O Darwinismo Desvendado

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O Darwinismo Desvendado

O mês de novembro deste ano marca o 160º aniversário da publicação da obra referencial de Charles Darwin, A Origem das Espécies. Sua premissa controversa popularizou a ideia de que a grande variedade de formas de vida que vemos em nosso mundo originou-se de um único ou pequeno grupo de ancestrais comuns como resultado da sobrevivência e reprodução de descendências com características vantajosas — denominada seleção natural.

Com o passar do tempo, esse livro, de forma lenta e decisiva, chegou aos princípios fundamentais das ciências biológicas na academia moderna. Hoje é difícil encontrar um professor ou aluno de biologia que não aceite a teoria da evolução. De fato, a aceitação da evolução pela seleção natural, também conhecida como darwinismo, frequentemente é usada como um teste determinante na academia para provar a lealdade da ciência a esse mito.

Contudo, à medida que a tecnologia avança e a ciência torna-se capaz de entender cada vez mais o DNA e o mundo microbiológico, estão sendo feitas descobertas que começam a expor a teoria de Darwin. Diversos cientistas — crentes e descrentes em Deus — concluíram que a explicação de Darwin simplesmente não é adequada para explicar os níveis de complexidade vistos no mundo natural.

Nos últimos anos, cientistas das áreas de biologia, bioquímica e até de psicologia apresentaram fortes evidências que desafiam o status quo acadêmico da biologia — um castelo de cartas que vem sendo construído por 160 anos.

A proposta da mudança lenta e gradual

Em 1831, o jovem Charles Darwin embarcou no navio H.M.S. Beagle e zarpou na aventura de sua vida. Por cinco anos, ele serviu a bordo como naturalista. Darwin, de 22 anos, universitário recém-formado, teve muitas oportunidades de explorar vastas áreas da América do Sul e das Ilhas Galápagos, Austrália e Nova Zelândia, além de vários outros locais remotos ao redor do mundo, catalogando e observando a flora, a fauna e os fósseis.

Em 1830, apenas um ano antes, Charles Lyell publicou o primeiro volume de sua obra inovadora, Princípios de Geologia, que popularizou o conceito de que os atuais processos que moldam a Terra são os mesmos de eras passadas. Assim, ele acreditava que podemos extrapolar as condições passadas ao observar as taxas e graus de mudança no presente.

Esse processo foi chamado de uniformitarismo. Alegou-se que os lentos processos de hoje, que têm atuado paulatinamente por longos períodos de tempo, foram responsáveis pelo aumento das cadeias de montanhas, pela erosão dos cânions e pelo surgimento de ilhas.

Antes do trabalho de Lyell, o entendimento comum era de que a Terra sofreu mudanças através do catastrofismo, que sustentava que a variação geológica da Terra se devia a eventos catastróficos periódicos em larga escala, e não a mudanças lentas e incrementais.

O conceito do uniformitarismo virou de cabeça para baixo o mundo da geologia e influenciou fortemente a Charles Darwin. Durante seu tempo a bordo do Beagle, Darwin devorou o livro de Lyell.

Em uma parada em Valdivia, Chile, a tripulação do Beagle testemunhou um forte terremoto e, depois de zarpar, testemunhou a devastação causada nas aldeias e na costa. Darwin e a equipe observaram uma área em que o terreno sofreu uma alteração de um metro e meio.

Essas observações, combinadas às ideias de Lyell, levaram Darwin a considerar que o uniformitarismo e as leis e forças biológicas naturais podem ter o mesmo efeito sobre as espécies. Mais tarde, ele se perguntaria se a extrema diversidade observada na flora, na fauna e nos fósseis da América do Sul poderia ter ocorrido não por causa de grandes mudanças ao longo de milhares de anos, mas por pequenas mudanças incrementais impulsionadas por algum processo natural ao longo de milhões de anos.

A seleção natural

Anos após sua viagem, Darwin finalmente teve à ideia da mudança evolutiva gradual. Mas que processo ou mecanismo poderia causar isso?

Darwin tinha o hobby de criar pombos e participava de vários clubes de criação de pombos na Inglaterra. Ele sabia que os grupos de pombos mudavam através do processo artificial de criação seletiva — reunindo pássaros com as características desejadas para gerar outros semelhantes.

Darwin começou a se questionar se algo semelhante poderia ocorrer na natureza. De alguma forma a natureza poderia reger como os organismos se modificam ao longo de gerações?

Em suas viagens, ele observou como os animais produzem mais proles do que as que podem sobreviver. Ele observou como há competição entre esses organismos por comida, água e parceiros. E, com o tempo, ele pensou em certas vantagens que permitiam que alguns tivessem mais sucesso que outros. Se essas vantagens pudessem ser transmitidas de pais para filhos, os organismos desenvolveriam maior aptidão para a sobrevivência ao longo de muitas gerações, pois aqueles com as adaptações benéficas sobreviveriam e se reproduziriam e os outros não.

Ali estava um mecanismo para a evolução. E ele chamou isso de seleção natural.

Darwin reconsiderou muitas de suas anteriores observações nas Ilhas Galápagos sob essa ótica. Ele aprendera que ali havia um enorme grau de variante entre os bicos e as formas corporais dos tentilhões.

Mais tarde, outros retomariam o estudo desses tentilhões. Observou-se que determinados tipos de bico eram predominantes em certas ilhas, e isso parecia ter uma correlação direta com o tipo de alimento disponível. Os tipos de bico pareciam ser capazes de mudar com base na disponibilidade de alimentos de ilha para ilha, o que parecia sugerir que aquelas aves não adaptadas à fonte de alimento disponível morreram. E aquelas com adaptações favoráveis sobreviveram e se reproduziram para transmitir essas adaptações.

As variações do tentilhão seriam usadas para demonstrar que as espécies mudam, concluindo que, como Darwin havia proposto, os organismos mudam ao longo de gerações, desenvolvendo adaptações estruturais em resposta às mudanças nas condições ambientais por meio da seleção natural. (Entretanto, apontou-se que as mudanças entre os tentilhões eram flutuações dentro e fora de certos limites em vez de uma clara progressão do desenvolvimento).

Então, entendeu-se que essa adaptação estrutural era para acomodar a função necessária.

O estruturalismo versus funcionalismo na biologia

Darwin enxergava o mundo a partir de uma perspectiva funcionalista.

Durante quase dois séculos, os biólogos abordaram questões sobre a natureza da forma orgânica a partir de dois campos opostos — os pontos de vista do funcionalismo e do estruturalismo.

O funcionalista biológico acredita que a ordem e a estrutura dos organismos vivos — o bico de um pássaro, um membro de cinco dedos — pode ter surgido como resultado de uma necessidade funcional. Para os funcionalistas, o principal princípio organizador da biologia é a adaptação, que depende de fatores ambientais.

O estruturalismo (também chamado de formalismo), por outro lado, sustenta que as leis da forma biológica que operam nos sistemas vivos, que incluem restrições internas, estão no centro da estrutura dos organismos. Assim, os vários aspectos físicos dos organismos são vistos como limitados a faixas particulares de forma.

Como exemplo, considere a membrana que envolve uma célula animal, a qual controla o transporte para dentro e para fora da célula. Ela é composta de uma série de moléculas fosfolipídicas. Os estruturalistas argumentariam que isso resultou de leis químicas e físicas que permitem diversas possibilidades para sua estrutura, em vez de seguir um processo de adaptação não direcionado e ilimitado.

As limitações de acordo com a lei natural são observadas no enovelamento de proteínas na molécula de DNA, na organização de outros compostos químicos e na formação de cristais. Estes só podem ser organizados de determinadas maneiras. Os estruturalistas argumentam que padrões estruturais comuns em várias criaturas — como membros de cinco dedos em certas aves, répteis, animais marinhos e mamíferos — são formas predefinidas e não são resultado da função que leva à estrutura.

O estruturalismo permite certa adaptação, mas a explica de maneira bem diferente do funcionalismo, como veremos.

Um castelo de cartas

O funcionalismo, que está na base do darwinismo, é a visão predominante na moderna ciência biológica. Mas e se a totalidade da teoria da evolução for baseada em uma suposição imperfeita? E se a ideia de que os organismos são levados a evoluir em uma resposta aleatória e não direcionada à pressão externa estiver errada? Em vez disso, quais fatores internos pré-determinados geram a forma e a organização molecular a nível celular, se for essa a verdadeira real da adaptação?

O Dr. Michael Denton, bioquímico e autor dos livros Evolução: Uma Teoria em Crise, [Evolução da Natureza: Uma Teoria Ainda em Crise], é um proeminente defensor do estruturalismo. Ele escreve:

“Claro, todos os estruturalistas aceitam que os organismos exibem as adaptações para servir as condições ambientais externas. Mas estes foram considerados como “máscaras” adaptativas enxertadas, como se fossem para planos básicos ou “padrões primários subjacentes”. Assim, a grande diversidade dos membros de vertebrados – nadadeiras para a natação, as mãos para agarrar, asas para voar — são todas modificações do mesmo plano ou padrão subjacente, que não serve para nenhuma necessidade particular do ambiente” (“Duas Visões da Biologia: Estruturalismo e Funcionalismo”, Evolution News, 2016).

Os estruturalistas acreditam que a adaptação existe, mas não necessariamente decorrente de fatores ambientais. Em vez disso, fatores internos, como a genética, produzem padrões específicos que, às vezes, podem ser modificados através da seleção natural, levando à microevolução ou a uma pequena variação. Isso não permite uma estrutura emergente de mutação aleatória e macroevolução.

Denton continua afirmando em relação aos tentilhões de Darwin: “A partir do quadro genético do desenvolvimento emergente, agora fica relativamente fácil imaginar como o ajuste fino adaptativo gradual dos padrões de expressão de um punhado de genes poderia resultar nas diferentes formas de bico dos Tentilhões de Galápagos que vemos hoje. A evolução dos bicos de tentilhões não requer nenhuma função causal além da seleção natural. Alguns bicos de tentilhões se mostraram vantajosos e outros não.

“A lição de Galápagos, e todos os casos de microevolução, é que a seleção cumulativa fará sua mágica desde que haja um continuum funcional empiricamente conhecido ou plausível, a nível morfológico [estrutural] ou genético, levando de uma espécie ou estrutura ancestral a outra espécie ou estrutura descendente” (“Evolução: Uma Teoria em Crise Revisitada [Parte Um de Três]”, Inference: International Review of Science, 15 de outubro de 2014). Isso significa que a forma do bico estava ali no início e foi gradualmente sendo modificada para algo ainda semelhante.

Isso é substancialmente diferente da evolução darwiniana. Darwin propôs que pequenas variações de uma geração para a seguinte por longos períodos produziriam, através do processo de seleção natural, estruturas inteiramente novas e novos tipos de formas de vida, o que agora é conhecido como macroevolução.

Mas, vivendo em um mundo de pensamento científico bastante primitivo, Darwin não percebeu muitos problemas importantes nessa linha de pensamento.

A compreensão da genética e das mutações genéticas — que os darwinistas tomavam como meio de modificação de espécies — surgiu muito mais tarde. E com isso veio a constatação de que, na maioria das vezes, essa mutação é prejudicial, causando mais problemas do que vantagens. Além disso, as mutações nem sempre são hereditários. Às vezes, uma nova mutação, mesmo raramente benéfica, não passa para a próxima geração.

Agora, o Dr. Michael Behe, autor de A Caixa Preta De Darwin: O Desafio da Bioquímica à Teoria da Evolução, apresenta uma nova constatação em seu livro Darwin Devolves: The New Science About DNA That Challenges Evolution (ainda não traduzido para o português). Ele escreve:

“A evolução darwiniana procede principalmente da quebra ou rearranjo de genes, o que, de forma contraintuitiva, às vezes ajuda a sobrevivência. Em outras palavras, o mecanismo é consideravelmente devolucionário. Ele promove a rápida perda de informação genética. Experimentos de laboratório, de pesquisa de campo e de estudos teóricos indicam fortemente que, como resultado disso, a mutação aleatória e a seleção natural tornam a evolução autolimitada. Ou seja, os mesmos fatores que promovem a diversidade nos níveis mais simples da biologia impedem-no ativamente nos mais complexos. O mecanismo de Darwin funciona principalmente por desperdiçar informações genéticas para obter ganho de curto prazo” (2019, pp. 37-38, grifo nosso).

Portanto, do ponto de vista do DNA, o processo evolutivo realmente impede o nível de complexidade que os evolucionistas afirmam que podem alcançar. Isso acaba reforçando a posição estruturalista.

A complexidade irredutível refuta a evolução

O Dr. Behe apresentou anteriormente a questão da "complexidade irredutível", termo que ele cunhou após a exposição ao fundamento do conceito em outros trabalhos, como o livro do Dr. Denton, Evolução: Uma Teoria em Crise. Isso significa que sistemas complexos devem ter todos os componentes para funcionar e serem repassados para a próxima geração — que os componentes não podem se reunir gradualmente ao longo de várias gerações. Isso ocorre porque não haveria vantagem em alterações não funcionais — e talvez isso fosse desvantajoso — para que essas alterações não fossem repassadas.

Um exemplo é o que Denton apontou sobre os pulmões das aves. Embora a maioria dos organismos possua pulmões do tipo fole — onde o ar entra, a transferência de gás ocorre e os gases trocados são expirados quando o "fole" se fecha — os pássaros têm pulmões circulatórios. Estes não se expandem e contraem como os de mamíferos ou répteis. Em vez disso, o ar entra nas bolsas de ar traseiros do pássaro, depois flui para o pulmão, e do pulmão para as bolsas de ar dianteiras e depois sai. Isso acontece sem expansão e contração do próprio pulmão. O fluxo é unilateral, eficiente e complexo.

Esse nível de complexidade não poderia ter resultado de mutações aleatórias graduais ao longo de gerações. Esse é um exemplo de complexidade irredutível. Se os pulmões dos pássaros evoluíssem com o tempo, o que as formas transitórias das criaturas semelhantes a pássaros teriam feito para respirar?

Seria provável que a necessidade funcional tenha levado a essa estrutura em uma série de mutações aleatórias e não direcionadas? Ou é mais provável que a estrutura predeterminada tenha levado a essa função? Evidentemente, a resposta é a ultima opção.

Outro exemplo de complexidade irredutível é a molécula de DNA e sua transcrição e tradução celular.

A replicação, transcrição e tradução do DNA — o processo complexo de duplicar a molécula de DNA, transcrevê-la no RNA mensageiro (mRNA) e depois traduzi-lo para sequências de aminoácidos e síntese de proteínas — é outro sistema que é irredutivelmente complexo. Qualquer mutação aleatória no processo que não leve todo o sistema a operar em conjunto provoca falta de síntese proteica e à provável morte do organismo.

O sistema tinha que estar funcional em sua totalidade desde o início para dar conta de sua existência.

Um projetista e legislador

Tudo isso implica em alguma força diretiva.

Apesar de sua posição a favor do estruturalismo, o Dr. Michael Denton, embora se oponha à evolução darwiniana, continua sendo um evolucionista convicto. Ele não atribui o design, que ele tem como algo implícito, a um poder superior, mas acredita que deve haver algum tipo de direção — alguma força que dispara o gatilho. Ele acredita em uma ordem primordial que transmite a estrutura e em uma ordem adaptativa que a modifica, conforme a necessidade.

O Dr. Michael Behe é um defensor do Design Inteligente. Ele acredita que existe um projetista que criou esses padrões e formas — esse projetista é Deus.

Se aceitarmos que esses cientistas estão corretos quanto ao estruturalismo ser o paradigma pelo qual deveríamos ver o mundo — reconhecendo que a estrutura pré-determinada levou à função — a única conclusão que, logicamente, podemos chegar é que alguém ou algo estabeleceu essa estrutura para começar. Alguém ou alguma coisa ditava as leis naturais que faziam com que as proteínas se dobrassem de maneiras previsíveis, os cristais se formassem de maneiras específicas e os genes se expressassem de modo apropriado.

Gênesis 1 afirma claramente que Deus criou os céus e a terra. Ele projetou e formou a lua e as estrelas, as águas, a Terra, as plantas e os animais e também a humanidade à Sua imagem.

Em Jeremias 33:25, Deus declara que foi Ele quem criou a ordem nos céus e na Terra, estabelecendo dia e noite — e Ele criou as leis físicas que regem nosso universo.

Esta é a explicação mais razoável para todas as evidências que vemos. A estrutura com função almejada veio da mente e do trabalho de um Criador supremamente inteligente. A Bíblia nos fala desse Criador e de Seu plano para mim e você como Sua criação especial, os próprios filhos de Deus!