Comentário Bíblico
Gênesis 38
A história de Judá e Tamar é de suma importância. Ela se encontra entremeada na história de José, não porque esteja diretamente relacionada com esta, mas porque os eventos ocorreram depois que José foi vendido como escravo e antes dos filhos de Jacó viajarem para o Egito. Como podemos observar, no fim desse relato está o nascimento de Perez e Zerá, os filhos gêmeos de Tamar. Esses dois meninos se tornaram importantes progenitores da linhagem de futuros reis. E se Onã e Judá tivessem feito o que queriam fazer, então Tamar não teria dado à luz a um filho, cujos descendentes incluem tanto o rei Davi quanto Jesus Cristo.
Embora o relato destaque algumas das deficiências de Judá, esse não é o seu objetivo principal. Esse relato tem a finalidade de confirmar as linhagens. Tanto a passagem de Lucas 3:33 quanto a de Mateus 1:3 mostram que Jesus descendeu de Perez, filho de Judá. A profecia afirma que o Messias seria um descendente de Judá (ver Gênesis 49:10). Mas qual o motivo do detalhamento dessa linhagem? Muitas outras linhagens em Gênesis simplesmente listam quem gerou quem — isso não seria suficiente? Não, pois sem a história de como Tamar concebeu e o subsequente reconhecimento público da paternidade de Judá, a herança judaica dos descendentes de Perez, incluindo Jesus, poderia ser contestada ou até mesmo ser desconhecida.
Outra informação interessante nesse relato é esta declaração de Judá: “Mais justa é ela do que eu”. Sem dúvida, isso era verdade. Observe que, embora Tamar tenha se disfarçado de prostituta, foi Judá quem a procurou. E depois ele mesmo condenou Tamar a ser queimada como punição, embora estivesse disposto a pecar deitando-se com uma prostituta. Por outro lado, Tamar estava buscando garantir que seu finado marido tivesse um herdeiro (comparar Deuteronômio 25:5-6), uma responsabilidade que Judá havia abandonado deliberadamente (Gênesis 38:14).