O Preconceito da Humanidade Contra o Sobrenatural
Prometeu foi uma figura mítica grega que reclamou e desafiou os deuses ao roubar fogo de Zeus, o deus principal, para o dar à humanidade. Johnson define o “espírito de Prometeu” como o de homens e mulheres que acreditam “poder dispensar Deus”. É um espírito de orgulho, de confiança na sabedoria e conhecimento humano e de resistência rebelde às coisas sobrenaturais, inclusive a Bíblia.
Durante séculos o mundo ocidental aceitou a Bíblia como a Palavra inspirada de Deus. Ela mantinha-se inquestionável como o fundamento de todo conhecimento, incluindo as ciências. No entanto, os avanços científicos e a expansão da educação levou ao questionamento generalizado da autoridade religiosa e ao ceticismo da própria Escritura.
O historiador James Hitchcock descreveu essa mudança paulatina, mas consistente: “Desde o início das universidades europeias no século XII, a teologia tinha sido a “rainha das ciências”, e a religião era vista como o centro da realidade. Agora [no século XVII], pensadores como Descartes [1596-1650] “não sujeitos” à religião por colocá-la de lado . . . A religião não era atacada abertamente, mas em sua maior parte, ela foi desacreditada. Ela apenas deixou de ser importante . . .”.
“[Mas] se o século XVII continuou a tratar com respeito o
Cristianismo, o século XVIII começou um ataque frontal contra ele. Os filósofos . . . foram auto-proclamados apóstolos de um “Iluminismo”. Este termo implica a pré-existência de trevas, basicamente o resultado do Cristianismo, que foi comparado com a superstição e a ignorância. Em seu mundo mental não havia lugar para o mistério ou o sobrenatural . . . Não havia providência divina ou milagres—Deus não “interfere” em sua criação. Nem Se revela ao Seu povo nas Escrituras ou por meio da igreja” (O Que é o Humanismo Secular? [What Is Secular Humanism?], 1982, págs. 36-37).
O crescimento de tal perspectiva é ressoada por Johnson, que escreveu que essa atitude estava “aumentando com uma velocidade dramática ao longo dos últimos duzentos e cinquenta anos” (pág. 18). O ceticismo em relação a Bíblia como a Palavra inspirada de Deus acelerou-se no século XIX, e os críticos em universidades praticamente fizeram fila para questionar e criticar a Bíblia por razões filosóficas, teológicas, históricas e textuais.
Esse tipo de pensamento influencia fortemente o ensino superior―inclusive muitos seminários que formam teólogos e pastores―até hoje em dia. E os críticos não só questionam a Bíblia como também, geralmente, se recusam a ouvir seus defensores e até chegam a rejeitar a sólida evidência científica que apóia as Escrituras. O efeito concreto é que muitos professam a crença em Deus, mas realmente não O conhecem, e em muitos casos têm dúvidas fundamentais sobre a Sua Palavra. Devido a essa dúvida, reconhecida ou não, grande parte do mundo supostamente cristão ignora largamente até mesmo o conhecimento básico da Bíblia.
Muitas pessoas abordam a Bíblia, consciente ou inconscientemente, com uma dúvida engastada sobre sua veracidade. Se realmente queremos saber a verdade, devemos pelo menos, temporariamente, deixar de lado tal ceticismo e examinar a Bíblia com uma mente aberta. Podemos nos perguntar quantos descrentes em Deus permaneceriam descrentes se lessem e estudassem as Escrituras e se examinassem as evidências que provam sua exatidão e autenticidade.