Comentário Bíblico
Gênesis 46-47
Mais uma vez, Deus falou com Israel (Jacó) para tranquilizá-lo de Sua proteção divina. Assim como José havia entendido, Deus confirma que Seu plano sempre foi trazer a família de Jacó para o Egito, onde faria dela uma grande nação. Apenas Deus sabia tudo o que ainda tinha reservado para os descendentes de Israel — eventos a serem registrados no livro de Êxodo.
Em Gênesis 45:28, Jacó expressou o desejo que tornaria sua vida completa: ir ao Egito para ver seu filho José novamente. Isso era o suficiente para ele. E Deus conforta Jacó de uma maneira que deve ter lhe proporcionado a maior e mais profunda alegria. Deus promete não apenas que a família de Jacó seria engrandecida no Egito, mas também que seu último desejo seria realizado — sem dúvida, ele veria seu amado filho novamente. O primogênito de Raquel estaria ao lado dele no dia de sua morte. Finalmente, chega o dia do reencontro deles e, com muitas lágrimas de alegria, a tristeza de Jacó enfim terminou, sua vida estava completa e ele estava pronto para morrer em paz.
A vida de Jacó foi uma longa e dolorosa luta porque teve que colher o resultado das sementes corrompidas que plantou em sua juventude. Seus próprios filhos o enganaram sobre o que aconteceu com José, usando as mesmas artimanhas que ele usou para enganar seu pai Isaque para conseguir a primogenitura — um bode imolado e uma túnica especial. E por mais de vinte anos Jacó acreditou na mentira de que José estava morto. Jacó disse ao faraó egípcio: “Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais, nos dias das suas peregrinações” (Gênesis 47:9). Uma declaração muito triste, mas ainda assim bem realista.
A vida de Jacó serve de lição para nós quanto a colher o que se planta (ver Gálatas 6:7). Evidentemente, todos nós pecamos (Romanos 3:23). E, mediante o arrependimento, devemos ser gratos pelo fato de Deus nos livrar de algumas das consequências do pecado. Mas Ele não nos livrará de tudo nesta vida — para que possamos aprender lições importantes, como mostra a história de Jacó. Mas, no fim, a vida dele não foi assim tão ruim. Afinal de contas, ele se tornou um homem cujo nome foi mudado para Israel, que significa “aquele que luta com Deus” (Gênesis 32:28). Embora Jacó estivesse pronto para morrer após ver seu filho outrora perdido, Deus lhe deu mais dezessete anos de vida para passar com José e o resto de sua família, que estava aumentando (Gênesis 47:28). E em nossa próxima leitura, veremos Jacó declarar no fim de sua vida que Deus o “livrou de todo o mal” (Gênesis 48:16), enfim encontrando a felicidade em seus últimos anos de vida.
Entretanto, foi um longo e difícil caminho para chegar até ali. Mas não precisava ter sido assim — se no passado Jacó não tivesse plantado a semente da corrupção. Essa lição foi escrita “para nosso ensino” (Romanos 15:4). Se estamos plantando sementes ruins, precisamos parar agora mesmo — pedir perdão a Deus — e começar, com a ajuda dEle, a plantar boas sementes para colher um amanhã melhor. A escolha é de cada um.
Enfim, Gênesis 46 cataloga os nomes de todos os membros da família de Israel que imigraram para o Egito. E ali, contando com José e sua família, alcançam um número total de setenta pessoas. Através do livro de Êxodo, sabemos que esse pequeno grupo de pessoas chegaria a seiscentos mil homens no momento da libertação do Egito (Êxodo 12:37), o que provavelmente indica uma população total de dois a três milhões de pessoas. José acomoda a família de seu pai na terra de Gósen — a parte do Egito mais próxima de Canaã e uma terra bem regada, fértil e provida de boas pastagens para seus rebanhos — ali a família de Jacó e seus descendentes viverão até a época do Êxodo.