A Bíblia e a Profecia
Não pode haver prova mais dramática da inspiração e da verdade da Bíblia que o cumprimento da profecia.
O doutor Gleason Archer, estudioso renomado do Antigo Testamento, escreveu: “A Bíblia Sagrada é diferente de qualquer outro livro do mundo. É o único livro que se apresenta como a revelação escrita do único e verdadeiro Deus . . . demonstrando a sua autoridade divina com muitas provas incontestáveis. Outros documentos religiosos, como o Alcorão muçulmano, podem até reivindicar ser a própria palavra de Deus, mas não contêm provas de auto-autenticação como a Bíblia . . . [como] o fenômeno do cumprimento de profecias” (Uma Introdução Geral ao Antigo Testamento [A Survey of Old Testament Introduction], 1974, pág. 15).
Ao contrário de qualquer outro livro, a Bíblia oferece seu próprio teste para saber se ela é divinamente inspirada. E esse é o teste da profecia.
Observe o que o doutor Norman Geisler, autor ou co-autor de uns sessenta livros, declarou: “Uma das mais fortes evidências de que a Bíblia é inspirada por Deus . . . é a sua profecia preditiva. Diferente de qualquer outro livro, a Bíblia oferece uma infinidade de previsões específicas―com algumas centenas de anos de antecedência―que foram cumpridas ou que apontam para um tempo futuro definido quando se tornará realidade” (Baker Enciclopédia do Cristão Apologético [Baker Encyclopedia of Christian Apologetics], 1999, pág. 609).
Qual a dificuldade em se prever o futuro? Muitos médiuns seculares tentaram fazer justamente isso. “O Almanaque do Povo . . . fez um estudo das previsões de vinte e cinco médiuns renomados. Os resultados: Do total de setenta e duas previsões, sessenta e seis (noventa e dois por cento) foram totalmente erradas . . . Uma taxa de precisão de cerca de oito por cento pode ser facilmente explicado pelo acaso e conhecimento geral de circunstâncias” (ibidem, pág. 615).
Embora o cumprimento de muitas profecias da Bíblia ainda se encontre no futuro, muitas já foram cumpridas, como podemos ver demonstrado no registro histórico. Se pudermos confirmar a profecia cumprida―especialmente nos mínimos detalhes―esta prova seria difícil de ignorar.
Tal como acontece com as evidências históricas registradas por muitos autores bíblicos, Deus através da profecia nos dá ampla oportunidade para refutar a Bíblia, caso seja provada inverídica. Isaías, Daniel e outros registraram muitos pronunciamentos, alguns detalhadamente, e Deus nos convida para verificar Seu registro através deles.
Falando por meio de Isaías, Deus desafia os céticos a submetê-Lo à prova: “Eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme . . . ” (Isaías 46:9-10).
O desafio de Deus para os céticos
Os antigos israelitas frequentemente recorriam a falsos profetas e oráculos vazios para obter uma visão especial sobre o futuro. Sua confiança nessas fontes se assomaram à vã idolatria.
O próprio Deus diz que a profecia é uma prova do verdadeiro Deus: “Tragam os seus ídolos para nos dizerem o que vai acontecer. Que eles nos contem como eram as coisas anteriores, para que as consideremos e saibamos o seu resultado final; ou que nos declarem as coisas vindouras, revelem-nos o futuro, para que saibamos que eles são deuses” (Isaías 41:22-23, NVI).
As mentes mais brilhantes estão perplexas com o que está acontecendo no mundo, e como resolver problemas que têm desafiado gerações. Deus, porém, conhece as soluções, e deixou registrado para nós exatamente como esses problemas intratáveis serão resolvidos. Ele sabe como vai acabar a experiência humana.
Deus registrou profecias e o seu cumprimento na Bíblia como prova da inspiração e confiabilidade das Escrituras. Se Ele pode predizer eventos com séculos de antecedência e depois garantir que eles aconteçam, temos provas irrefutáveis de sua existência e de que a Bíblia é de fato a Sua Palavra inspirada para nós. Se Deus pode fazer acontecer algumas de suas profecias, torna-se óbvio que Ele tem o poder para garantir que todas as profecias registradas na Bíblia se cumprirão.
Vamos considerar que é muito difícil se prever o futuro. Algum prognosticador humano previu o rápido colapso da União Soviética? Algum vidente teve uma premonição de que o Muro de Berlim cairia tão de repente? Estes acontecimentos dramáticos pegaram o mundo de surpresa.
Por outro lado, durante a Guerra do Golfo Pérsico de 1991, alguns autoproclamados profetas previram que esse acontecimento era o Armagedom em formação. O Armagedom profetizado ocorrerá, mas aquilo não era ele. Os aspectos específicos do verdadeiro Armagedom, como revelado na Bíblia, estavam faltando na Guerra do Golfo Pérsico. Aqueles que tinham uma sólida compreensão da profecia bíblica entendiam que essa crise não incluíam todos os fatores necessários para a crise final que encerrará essa era.
Uma crise gravíssima ocorrerá. Exatamente como ela vai se desenvolver não pode ser predita em detalhes pelo homem. A história está cheia de eventos que chacoalharam o mundo e que deixaram surpresos os mais experimentados estadistas. Milhões de pessoas ficarão confusas quando finalmente o palco do verdadeiro Armagedom estiver pronto.
O potencial para mudanças dramáticas nos eventos mundiais aumenta à medida que a revolução tecnológica do mundo continua avançando. Os eventos surpreenderão a humanidade como nunca antes. Grande parte do mundo enfrenta o futuro com medo e apreensão―justamente por isso, e principalmente pelo aumento das guerras, do terrorismo, da iniquidade e da imoralidade. Ninguém sabe sobre todas as voltas e as reviravoltas que tomarão lugar nos próximos anos.
O quanto podemos saber?
Quanto um cristão realmente consegue saber sobre o futuro? Algumas pessoas fizeram previsões imprudentes no passado, especialmente durante crises e situações tensas. O livro de Daniel profetizou eventos que se cumpriram há muitos séculos, bem como alguns que ainda precisam ser cumpridos. Deus instruiu a Daniel: “Fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (Daniel 12:4). Este versículo indica que certas profecias importantes somente serão compreensíveis quando o fim se aproximar.
A Palavra de Deus nos diz que um grande número de profecias encontrará sua plena realização com o retorno de Jesus Cristo à terra, a ressurreição dos mortos e o estabelecimento de um reino de paz de mil anos (veja 1 Tessalonicenses 4:16 - 17, Apocalipse 5:10). Os principais acontecimentos que antecederão aquele momento serão entendidos pelo povo de Deus pouco antes e durante a sua realização (Daniel 12:9-10; Amós 3:7).
A compreensão de alguns grandes eventos proféticos é crucial para nos guiar para a compreensão de onde estamos cronologicamente no plano de Deus. A Bíblia é o único guia confiável nesses assuntos. Ela previu muito da história que conhecemos. Da mesma forma, ela pode nos ajudar a entender o que ainda vai acontecer (não se esqueça de baixar ou solicitar os livros gratuitos Estamos vivendo no tempo do fim? E você pode entender a Profecia Bíblica).
O propósito deste capítulo é abordar algumas profecias que já foram cumpridas. Isso pode nos ajudar a ver mais claramente como a Bíblia é realmente a Palavra de Deus, uma fonte confiável que pode nos auxiliar a compreender as questões críticas para o nosso futuro. A profecia bíblica foi justamente chamada de “história escrita com antecedência”, como veremos.
Principais profecias
As profecias de Daniel fornecem chaves importantes para estabelecer a precisão da profecia bíblica. Muitas de suas profecias são tão detalhadas e específicas que, se devidamente analisadas, mesmo para as mentes mais tendenciosas será uma perda tentar refutá-las.
Na verdade, alguns céticos não contestaram o conteúdo de exatidão profética de Daniel. Em vez disso, ao invés de admitir que suas palavras são de fato inspiradas, eles simplesmente rotularam seu livro como fraude. Eles alegam que não foi escrito por Daniel no século VI a.C., por causa dos eventos escritos no livro, mas por um autor desconhecido por volta dos anos 100 a.C., muito depois de vários eventos profetizados no livro terem acontecido. Essa, alegam os críticos, é a razão da exatidão surpreendente desse livro profético.
Talvez o incidente mais conhecido no livro de Daniel seja o que mostra o próprio Daniel na cova dos leões (capítulo 6). O depoimento de Daniel desafia os críticos. Mas primeiro vamos considerar a natureza da abordagem dos críticos. Eles contestam a autoria de Daniel, porque ele se refere a si mesmo nos primeiros capítulos na terceira pessoa, como se escrevesse sobre alguém. No entanto, O Comentário Bíblico Expositivo mostra que este “era costume entre os autores antigos de memórias históricas” (Gleason Archer Jr., 1985, vol. 7, pág. 4). Ao relatar algumas de suas experiências Daniel escreveu na primeira pessoa (Daniel 7:15; 8:15; 9:2; 10:2).
Também é significativa a identidade dos críticos de Daniel. A primeira pessoa a questionar a autenticidade da autoria de Daniel foi o erudito e historiador grego Porfírio, que viveu em 233-304 d.C. Ele foi classificado pelos historiadores como um neoplatônico, significando que ele aceitava os ensinamentos do filósofo grego Platão em vez da Bíblia. “Porfírio é bem conhecido como um inimigo veemente do Cristianismo e defensor do paganismo” (Enciclopédia Britânica[Encyclopaedia Britannica], 11ª edição, vol. 22, pág. 104, “Porfírio”).
Desde que Porfírio era um inimigo do Cristianismo, a sua objetividade é questionável. Ele não tinha base factual para sua opinião, e seu ponto de vista contradiz o testemunho de Jesus Cristo, que se referiu a Daniel como o autor do livro (Mateus 24:15).
O primeiro estudioso bíblico, Jerônimo, (340-420 d.C.) refutou a alegação de Porfírio. Depois disso, ninguém mais levou a sério os comentários de Porfírio novamente até depois de muitos séculos. “Ele era mais ou menos visto pela erudição cristã como um mero detrator pagão que tinha permitido que uma influência naturalista deturpasse seu julgamento. Mas durante o tempo do Iluminismo no século XVIII, todos os elementos sobrenaturais na Bíblia ficaram sob suspeita” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 13).
Alguns estudiosos de hoje, com tendências liberais reciclaram esses argumentos de séculos passados. O historiador do antigo Testamento Eugene Merrill diz que as crenças desses estudiosos liberais são baseadas em provas frágeis: “a retórica e a linguagem [de Daniel] são eminentemente do século VI [a.C.] . . . somente nas linhas mais subjetivas e circulares das evidências é que tem sido negada a historicidade do homem e seus escritos” (Reino de Sacerdotes [Kingdom of Priests], 1996, pág. 484).
Uma profecia fenomenal e seu cumprimento
A precisão da profecia de Daniel de eventos remotamente distantes é espetacular. Por exemplo, na profecia das “setenta semanas” registrada em Daniel 9:24-27, “Daniel prediz o ano exato do aparecimento de Cristo e o início do seu ministério no ano 27 d.C.” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 9).
Uma segunda notável profecia registrada por Daniel é a sua interpretação do sonho de Nabucodonosor no capítulo 2. No segundo ano do seu reinado, o rei da Babilônia teve um sonho perturbador que nenhum dos seus conselheiros puderam explicar. A cultura babilônica enfatiza consideravelmente os sonhos, e Nabucodonosor, estava convencido de que este era de grande importância (Daniel 2:1-3).
Seu sonho nos proporciona uma “visão do plano de Deus para as eras até o triunfo final de Cristo” e “apresenta a sucessão preordenada das potências mundiais que continuarão dominando o Oriente Médio até a vitória final do Messias, nos últimos dias” (O Comentário Bíblico Expositivo, págs. 39, 46).
Sem conhecimento prévio de seu conteúdo, Daniel explicou detalhes do sonho a Nabucodonosor: “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; essa estátua, que era grande, e cujo esplendor era excelente, estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrível. A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços, de prata; o seu ventre e as suas coxas, de cobre; as pernas, de ferro; os seus pés, em parte de ferro e em parte de barro” (Daniel 2:31-33).
Daniel disse a Nabucodonosor que seu Império Babilônico era representado pela cabeça de ouro (versículos 37-38). As partes de prata, bronze e ferro da imagem, ou estátua, representavam três impérios poderosos que se seguiriam a poderosa Babilônia (versículos 39-40).
Esta interpretação entregou uma previsão surpreendente da história. O sonho de Nabucodonosor aconteceu e foi interpretado por Daniel cerca do ano 600 a.C. A imagem representava, de forma simbólica, a sequência de grandes impérios que dominariam o Oriente Médio por séculos.
“O império de prata seria o Medo-Persa, que começou com Ciro, o Grande, ao conquistar a Babilônia em 539 a.C. . . . Este império de prata foi supremo no Oriente Próximo e Médio por cerca de dois séculos” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 47).
“O império de bronze foi o Império Greco-Macedônio estabelecido por Alexandre, o Grande . . . O reino de bronze durou cerca de duzentos e sessenta ou trezentos anos até ser suplantado pelo quarto reino” (ibidem).
“O ferro tem conotação de dureza e crueldade e descreve o Império Romano, que atingiu sua maior expansão sob o reinado de Trajano” (ibidem). Trajano reinou em 98-117 d.C., e o próprio Império Romano governou por muitos séculos.
O quarto império foi descrito como tendo dez dedos. Os dedos dos pés eram compostos em parte de ferro e em parte de barro, como o versículo 41 explica. “O versículo 41 trata de uma fase posterior, ou consequente desse quarto império, simbolizado pelos pés e os dez dedos―composto de ferro e de barro, uma base frágil para o monumento tão imenso. O texto indica claramente que esta fase final será marcada por alguma tipo de federação ao invés de um único reino poderoso” (ibidem).
Outro sonho acrescenta detalhes importantes
Aspectos adicionais dessa sucessão de impérios foram revelados a Daniel em um sonho mais tarde. Desta vez, os quatro impérios foram representados por quatro animais―um leão (Império Babilônico), um urso (Império Persa) um leopardo (Império Greco-macedônio) e um quarto animal descrito como “terrível” e diferente dos outros três (Daniel 7:1-7).
Observe que o versículo 7 diz sobre esta quarta criatura: ‘“Depois disso, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres’. O que significa essa descrição? É uma referência ao grande poder de Roma, que esmagou todos os que se opuseram a ela. Assim, o poder superior do colosso de Roma . . . é enfatizado no simbolismo desta quarta terrível besta” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 87).
O cumprimento final desta parte da profecia ainda está em nosso futuro. Como O Comentário Bíblico Expositivo explica, esta besta acabará por manifestar-se no “fim dos tempos como um Império Romano restaurado” (ibidem, pág. 25).
Isto coincide com Daniel 2:44, obviamente indicando que a segunda vinda de Cristo ocorrerá em um tempo durante o qual vestígios do quarto animal, ou reino, ainda existam: “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído . . . esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre”.
A maior parte destes eventos proféticos, como detalhado pelos dois sonhos, já foi cumprida. Sua conclusão detalhada confirma a inspiração divina da Bíblia. As chances de qualquer pessoa prever isso por conta própria desafia a credibilidade. Como Daniel disse: “Mas há um Deus nos céus, o qual revela os segredos; ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser no fim dos dias” (Daniel 2:28).
Quanto a isso, a atual União Europeia chama especialmente nossa atenção. Quando ela começou com o Tratado de Roma em 1957, poucos imaginavam o grande poder econômico e político que iria exercer hoje. Ainda menos pessoas percebem que o impulso para uma integração política europeia é direcionado―para o profetizado Império Romano revivido dos últimos dias.
A profecia mais detalhada da Bíblia
Daniel 11 registra outra profecia fenomenal. A definição cronológica é dada em Daniel 10:1 como o “terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia” (536-535 a.C.). Um “homem”, sem dúvida, um anjo (Daniel 9:21), chegou a dizer Daniel o que aconteceria no “derradeiros dias” (Daniel 10:14).
A profecia que se segue é a mais detalhada de toda a Bíblia. Dada há mais de quinhentos anos antes do nascimento de Cristo, essa profecia abrange os eventos a partir desse momento até o futuro retorno de Cristo. Os estágios iniciais da profecia confirmam a Bíblia, porque eles já foram cumpridos, como pode ser verificado por um estudo dos impérios persa e grego. Ninguém poderia prever detalhes históricos tão precisos.
Alguns elementos do que se segue são intrincados, exigindo muita atenção. Mas uma comparação das palavras proféticas com o registro histórico torna-os claros.
Os primeiros trinta e cinco versículos de Daniel 11 dão conta, escrita com anos de antecedência, da intriga entre duas entidades políticas―o “rei do sul” e o “rei do norte”. Na história secular, o rei do sul é geralmente uma referência a Ptolomeu. A dinastia de Ptolomeu governou de Alexandria, no Egito. O rei do norte governou a partir de Antioquia, na Síria sob o comando de Seleuco, ou Antíoco.
Com isto em mente, vamos examinar alguns detalhes dessa profecia. Você pode encontrar mais informações sobre o cumprimento histórico de grande parte dessa profecia em obras didáticas como O Comentário Bíblico Expositivo, que citamos abaixo, ou outras obras de referência confiável.
Ao invés de ler todas nossas citações das passagens bíblicas, recomendamos que você leia em sua Bíblia os versículos citados abaixo, e lembre-se que esses detalhes foram preditos muito antes de sua ocorrência.
Daniel 11:2: O “três reis” são: Cambises, o filho mais velho de Ciro; pseudo-Smerdis, um impostor que se fazia passar por filho mais novo de Ciro, que tinha sido morto secretamente, e Dario, o persa. “O rei persa que invadiu a Grécia foi . . . Xerxes, que reinou em 485-464 a.C.” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 128).
Versículos 3-4: “O versículo 3 nos introduz . . . à ascensão de Alexandre, o Grande” (ibidem). A linguagem no versículo 4 “sugere claramente que este poderoso conquistador teria um reinado relativamente breve . . . Em sete ou oito anos, ele realizou a conquista militar mais esplêndida da história da humanidade. Mas ele só viveu mais quatro anos, e. . . . morreu de febre em 323 a.C.” (ibidem).
O reino de Alexandre foi dividido “em quatro impérios menores e mais fracos” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 129). O filho infante de Alexandre tinha sido assassinado em 310 a.C. e um irmão ilegítimo em 317 a.C. “Assim, não havia descendentes ou parentes de sangue para suceder Alexandre” (ibidem). Assim, seu reino não foi dividido entre a sua posteridade (versículo 4).
Os generais de Alexandre batalharam entre si pelo controle de seu império. Os conflitos pelo domínio eliminou a todos, menos quatro deles, que se tornaram chefes das quatro divisões do império. Esta divisão também foi prevista na quarta cabeça, o leopardo, de Daniel 7 e a quebra do grande chifre de um bode em quatro chifres separados em Daniel 8. Os quatro sucessores foram Cassandro, reinando na Grécia e no Ocidente, Lisímaco na Trácia e Ásia Menor, Ptolomeu no Egito, e Seleuco, na Síria. Destes quatro, dois―Ptolomeu e Seleuco―expandiram o seu domínio e território. Estes foram reis do Egito e da Síria, respectivamente.
As maquinações que se seguem dizem respeito a estes dois. Eles são referidos como o rei do sul (Ptolomeu) e o rei do norte (Seleuco) por causa de sua localização em relação a Jerusalém.
Versículo 5: “O rei do sul seria Ptolomeu I” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 130). A expressão bíblica “um de seus príncipes” refere-se a Seleuco. Originariamente, ele tinha servido sob o comando de Ptolomeu. Na intriga, após a morte de Alexandre, Seleuco finalmente tomou o controle da Síria e tornou-se rei do norte. No final das contas, Seleuco exerceu mais poder do que Ptolomeu, pois controlava a maior parte do que tinha sido o império de Alexandre. A dinastia da linhagem selêucida continuaria até 64 a.C.
Um conflito após o outro
Versículo 6: Houve um estado de tensão e hostilidade entre o rei do Sul e o rei do Norte. Ptolomeu I morreu em 283 a.C. Em 252 a.C. as duas potências tentaram um tratado no qual Berenice, filha de Ptolomeu II, se casaria com Antíoco II, o rei do Norte. Então, Laodice, a primeira esposa de Antíoco II, foi repudiada. Em 246 a.C.Antíoco II foi envenenado―acredita-se ter sido obra da manipulação de Laodice. Ela alegou que Antíoco em seu leito de morte nomeou seu filho herdeiro. Assim, Berenice pediu a ajuda do Egito para assegurar o trono para seu jovem filho, mas Laodice mandou assassiná-los.
A profecia que diz que “ela [Berenice] será entregue” refere-se ao golpe que Laodice maquinaria para conseguir a execução de Berenice. “E os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos” se refere à morte de outros em torno de Berenice. Berenice, Ptolomeu II, seu pai, e seu marido Antíoco II foram todos removidos do poder e executados em 246 a.C. Alguns nobres que tinham apoiado Berenice como rainha também caíram.
Versículos 7-9: Seguidas retaliações. Aconteceu uma série de operações militares, o que vieram a ser conhecidas como a Guerra de Laodicéia. Ptolomeu III, filho de Ptolomeu II, tentou vingar a morte de sua irmã. Ele atacou o rei do norte, Seleuco II, filho de Laodice, e conquistou Selêucia, o porto e a fortaleza da capital síria, Antioquia. O versículo 8 descreve a retomada de Ptolomeu da “multidão das suas imagens, com os seus utensílios preciosos de prata e ouro” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 131) que haviam sido roubados do Egito por Cambises em 526 a.C.
A paz foi celebrada entre Ptolomeu III e Seleuco II em 241 a.C. Ptolomeu III morreu em 221 a.C., e Seleuco II sobreviveu por quase seis anos.
Versículos 10-12: Os filhos de Seleuco II atacaram o rei do sul depois que seu pai morreu. Um desses filhos, Seleuco III, reinou por apenas três anos. Sua atividade militar foi relativamente pequena. Ele morreu por envenenamento. Outro filho, Antíoco III (o Grande), “inundaria e passaria”. Ele avançou sobre a Terra Santa, que era controlada pelo Egito.
Ptolomeu IV, o rei do sul, retaliou (versículo 11) e derrotou o grande exército de Seleuco III na Batalha de Raphia em 217 a.C. Depois da vitória, Ptolomeu voltou-se para uma vida de corrupção durante a qual trucidou dezenas de milhares de judeus no Egito (versículo 12). Por tudo isso, ele acabou enfraquecendo seu reino.
Versículos 13-16: A frase “ao cabo de anos” refere-se a um incidente quando, quinze anos depois de sua derrota, Antíoco III veio contra Ptolomeu V, ainda um jovem rapaz. (Ptolomeu IV morreu em 204 a.C.). As províncias do Egito estavam em crise por causa da vida lamentável de Ptolomeu IV. Muitas pessoas―inclusive judeus simpatizantes ao rei do norte―se uniram com Antíoco contra o rei do sul. A rebelião acabou sendo esmagada pelo general egípcio Scopas (versículo 14).
Quando as forças de Antíoco recuaram no inverno de 201-200 a.C., Scopas recuperou uma parte do território perdido. O rei do norte respondeu com outra invasão. Ele teve uma vitória decisiva no norte de Israel, na batalha de Panium, e conquistaram a cidade de Sidom (“uma cidade fortificada”), onde Scopas se rendeu. Antíoco tomou completamente o controle da Terra Santa, a “terra gloriosa” (versículo 16).
Versículo 17: A Edição Revista e Atualizada da Bíblia diz: “[o rei do norte] resolverá vir com a força de todo o seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será para a sua vantagem”.
E, tendo derrotado Scopas, Antíoco desejou assumir o controle do próprio Egito. Ele deu a sua filha Cleópatra (não a famosa rainha de mesmo nome que veio depois) a Ptolomeu V em casamento. Ele acreditava que ela trairia os interesses do marido a seu favor, seu pai. Mas Cleópatra frustrou os planos de Antíoco ao ficar do lado de seu marido.
Versículos 18-19: Em seguida, Antíoco atacou as ilhas e cidades costeiras do sul da Ásia Menor e do mar egeu―as primeiras áreas que o Egito controlou e, em seguida, mais a oeste, em resposta aos gregos que recorreram à sua ajuda para enfrentar o avanço do controle romano na área. Ele também deu asilo ao inimigo de Roma, Aníbal de Cartago, e lhe ajudou a desembarcar na Grécia. Roma respondeu atacando Antíoco e infligindo derrota às suas forças. Os romanos privaram-no de grande parte de seu território e levou vários reféns para Roma, inclusive o filho de Antíoco. Então, Roma exigiu dele tributos pesados (versículo 18).
Antíoco retornou em desgraça à sua fortaleza, Antioquia. E sendo incapaz de pagar as taxas pesadas exigidas pelos romanos, ele tentou saquear um templo pagão na parte oriental do seu reino. Sua atitude enfureceu muitíssimo os habitantes locais que acabaram matando-o, e assim ele teve um fim inglório (versículo 19).
Versículo 20: De acordo com II Macabeus 3:7-40, outro filho de Antíoco, Seleuco IV, também foi financeiramente fustigado pelos tributos de Roma (II Macabeus é um livro apócrifo que registra esses eventos). Seleuco enviou um dos seus oficiais, Heliodoro, para recolher impostos, mesmo que tivesse que saquear o templo de Jerusalém. Heliodoro foi para a cidade santa, mas nada conseguiu. Mais tarde, Seleuco foi envenenado por Heliodoro e sendo assim morto―“e isto sem ira nem batalha”.
Antíoco Epifânio
Daniel 11:21-35: Estes versículos falam do infame Antíoco IV (Epifânio), o irmão de Seleuco IV, que já havia sido refém de Roma. Ele era um “opressor tirânico que fez de tudo para destruir totalmente a religião judaica” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 136).
Antíoco aprovou leis que proibiam a prática da religião judaica, sob pena de morte. Ele era um homem de incrível crueldade. Em suas ordens “um escriba idoso, Eleazar, foi açoitado até a morte porque se recusou a comer carne de porco. Uma mãe e seus sete filhos foram sequencialmente assassinados, na presença do governador, por se recusar a prestar homenagem a uma imagem. Duas mães que tinham circuncidado seus filhos recém-nascidos foram arrastadas pela cidade e arremessadas de ponta-cabeça pelo muro” (Charles Pfeiffer, Entre os Testamentos [Between the Testaments], 1974, págs. 81-82).
Versículo 31: Isto se refere aos eventos significativos de 16 de dezembro de 168 a.C., quando o insano Antíoco entrou em Jerusalém e matou oitenta mil homens, mulheres e crianças (2 Macabeus 5:11-14). Então, ele profanou o templo, oferecendo um sacrifício ao principal deus grego, Zeus. Este ultraje foi precursor de um evento semelhante que Jesus Cristo disse que ocorreria nos últimos dias (Mateus 24:15).
Versículos 32-35: Estes versículos parecem descrever, de modo franco, a determinação e a coragem indomável dos Macabeus, uma família de sacerdotes que enfrentou Antíoco e seus sucessores. A revolta dos Macabeus contra o rei da Síria foi desencadeada quando “Matatias, o sumo sacerdote da cidade de Modin . . . , depois de matar o oficial de Antíoco que veio fazer cumprir o novo decreto de adoração idólatra . . . , liderou um bando de guerrilheiros e fugiu para as montanhas...” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 141).
Matatias, em sua causa, teve a ajuda de cinco filhos, o mais notável foi Judá ou Judas, apelidado Maqqaba (aramaico para “martelo”, de onde deriva o nome Macabeus). Muitos desses patriotas morreram nesta causa, mas o seu heroísmo, por fim, expulsou as forças sírias do país.
Por outro lado, estes versículos, evidentemente, referem-se à Igreja do Novo Testamento, com suas alusões a milagres, perseguição e contínua apostasia “até ao fim do tempo” (versículo 35).
De fato, com a referência explícita ao tempo do fim, a profecia de Daniel definitivamente assume um tom diferente neste momento. Citando O Comentário Bíblico Expositivo: “Com a conclusão da perícope [do extrato] anterior no versículo 35, o material preditivo que, incontestavelmente, aplica-se aos impérios helenísticos e a disputa entre os selêucidas e os patriotas judeus se encerra.”
Versículos 36-39: Continuando a citar O Comentário Bíblico Expositivo: “Esta presente seção (versículos 36-39) contém algumas características que dificilmente se aplicam a Antíoco IV, embora a maioria dos detalhes possam ser aplicados a ele, bem como ao seu antítipo dos últimos dias, ‘a besta’”.
Estudiosos liberais e conservadores “concordam que todo o capítulo 11 até esse ponto contém previsões surpreendentemente exatas do curso completo de eventos desde o reinado de Ciro . . . ao esforço malsucedido de Antíoco Epifânio para acabar com a fé judaica” (ibidem).
Interpretação da evidência profética
Esses estudiosos [liberais e conservadores] divergem, no entanto, sobre o que isso significa. Falando dos dois pontos de vista, Archer diz que para os estudiosos conservadores “este padrão de previsão e realização [serve como] evidências convincentes da inspiração e autoridade divina das Escrituras Hebraicas, pois só Deus poderia saber de antemão o futuro e fazer com que seu plano anunciado fosse precisamente cumprido. Para os racionalistas [liberais], no entanto, que começam com a premissa de que não há um Deus pessoal . . . não há possibilidade de um cumprimento genuíno de profecia . . .
“Todas as instâncias bíblicas da profecia cumprida devem ser contabilizadas como fraudes piedosas na qual somente após a realização dos eventos é que o registro fictício de sua previsão foi elaborado . . . Isto é o que os racionalistas têm a dizer sobre todas as partes da profecia em qualquer lugar da Bíblia. Para eles, não pode haver tal coisa como a revelação divina de eventos futuros. Caso contrário, terão de abandonar a sua posição elementar e reconhecer a possibilidade do sobrenatural, como demonstrado pelo cumprimento detalhado dos eventos narrados, como aqui em Daniel, por um profeta de Deus com mais de trezentos e sessenta anos de antecedência” (O Comentário Bíblico Expositivo, pág. 143-144) .
O que isto quer dizer é que aqueles que contestam a possibilidade da existência de profecias bíblicas fazem isso porque querem negar o sobrenatural, querem negar até mesmo a existência de um Deus que é capaz de predizer os acontecimentos em seus mínimos detalhes.
Alguns ateus admitem que buscam suas próprias conclusões, porque eles simplesmente não querem que Deus diga-lhes como viver.
Por exemplo, Aldous Huxley escreveu em Fins e Meios [Ends and Means] sobre seu preconceito: “Eu tinha motivo para querer que o mundo não tivesse significado, consequentemente assumi que ele não tinha nenhum, e fui capaz, sem nenhuma dificuldade de encontrar razões para essa suposição satisfatória . . . O filósofo que não encontra significado no mundo não está preocupado exclusivamente com um problema de pura metafísica, mas também preocupa-se em provar que não há razão válida para que ele, particularmente, não deva fazer o que desejar, ou para que seus amigos não devam aproveitar o poder político e governar da maneira que achem mais vantajosa para eles”.
Ele continuou: “Para mim . . . a filosofia da falta de sentido era essencialmente um instrumento de libertação...Nós nos opusemos à moralidade porque ela interferia com a nossa liberdade sexual” (1938, págs. 270, 272-273).
É necessário ser mais claro que isso? As pessoas negam a autoridade da Bíblia porque não querem que Deus lhes diga o que fazer. Mas para aqueles que estão dispostos a ver, a verdade é clara. Somente Deus pode predizer o futuro e depois fazê-lo acontecer. A Profecia é uma prova irrefutável da existência de Deus e da origem divina da Bíblia para aqueles dispostos a estudá-la, a aceitá-la e a crer nEle.
E, em Isaías 45:21-22 (NVI), Ele nos desafia a fazer exatamente isso: “Quem há muito predisse isto, quem o declarou desde o passado distante? Não fui eu, o Senhor? E não há outro Deus além de mim, um Deus justo e salvador; não há outro além de mim. Voltem-se para mim e sejam salvos, todos vocês, confins da terra; pois eu sou Deus, e não há nenhum outro”.