O Jejum: Uma Ferramenta Espiritual Poderosa

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O Jejum

Uma Ferramenta Espiritual Poderosa

A única coisa que a maioria das pessoas sabe sobre o jejum é que ele pode servir para perder peso. Mas há muito mais que isso, que precisamos entender sobre o jejum.

A Bíblia tem muito a dizer sobre essa importantíssima chave espiritual, que, muitas vezes, tem sido negligenciada. Deus deseja e espera que Seus seguidores jejuem. Uma vez perguntaram a Jesus Cristo por que Seus discípulos não jejuavam como as outras pessoas religiosas. Ele respondeu com uma breve parábola, explicando que era porque Ele ainda estava junto com os Seus discípulos. Ele afirmou que quando não estivesse mais entre eles (referindo-se ao iminente Seu retorno para o céu), "então jejuarão" (Mateus 9:14-15).

Com isso Ele quis dizer que todos os Seus futuros discípulos iriam jejuar. Por quê? Porque precisamos do jejum com oração para nos ajudar a manter uma estreita relação com Deus Pai e Jesus Cristo. E há outros grandes benefícios espirituais no jejum, como veremos a seguir.

Quando Jesus falou aos discípulos sobre como jejuar, claramente Ele estava esperando que fossem jejuar (Mateus 6:16-18). Ele não disse: "se jejuardes", mas "quando jejuardes". E note que, neste capítulo, Jesus dá ênfase ao jejum tanto quanto à oração e a prática de boas obras.

O jejum é mencionado com destaque no Antigo e Novo Testamento. O registro bíblico daqueles que jejuaram inclui Moisés, Davi, Elias, Esdras, Neemias, Ester, Daniel, Ana e Jesus Cristo. O apóstolo Paulo fez "jejum, muitas vezes" (2 Coríntios 11:27).

O que é o jejum?

Em certo sentido, todos jejuam. Quando estamos dormindo, nós ficamos sem qualquer alimento ou bebida. Isso é jejum. É por isso que a primeira refeição do dia é chamada de desjejum. No entanto, quando as pessoas falam de jejum, geralmente é no sentido de um período de tempo mais longo sem comer nem beber, realizado de forma voluntária. Pode ser um dia inteiro, parte de um dia ou mais de um dia.

Um jejum para a saúde é qualquer dieta restritiva temporária que, supostamente, trará determinados benefícios à saúde. Mas estamos falando do jejum para a saúde espiritual, que envolve a abstenção de comida e bebida, enquanto empregamos esse tempo extra na oração, na meditação e no estudo da Bíblia (Êxodo 34:28; Esdras 10:6; Ester 4:16; Atos 9:9).

O ideal seria passar a maior parte do tempo de vigília, durante o jejum, orando, estudando e meditando. Se isso não for possível, pelo menos devemos fazer isso durante o tempo extra em que, normalmente, estaríamos nos alimentando.

Equívocos quanto ao jejum

Uma pessoa saudável, que não transpira muito, pode ficar sem comida e água por cerca de três dias antes de o corpo começar a se estressar. E também pode ficar sem comida por vários dias se estiver bebendo água. Por essa razão, os impressionantes quarentas dias de jejuns de Moisés, Elias e Jesus Cristo (Deuteronômio 9:9; 1 Reis 19:8; Lucas 4:2) só foram possíveis por causa da intervenção sobrenatural de Deus.

O tempo que se pode jejuar com segurança depende da saúde de cada um. Se você não tem certeza sobre suas limitações de saúde, seria aconselhável procurar um médico para saber. Então comece pulando uma refeição ou duas e depois vá aumentando gradualmente até chegar a um dia inteiro de jejum — fique atento a qualquer efeito adverso.

No entanto, não devemos considerar simples indisposições — incluindo sentir fome, sede e fraqueza — como "efeitos adversos". Para a maioria das pessoas, uma dor de cabeça é simplesmente um sintoma da abstinência do consumo regular de cafeína. Seria prudente diminuir a ingestão de bebidas com cafeína antes de começar um jejum.

Outra opção é um jejum parcial, tal como mencionado em Daniel 10:3. Aqui mostra que é seguro ingerir a quantidade de alimentos e/ou água necessários para se passar esse tempo extra na oração, no estudo da Bíblia e na meditação. Isto, também, pode ser muito proveitoso espiritualmente.

O jejum é impopular em uma cultura de autogratificação instantânea. As pessoas pensam que precisam diariamente de três refeições e lanches. Em uma cultura que vive continuamente em festa, ao que parece, não há lugar para o jejum! Sob este aspecto, o jejum é bom para desenvolver o caráter — desenvolvendo a autodisciplina, o comprometimento, a moderação e melhores hábitos alimentares.

Razões importantes para fazer jejum

O jejum é parte importante do desenvolvimento adequado e fundamentado de um relacionamento com Deus (Lucas 2:36-37; Atos 13:2).

O jejum piedoso é muito mais do que uma greve de fome usada para conseguir algum ganho político ou chamar a atenção para uma causa pessoal. O jejum é um exercício de autodisciplina sobre os nossos desejos carnais, que mantém Deus em primeiro lugar em nossos pensamentos. Ele nos liberta da escravidão de nossos apetites, enquanto nos concentramos no verdadeiro "Pão da Vida", Jesus Cristo (João 6:48-51, 63). Quando jejuamos, nós fazemos um pequeno auto-sacrifício para nos concentrar no incrível sacrifício de nosso Salvador e Seu plano para nós.

Por natureza, somos egocêntricos (egoístas), por isso devemos trabalhar para nos focarmos em Deus. Um dos objetivos importantes do jejum é aprender sobre a humildade — para entender melhor como Deus é grande e como somos fracos, pecadores e necessitados. O rei Davi entendeu isso quando escreveu: "Humilhava a minha alma com o jejum" (Salmo 35:13).

Deus se agrada de corações humildes. Ele disse em Isaías 66:2: "A este Eu estimo: ao humilde e contrito de espírito, que treme diante da Minha palavra" (NVI). Em Mateus 5:3, Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres de espírito [humildes e dependentes], porque deles é o reino dos céus".

Jesus deixou claro que se jejuamos para nos mostrar — "para que aos homens pareça que jejuam" — somos hipócritas e não teremos nenhuma recompensa de Deus (Mateus 6:16-18). Jesus não quis dizer que é sempre errado dizer a alguém que se está jejuando. Muitas vezes, há necessidade de informar a alguém que você está jejuando, por exemplo, ao seu cônjuge. Jesus estava falando necessariamente de razões e atitudes corretas.

Jesus contou uma parábola em que um fariseu orgulhoso ostentava diante de Deus: "Jejuo duas vezes por semana" (Lucas 18:9, 12). O homem imaginava que era humilde e tinha orgulho disso! O jejum com uma atitude tão vaidosa é inútil.

Deus quer que tenhamos "fome e sede de justiça" (Mateus 5:6). Quando jejuamos, nós sentimos fome e ficamos cada vez mais fracos fisicamente. Além de reforçar o fato de que Deus é Aquele que nos sustenta e supre todas as nossas necessidades, outra importante lição disso é que logo ficamos espiritualmente mais fracos quando negligenciamos o alimento da oração, do estudo da Bíblia e todos os outros recursos para sermos transformados espiritualmente em filhos e filhas de Deus.

A Bíblia tem apenas uma ordem a respeito de quando jejuar. O povo de Deus foi ordenado, em Levítico 23, a jejuar, no Dia da Expiação, por 24 horas — de um ocaso a outro (versículos 27-32). Este dia de jejum está listado aqui entre as épocas anuais de Deus ou dias de festa espirituais.

Além dos benefícios pessoais do jejum, o Dia da Expiação tem um significado profético. Para saber mais sobre o significado do jejum no Dia da Expiação, não deixe de baixar ou solicitar gratuitamente nosso guia de estudo bíblico Plano dos Dias Santos de Deus: A Promessa de Esperança Para Toda a Humanidade.

Outros propósitos do jejum

Além do propósito principal de adoração a Deus, aproximar-se dEle, negar-se, humilhar-se e crescer espiritualmente, não é errado ter propósitos secundários no jejum — orar suplicando a ajuda de Deus por algumas de nossas necessidades sérias ou de outras pessoas.

Quando Deus não lhe responder às orações acerca de alguma necessidade, procure jejuar e orar. Um exemplo foi quando os discípulos não puderam expulsar um demônio, Jesus disse-lhes que "esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum" (Mateus 17:14-21). O jejum apropriado, muitas vezes, resulta em progressos espirituais significativos. Enquanto contamos com as ferramentas espirituais da oração, do estudo da Bíblia e da meditação cotidianamente, de vez em quando pode ser necessária a poderosa ferramenta do jejum.

Pode haver muitas razões para jejuar, como um problema pessoal, um pecado difícil de superar, uma decisão importante a tomar, uma crise da Igreja, uma ameaça, a necessidade de mudar a atitude de alguém ou expressar agradecimento, entre outras coisas. Para estudar mais profundamente o assunto, use uma concordância bíblica e procure todas as passagens que contêm as palavras jejum, jejuar e jejuando. Busque saber por que as pessoas jejuavam, por que estavam orando e o que Deus fez, como resultado desse jejum.

No entanto, nunca devemos ver o jejum como uma forma de pressionar a Deus para conseguir o que queremos (Isaías 58:3). Deus quer que oremos acerca de nossos problemas, mas não que tentemos ditar as soluções. Nossa atitude deve ser como a de Jesus Cristo que, quando orava, dizia: "Todavia, não se faça a Minha vontade, mas a Tua" (Lucas 22:42).

É muito bom quando um grupo, como uma congregação da igreja ou um círculo de amigos, decide jejuar juntos a respeito de algum assunto urgente. Quando o seu país estava sendo invadido, o rei Josafá "apregoou jejum em todo o Judá" (2 Crônicas 20:1-3). Com a pregação de Jonas, "os homens de Nínive creram em Deus, e proclamaram um jejum" (Jonas 3:5).

Para suplicar a proteção de Deus, Esdras proclamou um jejum a todos os exilados, que estavam retornando a Judá (Esdras 8:21-23). Ester pediu que todos os judeus da capital persa jejuassem para que Deus os livrasse do genocídio (Ester 4:16).

Isaías 58:1-12 é uma passagem expressiva que contrasta as atitudes certas e as erradas quanto ao jejum. Nela se mostra claramente que o jejum não deve ser um mero ritual. O intuito do jejum é nos ensinar a estarmos dispostos ao sacrifício para servir aos outros. O quanto estamos dispostos a nos sacrificar e "desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos... partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?" (versículos 6-7, NVI).

A Palavra de Deus nos exorta a estarmos "firmes no Senhor" (Filipenses 4:1; 1 Tessalonicenses 3:8), que significa está agarrado firmemente na Rocha. Pelo que aprendemos na Bíblia sobre o jejum, vemos que as pessoas que jejuam e oram a Deus com sinceridade e regularidade, muito provavelmente vão manter-se "firmes no Senhor"!