Educação Moral Para os Filhos

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Educação Moral Para os Filhos

Nós vimos no capítulo anterior as duas tendências sociais: O aumento do número de divórcios e os filhos sendo colocados em creches para que os pais possam trabalhar, tornaram mais difícil para os pais criarem filhos com valores morais. Ambas as tendências tiveram um impacto significativo sobre os filhos.

Os casamentos de hoje parecem ser mais frágeis que das gerações anteriores. Menos pessoas estão se casando, e quando se casam, são mais velhas do que as gerações anteriores em seu primeiro casamento. Os casais também estão tendo menos filhos e estão se divorciando mais.

O casal das gerações anteriores com o ganha-pão tradicional, com a dona de casa e com muitos filhos foi substituído pela família pós-moderna de hoje—caracterizada por famílias monoparentais, famílias rearranjadas, pais que vivem em concubinato ou que se casaram de novo e famílias em que ambos trabalham fora de casa.

Com o desmoronamento das unidades familiares estáveis das gerações passadas, os pais solteiros têm sido forçados economicamente a colocar seus filhos em creches para que possam ter mais liberdade de ganhar a vida. O resultado é que os filhos não estão recebendo a educação que tão desesperadamente necessitam de seus pais—que são os adultos que podem ter a maior influência sobre eles. Desprovidos de instrução moral, muitas crianças criam problemas para seus pais, professores, eles mesmos e para sociedade em geral.

Apesar dessas tendências negativas, muitos pais, inclusive pais solteiros, estão buscando corrigir a moral dos filhos para que cheguem com sucesso à vida adulta. Por que estas famílias têm tido sucesso enquanto muitas outras não? O que estes pais fazem diferente dos outros? E ainda o mais importante, como você pode ser bem-sucedido ao ajudar os seus filhos nesta jornada, muitas vezes perigosa, para a vida adulta?

Um bom fundamento

Uma definição um pouco cômica de insanidade é fazer a mesma coisa diversas vezes e esperar um resultado diferente. Hoje em dia, muitos pais continuam lançando mão desse tipo de princípio para suas famílias, muitos casais continuam se divorciando e colocando seus filhos em creches, e esperam que eles e seus filhos não sofram as consequências que costumam acompanhar essas ações.

Duas coisas simples e muito eficazes que podemos fazer para criar filhos responsáveis, bem-sucedidos e éticos são: Permanecer casado com a pessoa com quem tivemos os filhos e cuidar dos nossos próprios filhos, em vez de deixar que os outros façam isso, enquanto vamos trabalhar.

Ao fazer essas duas coisas se estabelece a melhor base para a criação dos filhos, muitas famílias não têm essas vantagens. Estima-se que dos vinte milhões de crianças menores de cinco anos nos Estados Unidos, apenas metade delas tem mães que ficam em casa o tempo inteiro.

Por que ter ambos os pais biológicos é tão importante para os nossos filhos? Deus revela que Sua intenção era que maridos e esposas permanecessem casados toda a vida, e muitos estudos confirmam que os filhos de tais uniões são muito mais preparados do que aqueles que crescem em lares com um único pai.

Por exemplo, descobriu-se que os pais, pelas suas próprias ações, ensinam aos seus filhos a ser homens e como tratar as mulheres. Os pais também são muito influentes com as filhas, ajudando-as ter autoconfiança e a evitar o sexo pré-nupcial. Geralmente, as mães são melhores em ensinar aos filhos como conviver e respeitar os sentimentos dos outros.

Em contraste com as crianças que crescem com ambos os pais biológicos, “as crianças de famílias divorciadas têm setenta por cento mais probabilidades de serem expulsas ou suspensas da escola do que aquelas que vivem com os pais biológicos. E aquelas que vivem com mães que nunca se casaram têm duas vezes mais probabilidade de serem expulsas ou suspensas”.

“Além disso, há probabilidade de 45 a 95 por cento de que crianças que não vivem com ambos os pais biológicos requererem reuniões de pais e professores para tratar de desempenho ou de problemas de comportamento do que aquelas que vivem com pais casados” (Deborah Dawson, “Estrutura Familiar e a Saúde e o Bem-Estar da Criança: Dados de 1988, Enquete Nacional Sobre a Saúde da Criança, “Jornal do Casamento e da Família”, 1991, págs. 573-584). Elas também são mais propensas a adoecer, a fumar e a sofrer acidentes e lesões”.

Se você tem filhos, é solteiro e trabalha fora de casa, não desanime. Você também pode ter filhos felizes, saudáveis e éticos; certamente terá um pouco mais de trabalho e terá que ser mais astuto (algo que vamos tratar mais tarde neste capítulo). E se vocês, como casal, ambos trabalham fora, considere que um largue o trabalho para ficar em casa, ou organize os horários para que um de vocês sempre esteja em casa com os filhos.

Os perigos da pressão dos colegas

A maioria das pessoas hoje compreende a poderosa influência da pressão dos colegas. O que outras pessoas pensam e sutilmente nos coage a fazer o mesmo. E, como os adolescentes e os jovens adultos são especialmente suscetíveis às pressões dos colegas, há vários aspectos importantes sobre esta influência que os pais sábios precisam entender.

Primeiro, os pais podem ficar muito tranquilos ao saber que os “colegas não têm nenhuma influência significativa sobre a criança até a idade de sete ou oito anos, época em que as características mais básicas, como sociabilidade, introversão, perseverança e receptividade às autoridades, já foi bem estabelecida” (Evans, pág. 53). A mensagem aqui é que pais sensatos devem entender que existe uma janela crítica de oportunidade para educar os filhos antes que a pressão dos colegas comece a afetá-los.

Quando os valores morais são ensinados às crianças em uma idade precoce, elas tendem a manter esses traços de caráter para o resto de suas vidas. Embora os jovens possam ser mais facilmente influenciados sobre coisas como o linguajar, o vestuário e a música após os oito anos de idade, seus traços de caráter subjacentes, estabelecidos em seus primeiros anos, provavelmente irão permanecer. Os pais sábios ensinarão a seus filhos as leis de Deus, inclusive aquelas que explicam como conviver bem com os outros e o dever de respeitar a autoridade, durante este período crítico.

Outro princípio importante que os pais têm que entender é que eles—não a escola ou os colegas de seus filhos—podem ter a maior influência sobre seus filhos, se assim quiserem. Infelizmente, a tendência entre muitos pais é se concentrar em suas próprias necessidades, esquecendo-se das necessidades de seus filhos. No entanto, treinar e preparar a próxima geração, sem dúvida, é a tarefa mais importante que os pais podem realizar.

Ser pai ou mãe significa ser uma figura de autoridade amorosa na vida dos filhos por todo o caminho através do seu processo de amadurecimento até que eles estejam prontos para viver por conta própria. Infelizmente, alguns pais, de maneira insensata, para serem colegas ou amigos dos filhos, abandonam a disciplina e a instrução. Isso não funciona nem para os pais nem para os filhos. Há uma fase na vida para a amizade entre pais e filhos, mas isso vem muito mais tarde, depois que os filhos forem educados e já estiverem crescidos.

Seguir orientando os filhos durante seus anos de adolescência também é um fator importante para ajudá-los a resistir à pressão negativa. Segundo Evans, “a coisa mais importante que os pais podem fazer em relação à pressão de colegas—isso é verdadeiramente significativo—é manter a autoridade durante toda a infância, prover suficiente alimento, estrutura e liberdade de ação . . .”.

“Os pais de pulso firme, que ao mesmo tempo são sensíveis e exigentes, criam filhos que tendem a serem menos suscetíveis à influência perigosa dos colegas sobre eles (por exemplo, drogas e álcool) e que têm melhor desempenho na escola do que os filhos de pais que são permissivos ou autoritários [demasiado rigorosos]” (págs. 54-55). (Para obter mais detalhes sobre essa pressão dos colegas, veja “Uma Influência Forte Sobre Nossos Filhos”).

Ensinar os mandamento de Deus

Desde o início Deus instruiu os pais a ensinar a seus filhos valores religiosos. Ao falar para os antigos israelitas, Deus disse: “E estas palavras que hoje te ordeno [os Dez Mandamentos do capítulo anterior e o grande mandamento do versículo antecedente sobre amar a Deus de todo o coração, alma e força] estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te”  (Deuteronômio 6:6-7).

A instrução de Deus começa com a expectativa de que os pais vão aceitar e viver plenamente por Suas leis, o que significa a frase “estas palavras  . . . estarão no teu coração.” Eles, em primeiro lugar, devem ensiná-los pelo método do exemplo—o ensinamento mais poderoso de todos. Mas isso não é tudo. Deus não apenas disse aos pais que ensinem Seus caminhos a seus filhos como também instruiu a fazer isso com diligência. Ele disse para fazer isso constantemente, durante todo o dia, quando estejam sentados, caminhando, indo dormir ou levantando-se”.

Isso não significa apenas o ensino formal, como na sala de aula, embora tal ensino seja apropriado. Isso também implica praticar e aplicar o caminho de Deus na vida, enquanto a família realiza suas atividades diárias.

Este tipo de ensino exige muito mais do que uma sessão semanal em cultos na igreja. Isso tem que ser uma prática regular, durante toda a semana, até se tornar um estilo de vida.

Abraão, chamado amigo de Deus em Tiago 2:23, recebeu Seus elogios ao ensinar seus filhos e família sobre o caminho de vida de Deus. Em Gênesis 18:19 Deus disse sobre Abraão: “Porque eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agirem com justiça e juízo; para que o senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado”.

Abraão era consciente em obedecer a Deus, e seus descendentes—Isaque, Jacó e José—também andaram nos caminhos de Deus.

O rei Salomão entendeu que quando atingimos a maturidade, nós refletimos a educação que recebemos como filhos (Provérbios 22:6, ver também “Provérbios e Educação Correta”). Isto também inclui a formação religiosa. A história mostra claramente que quando Israel negligenciou o ensino e a obediência às leis de Deus, como foram instruídos em Deuteronômio 6, eles sofreram trágicos resultados.

Em Efésios 6:4 o apóstolo Paulo escreveu: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”. Esta afirmação é simplesmente uma continuação do mesmo princípio que Deus deu às famílias israelitas no Antigo Testamento.

Hoje também precisamos ensinar aos nossos filhos as leis de Deus. Essas leis, quando aplicadas, proveem uma bússola moral para orientar a conduta deles para o resto de suas vidas.

Considere os Dez Mandamentos que Deus revelou no Monte Sinai. Estas instruções nos ensinam amar a Deus e, com respeito, interagir e demonstrar amor aos outros. Eles contêm medidas contra o assassinato, o adultério, o roubo, a mentira e o materialismo, enquanto apoia o casamento e o respeito especial aos pais. As pessoas que vivem de acordo com estes mandamentos são pessoas éticas—o tipo de pessoas que podemos confiar e gostar de estar com elas.

Quando se ensinam devidamente aos filhos os valores morais de Deus, eles se tornam pessoas éticas. Quando vão para a escola, eles entendem que pessoas éticas vivem por um código de conduta que os impelem a agir com honradez e a demonstrar respeito pelos outros.

Então, eles saberão compartilhar seus brinquedos e seguir instruções. Eles não buscarão ser o centro das atenções. E terão professores prazer em ensinar essas crianças e elas serão geralmente muito bem-sucedidas na escola e em todos os aspectos de suas vidas. (Se você gostaria de saber mais sobre as leis de Deus, solicite ou baixe gratuitamente o nosso livro Os Dez Mandamentos no nosso site www.revistaboanova.org/literatura ou peça no endereço mais próximo de você, listados na página 84).

Como ensinar

As passagens bíblicas sobre a paternidade mostram que Deus quer que lancemos mão do amor, da paciência, da dignidade e do respeito ao lidar com nossos filhos, exatamente como Ele faz conosco. O amor é o princípio fundamental para todas as relações cristãs (Mateus 22:37-40; João 13:34-35). Paulo disse que obedecer os Dez Mandamentos significa expressar amor a Deus e amor ao nosso próximo (Romanos 13:9-10).

Assim como Deus nos dá leis porque nos ama, nós também damos “leis” —regras—aos nossos filhos porque os amamos (Hebreus 12:7). Amar nossos filhos inclui disciplinar. O estabelecimento de regras justas e as consequências de transgredi-las têm sido descritos como criar limites. O propósito desses limites é que nossos filhos aprendam o comportamento correto e se sintam seguros.

Provérbios 29:17 diz: “Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma” (NVI). O versículo 15 acrescenta que “a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe”.

Nossa atitude perante nossos filhos talvez seja a coisa mais importante a considerar na educação infantil adequada. Nossas palavras e ações mostram aos nossos filhos se nós os amamos. Você está disposto a sacrificar-se por eles? Sem a garantia de nosso amor para o filho, é improvável que nossos esforços na criação dos filhos possam produzir os resultados favoráveis que queremos—filhos éticos, maduros, responsáveis e carinhosos.

Como lidar com a frustração

Às vezes, todos os pais ficam frustrados com o comportamento de seus filhos. Quando isso acontece, é fácil para um pai ou mãe dar a impressão de que não ama seu filho. Alguns pais, por meio de reações de raiva, frustração e comentários inadequados, fazem seus filhos se sentirem inúteis ou desprezados.

Naturalmente, isto é um erro grave. Eles podem estar chateados apenas com uma característica ou atitude negativa, mas fazem o filho se sentir uma pessoa totalmente má. É essencial os pais controlarem sua raiva ao corrigir um filho e deixar claro por qual comportamento, a ação ou atitude específica ele está sendo punido.

Para transmitir ética aos filhos os pais devem explicar claramente o princípio bíblico envolvido na correção. Há uma diferença enorme entre os pais que, ao pedir que os filhos façam algo, dizem: “Porque é assim que eu disse para fazer” e aqueles que dizem: “Porque é assim que Deus diz para fazer”. Explicar aos filhos que nós fazemos isso porque Deus nos diz para fazer ajuda a que aprendam os valores morais e o respeito pela autoridade.

O apóstolo Paulo oferece essa instrução aos pais: “Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los [amorosamente] com a disciplina e os ensinamentos cristãos” (Efésios 6:4, BLH).

Em outras palavras, os pais devem ter a certeza de que seus filhos sabem, até mesmo quando estão sendo corrigidos, que são amados. Isso não quer dizer que os pais nunca devem demonstrar raiva, mas, obviamente, ela deve ser dirigida ao mau comportamento da criança. Ela deve ser sempre controlada e breve. O próprio Deus fica irritado algumas vezes, mas não perdeu a paciência e sempre teve um propósito justo para a Sua indignação e ações resultantes.

Quando os filhos sabem que estão sendo cuidados carinhosamente e que a correção é por causa do amor que seus pais têm por eles, então, isso não provocará ódio e rebeldia. Por outro lado, o fato de passar a impressão ao filho de que seu caráter e atitude são imprestáveis pode fazer com que ele se sinta rejeitado e isso pode eventualmente levar a um comportamento rebelde e a atividades perigosas.

Se um pai diz a um filho que ele não é bom, ele pode acreditar nisso e viver de acordo com esta visão. Para demonstrar amor ativo ao invés de passivo aos nossos filhos, devemos parabenizá-los e elogiá-los no seu devido tempo. Isso demonstra a nossos filhos que são amados e apreciados.

Além disso, o enaltecimento positivo pelo bom comportamento—através da aprovação e elogio por uma atitude específica—é um método muito valioso e influente de ensino. Infelizmente, muitos pais ignoram as oportunidades de realçar o bom comportamento e só falam com seus filhos quando se comportam mal.

Nunca abusar da autoridade

Pelo fato de os seres humanos terem uma tendência a abusar da autoridade, alguns concluem, erroneamente, que toda autoridade é ruim. Isso não é verdade. Deus planejou a autoridade para ser usada para o bem (Romanos 13:1-4).

Jesus ordenou a Seus discípulos a não querer “dominar” os outros na Igreja (Mateus 20:25-28). De igual modo, Colossenses 3:21 diz: “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo”.

Efésios 6:4 também diz aos pais para não usarem a autoridade para intimidar, ameaçar ou fazer com que os filhos fiquem com raiva. Deus proíbe expressamente o abuso físico e emocional das crianças. Para aqueles que, insensatamente, rejeitam a direção de Deus neste assunto, Provérbios 11:29 declara: “O que perturba a sua casa herdará o vento . . .”.

Uma abordagem inclusiva e relacional

A atitude de Jesus Cristo em relação às crianças também é instrutiva para os pais. Várias vezes o Novo Testamento registra que Jesus repreendeu os discípulos por tentarem manter as crianças afastadas dEle (Mateus 19:13-14, Marcos 10:14, Lucas 18:16). Jesus tinha uma atitude positiva para com as criancinhas e deu-lhes atenção pessoal e carinho, orando por elas e usando-as como exemplos para ensinar aos adultos. Cristo não se sentia tão importante ou se achava muito ocupado para lhes dedicar um pouco do Seu tempo. Nós, também, devemos estar dispostos a fazer o mesmo.

Em Deuteronômio 6:20-25, que descreve como as famílias da antiga Israel deviam ensinar os seus filhos, a instrução para os pais usarem os pronomes nós, nos e nosso é significativa. Por exemplo, no versículo 25 são instruídos a dizer: “E será para nós justiça, quando tivermos cuidado de fazer todos estes mandamentos perante o senhor, nosso Deus, como nos tem ordenado”. Esses pronomes indicam que os pais devem usar uma abordagem inclusiva e relacional, ao ensinar o caminho de Deus a seus filhos. Obedecer a Deus deve ser uma experiência compartilhada em família.

Num dos mais veementes apelos para influenciar o comportamento, Deus, como nosso Pai Celestial, instruíu diretamente a antiga Israel sobre Suas leis e as consequências por obedecê-las ou desobedecê-las. Assim Deus conclui o seu apelo, registrado em Deuteronômio 28 a 30: “Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente” (Deuteronômio 30:19).

Você percebeu? Deus disse enfaticamente: “Escolha a vida” para seu próprio bem. Nós, também, devemos amar e desejar veementemente que as nossas crianças adotem as normas de Deus como suas próprias. Temos de trabalhar para ajudá-los e também nos esforçar para influenciá-los a fazer essa escolha moral espontaneamente.

A importância do exemplo pessoal

O nosso próprio exemplo é fundamental para influenciar adequadamente nossos filhos. As crianças são rápidas em perceber discrepâncias entre o que os adultos lhes pedem para não fazer e o que fazem eles mesmos. Em alguns casos, essas diferenças são lógicas e podem ser facilmente defendidas. Por exemplo, os filhos não devem dirigir porque não têm a idade legal e não têm as habilidades necessárias para manejar um veículo com segurança. Porém, a história é diferente quando as crianças veem um duplo padrão em questões morais.

Paulo ressaltou este princípio para os judeus que estavam tentando influenciar os gentios (não judeus), mas eram hipócritas: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” (Romanos 2:21-24).

Os pais não devem esperar que a abordagem “Faça o que eu digo e não faça o que faço” possa dar certo. Nada é mais ineficaz do que um pai usar linguagem de baixo calão ao tentar corrigir o seu filho por usar o mesmo tipo de linguajar. Como pode um pai ensinar a ter responsabilidade se suas próprias ações são irresponsáveis, se eles trazem sofrimento desnecessário para a família?

Independentemente do que os pais dizem, a maioria dos jovens vão adotar as normas e estilo de vida de seus pais quando atingirem 25 a 35 anos de idade. Neste caso, as ações falam mais alto do que as palavras!

Tempo de qualidade

O conceito de tempo de qualidade tornou-se uma noção popular para os pais ocupados que têm pouco tempo para ficar com seus filhos. Eles aliviam a consciência, dizendo que vão compensar o tempo perdido com seus filhos passando algum tempo com eles em uma ocasião futura. Lamentavelmente, essa atitude nem sempre funciona bem, como esperam os pais. Para os filhos, passar todo o tempo com os pais é valioso e não esperam que passar um tempo juntos em certa ocasião seja de valor semelhante ou igual.

Nada substitui o tempo que passamos com os nossos filhos. Nosso tempo é nossa vida e dar um pouco dele aos nossos filhos garante a eles que são amados. Um pai que provê abundância de bens materiais aos seus filhos, mas dá pouco do seu tempo, está falhando num ponto vital. Os filhos não veem o tempo do pai no trabalho, para sustentar a família, como sendo por amor a eles. Eles pensam que isso significa que o pai não gosta de passar tempo com eles. Nosso tempo é o presente mais valioso que podemos dar aos nossos filhos.

O sociólogo Mark Warr, da Universidade do Texas, explicou que estudos recentes “levantam sérias questões sobre a ênfase no tempo de qualidade prevalecente hoje. Embora o tempo de qualidade seja certamente desejável, a quantidade de tempo que se passa com a família não é irrelevante. Não obstante, os argumentos contemporâneos, o fato é que pequenas quantidades de tempo de qualidade podem não ser suficientes para compensar os aspectos criminógenos da cultura do grupo de colegas pela qual estão frequentemente expostos os adolescentes” (A Família nos Estados Unidos, Fevereiro de 1994).

Apesar do fato de passar tempo de qualidade com os filhos ser um objetivo nobre, a maioria dos pais não entende realmente o que torna este tipo de tempo diferente. No programa sobre paternidade, de Gary e Anne Marie Ezzo, Deixe As Crianças Andarem Por Um Caminho Virtuoso, eles definem o tempo de qualidade como “uma atividade que promove a comunicação e o compartilhamento” (Guia do Líder, pág. 79).

Segundo esta definição, muitas atividades como ir ao cinema ou jogar não são tempos realmente de qualidade. Na verdade, os Ezzos “desafiam a noção contemporânea do tempo de qualidade e quantidade de tempo com a visão de que o tempo não é a melhor medida e sim a qualidade do relacionamento. Isto pode ser medido pela frequência com que os filhos vêm ao pai para pedir conselhos e orientação” (Guia do Líder, pág. 91).

O verdadeiro tempo de qualidade é aquele quando os filhos se abrem para seus pais, revelando que estão pensando e pedem os seus conselhos. Estes momentos especiais não podem ser simplesmente ordenados por demanda. Eles costumam acontecer como situações não programadas e podem vir em momentos inoportunos. Mas os pais sensatos farão tudo o que puderem para ouvir e responder aos seus filhos com muito amor e respeito, quando surgirem esses momentos especiais.

É claro, o tempo normal que se passa com os pais também pode ser valioso. O ideal é que os filhos passem tempo suficiente com seus pais para vê-los nos afazeres cotidianos na casa, bem como desfrutando de ocasiões especiais. Ao trabalhar com os pais, os jovens aprendem a trabalhar. Quando fazem uma boa ação para alguém com seus pais, eles aprendem a ajudar aos outros. Quando as crianças veem o pai dando um beijo na mãe e observam ambos os pais tratando um ao outro com respeito, eles aprendem como funciona um casamento amoroso.

Enquanto alguns adultos podem achar que essas situações não denotam um tempo de qualidade, a realidade é que isso é essencial para o desenvolvimento saudável de filhos socialmente maduros. (Para ver outras ideias sobre como os pais podem conseguir um tempo de qualidade com seus filhos, consulte “Reservando Um Tempo de Qualidade”).

O papel da disciplina

Uma parte importante do ensino é a disciplina, que envolve orientação, treinamento, desenvolvimento de caráter e correção. A correção através de palmadas ou castigos é um assunto controverso em muitas sociedades. Alguns pais acreditam nela, outros são inflexivelmente contra.

O sistema educacional é um fator importante nesse debate público. Os castigos corporais praticamente desapareceram de muitas escolas. Em alguns países, os governos proibiram-nos completamente.

A Bíblia fala sobre este assunto (Provérbios 13:24; 22:15; 23:13-14), mas não aprova o castigo abusivo, como alguns argumentam. Também essas passagens citadas não devem ser entendidas como uma implicação de que este é o único meio eficaz de disciplinar.

Um ponto importante que deve ser lembrado é que existem outras maneiras de administrar a punição. Podemos citar algumas como a correção verbal, a suspensão de privilégios, a restrição da liberdade e o aumento de tarefas extras. Às vezes esses métodos funcionam bem, e alguns podem ser mais eficazes com uma criança do que com outra. Algumas crianças são mais sensíveis e correspondem à repreensão. Outras requerem medidas mais ousadas para lhes ensinar a lição. O importante é o resultado. Um princípio divino é usar apenas a punição necessária para se atingir o resultado desejado.

A disciplina de Deus

Veja que Deus castiga os cristãos por amor a eles. Hebreus 12:5-11 adverte: “Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como a filhos: Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho.

“Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Ora, qual o filho que não é disciplinado por seu pai? Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, para assim vivermos!

“Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da Sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados” (NVI).

A passagem anterior de Hebreus cita Provérbios 3:11-12, comparando a correção de Deus a Seus filhos com a dos pais humanos, que disciplinam seus filhos por amor e preocupação por eles.

Estes versículos nos ensinam vários princípios vitais relativos à disciplina. A partir deles podemos aprender:

(1) Deus disciplina em amor.

(2) Disciplina não significa rejeição, mas faz parte do nosso amadurecimento e crescimento.

(3) Disciplina gera respeito.

(4) A disciplina produz bons frutos e justiça.

A palavra grega para “disciplina” na passagem em Hebreus inclui os conceitos de educação e instrução, orientação corretiva e punição corretiva. Educação infantil adequada envolve todos esses elementos de educação e incide sobre os benefícios em longo prazo para a criança.

Outro princípio bíblico de que os pais devem considerar ao avaliar métodos de disciplina é expresso pelo apóstolo Paulo: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação” (Romanos 13:1-2).

Sendo assim, os pais devem entender que algumas práticas disciplinares mencionadas nas Escrituras podem ser restringidas por leis locais, estaduais ou nacionais.

E quanto a ferir seus sentimentos?

Alguns pais se opõem a disciplina corretiva porque acham que ela fere os sentimentos de seus filhos. No entanto, este é o objetivo da disciplina. Hebreus 12:11 explica que há um aspecto “doloroso” na disciplina.

O psicólogo de família John Rosemond confirma este princípio, dizendo: “A disciplina não tem que machucar uma criança fisicamente, a fim de ‘deixar sua marca’, mas sempre deve ferir os sentimentos da criança, caso contrário, ela é inútil”. Continuando, ele acrescenta: “Sem essa dor, a consciência nunca se formará” (ParentingbyTheBook.com/essay_4.htm). (Para um entendimento adicional sobre crianças e disciplina, consulte  “A Disciplina Com Incentivo” e “O Valor das Consequências”).

A bênção da responsabilidade

A Bíblia nos diz que os filhos são presentes maravilhosos e verdadeiras bênçãos de Deus (Salmo 127:3). No entanto, eles precisam de orientação e instrução. Cada um precisa de atenção particular e do ensino especial que somente os pais podem dar.

A educação dos filhos, desde a indefesa infância até se tornarem adultos responsáveis e moralmente éticos talvez seja a maior responsabilidade que tenhamos nesta vida, e que pode trazer grandes recompensas. A bênção para fazê-lo é dupla. Primeiro, as crianças gozam de todos os benefícios de viverem em um lar santo e serem ensinadas nos caminhos de Deus. Em segundo lugar, nós, como pais, nos tornamos espiritualmente maduros quando lutamos contra nós mesmos e enfrentamos os desafios de criar filhos santos num mundo impiedoso.

Ser um pai sábio e amoroso é uma responsabilidade desafiadora que nos ajuda na preparação para fazer parte da família eterna de Deus. Que nós e nossos filhos possamos cumprir o destino maravilhoso que Deus tem reservado para cada um de nós!