Um Povo Espiritualmente Transformado
Poucos percebem que a Palavra de Deus revela que Satanás, o diabo, tem enganado e cegado a maior parte do mundo. Somente através do chamado de Deus é que a cegueira pode ser curada. Como podemos ser ajudados a entender quem é verdadeiramente parte da Igreja?
Imediatamente após a Igreja começar, Pedro curou um mendigo conhecido que era coxo desde o nascimento (Atos 3:1-10). Este extraordinário acontecimento chamou a atenção de todos na área do templo. Imediatamente “todo o povo correu atônito para junto deles . . .” (versículo 11). Então, Pedro aconselhou a multidão atônita: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (Atos 3:19).
Paulo, em outra ocasião, escreveu aos cristãos convertidos em Roma: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Romanos 12:2).
O que significa estas ordens―arrepender-se, converter-se e transformar-se―para qualquer um que deseja ser parte da Igreja de Deus?
A palavra traduzida como arrepender-se, no grego metanoeo, significa literalmente “perceber mais tarde” (O Dicionário Expositivo Completo de Vine das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, de 1985, “Arrependei-vos”). Ela transmite o conceito de que é preciso reconhecer e admitir seus pecados, reconhecendo a necessidade de mudar a sua mente, coração e comportamento.
A palavra converter-se é traduzida do grego epistrepho, que significa “dar uma volta completa” ou “virar-se para” (ibidem, “Converter, Conversão”). Ela indica que, além de reconhecer e admitir o pecado, também se deve tomar as medidas necessárias para se afastar do pecado, voltando-se em direção a Deus. Isto requer fazer o que é certo, não apenas reconhecer o que está errado.
A palavra transformar-se é traduzida do grego metamorphoo. Ela implica uma grande e total mudança―uma transformação comparável à metamorfose da lagarta em borboleta.
Todos esses três conceitos esclarecem a profunda mudança que Deus espera dos cristãos―uma transformação espiritual que comumente chamamos de conversão. Mas ninguém pode ter uma transformação notável por si mesmo e por sua pópria vontade.
As palavras acima descrevem uma mudança milagrosa no pensamento e comportamento das pessoas que recebem o Espírito de Deus. Somente aquelas que são convertidas―espiritualmente transformadas pelo poder do Espírito Santo―são cristãs (Romanos 8:9).
Por que essa transformação espiritual é tão importante?
Nossa necessidade de discernimento espiritual
Paulo disse: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2:5). Deus quer que todo o Seu povo pense como Ele e Jesus Cristo pensam. Somente se pensarmos como Cristo é que vamos aprender a nos comportar como Ele se comporta. Entender como Cristo e o Pai pensam exige a transformação de nossas mentes.
As pessoas presumem que os temas da Bíblia são fáceis de entender, que qualquer pessoa pode facilmente compreender as verdades bíblicas.
Alguns são de fácil compreensão. Mas muitos temas e princípios bíblicos também podem ser facilmente mal entendidos. Isto leva a um problema fundamental: A pessoa tende a ver o que ela quer ver.
A Bíblia foi escrita de uma maneira que faz com que seja sempre muito fácil para qualquer um fechar os olhos para o que prefere não ver e tapar os ouvidos para o que prefere não ouvir. Como resultado, a pessoa pode facilmente desenvolver uma visão distorcida do que a Bíblia realmente diz e o que quer dizer.
As cartas de Paulo no Novo Testamento nos fornecem um excelente exemplo disso. Ao se referir aos escritos de Paulo, Pedro disse que eles “contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2 Pedro 3:16, NVI).
E isso não acontece raramente. As epístolas de Paulo, bem como outras partes da Bíblia, são comumente mal interpretadas por pessoas de todo o mundo. Elas foram incompreendidas na época de Paulo e ainda são frequentemente mal compreendidas.
Somente as pessoas com o Espírito de Deus guiando seu pensamento podem compreender a mensagem bíblica. Aquelas que não têm o Espírito de Deus falham ao tentar compreender ou simplesmente se recusam a aceitar partes das Escrituras.
Paulo compreendia muito bem essa trágica característica humana: “Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente” (1 Coríntios 2:14, NVI). As palavras de Paulo são claras: É preciso ter o Espírito de Deus para compreender as verdades espirituais.
A cegueira espiritual esconde a verdade de Deus
Geralmente, o problema não é que a Bíblia seja tão difícil de entender. Pelo contrário, aqueles que a leem encontram muita coisa que acham difícil de aceitar, então tentam interpretá-la de uma forma que seja aceitável para eles―mais próxima de suas próprias opiniões.
Qual o motivo para autoilusão?
O problema tem duas partes. Em primeiro lugar, Deus nos diz: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos . . . assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55:8-9).
Por que isso acontece? Principalmente porque os pensamentos e caminhos de Deus são baseados no amor―preocupação para com os outros (Mateus 22:36-40). Como seres humanos, no entanto, somos fundamentalmente egocêntricos; pensamos primeiro em nós mesmos.
Nossa tendência natural é de enganar a nós mesmos para que possamos atender aos nossos próprios interesses egoístas. Jeremias 17:9 aponta que o nosso “coração”―a nossa motivação e raciocínio humano básico―é enganoso “mais do que todas as coisas” e nos leva a autoengano. Precisamos reconhecer em nós mesmos esta característica comum da natureza humana e estar dispostos a mudá-la para que Deus possa nos transformar. Precisamos de uma nova maneira de pensar, um novo coração e mente.
Nosso pensamento deve ser mudado pelo Espírito de Deus para que nossos interesses sejam focados em ações voltadas para o exterior, permitindo-nos amar os outros como amamos a nós mesmos. Ao elogiar a preocupação amorosa do jovem evangelista Timóteo para com os outros, Paulo escreveu aos cristãos de Filipos: “Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado; porque todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2:20-21).
O papel de Satanás nessa cegueira
Outra razão importante é que as pessoas são confundidas e interpretam mal a Bíblia por causa da influência de Satanás: “O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo” (2 Coríntios 4:4, NVI). Isaías compara esta cegueira a um “véu que está posto sobre todas as nações” (Isaías 25:7, ARA).
Satanás engana a humanidade incitando ideias preconcebidas contra os princípios bíblicos. Até certo ponto ele tem, uma vez ou outra, conseguido enganar a todos nós (Apocalipse 12:9). A Palavra de Deus nos adverte que a influência de Satanás está tão difundida que «o mundo todo está sob o poder do Maligno” (1 João 5:19, NVI).
A combinação de engano e ideias preconcebidas contra os caminhos de Deus tem deformado o caráter espiritual da humanidade. “Não há justo, nem um sequer”, escreveu Paulo (Romanos 3:10). “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (versículo 23).
Paulo explica que todos têm andado “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Efésios 2:2-3).
Isso pode ser chocante, mas é verdade: Todos nós, inclusive você, temos sido cegados e enganados pela penetrante influência de Satanás. Todos nós precisamos arrepender, abandonar os nossos preconceitos pessoais e aceitar a autoridade da Bíblia. Temos de começar a lê-la com compreensão.
Tragicamente, alguém que está enganado não sabe que está enganado. A Bíblia descreve as ideias preconcebidas do povo contra a verdade de Deus como um endurecimento de seus corações: “Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração” (Efésios 4:18, NVI).
A compreensão deles é dificultada pela dureza de seus corações. É por isso que Jesus disse aos Seus seguidores: “A vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não lhes é dado” (Mateus 13:11). Jesus sabia que uma multidão de pessoas não podia realmente compreender o significado de Sua mensagem―e assim permanece até hoje.
Cristo revela por que as pessoas ficam com o coração endurecido. Quando confrontados com as verdades que não se enquadram em seus preconceitos, elas tapam os ouvidos e fecham os olhos. Elas endurecem seus corações optando por não compreender os assuntos que são contrários às suas próprias opiniões.
Jesus explica claramente isto: “E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviu de mau grado com seus ouvidos e fechou os olhos, para que não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e compreenda com o coração, e se converta, e eu o cure” (versículos 14-15 ).
Jesus explicou o papel enganador de Satanás ao estimular essa cegueira: “Ouvindo alguém a palavra do Reino e não a entendendo, vem o maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho” (versículo 19). Satanás age rapidamente para enganar e confundir aqueles que estão dispostos a ouvir a verdade, influenciando-os a endurecer o coração e se recusar a ouvir.
Somente Deus pode curar a cegueira espiritual
É extremamente difícil para muitas pessoas, especialmente aquelas com fortes convicções religiosas, reconhecer que podem não estar compreendendo corretamente grande parte da Bíblia.
Nossa tendência é de nos apegar ao que temos aprendido primeiro. Nós tendemos a ser preconceituosos contra qualquer coisa que tente corrigir os nossos próprios pontos de vista. Para se tornar um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo deve-se começar com o arrependimento―reconhecer que estamos errados e mudar nossas crenças e comportamento. Mas, antes de nos arrepender, Deus deve abrir as nossas mentes. Ele deve nos conceder o entendimento espiritual dos nossos preconceitos, pecados e outras fraquezas.
Jesus disse que “ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer” e “ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido” (João 6:44, 65). Precisamos da ajuda de Deus para mudar nossos corações.
Todos nós, em certa medida, tendemos a ser justos aos nossos próprios olhos. Nós, naturalmente, supomos que nossos próprios caminhos são bons e justos. Os escritores da Bíblia, no entanto, sabiam muito sobre isso. Eles nos avisam, por exemplo, que “há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte” (Provérbios 14:12 e 16:25, NVI). Somente por acreditarmos que algo seja certo não significa realmente que seja certo.
Mesmo que nossas ideias e crenças pareçam certas e boas para nós, devemos estar dispostos a reexaminá-las à luz das Escrituras. A menos que comparemos cuidadosamente as nossas crenças à luz da revelação de Deus na Bíblia, corremos o risco de permitir que suposições improváveis endureçam nossos corações e nos cegue para a verdade.
Ao comparar nossas crenças com as Escrituras, devemos ter em mente que possuímos essas tendências humanas. Nossa tendência para o autoengano, juntamente com a influência excessiva e enganosa de Satanás no mundo que nos rodeia, é uma grande barreira para compreendermos a Bíblia. É muito fácil ler as nossas crenças pessoais na Palavra de Deus e ignorar as verdades bíblicas que desafiam, e podem corrigir, as nossas próprias ideias.
A cegueira obscurece o significado
Esse era um dos muitos problemas do povo judeu do primeiro século.
Eles pensavam que compreendiam as Escrituras, pois acreditavam que estavam vivendo por elas. Na realidade, entretanto, eles foram enganados por suas próprias ideias preconcebidas. Paulo explica que “seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar . . . E até hoje, quando é lido Moisés [referindo-se à abertura dos livros da Bíblia], o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem [epistrepho, voltam para] ao Senhor, então, o véu se tirará” (2 Coríntios 3:14-16).
Paulo estava descrevendo as pessoas religiosas normais e sinceras da sua época, mas espiritualmente cegas, que ouviam regularmente a leitura das Sagradas Escrituras. Elas fechavam os olhos às passagens que apontavam para Jesus como o Messias. Por quê? Eles bloqueavam-nas em suas mentes, porque esse conhecimento era inaceitável para eles. Suas ideias preconcebidas controlavam seus pensamentos. Elas liam as Escrituras ou ouviam a leitura dos líderes da sinagoga, mas não percebiam o principal.
O exemplo deles é uma advertência para não se fazer a mesma coisa. Todo mundo precisa da ajuda de Deus para reconhecer e enfrentar os caminhos ou crenças que parecem corretas, mas contradizem a Palavra de Deus. Todos devem se voltar para Deus para receber ajuda para aceitar, compreender e aplicar as Escrituras em sua vida.
A verdadeira Igreja de Deus é composta por pessoas cujas mentes Deus tem aberto para enxergar seus próprios erros―suas más atitudes e preconceitos. Somente se estivermos dispostos a nos arrepender―se estamos inclinados a mudar os nossos pensamentos e atitudes mais íntimas, bem como nosso procedimento―poderemos nos tornar verdadeiros discípulos de Jesus Cristo.
Quando estudamos a Palavra de Deus, devemos imitar a atitude do rei Davi quando assim orou: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Salmo 139:23-24, NVI).
As nossas ideias preconcebidas geralmente são muito profundas para que consigamos arrancá-las por nós mesmos. Lembre-se, Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai” (João 6:65, NVI).
É preciso um milagre de Deus para se reconhecer corretamente algumas das nossas ideias preconcebidas profundamente enraizadas. É preciso da força de nosso Criador para estar dispostos a mudá-las. Sem a Sua ajuda, nunca poderíamos reconhecer e despertar da cegueira espiritual e ideias preconcebidas que nos separam de Deus.
Saber como Deus habilita as pessoas a superar a cegueira espiritual e virem a Cristo—como cristãos arrependidos e comprometidos—é a chave para a compreensão de como a Palavra de Deus distingue aqueles que são o povo de Deus daqueles que permanecem espiritualmente cegos.
Impotentes sem o Espírito de Deus
Deus nos adverte para não confiar em nosso próprio entendimento em assuntos espirituais (Provérbios 3:5). Apenas com nossas habilidades naturais, somos simplesmente incapazes de compreender adequadamente muitos aspectos da Palavra de Deus. Paulo explica por que não podemos confiar em nosso próprio raciocínio: “As pessoas que têm a mente controlada pela natureza humana se tornam inimigas de Deus, pois não obedecem à lei de Deus e, de fato, não podem obedecer a ela . . . vivem de acordo com a sua natureza humana [e] não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7-8, BLH). Elas não têm o poder para controlar sua natureza humana.
É por isso que tantas pessoas que leem a Bíblia não aceitarão o que ela diz. Mesmo que não reconheçam isso, elas abrigam uma hostilidade entranhada contra qualquer coisa que represente a absoluta autoridade divina sobre suas vidas.
Paulo explica que o Espírito de Deus é o único remédio para esse problema humano: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós” (versículo 9). Somente com a compreensão e o poder que Deus concede através do Seu Espírito podemos ter a força de vontade espiritual para superar o domínio da nossa natureza carnal.
Sem a ajuda do Espírito de Deus, a perspectiva espiritual de uma pessoa é distorcida pelo impulso de sua natureza carnal e pela influência que Satanás exerce na formação de suas crenças e valores. Mesmo aqueles que têm certo conhecimento e compreensão dos caminhos de Deus e tentam obedecê-Lo por sua própria força (como fizeram os próprios discípulos de Jesus Cristo antes de receberem o Espírito Santo) estão severamente limitados em sua capacidade de resistir ao impulso da carne.
Jesus teve que advertir Seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41). (Ver “Os Apóstolos: Um Estudo da Conversão”, a partir da página 25).
Até depois de sua conversão, Paulo citou a si mesmo como um exemplo para explicar como a extrema fraqueza humana controla o comportamento: “Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio . . . Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo” (Romanos 7:15, 17-18, NVI).
Mas, com a ajuda do Espírito de Deus, Paulo viu que poderia resistir com sucesso ao impulso de sua natureza (2 Timóteo 4:7-8). Como ele explicou: “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Romanos 8:2).
Paulo apontou que, “no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios” (Romanos 5:6, NIV). Sua morte tornou possível sermos perdoados de nossos pecados e receber o Espírito Santo—dando-nos o poder espiritual de Deus que precisamos para combater a fraqueza da nossa carne (Atos 1:8; 2:38; 2 Timóteo 1: 7).
A transformação espiritual
A Igreja de Deus é composta de pessoas que são espiritualmente transformadas pelo poder do Espírito de Deus. Aqui está como Paulo resume tudo: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Romanos 8:13-14).
Este poder de Deus muda drasticamente a equação humana. Seu Espírito transforma a vida de uma pessoa. Ele nos permite substituir o impulso da natureza humana e viver como Deus ordena. O Espírito de Deus é o componente mais importante na vida de um cristão.
A presença ou ausência do Espírito de Deus é o que determina se uma pessoa é um servo de Cristo—um verdadeiro cristão. “Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8:9).
Aqueles que receberam o Espírito de Deus constituem o corpo espiritual que é a Igreja fundada por Jesus: “Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito” (1 Coríntios 12:13, NVI).
O Espírito de Deus providencia um grande poder
Através do Espírito Santo, Deus Pai e Jesus Cristo fornece a energia para os verdadeiros cristãos realizarem as boas obras—produzir frutos—que se espera deles. “Seu divino poder nos deu tudo de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” (2 Pedro 1:3, NVI).
Jesus prometeu que o Espírito Santo nos guiaria “a toda a verdade” (João 16:13) para que possamos saber como servir a Deus segundo a Sua vontade. Seu Espírito faz com que seja possível para que “cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15).
Paulo diz que Deus habita em nós através do Seu Espírito: “Nele você também está sendo edificado conjuntamente, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito” (Efésios 2:22, NVI). O Espírito Santo é a presença direta e o poder de Deus operando em Seu povo. Paulo admoesta aos cristãos: “Ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele” (Filipenses 2:12-13, NVI).
O Espírito de Deus conduz à obediência
A transformação do povo de Deus através de Seu Espírito é uma transformação do coração, no mais íntimo do ser. Em vez de um coração endurecido e hostil às leis de Deus, eles ganham um espírito obediente porque Deus opera neles; Ele habita neles (1 João 3:24).
A presença da vontade de obedecer é tão importante para definir um cristão que o apóstolo João afirma categoricamente: “Aquele que diz: ‘Eu o conheço’, mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou” (1 João 2:4-6, NVI). Sem dúvida, este é um modo simples de falar.
Jesus enfatiza que aqueles que não receberam esse espírito obediente de Deus reagem aos Seus mandamentos de maneira muito diferente: “Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’. Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens” (Marcos 7:6-8, NVI).
Qualquer um que não tenha um espírito obediente ajusta os mandamentos de Deus para acomodar à sua própria natureza e raciocínio. Jesus continua: “Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira de pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecerem às suas tradições! Pois Moisés disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’ e ‘Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado’. Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é Corbã’, isto é, uma oferta dedicada a Deus, vocês o desobrigam de qualquer dever para com seu pai ou sua mãe. Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa” (versículos 9-13, NVI).
Aqueles que não têm o Espírito de Deus encontram um jeito fácil e conveniente de ignorar as instruções bíblicas que não lhes agrada. Eles inventam suas próprias tradições, mostrando uma aparência de obediência e honra a Deus enquanto se desviam da intenção de Suas instruções. Jesus disse que tal adoração é em vão—inútil e vazia (versículo 7). Essas pessoas têm olhos que não podem ver e ouvidos que não podem ouvir (Romanos 11:8).
O Espírito de Deus, porém, muda drasticamente a atitude, a visão e o espírito de Seu povo. O Seu povo passa sinceramente a desejar obedecer a Deus, e Deus dá-lhes uma atitude humilde e obediente, e os aproxima dEle e de Sua Palavra. Eles podem, com inteireza de coração e fidelidade, obedecer aos Seus mandamentos (Apocalipse 12:17). Pois, eles têm recebido dEle o poder do Espírito Santo para combater a Satanás e a própria natureza deles.
Em suma, eles são o povo especial e transformado de Deus.