As Epidemias na Profecia Bíblica
O ano de 2020 despontou com esperança e promessas. Certamente que havia os habituais problemas globais e líderes problemáticos, mas no geral as coisas pareciam bastante promissoras.
Mas, praticamente da noite para o dia, as condições mudaram — dramaticamente. Começaram a surgir relatórios preocupantes da China sobre um novo vírus que havia passado de animais para seres humanos, algo semelhante ao vírus da gripe suína e da gripe aviária. De várias formas, esse novo coronavírus parecia semelhante ao vírus comum da gripe e do resfriado. Mas, na verdade, ele era diferente.
Como esse vírus se originou em animais — provavelmente, morcegos — e depois sofreu mutações e deu um 'salto de espécies' para infectar os seres humanos, os novos hospedeiros humanos infectados por esse vírus não tinham imunidade ou defesas naturais contra ele.
Primeiramente, a China e, em seguida, a Organização Mundial de Saúde (OMS), subestimaram a ameaça da propagação de pessoa para pessoa. Mas o perigo logo aumentou demais para continuar sendo ignorado. Ele realmente poderia se espalhar pelos seres humanos e, diferentemente de resfriados e gripes normais, as taxas de transmissão e letalidade desse vírus pareciam ser muito mais altas. Em particular, os idosos pareciam mais propensos a infecções pulmonares fatais. O número de mortos subiu rapidamente para centenas, e depois para milhares.
Imediatamente, a China isolou Wuhan, centro da epidemia, proibindo todo o tráfego de entrada e saída da cidade. E os onze milhões de habitantes dali foram obrigados a ficar dentro de casa. Logo depois, outras cidades com milhões de habitantes foram colocadas em isolamento semelhante. No final de janeiro, a Organização Mundial da Saúde mudou de posição e declarou uma emergência sanitária global.
Em retrospecto, isso obviamente foi tarde demais. Em poucas semanas, o vírus Covid-19 se espalhou por grande parte do mundo antes que a maioria das pessoas tivesse ideia do que estava acontecendo. A propagação da epidemia foi auxiliada grandemente pelo fato de os governos terem demorado a interromper as viagens internacionais. Um grande número de pessoas infectadas não mostrava sinais de doença, pois o período de incubação durava duas semanas, e ninguém sabia ao certo como o vírus se espalhava e nenhum teste de detecção ou tratamento conhecido estava disponível.
Lamentavelmente, em todo o mundo, governos e hospitais estavam despreparados para o crescente fluxo de pacientes — apesar dos repetidos avisos do passado sobre a possibilidade de uma pandemia desse tipo.
As pandemias e a profecia bíblica
As pandemias — epidemias globais — estão conosco há muito tempo. A Covid-19 é simplesmente a mais recente. Amanhã poderíamos ver surgir, aparentemente do nada, outra praga muito mais severa para varrer o mundo, deixando um rastro de miséria e de milhões de mortos.
Como tudo isso se encaixa nas profecias da Bíblia? Será que as profecias têm algo a revelar sobre as condições atuais e o que podemos esperar do futuro?
Pouco antes de Sua crucificação, os discípulos de Jesus perguntaram a Ele que "sinais" — eventos ou tendências — precederiam Seu retorno. Em resposta, ele listou enganos religiosos, guerras, fomes e pestes. Mas tudo isso, disse Ele, seria “o princípio das dores” (Mateus 24:5-8, grifo nosso).
E isso levaria ao que se convencionou chamar de grande tribulação — nesse tempo “haverá mais angústia que em qualquer outra ocasião desde o começo do mundo, e nunca mais haverá angústia tão grande”. Então, Ele acrescentou: “De fato, se o tempo de calamidade não tivesse sido limitado, ninguém sobreviveria, mas esse tempo foi limitado por causa dos escolhidos” (versículos 21-22, Nova Versão Transformadora).
Sem dúvida, isso é preocupante até de pensar. Será que a humanidade poderia realmente enfrentar um tempo em que todo ser vivo na Terra poderia correr o risco de extinção? (Na verdade, essa possibilidade já existe por causa da ameaça de uma guerra nuclear, química e biológica).
Os quatro cavaleiros do Apocalipse
A profecia de Jesus em Mateus 24 é um esboço básico das tendências e eventos do tempo do fim. Contudo, Ele deu uma profecia ainda mais detalhada no livro de Apocalipse que, em seu primeiro versículo, nos diz que é uma "Revelação de Jesus Cristo".
Em Apocalipse 6, vemos a repetição dessas mesmas quatro principais tendências que Jesus predisse em Mateus 24 — engano religioso, guerra, fome e pestes.
O primeiro cavaleiro, no segundo versículo, está montado em um cavalo branco. Alguns creem que esse é Jesus Cristo, mas não é! Jesus voltará num cavalo branco, mas muito mais tarde, segundo a linha do tempo profético desse livro. Esse primeiro cavaleiro segura um arco e tem uma coroa. Mas o verdadeiro Jesus empunha uma espada e usa muitas coroas. O primeiro cavaleiro é um impostor, representando uma religião falsa e corrupta que enganará a maior parte da humanidade (ver Mateus 24:5, 11, 24).
O segundo cavaleiro monta um cavalo vermelho, e “foi dado que tirasse a paz da terra e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada” (versículo 4). Este cavalo representa o derramamento de sangue e o horror da guerra generalizada que Jesus predisse em Mateus 24:6-7.
Apocalipse 6:5 descreve um cavalo preto, e seu cavaleiro carrega uma balança na mão. E uma voz descreve a escassez de comida que atingirá a Terra após essa guerra. Isso representa o surto de fome predita por Jesus em Mateus 24:7.
Assim, chegamos ao quarto cavalo e seu cavaleiro. O apóstolo João o descreve como “um cavalo amarelo pálido. Seu cavaleiro chamava-se Morte e o lugar dos mortos o seguia de perto” (Apocalipse 6:8, Bíblia Sagrada King James Atualizada).
O Comentário Bíblico Expositivo diz o seguinte sobre a cor amarelo pálido do quarto cavalo: “O amarelo pálido (cloros) denota um verde amarelado...a palidez de uma pessoa doente em contraste com uma aparência saudável”. Em termos bem simples, esse cavalo é a cor da morte — que é o nome de seu cavaleiro.
Segundo essa profecia de Jesus, registrada em Mateus 24, na esteira dos enganos religiosos, da guerra e da fome, outra onda de desastres atingirá a Terra — “pestes” ou doenças epidêmicas (versículo 7).
E o mais assustador é que João nos diz em Apocalipse 6:8 que “foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra”.
Além de doenças ainda virão outras pragas. Jesus também mencionou grandes “terremotos” (Mateus 24:7; Apocalipse 6:12) — um termo que, no grego original, também pode ser aplicado a outras catástrofes naturais, como grandes tempestades e tsunamis.
Em meio a todo esse horror, as doenças epidêmicas vão matar centenas de milhões de pessoas. E o total de mortos será muito superior a tudo que já vimos até hoje!
E para entender como essas pestes podem ser devastadoras e mortais, vamos examinar brevemente algumas das horrendas epidemias de nosso passado.
As pestes que mudaram a história
Em termos de impacto, até agora nada superou a "Peste Negra" ou "Peste Bubônica” do século quatorze. Aparentemente, esse surto de peste bubônica começou na Ásia e avançou para o oeste da Europa, onde se espalhou de forma rápida e impetuosa. Acredita-se que ela tenha matado um terço da população mundial.
Como era típico das doenças na época, não havia prevenção ou cura conhecida. A estrutura social se rompeu. As pessoas entraram em pânico quando cidades inteiras foram exterminadas. As famílias foram dizimadas quando os pais perderam seus filhos e estes perderam seus pais, e homens e mulheres perderam seus cônjuges.
Entretanto, essa não foi a primeira nem a última vez que a praga realiza sua marcha mortal pela civilização. Em 541 d.C., oito séculos antes, um surto de peste no tempo do imperador Justiniano destruiu seus sonhos de restabelecer o poder e a glória do Império Romano. Hordas de ratos hospedeiros de pulgas espalharam uma praga pelo Império Bizantino, matando cerca de um quarto da população do mundo — cerca de cinquenta milhões de pessoas.
Em 1894, outro surto de peste em Hong Kong e Cantão (ou Guangzhou) matou entre oitenta a cem mil pessoas, e depois se espalhou dos portos chineses para o resto do mundo, causando mais dez milhões de mortes.
Apesar disso, a peste bubônica está longe de ser a única assassina em massa quando se trata de epidemias. Em 1817, a primeira das sete pandemias de cólera, nos seguintes cento e cinquenta anos, começou na Rússia e ceifou um milhão de vidas. Esse surto de cólera se espalhou pela Índia, onde morreram milhões de pessoas.
Outras doenças, como varíola, lepra e sarampo, também ceifaram milhões de vidas. Em 1520, a varíola ajudou a derrocar o poderoso Império Asteca, na área que hoje é conhecida como o México.
Atualmente, os epidemiologistas estão muito preocupados com a pandemia da Covid-19 — vírus zoonóticos que passam de animais para seres humanos por meio de mutações. O vírus da AIDS (HIV) é um desses assassinos que já matou cerca de trinta e cinco milhões de pessoas nos últimos quarenta anos. E também o ebola, que mata suas vítimas tão rápido que geralmente morrem antes que tenham tempo de espalhar o vírus para outras pessoas.
Há pouco mais de um século, uma cepa de gripe passou de aves para seres humanos e matou cerca de cinquenta milhões de pessoas durante sua marcha mortal por todo o mundo.
Hoje em dia também é preciso levar em consideração a probabilidade de armas biológicas serem usadas contra outros seres humanos. Essa ideia existe desde os anos 1300, quando invasores mongóis lançavam cadáveres infestados de pragas nos muros das cidades para permitir que essa peste matasse seus adversários. O antraz e o cólera são apenas dois dentre um número de agentes infecciosos mortais que sabemos terem sido transformados em armas biológicas por governos e terroristas.
A advertência de Deus para o homem
A Covid-19 levou grande parte do mundo a um estado de quase pânico. Nações inteiras entraram em quarentena devido à doença. O fechamento de milhares de empresas, ordenado pelo governo, expulsou milhões de pessoas do trabalho. Agora resta saber se essas medidas são ou não exageradas diante do perigo representado pelo vírus. No entanto, o impacto econômico das paralisações de negócios pode levar a uma recessão mundial ou talvez até a outra depressão mundial como a dos anos 1930.
Todavia, essas coisas são apenas uma antecipação de futuras catástrofes, que a profecia bíblica indica que serão de magnitude muitíssimo maior. Será que conseguimos imaginar um mundo em que veremos centenas de milhões de mortes?
Então, isso nos leva de volta à mensagem de Deus para a humanidade através dos quatro cavaleiros. Os horrores que eles representam — religiões falsas, guerras, fome e doenças — são consequências da decisão da humanidade de rejeitar nosso Criador e escolher sua própria maneira de viver — que, como tem demonstrado toda a história da humanidade, termina em morte (Provérbios 14:12; 16:25).
A Bíblia está repleta de advertências e pedidos de Deus para que todos se afastem de seus caminhos pecaminosos e “busquem o Senhor enquanto se pode achá-Lo” (Isaías 55:6, NVI). Ele quer que todos vivam de maneira íntegra e de acordo com Suas leis, as quais nos mostram como amar a Ele e ao próximo. Ele não quer que “ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9, NVI).
O antídoto para as pragas do fim dos tempos
Será que existe um antídoto para o quarto cavaleiro da doença e da morte? Existem sim. E qualquer um de nós pode obtê-lo.
Quando Deus tirou o povo de Israel do Egito, Ele disse-lhes: “Se ouvirem com atenção a voz do SENHOR, Seu Deus, e fizerem o que é certo aos olhos dEle, obedecendo a Seus mandamentos e cumprindo todos os Seus decretos, não os farei sofrer nenhuma das doenças que enviei sobre o Egito, pois Eu sou o SENHOR que os cura” (Êxodo 15:26, Nova Versão Transformadora).
Mas se desobedecessem, eles poderiam esperar o seguinte: “Mas, se vocês se recusarem a dar ouvidos ao SENHOR, Seu Deus, e não cumprirem todos os mandamentos e decretos que hoje lhes dou, as seguintes maldições cairão sobre vocês e os atingirão...O SENHOR os afligirá com pragas, até fazê-los desaparecer da terra...O SENHOR os ferirá com doenças debilitantes, com febres e inflamações...O SENHOR os castigará com loucura, cegueira e pânico” (Deuteronômio 28:15, 21-22, 28, Nova Versão Transformadora).
Entretanto, após a cavalgada devastadora dos quatro cavaleiros, o livro de Apocalipse mostra o resto da história — a intervenção misericordiosa de Deus tanto para corrigir quanto para salvar a raça humana da extinção. Deus trará a paz e a libertação da morte e das doenças para a Terra em Seu maravilhoso Reino — mas não antes de a humanidade ter aprendido a lição sobre o resultado de nossos caminhos humanos.
A história da humanidade não termina com o último dos quatro cavaleiros do Apocalipse. Pois, João não viu apenas quatro cavaleiros, mas cinco. E a esperança da humanidade está nesse quinto cavaleiro, Jesus Cristo, cuja cavalgada, em Apocalipse 19:11-16, será para intervir nos assuntos mundiais e marcar o fim do desgoverno humano na Terra.
Essa é a verdadeira esperança da humanidade. E somente isso porá realmente um fim nas doenças e nas pandemias mortais. A vinda do Rei dos reis trará um infindável reino de paz e de abundantes bênçãos para toda a raça humana.
Mas você não precisa esperar até lá para experimentar as bênçãos que podem advir de conhecer e ter um relacionamento com Deus! Por que não agir agora? Por que não buscar a Palavra de Deus para aprender o que Ele realmente quer e espera de nós, e saber como você pode evitar os tempos terríveis que vão assolar nosso mundo? A escolha é sua!
A Perspectiva Bíblica Sobre as Pestes e Outras Calamidades
Como devemos enfrentar tragédias, acidentes e desastres, independentemente de sua escala ou circunstâncias? Aqui estão algumas chaves para uma adequada perspectiva bíblica:
1. Através da profecia bíblica Deus diz que terríveis desastres, inclusive pestes ou doenças epidêmicas, iriam aumentar em frequência e intensidade à medida que se aproximasse o fim dos tempos — isso com o intuito de tirar as pessoas de sua letargia e levá-las a buscá-Lo (Mateus 24:7; Lucas 21:11; Apocalipse 6:7-8; 16:2, 8-11).
2. Eclesiastes 9:11 revela que Deus permite que muitos eventos sigam seu curso de acordo com o "tempo e o acaso" (ARA). Isso significa que para as pessoas afetadas muitas dessas tragédias são acidentais e imprevisíveis.
3. Cristo deixou claro que aqueles que morrem em terríveis acidentes ou desastres não são necessariamente mais pecadores do que os que sobreviveram (Lucas 13:1-5).
4. As tragédias ou as calamidades pessoais não são necessariamente o resultado de pecados (João 9:2-3).
5. As pestes e outros desastres deveriam servir para nos ensinar a ser humildes e nos levar ao arrependimento, ajudando-nos a ver o quanto dependemos do sustento e da proteção de Deus (1 Reis 8:37-40; Apocalipse 16:8-11).
6. Às vezes, as doenças epidêmicas e outros desastres ocorriam por causa do julgamento direto de Deus sobre a humanidade e sobre as nações rebeldes (Gênesis 6:11-13; 18:20; 19:24-25; Êxodo 9:13-14; 32:35; Levítico 26:14-16, 21, 25; Números 16:46-50; Deuteronômio 28:58-62; Ezequiel 14:21; Apocalipse 9:20-21).
7. Algumas calamidades são agravadas pelas más decisões do homem e pela constante rejeição a Deus e a Suas leis, resultando em uma piora das condições ambientais, sanitárias e econômicas (Provérbios 14:12; 22:3; Mateus 7:24-27).
8. Sem dúvida, Deus é tão imensamente amoroso que tem um grande plano para toda a humanidade (João 3:16; 2 Pedro 3:9; 1 Timóteo 2:4; 1 Coríntios 15:22-24).
9. Aqueles cristãos convertidos que morreram em desastres, seguramente, estão aguardando para serem elevados à imortalidade na primeira ressurreição quando Jesus Cristo retornar (Isaías 57:1-2; 1 Coríntios 15:51-52; 1 Tessalonicenses 4:16; Apocalipse 20:4-6).
10. E os mortos em desastres que não são cristãos, aqueles que nunca tiveram um entendimento genuíno sobre Deus ou uma verdadeira oportunidade de salvação eterna, serão ressuscitados na segunda ressurreição para viver novamente em carne e ter sua primeira e real oportunidade de aprender o caminho de Deus, arrepender-se e ser salvos (João 5:28-29; Mateus 12:41-42; Apocalipse 20:5).
11. As multidões de seres humanos que serão ressuscitados na segunda ressurreição vão ter uma vida feliz e abundante sob o governo do Reino de Deus (Ezequiel 37:12-14).
12. Todo sofrimento que passamos agora nesta “presente era perversa” (Gálatas 1:4, NVI) — uma era dominada pelo homem sob a influência de Satanás, o diabo — serve como lição sobre o que significa viver em um mundo separado de Deus e de Seus caminhos.
13. Não sabemos de todas as razões que Deus tem para trazer ou permitir calamidades específicas ou por que determinadas pessoas são obrigadas a sofrer por conta disso, mas devemos confiar que, em Sua onisciência e suprema sabedoria, enfim, Ele sabe o que é melhor para todos nós (Romanos 8:28; 1 Timóteo 2:4).
14. Jesus Cristo vai retornar para inaugurar o governo do Reino de Deus (Apocalipse 11:15; Daniel 7:14), e neste nenhuma catástrofe, doença, crise econômica ou temor vai afligir a humanidade.
15. Quando finalmente toda a humanidade arrependida for glorificada, não haverá mais dor, sofrimento, tristeza ou morte (Apocalipse 21:4).
16. Todos os sofrimentos desta breve e atual era não podem ser comparados com a glória que enfim experimentaremos por toda a eternidade (Romanos 8:18; 2 Coríntios 4:17-18).
—Tom Robinson