Comentário Bíblico
Deuteronômio 20
Deus é o Comandante
Moisés agora discute os princípios que regem a guerra. Esses princípios mostram que, apesar do uso de armamentos físicos, Israel ainda deveria olhar para Deus em busca de vitória (Deuteronômio 20:1-9). Uma das ameaças que Israel enfrentaria na guerra mencionada no primeiro versículo era a dos "cavalos e os carros". Exércitos equipados dessa maneira eram particularmente intimidadores para soldados de infantaria. Em Deuteronômio 17:16, os reis de Israel receberam o mandamento de não "multiplicar cavalos". E não há evidências de que Israel utilizasse cavalos para a guerra antes do tempo de Salomão (1 Reis 4:26; 10:26). Provavelmente foi por isso Moisés garantiu aos israelitas que eles não precisariam temer nem mesmo exércitos com carros.
Pois com o Deus Todo-Poderoso como comandante, não havia espaço para medo nas fileiras — e aqueles que estavam temerosos deveriam ser dispensados (versículo 8). E também eram dispensados da guerra — pelo menos temporariamente — aqueles que tinham acabado de construir uma casa nova, aqueles que tinham plantado recentemente uma vinha e os que estavam prestes a se casar (versículos 5-7). E Deuteronômio 24:5 ainda acrescenta essa exceção acerca de um homem recém-casado, que tinha permissão para ficar com sua esposa por um ano antes de ir à guerra. Uma das razões para essa dispensa de guerra talvez seja porque essas pessoas poderiam ficar pensando no que deixaram para trás em vez de se concentrar na batalha. Sem dúvida, essas regras também demonstram a misericórdia e a compaixão de Deus. Além disso, nessas "ausências justificadas", Deus também estava mostrando que não é preciso confiar em quantidade. Pois, com Deus lutando por Seu povo (versículo 4), poucos soldados poderiam vencer facilmente um exército numeroso (Levítico 26:8), assim como aconteceu muitas vezes na história dos israelitas quando eles eram obedientes a Deus.
Antes de atacar uma cidade "distante" deles (Deuteronômio 20:15), os israelitas tinham que oferecer uma proposta de paz (versículos 10-11). E é interessante que essa proposta era de paz, não de escravidão. Essas cidades deveriam pagar tributo, essencialmente um imposto, e "servir" a Israel — não como escravos, mas mantendo a paz e a harmonia com os israelitas, garantindo assim a segurança, a proteção e o bem-estar do povo de Deus. Além disso, ao concordar em guardar as leis e o estilo de vida de Israel, essas cidades passariam a ter um estilo de vida muito melhor do que jamais tiveram. Porém, se uma cidade recusasse a proposta e escolhesse a guerra, Israel deveria matar todos os homens que haviam nela (versículos 12-13), poupando apenas mulheres e crianças (versículo 14). Entretanto, Israel deveria matar todos os seres vivos das cidades localizadas dentro da Terra Prometida (versículo 16). Na verdade, Deus precisou ordenar isso para que os ímpios habitantes delas não pudessem influenciar Israel com "suas abominações... e pequeis contra o SENHOR, Vosso Deus" (versículo 18).
Finalmente, Deus disse a Israel para não cortar árvores frutíferas em um cerco contra uma cidade. Eles só tinham permissão para destruir aquelas "que não são árvores de comer" (versículos 19-20). Isso faria sentido sobretudo em um cerco prolongado em que o suprimento de comida poderia se tornar um problema.