelecer uma pátria ao povo judeu, sendo Sião o nome de Jerusalém. Sua defesa apaixonada por um Estado judeu foi fundamental para o que logo ocorreria. Porém, tornar sua visão uma realidade exigia algo mais do que ideais: seu sonho precisava de apoio político internacional.

Esse apoio político começou a caminhar mais de vinte anos depois do Der Judenstaat de Herzl, na esteira da agitação política da Primeira Guerra Mundial. Naquela época, os turcos otomanos muçulmanos já vinham governando a Terra Santa por mais de quinhentos anos. A proposta de Herzl era fazer um humilde pedido ao sultão turco pela terra, ou então, comprá-la dele, mas a derrota dos otomanos diante dos britânicos, na Primeira Guerra Mundial, mudou essa conversa — decididamente a favor dos judeus.

Do Mandato Britânico à condição de Estado

Em 1917, enquanto as forças britânicas estavam arrebatando a Terra Santa dos otomanos, um ano antes do fim da guerra, a famosa Declaração Balfour do Secretário Britânico de Relações Exteriores, Arthur James Balfour, proclamou: "O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o Povo Judeu”. Logo depois, a Grã-Bretanha foi encarregada de governar a área sob o mandato da Liga das Nações, em 1920.

Infelizmente, as esperançosas palavras dessa declaração pairariam, impetuosamente, no ar por quase trinta anos devido a grandes e terríveis acontecimentos em toda a Europa — que culminou na ascensão da Alemanha nazista de Adolf Hitler, sua conquista no continente e sua atroz e sistemática limpeza étnica dos judeus.

O Holocausto ceifou a vida de mais de seis milhões de judeus e causou um sofrimento incalculável. Para amenizar esse cenário, e depois de tantos traumas, a recém-criada ONU aprovou em novembro de 1947 uma resolução para dividir a terra da Palestina em um Estado judeu e um Estado árabe, com a cidade de Jerusalém, severamente disputada, designada como uma cidade internacional e especial não pertencente a nenhuma nação.

Os judeus tinham sonhado, esperado, trabalhado e pressionado por este momento, e agora começavam a organizar-se para estabelecer rapidamente um governo.

Importantes preparações

O grau de preparação para este momento nos cinquenta e dois anos que se passaram entre o Der Judenstaat de Herzl e a fundação do moderno Estado de Israel não pode ser ignorado. Se os judeus tivessem encarado seu objetivo com menos seriedade e determinação, rapidamente, sua nova nação teria alcançado seu fim nas mãos de países árabes grandes e potentes que os cercavam.

A imigração durante todo o período do Mandato Britânico — muitas vezes realizada ilegalmente pelos limites impostos pela Grã-Bretanha — proveu a terra de uma presença judaica capaz de sustentar-se e defender-se. O povo judeu formou uma força de combate chamada Haganah, que significa "A Defesa", que mais tarde serviu como uma base organizada para estruturar a Forças de Defesa de Israel (IDF).

Esses pioneiros enfrentaram imensos obstáculos. Proibidos de fabricar suas próprias armas e munições, eles realizavam operações secretas para fabricá-las, muitas vezes colocando em risco a própria vida e a liberdade, preparando-se para a inevitável necessidade de defesa da pátria se, de fato, obtivessem o status de Estado.

Além desses esforços pragmáticos, a unificação cultural do país é em grande parte devida a um homem chamado Eliezer Ben-Yehuda, que reviveu a língua hebraica e a tornou completa, adaptável e útil para os propósitos modernos.

É importante entender que os judeus vieram de todas as partes do mundo com diversas línguas nativas, nuances culturais e perspectivas religiosas. A introdução do hebraico moderno inspirou unidade e cooperação que deu origem a uma cultura israelense distinta. Esse desenvolvimento crucial, somado à ânsia dos judeus de se desfazer de suas raízes nacionais anteriores, à luz de sua perseguição universal, facilitou essa verdadeira mudança cultural, o que fortaleceu continuamente a nação.

O conflito imediato com o mundo árabe

Em 1947, quando aquela resolução da ONU foi aprovada, os árabes da Palestina e arredores mobilizaram-se para a guerra, determinados a empurrar os judeus "para dentro do mar", como se costumava dizer. E essa luta não parou desde o início de Israel.

Após essa resolução, os combates começaram com a Guerra Civil na Palestina Mandatária (1947-1948), ainda sob Mandato Britânico, entre comunidades judaicas e árabes, esta última com a ajuda de forças árabes estrangeiras. A fase seguinte, a guerra árabe-israelense de 1948, ocorreu após o nascimento de Israel e continuou até o ano seguinte. A Jordânia, o Egito, a Síria e o Iraque enviaram forças expedicionárias, reforçadas por tropas de outros países, mas os judeus saíram vitoriosos.

As consequências do estabelecimento desse Estado judeu ainda persistiriam — além de resultar no deslocamento de cerca de setecentos mil árabes da área da Palestina, que fugiram para as nações árabes vizinhas. (Um fato, raramente mencionado, é que, no final da década de 1940 até 1972, um número igual de judeus fugiu ou foi expulso de países muçulmanos no Oriente Médio e Norte da África e, depois, reassentado em Israel).

O fluxo de refugiados trouxe um dilema insólito aos países árabes: Conceder-lhes cidadania e assimilá-los perturbaria seus delicados equilíbrios políticos e também seria o mesmo que admitir o direito de existência de Israel. Os descendentes dessa população original de refugiados se multiplicaram em uma nação sem Estado e milhões de pessoas ainda estão lutando — com política e armas — pela reversão de seu exílio e estabelecimento de um Estado palestino.

O que é surpreendente para a maioria dos observadores é que Israel, em todos os aspectos, sendo muito menor do que seus inimigos, conseguiu não apenas sobreviver a seu primeiro conflito militar, mas também construir uma democracia próspera e estável capaz de sempre se defender.

Nos anos seguintes, a história de Israel seria um ciclo de constantes provocações e guerra com todos os seus vizinhos. A mais significativa e impactante delas foi a Guerra dos Seis Dias de 1967, a qual distinguiu claramente Israel como a força militar dominante na região, uma posição que ainda mantém.

Em junho de 1967, quando o Egito bloqueou o porto de Eilat, no Mar Vermelho, em Israel, os líderes árabes assumiram sua determinação de acabar com o Estado judeu. Exércitos árabes do Egito, da Jordânia e da Síria se uniram para atacar os judeus, mas Israel lançou um devastador ataque preventivo e conseguiu uma vitória milagrosa, que ninguém poderia ter previsto. Israel não apenas repeliu esses exércitos em três frentes simultaneamente, mas também triplicou sua extensão territorial no processo, tomando as Colinas de Golã da Síria, a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito e, ainda mais importante, Jerusalém e a área conhecida como Cisjordânia da Jordânia.

Isso resultou no deslocamento de outros duzentos e cinquenta mil refugiados palestinos, permitindo, enfim, que os judeus retornassem livremente para se estabelecer em Jerusalém. Para os sionistas, Jerusalém foi o grande prêmio e a resposta de mais de mil e novecentos anos de oração: "No próximo ano será em Jerusalém!".

Fronteiras problemáticas e uma paz tênue

Mas a paz no moderno Estado de Israel sempre teve vida curta. Em 1973, a Síria e o Egito lançaram um ataque surpresa contra Israel no Dia da Expiação, um Dia de Jejum anual conhecido pelos judeus como Yom Kippur, dando início a Guerra do Yom Kippur. Com um acréscimo de cem mil soldados, tropas de países árabes foram enviadas para ajudar as forças egípcias e sírias, juntamente com armas e apoio financeiro.

A própria sobrevivência de Israel estava em jogo. Suas forças conseguiram recuperar o terreno perdido nos primeiros dias e alcançaram o cessar-fogo um mês depois, porém com a perda de milhares de vidas de ambos os lados.

Em 1979, a esperança de paz tornou-se realidade na fronteira sul de Israel, quando o país chegou a um acordo com o Egito. Israel devolveu à Península do Sinai, tomada do Egito doze anos antes na Guerra dos Seis Dias, em troca da passagem de navios israelenses pelo Canal de Suez.

Nesse processo, o Egito se tornou a primeira nação árabe a reconhecer oficialmente o Estado de Israel — uma medida que foi criticada pela comunidade árabe, resultando na exclusão do Egito da Liga Árabe por dez anos. Além disso, o presidente do Egito, Anwar Sadat, foi assassinado, em 1981, pela Jihad Islâmica egípcia em represália a esse tratado, a sua tolerância ao Estado judaico e, consequentemente, por sua aparente falta de compromisso com o movimento palestino.

O Líbano, ao norte de Israel, lutava com sua própria turbulência política interna, que custou centenas de milhares de vidas na Guerra Civil Libanesa de 1975 a 1990. Durante esse tempo, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) realizou incursões e ataques contra as cidades fronteiriças do norte de Israel, levando Israel a realizar campanhas de retaliação ao Líbano em 1978 e 1979.

Uma guerra total e declarada irrompeu-se em 1982 para erradicar a OLP e pôr fim a seus constantes ataques a civis israelenses. Após a expulsão da OLP do Líbano, o grupo terrorista Hezbollah tornou-se a principal organização militante anti-israelense dentro das fronteiras do Líbano.

Ao leste, a Jordânia finalmente chegou à paz com Israel em 1994, desistindo efetivamente de reivindicar a Cisjordânia e Jerusalém, mas defendendo que essas áreas se tornassem parte de um Estado palestino separado.

Essa estratégia muito debatida, conhecida como a solução de dois Estados, busca um acordo mútuo para formar Estados judeus e árabes separados na terra de Israel, como previsto pela Resolução da ONU de 1947. Embora muitas tentativas tenham sido feitas, essas propostas foram fortemente rejeitadas por grande parte da comunidade árabe, que preferiria ver o Estado judeu erradicado em vez de coexistir com ele.

A área das colinas de Golã, situada a nordeste de Israel, tem sido um ponto de discórdia entre Israel e Síria. Antes da guerra de 1967, a Síria, então em posse da área, bombardeava repetidamente os assentamentos israelenses nas terras baixas, provocando confrontos intermitentes. Desde a conquista das Colinas de Golã, na guerra de 1967, Israel construiu sólidos assentamentos e povoou a área.

Há apenas um ano, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou: "Golã permanecerá sempre nas mãos de Israel. Israel nunca se retirará das colinas de Golã". Esse ponto de vista decidido sobre esse território disputado foi possível graças à guerra civil síria, que desviou a Síria desse assunto nos últimos sete anos, enquanto permitia que Israel concretizasse sua reivindicação à região.

Com seus vizinhos limítrofes envolvidos em questões maiores, hoje em dia, a oposição externa mais veemente e tangível à existência de Israel vem do Irã. Embora Israel e Irã não tenham declarado guerra abertamente, o Irã é um dos muitos países muçulmanos que contribuíram com tropas e recursos para os inimigos de Israel ao longo dos anos. E agora o mundo assiste apreensivo, à medida que a retórica do Irã se intensifica, enquanto seus programas nucleares e de mísseis se desenvolvem constantemente.

Ameaças externas a Israel foram mitigadas por causa de seu avanço tecnológico, sua forte aliança com os Estados Unidos e sua firme determinação em sobreviver. No entanto, a ameaça do terrorismo dentro das próprias fronteiras de Israel também desempenhou um papel significativo no desenvolvimento desta nação.

Problemas e ameaças internas

Entretanto, dois dos territórios que Israel conquistou do Egito e da Jordânia na Guerra dos Seis Dias de Guerra — Gaza e Cisjordânia — tornaram-se redutos de palestinos nacionalistas. A colonização israelense dessas áreas tem enfrentado uma forte resistência da maioria da população árabe e também a reprovação da comunidade internacional. Com milhões de árabes-palestinos vivendo dentro das fronteiras de Israel, a tensão interna no cotidiano de Israel varia numa escala de "evidente, mas estável" a "explosiva e mortal."

A palavra árabe intifada, que significa "revolta", descreve com precisão a onda de manifestações de protesto que eclodiram em Israel de 1987 a 1993. Provocada pela frustração com a construção de assentamentos israelenses e a constante ocupação militar de Gaza e da Cisjordânia, esse período veio a ser conhecido como a Primeira Intifada.

Muitas vezes, esses protestos levavam a ações da polícia e das forças militares israelenses que resultavam em violência e, durante esse período de seis anos, cerca de mil e seiscentos palestinos e duzentos e setenta e cinco israelenses foram mortos. Enquanto a Primeira Intifada foi caracterizada como um movimento de protesto de populares que, muitas vezes, resultava em violência, a Segunda Intifada foi marcada por ataques deliberados contra civis israelenses com intuito de ceifar vidas e espalhar o medo.

A Segunda Intifada durou do ano 2000 a 2005, com a perda da vida de cerca de três mil palestinos e mil israelenses. E começou quando o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, visitou o Monte do Templo — um gesto de provocação, segundo os líderes do movimento palestino, que alegaram que Israel estava manobrando para assumir o controle do complexo de Al-Aqsa, com o intuito de fomentar a violência, incluindo uma onda mortal de atentados suicidas. (Para entender melhor, ver "O Monte do Templo de Jerusalém: O Centro do Conflito").

Atentados em cafeterias, transporte público e até danceterias tornaram-se comuns e deixaram uma marca indelével nos protocolos internos de segurança do país — resultando na restrição de locomoção de palestinos autorizados dentro de Israel, em postos de inspeção de veículos, na construção de elevados muros separando vizinhos israelenses e palestinos, e a presença quase onipresente de policiais e militares em áreas públicas. Os israelenses veem essas medidas como necessárias e justificadas — e isso acabou com a onda mortal de atentados suicidas — mas os árabes as consideram humilhantes, opressivas e racistas.

O fim da Segunda Intifada, psicologicamente devastadora, resultou em uma pequena vitória para a causa palestina: Israel expulsou todos os seus cidadãos de Gaza e demoliu os polêmicos assentamentos israelenses que ali haviam sido construídos. Mas ao invés de gerar a paz, essa retirada encorajou o Hamas, uma organização terrorista radical palestina que virou partido político, a desafiar a Autoridade Palestina — órgão administrativo formado pela OLP para governar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, mas sujeito à lei marcial israelense.

Após um breve e sangrento confronto, o Hamas assumiu o controle Faixa de Gaza. Em resposta aos constantes ataques com foguetes e morteiros contra assentamentos israelenses, Israel realizou duas fortes operações militares contra Gaza entre 2008 e 2014. Em 2006, em outra ofensiva com foguetes, o Hezbollah do Líbano desencadeou mais uma guerra na frente norte, mas, desde então, a situação tem permanecido relativamente calma.

A atual situação de Israel

Minha esposa e eu nos mudamos para Tel Aviv em 2015 no início da chamada Intifada das Facas ou a Onda de Terror — uma série de ataques terroristas palestinos solitários em toda Israel. Muitos fatores podem ter contribuído para a Onda de Terror, um movimento que se deu, parcialmente, em resposta às novas acusações de que Israel planejava assumir o controle do Monte do Templo.

Em várias ocasiões, nós frequentamos restaurantes onde dezenas de pessoas foram mortas ou feridas na noite seguinte, ou caminhamos em praças pacíficas da cidade onde ocorreram esfaqueamentos e atropelamentos apenas um dia antes.

Até certo ponto, a cultura israelense tornou-se dessensibilizada, embora farta dessa rotina aparentemente interminável. E, geralmente, a vida continua, como sempre, apesar de qualquer ruptura que isso possa causar — ainda que com um esquema de segurança cada vez maior.

A esperança de uma solução por meio da criação de dois Estados está diminuindo na esfera pública, pois tanto israelenses como palestinos estão perdendo a confiança de que essa crescente discórdia entre eles possa ser resolvida. Além disso, o drama em curso sobre o Monte do Templo continua a ser um ponto nevrálgico, que suscita provocações deliberadas dos extremistas sionistas israelenses periodicamente, aumentando ainda mais as tensões entre eles. O assentamento israelense nas áreas da Cisjordânia — frequentemente contra as decisões legais e sem a permissão do governo israelense — acirra ainda mais os ânimos.

E, enquanto as ameaças externas à segurança de Israel estão aparentemente longe, a opinião internacional sobre o Estado judeu tem mudado drasticamente desde a resolução da ONU de 1947. Nenhum outro país na Terra recebe tantas críticas, ofensas, sanções e boicotes como Israel.

Por exemplo, apesar de todas as crises humanitárias e atrocidades ditatoriais no mundo de hoje, a Assembleia Geral da ONU adotou, em 2016, vinte resoluções contra Israel e um total de apenas seis para todos os outros países juntos!

O lugar da atual Israel na profecia bíblica

Quase igual à natureza milagrosa do estabelecimento e da sobrevivência de Israel, o ódio que essa nação sofre do mundo desafia as explicações racionais. Os estudiosos da Bíblia, no entanto, reconhecem que essa atitude é o cumprimento da mesma profecia bíblica que mostra como Jerusalém se tornaria novamente um ponto focal da atenção do mundo: "Eis que porei Jerusalém como um copo de tremor para todos os povos em redor... farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que carregarem com ela certamente serão despedaçados, e ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra” (Zacarias 12:2-3).

Nossa visita ao Yad Vashem, o Museu Nacional do Holocausto de Israel, talvez tenha sido uma das experiências mais impactantes e perspicazes que eu e minha esposa compartilhamos enquanto vivemos nesse país. Depois de tantos séculos de perseguição ao povo judeu, que culminou no Holocausto, não é de admirar que atualmente os judeus considerem necessariamente o Estado de Israel como um assunto de autopreservação — um refúgio seguro para o povo judeu, onde quer que estejam. Sem dúvida, não deixa de ser horrível que as palavras de Herzl acabaram se tornando uma realidade.

Embora a visão de Herzl de um moderno Estado judeu possa ser descrita como profética, é importante entender que a posição de Israel no mundo de hoje, de fato, é um elemento e um cumprimento da profecia bíblica, confirmando a veracidade da Palavra de Deus.

Isso não quer dizer que toda ação militar de Israel seja justificada ou que seja realmente proteção e imunidade de Deus a qualquer ataque, mas, sem dúvida, Deus tem permitido e guiado os eventos mundiais de acordo com Seu grande plano. Na verdade, esse plano demonstra que o futuro reserva terríveis situações para a moderna nação de Israel e a cidade de Jerusalém.

E, ao falar do devastador e terrível tempo do fim, Jesus advertiu: "Mas quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua desolação... Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas" (Lucas 21:20-22). A Bíblia ainda nos diz que "metade da cidade sairá para o cativeiro" (Zacarias 14:2).

Muitos veem o retorno dos judeus àquela terra no século passado como o cumprimento das promessas de Deus de um segundo êxodo para trazer os israelitas de volta à sua terra natal (ver, por exemplo, Isaías 11:11-12). No entanto, devemos entender que a presença judaica na terra de Israel hoje ainda não é a realização desse antigo sonho.

Parte dos judeus reassentados na terra continua muito longe do maravilhoso futuro que Deus declara nas passagens proféticas. Este inclui trazer de volta todas as tribos de Israel, não apenas os judeus, e fazê-los viver com segurança, a salvo de todos os inimigos. Também tem a ver com o derramamento de Seu Espírito sobre eles e conceder a todos uma profunda compreensão de Sua verdade, com o sistema de adoração restaurado em Jerusalém, e com eles sendo um exemplo a ser seguido pelo mundo.

Hoje, o povo judeu está em constante perigo, ademais eles ainda estão impedidos de adorar a Deus livremente no Monte do Templo, lamentando sua profanação pelos santuários muçulmanos. O apelo de "No próximo ano será em Jerusalém" ainda é proferido por milhões. Evidentemente, o retorno israelita está longe de ser pleno.

Obviamente, é vital que os judeus estejam presentes e controlem a Terra Santa a fim de cumprir as profecias específicas do fim dos tempos, como as do livro de Daniel que indicam a reinstituição dos sacrifícios, afirmando que estes acabarão sendo interrompidos na ocasião de uma grande invasão e tribulação. Mas, novamente, o próprio fato de que esse tempo terrível ainda está à frente mostra que as grandes promessas da restauração de Israel naquela terra em perpétua paz, prosperidade e segurança ainda não chegaram.

Felizmente, essas promessas certamente serão cumpridas. Enquanto isso, devemos observar que a formação do Estado de Israel há setenta anos e sua persistente existência está de acordo com o plano de Deus — e entender que haverá mais etapas desse plano no futuro! Devemos orar fervorosamente por essa maravilhosa era futura — quando toda a Israel florescerá e será vista como uma bênção por todo o mundo.

E enquanto contemplamos os tempos sombrios que precedem esse magnífico futuro, devemos ficar alertos e seguros da evidência da mão de Deus na história para garantir o cumprimento de Sua Palavra no futuro.