Nossas Crianças: Presentes de Deus Neste Mundo Hostil

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Nossas Crianças

Presentes de Deus Neste Mundo Hostil

A Bíblia nos diz que as crianças são uma bênção de Deus, e a maioria dos casais as recebe alegremente em suas famílias. A reprodução humana é uma das experiências mais valiosas e memoráveis da vida. Pense em como Deus planejou acontecer este maravilhoso evento.

Unidos no casamento, marido e mulher, decidem o momento de ter um filho. Muito semelhante à maneira como Deus preparou-se para ter Sua família, que foi antes da fundação do mundo (Mateus 25:34; Efésios 1:4, 1 Pedro 1:20), o casal se prepara para chegada de seu filho através da educação e estabelece um meio de apoiar essa nova vida que querem trazer ao mundo. Eles agora estão prontos para conceber um bebê.

Com palavras carinhosas e apaixonadas os dois se abraçam num ato de amor, culminando no clímax sexual. O esperma do pai começa a fazer o seu caminho para o óvulo da mãe e uma nova vida começa. Neste momento da concepção um conjunto genético único passa a existir contendo tudo o que esta pessoa se tornará—quanto ao gênero, altura, tamanho do pé e cor dos olhos aos fatores de saúde que ele ou ela está predisposto a experimentar.

O crescimento e o desenvolvimento após a concepção são rápidos. Dentro de dezoito dias um novo coração começa a bater. Em cerca de três semanas, os olhos, a medula e o sistema digestivo estarão se formando. Depois de um mês e meio, as ondas cerebrais são perceptíveis. Cerca de dois meses depois, os dedos das mãos e pés estão começam a aparecer, e por volta da décima oitava semana o feto está se movendo e chutando.

Cerca de nove meses após a concepção a criança está pronta para nascer. O bebê se movimenta para ficar na posição de nascer e o corpo da mãe passa por mudanças para permitir que a criança saia do seu ventre. A mãe, então, entra em trabalho de parto e uma vida nova vem ao mundo.

Ao ver o resultado de todo esse amor, a preparação, as consultas com o médico, a alimentação saudável e o esforço físico despendido no processo, marido e mulher, triunfantes, irradiam felicidade com a chegada de seu filho saudável. Esta ocasião alegre também pode sinalizar o início de uma nova geração, quando os filhos se tornam pais, os pais se tornam avós e os avós tornam-se bisavós.

E com toda a atenção especial que dispensamos ao nascimento de uma criança—algo adequado e compreensível—será que entendemos o que isso significa para Deus? Através de Sua perspectiva, uma nova vida, que começou no momento da concepção, já entrou no mundo com o potencial de se tornar parte de Sua família eterna (João 1:12).

Essa criança vai precisar do treinamento e da instrução de seus pais para saber viver em harmonia com as leis de Deus de amor. Deus sabe que é melhor essa criança crescer com ambos os pais biológicos. Deus também sabe que isso vai levar tempo e esforço para que os pais cumpram essa importante responsabilidade.

Os pais darão conta do recado? Este é o propósito desta parte do livro —encorajar e ajudar para que entendam como é possível estar à altura da expectativa de Deus como pais. Neste capítulo vamos analisar também a situação da paternidade no mundo ocidental.

Vítimas inocentes

À medida que as crianças crescem, elas são muito influenciadas pelas coisas que veem e pelas condições em que vivem. Seus valores são moldados por suas experiências e pelas perspectivas de seus pais. Infelizmente, os filhos não podem escolher seus pais nem controlar onde nascem. Eles não sabem se serão ensinados sobre os valores eternos de Deus ou se lutarão para sobreviver com o que aprenderem por conta própria.

Infelizmente, o mundo de hoje é um ambiente hostil e tóxico para as crianças—até mesmo em nações onde há uma maior prosperidade econômica.

Nos Estados Unidos, em um relatório datado de 26 de outubro de 2004, o Grupo Barna descobriu que a maioria dos adultos concorda que “as crianças do país não estão sendo preparadas adequadamente para a vida”. Menos de um em cada cinco dos mais de 1.000 adultos pesquisados “acreditam que as crianças, com idade inferior a 13 anos, estão sendo ‘extremamente bem’ ou ‘muito bem’ preparadas emocionalmente, físicamente, espiritualmente, profissionalmente e intelectualmente para a vida”. O estudo informou ainda que “menos de um em cada vinte adultos acredita que os jovens dos Estados Unidos estão recebendo preparação acima da média em todas essas cinco áreas da vida”.

A perspectiva subjetiva de adultos na pesquisa acima é verificada quando as crianças entram na escola. O psicólogo Robert Evans, que também trabalhou como professor, observa em seu livro que “cada vez mais crianças chegam à escola despreparadas para aprender—não menos inteligente, mas menos prontas para ser estudantes. Os professores em todos as classes de escolas enfrentam um declínio nos fundamentos que costumavam dar como certo: Assiduidade, atenção, cortesia, dedicação, motivação, responsabilidade . . .”.

“Os alunos estão mais difíceis de ensinar e de lhes prender a atenção, eles têm pouca concentração e perseverança, a sua linguagem e comportamento estão mais provocativos” (Assuntos de Família: Como as Escolas Podem Lidar Com a Crise na Educação dos Filhos, 2004, págs. xiii-xiv).

Os professores relatam que as crianças de hoje muitas vezes chegam à escola aparentemente incapazes de seguir diretrizes, de prestar atenção enquanto alguém fala e de compartilhar brinquedos. Algumas não conseguem tolerar o fato de não ser o centro das atenções.

Muitos adultos têm percebido o quanto os adolescentes estão desrespeitosos. “Pesquisas e mais pesquisas mostram que dois terços dos estadunidenses, quando perguntado o que lhes vem à mente quando pensam sobre os adolescentes, escolhem adjetivos como rudes, irresponsáveis e selvagens; e acerca das crianças menores eles as veem como indisciplinadas e mimadas. Quarenta e um por cento queixam-se que os adolescentes têm maus hábitos de trabalho; quase noventa por cento observam que é raro os jovens tratarem as pessoas com respeito” (Evans, pág. 5).

Quando os estudantes deixam a escola, os problemas sociais que tinham lá muitas vezes se transformam em problemas para a sociedade em geral. É improvável que as sociedades possam prosperar por muito tempo em condições onde as pessoas não têm as habilidades para cooperar e trabalhar respeitosamente juntas.

O problema, claro, não está nas próprias crianças. Eles não são menos inteligentes ou menos capazes de aprender do que as crianças de uma ou duas décadas atrás. O problema reside nos pais que entregam seus filhos nas portas da escola.

Segundo Evans, a causa da atual crise na educação das crianças “está em casa com os pais, que estão passando por uma perda generalizada de confiança e competência. Suas causas mais profundas são econômicas e culturais—mudanças na maneira como atuamos e nos nossos valores nacionais que prejudicam a missão de desenvolver as famílias e as escolas” (pág. xi, ênfase adicionada).

Escolhas culturais que afetam as crianças

A imoralidade sexual e as preocupações econômicas talvez sejam os dois maiores fatores que afetam os resultados da educação infantil nas nações ocidentais. Os resultados destes dois fatores têm causado danos consideráveis às crianças.

Como vimos nos capítulos anteriores, a desobediência às instruções de Deus acerca da conduta sexual tem causado a destruição de muitos casamentos. No rastro dos casamentos destruídos estão as crianças que também sofrem emocional e economicamente.

As consequências trágicas das escolhas e decisões ruins estão sendo colhidas pelos adultos, pelas crianças e por nossas sociedades em geral. Este princípio de causa e efeito não pode ser burlado ou evitado. Como diz o provérbio, “A maldição sem causa não virá” (Provérbios 26:2). E há certamente uma razão para o sofrimento de hoje, que está relacionado a doenças sexualmente transmissíveis, aos casamentos desfeitos e as crianças que não estão sendo devidamente educadas.

Ao examinarmos minuciosamente a montanha de dados disponíveis sobre as tendências sociais, chegamos à inevitável conclusão de que transgredir as leis de Deus conduz à miséria e à infelicidade. Os casais que vivem juntos antes do casamento—provavelmente tentando ver se são “sexualmente compatíveis”—não encontram os relacionamentos seguros que procuram quando se casam.

Num relatório sobre o fenômeno de viver juntos antes do casamento, chamado coabitação, David Popenoe e Barbara Dafoe Whitehead, do Projeto Casamento Nacional, escreveram: “A coabitação não reduz a probabilidade de um eventual divórcio, na verdade, pode levar a um risco maior de divórcio. Embora esse tipo de união tenha sido mais forte uma ou duas décadas atrás e tenha diminuído nas gerações mais jovens, praticamente todas as pesquisas sobre o assunto têm determinado que as chances de um casamento precedido de coabitação terminar em divórcio são significativamente maiores do que de um casamento não precedido de coabitação” (Janeiro de 1999, www.smartmarriages.com/cohabit.html).

O fato de o concubinato enfraquecer o casamento é óbvio—não existe um firme compromisso com o relacionamento. Viver juntos banaliza o sexo e a instituição para a qual foi única e exclusivamente planejado—o casamento.

No entanto, a quantidade de pessoas coabitando é impressionante. O professor e doutor Popenoe Whitehead relata: “Estima-se que cerca de um quarto das mulheres solteiras, entre as idades de 25 e 39 anos, estão atualmente amasiadas [amancebadas] com um parceiro e cerca de metade têm se amasiado em algum momento da vida com um parceiro (os dados são normalmente dirigidos às mulheres e não aos homens). Mais da metade de todos os casamentos primários de hoje são precedidos pelo concubinato, em comparação com praticamente nenhum no início do século” (ibidem).

Mas a ignorância não traz felicidade. A ignorância acerca dessas consequências e a respeito das instruções de Deus está prejudicando a todos nós!

A importância de ambos os pais

Quando os casais dissolvem seus casamentos, muitas vezes justificando o divórcio com o entendimento de que é melhor para os filhos vê-los felizes ao invés de lutando entre si. No entanto, exceto em casos raros de abuso ou comportamento imoral, a melhor decisão normalmente é que os casais procurem resolver suas diferenças, viver de acordo com as instruções de Deus para o casamento e manter-se juntos para o bem de seus filhos.

Quando os casamentos se dissolvem, as crianças são privadas, pelo menos por um tempo significativo, de um de seus pais biológicos. E essa privação cobra um preço. Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16), e as crianças também de igual modo.

As crianças precisam muitíssimo de seus pais, porque cada um dos pais ajuda-as a compreender a masculinidade e a feminilidade. O pai serve de modelo de comportamento honrado a partir da perspectiva masculina. E a mãe faz isso pela ótica feminina. No entanto, dentro dos Estados Unidos, “mais de um quarto de todas as famílias com filhos são chefiadas por pais solteiros, predominantemente mães. Mais de 40 por cento das crianças estadunidenses atualmente não vivem com seus pais biológicos” (Evans, pág. 61).

Embora muitos tenham acreditado que os pais, como figuras paternas, não eram realmente necessários (havia a suposição de que as mães podiam criar os filhos muito bem sem um pai em casa), as pesquisas continuam mostrando que a presença dos pais paternos é crucial.

“Segundo estatísticas, a presença ativa do pai paterno é um fator importante para ajudar as meninas a evitarem o sexo e gravidez prematura e a desenvolver um senso de independência e autoafirmação . . . Um estudo longitudinal, que durou 26 anos, sobre a relação entre a paternidade na primeira infância e a capacidade das crianças de sentir simpatia e compaixão pelos outros como adultos surpreendeu os pesquisadores”.

“Eles descobriram que o fator mais importante de todos os fatores que foram pesquisados foi o envolvimento dos pais paternos nos cuidados com as crianças. Não maternos, mas paternos. Um estudo fascinante sobre jovens adultos descobriu que aqueles que estavam emocionalmente perto de seus pais paternos viviam, duma maneira geral, vidas mais felizes e mais satisfatórias, independentemente de seus sentimentos em relação a suas mães” (Evans, pág. 48).

Claro, o quinto mandamento nos ensina que devemos honrar tanto nosso pai quanto nossa mãe (Êxodo 20:12). Deus nunca pretendeu que as crianças, os pais ou os tribunais tivessem que decidir entre os dois. Um dos melhores presentes que os pais podem dar aos filhos é continuar casados um com o outro.

A família e a carreira

Hoje, em muitas nações modernas se tornou comum ambos, marido e mulher, trabalharem fora de casa. As razões para isso incluem muitas vezes a percepção da necessidade de uma renda maior e da suposição errônea de que ter uma carreira é mais importante do que criar os filhos.

Enquanto os cidadãos dos países europeus, em geral, escolhem trabalhar menos horas e passar mais tempo para com suas famílias, os estadunidenses tendem a trabalhar muito mais horas e passar muito menos tempo com a família.

Nos Estados Unidos, “cerca de 75 por cento das mães com filhos abaixo de dezoito anos agora trabalham fora e aquelas com crianças muito pequenas trabalham tanto quanto os outros pais . . . Quando as mães entram no mercado de trabalho, o tempo gasto nos primeiros cuidados com os filhos cai de uma média de doze horas por semana para menos de seis” (Evans, pág. 72).

O tempo médio que os pais que trabalham fora passam com os filhos pré-adolescentes é apenas meia hora por dia (Evans, pág. 78). “No momento em que os filhos chegam a adolescência, este tempo insuficiente diminui ainda mais; o pai e o adolescente típico não passam mais de três minutos por dia juntos” (ibidem).

É impossível para os pais educar e influenciar corretamente seus filhos se não passam tempo com eles. O tempo é um ingrediente precioso e necessário para a paternidade bem-sucedida.

O dilema da creche

Pelo fato de ambos os pais trabalharem, eles geralmente deixam seus filhos em creches e pré-escolas—lugares onde os funcionários estão entre os mais mal remunerados e menos treinados de todo o mercado de trabalho. No entanto, os pais confiam a estes estabelecimentos o cuidado de sua mais preciosa riqueza—seus filhos.

Os problemas com a maioria dessas creches são bem conhecidos. Enquanto alguns estudos demonstram que creches de boa qualidade não parece prejudicar as crianças, outros estudos encontraram uma correlação entre a quantidade de tempo que a criança passa na creche com sua futura atitude agressiva e desobediência na escola.

A saúde é outro problema para as crianças na creche. Os pais muitas vezes trazem crianças doentes para creche—assim infectando as outras—porque não podem ou não querem tirar um dia de folga. Além disso, quando as mães trabalham fora de casa, seus filhos, geralmente, são menos preparados para a escola—em outras palavras, eles estão atrasados em seu desenvolvimento.

Estudos das creches são sempre feitos assumindo que o cuidado provido é de boa qualidade. Mas nem todas são de boa qualidade. Por quê? Os salários baixos e as condições exigidas são dois grandes problemas. Quem desejaria cuidar de crianças exigentes e gritadoras, quando se pode ter qualquer outro trabalho pelo mesmo salário e menos estresse?

Essas creches com grande número de crianças simplesmente são incapazes de providenciar e manter o pessoal necessário para o desenvolvimento saudável delas.

Por que os estadunidenses adotaram essas mudanças que prejudicam as crianças? Segundo o doutor Evans, é por causa do individualismo extremo. Pensamos no “indivíduo como a unidade básica, em vez da família [como a unidade básica]” (pág. 128).

“Individualismo extremo” é a melhor maneira de descrever a perspectiva humana daquilo que Paulo escreveu sobre a perspectiva que as pessoas teriam nos últimos dias. Deste período, Paulo escreveu que “haverá homens amantes de si mesmos” (2 Timóteo 3:2). Ao invés de focar no que é melhor para nossos filhos e para a sociedade, Paulo disse que as pessoas se concentrariam em suas próprias necessidades e desejos.

“O que está faltando em muitas famílias estadunidenses é, como sinaliza o jornalista Caitlin Flanagan, ‘a única coisa que você não pode comprar: a presença de alguém que se importa profunda e principalmente com o lar e com as pessoas que nele vivem; que está disposto a gastar [tempo] pensando o que essas pessoas vão comer e que roupa vão precisar para as ocasiões’”(Evans, pág. 137).

As necessidades econômicas são comumente citadas como razão para colocar os filhos em creches. A realidade, porém, é que muitas vezes a maior parte do dinheiro ganho acaba sendo gasto com a própria creche e com alimentação fora de casa, porque ninguém tem estado em casa para preparar uma refeição.

Mesmo que às vezes haja verdadeiros ganhos financeiros, um número louvável de pais tem dispensando prioritariamente mais atenção a seus filhos e escolhe ter um padrão menor de vida econômica e um alto padrão de vida familiar. Enquanto algumas mães permanecem em casa com seus filhos para fazer isso, outras estão buscando trabalho quando o seu marido está em casa com os filhos ou fazendo um trabalho que pode ser feito de casa.

O sofrimento que tantos estão experimentando hoje é reversível. Nós e nossos filhos não precisamos ser vítimas. Ser um bom pai significa colocar as necessidades de nossos filhos à frente dos nossos próprios desejos. Se você tem filhos, por que não dar o que eles querem e precisam—um encorajamento positivo num lar onde as normas de Deus são ensinadas por ambos os pais biológicos que vivem juntos em paz?

No próximo capítulo, vamos analisar como os pais podem ensinar as verdades eternas de Deus, de modo eficaz, aos filhos.