A Grã-Bretanha e os Estados Unidos Herdaram a Primogenitura de José
Após cerca de cinco séculos de existência nas estepes da Eurásia após a destruição do reino do norte, os nômades descendentes de Israel, agora chamados de citas, começaram outra migração forçada.
Desta vez seus inimigos — da Ásia e do Oriente Médio — e uma dramática mudança de clima nas estepes da Eurásia começou a empurrá-los para o oeste, assim como os profetas bíblicos disseram que aconteceria (1 Reis 14:15, Isaías 49:12; Oséias 12:1). Esta grande migração para o oeste começou por volta de 200 a.C. e continuou até o século V d.C.
No entanto, durante este tempo, no primeiro século, quando o cristianismo estava em sua infância, o historiador judeu Flávio Josefo confirmou que muitos israelitas deportados ainda viviam além do rio Eufrates. Josefo escreveu que, em sua época, "as dez tribos estão além do Eufrates até agora [o primeiro século], e são uma imensa multidão difícil de contar" (Antiguidades dos Judeus, Livro XI, Capítulo V, seção 2).
O apóstolo Tiago também confirma abertamente que as tribos desaparecidas não tinham sido reunidas com as tribos de Judá e Benjamin, na Palestina. Ele dirige sua epístola "às doze tribos que andam dispersas" (Tiago 1:1).
Embora Deus tenha prometido que todas as dez tribos perdidas de Israel continuariam existindo, Ele também prometeu sacudi-las dentre as nações (Amós 9:9). Ele fez isso até trazê-las para a terra que ficava ao norte e oeste da antiga Israel, onde Ele havia prometido reassentá-las.
Era como se, inexoravelmente, uma poderosa mão invisível os conduzisse — com todas as suas tribos e clãs — através das planícies da Eurásia, das estepes citas, a noroeste da Europa, onde os celtas e outro grupo de tribos relacionadas, já estavam se estabelecendo.
Apesar de que não esteja bem compreendido como as grandes migrações da Europa que começaram no século dezesseis — quando emigrantes estabeleceram colônias na América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul — a migração anterior foi semelhante em muitos aspectos.
Apesar de muitos clãs e tribos convergirem para a Europa ao mesmo tempo, a maioria daqueles que finalmente se estabeleceram no noroeste da Europa tinham afinidades e compartilhavam uma cultura. Muitos historiadores têm reconhecido que os povos anglo-saxões são as raízes que deram origem às várias nações ocidentais modernas, inclusive a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Esta informação pode ser encontrada em muitos livros de história.
O que não é totalmente compreendido é o elo céltico-cita dos antigos israelitas. No capítulo anterior, discutimos brevemente esta conexão. Agora voltamos a nossa atenção para Deus, que começa a cumprir Suas promessas aos descendentes das tribos presumivelmente perdidas de Israel, depois de terem migrado para o noroeste da Europa e para as Ilhas Britânicas e, de lá, para os Estados Unidos e para outras colônias britânicas à volta o mundo.
As promessas de grandeza para os descendentes de José
Antes de sua morte o patriarca Jacó, por inspiração de Deus, profetizou o que aconteceria com os descendentes de seus doze filhos nos "derradeiros dias" (Gênesis 49:1), isto é, nos últimos dias. Nosso foco neste capítulo é na profecia de Jacó acerca de José.
Os descendentes atuais de José são os mais fáceis de identificar dentre todas as tribos perdidas de Israel porque as bênçãos específicas que receberam destacam-se nitidamente das de outras tribos. Deus prometeu aos descendentes de José — através de seus filhos, Efraim e Manassés — todos os benefícios das promessas da primogenitura de grandeza nacional e grandíssima prosperidade.
Reparem a profecia de Jacó acerca de José nos últimos dias: "José é como uma planta perto de uma fonte; ela dá muita fruta, e os seus galhos sobem pelo muro. Os inimigos o atacam com violência e o perseguem com os seus arcos e flechas. Porém o seu arco ficou firme, e os seus braços continuaram fortes pela força do Poderoso de Jacó, pelo nome do Pastor, a Rocha de Israel.
"O Deus do seu pai ajudará José, o Todo-Poderoso lhe dará bênçãos — bênçãos do alto céu, bênçãos de águas que ficam debaixo da terra, bênçãos de muitos animais e muitos filhos, bênçãos de cereais e de flores, bênçãos de montanhas antigas, coisas deliciosas dos montes eternos. Que todas essas bênçãos estejam sobre a cabeça de José, sobre a testa daquele que foi escolhido entre os seus irmãos" (Gênesis 49:22-26, BLH).
Os descendentes de José, disse ele, eram para ser especialmente abençoados — como uma videira frutífera com uma fonte inesgotável de água, garantindo o seu constante crescimento. Suas populações se multiplicariam rapidamente. Eles iriam se expandir para terras além de suas fronteiras originais, crescendo militarmente fortes e colhendo as mais preciosas bênçãos físicas da terra. Eles iriam produzir e prosperar. Estas eram as bênçãos da primogenitura (1 Crônicas 5:1-2) que Deus prometeu aos descendentes de José. Devido a estas bênçãos divinas, os descendentes de José se sobressairiam entre as outras tribos de Israel (Gênesis 49:22-26).
Antes de sua morte, Moisés repetiu as bênçãos especiais dirigidas aos descendentes de José. "E de José disse: Bendita do SENHOR seja a sua terra, com o que há de mais excelente nos céus, com o orvalho e com o que há no abismo, que jaz abaixo, e com as mais excelentes novidades do sol, e com as mais excelentes produções da lua, e com o mais excelente dos montes antigos, e com o mais excelente dos outeiros eternos, e com o mais excelente da terra, e com a sua plenitude, e com a benevolência daquele que habitava na sarça, a bênção venha sobre a cabeça de José e sobre o alto da cabeça do que foi separado de seus irmãos.
"Sua glória é como um touro primogênito, e seus chifres [poderio militar] como os chifres do boi selvagem; Junto com eles, deve empurrar os povos até os confins da terra, eles são os dez milhares de Efraim, e estes são os milhares de Manassés" (Deuteronômio 33:13-17).
Deus havia prometido dar pessoalmente magníficas bênçãos físicas aos descendentes de José.
Quando entendemos que os descendentes modernos de José são os povos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, vemos que ao longo dos últimos três séculos, Deus tem sido fiel às Suas promessas. Ele concedeu as bênçãos físicas de primogenitura aos filhos de José, Efraim e Manassés, aos seus descendentes modernos — o povo anglo-saxão-celtas da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Os descendentes anglo-saxões e celtas foram os principais fundadores e idealizadores da cultura britânica e norte-americana.
Deus também tem disponibilizado a eles oportunidades de brilhar como faróis espirituais dentro de um mundo confuso e sombrio. Infelizmente, como aconteceu com os antigos israelitas, apenas alguns deles estiveram dispostos a aceitar a sua responsabilidade e o chamado de Deus.
Deus atribuiu um papel aos descendentes de José
Mesmo que Deus tenha dado destaque nacional e prosperidade aos descendentes de Abraão, como havia prometido, Ele não fez isso à custa de outros povos e nações. Pelo contrário, o objetivo abrangente de Deus sempre foi o de levar todas as pessoas a um relacionamento permanente com Ele (Atos 17:30; 1 Timóteo 2:4; 2 Pedro 3:9). Somente assim eles podem receber o poder de mudar sua natureza humana e receber a bênção final da vida eterna (Atos 4:12).
Deus designou os descendentes de Abraão — por uma promessa, muito antes de existirem como povo — para serem instrumentos dEle na realização de importantes aspectos de Seu propósito. Ele tem servido deles de várias formas, mesmo que nem sempre têm percebido.
No centro do relacionamento de Deus com os antigos israelitas estava Sua aliança com eles e seus descendentes. Esse acordo definiu as regras e as responsabilidades do relacionamento entre Deus e os israelitas. Ele estabeleceu as obrigações impostas sobre Si mesmo e Suas expectativas acerca da nação que havia criado para ser o Seu povo santo e um modelo de nação para o mundo (Levítico 20:26; Deuteronômio 4:5-8; 7:6).
Deus deu as bênçãos da primogenitura prometidas aos descendentes modernos de José na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, ele tem disponibilizado aos descendentes de Israel — e na verdade ao mundo inteiro — o conhecimento do que Ele espera deles espiritualmente. Ele preservou com exatidão esse conhecimento na Bíblia, e hoje esse conhecimento está disponível para quem quiser ler — independente de ser israelita ou gentio.
Deus tornou disponível a Sua Palavra
O povo britânico e norte-americano foram os instrumentos utilizados para espalhar a Palavra de Deus para grande parte do mundo conhecido. Embora, muitas vezes, vemos a Bíblia como algo fácil de adquirir, e muitos lares no mundo têm várias cópias dela, no entanto nem sempre foi assim.
Por muitos séculos, praticamente as únicas cópias disponíveis, além das línguas originais, estavam em latim, com a Igreja Católica Romana controlando constantemente o acesso das pessoas comuns às Escrituras. "No entanto, foi na Inglaterra, depois de tanto tempo privada da Palavra vivente, onde se travou uma batalha e se ganhou o direito de o homem comum ter a Bíblia em sua própria língua" (Neil Lightfoot, Como A Bíblia Chegou Até Nós [How We Got the Bible], 1986, p. 76).
Nos anos 1500, houve várias tentativas de produzir versões da Bíblia em língua inglesa, mas somente em 1611 o rei da Inglaterra aprovou oficialmente a publicação da Bíblia, que se tornou conhecida como a Versão do rei James [em português também conhecido como rei Jaime ou Tiago]. Seus tradutores, por ordem do rei James, produziram a versão inglesa a partir de suas línguas originais, por meio de uma grande equipe de estudiosos do hebraico e do grego. Rapidamente, ela ganhou a reputação de ser a tradução mais exata da Bíblia já feita até aquela época.
Por quase quatrocentos anos, ela se manteve como a mais conhecida tradução da Bíblia do mundo de fala inglesa. Ela tem sido modelo para a tradução da Bíblia em praticamente todas as outras línguas. Nenhum outro livro afetou tanto a história do povo de língua inglesa como a Bíblia do rei James.
A Bíblia já foi traduzida em milhares de idiomas, praticamente em todas as línguas, sendo que os descendentes britânicos têm produzido e distribuído centenas de milhões de cópias em todo o mundo.
As políticas e os recursos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha têm incentivado e permitido que o verdadeiro evangelho do Reino de Deus seja proclamado em todo o mundo nos últimos anos. Eles proporcionaram o clima de liberdade religiosa, os recursos financeiros e a maioria dos trabalhadores que eram necessários para disseminar o conhecimento bíblico para todas as nações.
O papel da Bíblia na sociedade e na lei
Os princípios bíblicos acabaram se tornando a base de grande parte do direito comum. O direito comum inglês, por sua vez influenciou profundamente o direito constitucional e regional norte-americano. Desta forma, a Bíblia teve mais influência sobre os Estados Unidos e os países da Comunidade Britânica do que em qualquer outra nação nos últimos séculos.
A Bíblia constituiu o fundamento dos valores éticos e morais proferidos por estas nações. As leis das nações estabelecidas nos princípios bíblicos tornaram-se a base de grande parte de suas decisões judiciais. O Estados Unidos, em particular, tornou-se a nação mais biblicamente orientada no mundo (talvez com exceção do moderno Estado de Israel, fundado em 1948).
Através da alta disponibilidade da Bíblia, Deus deu aos povos de língua inglesa a informação essencial de que precisavam para saberem o que Ele espera deles. Além disso, muitos foram expostos à sua verdadeira identidade como filhos de José através de seus filhos, Efraim e Manassés (ver "Os defensores do Anglo-israelismo", página XX).
No entanto, Deus nunca forçou os povos britânicos e norte-americanos a aceitarem seu papel ordenado biblicamente. Tal como à antiga Israel, Deus lhes deu o direito de escolha (Deuteronômio 30:15, 19). Infelizmente, apenas uma pequena parte deles responderam sinceramente ao seu papel.
Por que tudo isso aconteceu? Qual o propósito de Deus para os últimos dias? Como Ele está juntando os elementos essenciais de Seu plano?
Vamos rever algumas das contribuições internacionais significativas da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos para o mundo moderno. Então vamos compará-las àquelas promessas feitas por Deus aos descendentes de José.
Se chegarmos ao entendimento de que o povo britânico e norte-americano receberam os benefícios e bênçãos previstos na Bíblia, então, teremos mais uma evidência para comprovar que eles são realmente os atuais descendentes de José.
Os britânicos e os norte-americanos reconhecem a mão de Deus sobre suas nações?
A expressão "Deus é inglês" refletiu o ponto de vista de muitas pessoas, dentro e fora das Ilhas Britânicas, no século dezanove. O que os levou a este surpreendente ponto de vista?
Hoje em dia, o status da Grã-Bretanha no mundo é apenas uma sombra do que era há um século. Dificilmente, você convenceria a alguma pessoa dos séculos dezanove e vinte de que Deus, milagrosamente, não estava dando prosperidade aos políticos, aos estadistas, aos diplomatas, aos exploradores, aos generais, aos almirantes, aos soldados, aos arquitetos, aos engenheiros, aos cientistas, aos inventores, aos banqueiros, aos empresários, aos comerciantes e aos empresários das Ilhas Britânicas.
Para muitos observadores, tanto dentro como fora da Grã-Bretanha, parece que o sucesso vinha para os britânicos mesmo que o buscassem ou não — mesmo que fizessem escolhas sábias ou tolas. Era como se certas bênçãos surpreendentemente tivessem caído sobre eles.
E a percepção desse sucesso inevitável inspirou John Robert Seeley, professor de história moderna em Cambridge (1834-1895) e autor de A Expansão da Inglaterra (1884), a criar a famosa piada de que a Inglaterra adquiriu seu império global "em um ataque de falta de espírito".
Certamente, todo o período dos anos 1800 fez parte do século da Grã-Bretanha. Surpreendentemente, as pessoas das pequenas ilhas britânicas encontraram-se governantes de um poderoso império. Quando o século dezanove estava terminando, o Império Britânico era "o maior império da história do mundo, compreendendo cerca de um quarto da área total da Terra, e um quarto de sua população" (James Morris, Paz Britânica: O Clímax de Um Império, 1968, p. 21).
No entanto, o império continuaria a se expandir. "Ele continuou crescendo até 1933, quando sua área atingiu 36 milhões de km2 e sua população 493 milhões de pessoas... O Império Romano, em seu apogeu, era composto talvez de 120 milhões de pessoas em uma área de 6,5 milhões de km2 ..." (ibidem, pp. 27, 42).
O território do Império Britânico, então, era cinco vezes e meia maior que o do Império Romano, com uma população quatro vezes maior. O domínio britânico se estendeu não apenas por regiões comuns, mas aliás por alguns dos melhores e mais férteis territórios do planeta.
Não é de se estranhar que as pessoas cultas da época percebessem a mão de Deus nesse processo. Para eles, parecia óbvio demais para ignorar.
Por exemplo, Lorde Rosebery, secretário de Relações Exteriores britânico (1886, 1892-1894) e primeiro-ministro (1894-1895), falou, em novembro de 1900, aos estudantes da Universidade de Glasgow sobre o Império Britânico:
"Como é maravilhoso tudo isso! Construído não por santos e anjos, mas pela obra das mãos dos homens ... e ainda não totalmente por seres humanos, pois até a maioria dos desatentos e cínicos deve enxergar em tudo isso o dedo Divino.
"Crescendo como as árvores, enquanto outros dormiam; alimentada pelos erros dos outros, bem como pelo caráter de nossos pais; chegando com uma onda de uma maré inquieta sobre extensões e ilhas e continentes, até que a nossa pequena Bretanha acordou e se viu como uma mãe adotiva de nações e a fonte de Estados imperiais. Não somos uma raça agraciada com energia e fortuna sob a direção suprema do Todo-Poderoso?"
Naqueles tempos de conhecimento bíblico, as pessoas, como lorde Rosebery, percebiam as notáveis circunstâncias do povo britânico. Deus parecia estar abençoando-os tanto quanto Ele prometeu abençoar o antigo povo de Israel. Portanto, para eles, não parecia absurdo considerar o povo britânico como escolhido de Deus. Esta percepção deles era meramente uma expressão de vaidade humana? Ou eles estavam realmente vendo a mão de Deus abençoando seu povo e nação?
Os idealizadores do Império Britânico aspiraram formar uma união pacífica e domínio bem-sucedido de mais de um quarto da população do mundo. O grande sucesso dos governantes britânicos foi o estabelecimento e a abrangência da lei e da ordem nos territórios coloniais e em todo o império da Grã-Bretanha ao redor do globo. Isso por si só trouxe inúmeras bênçãos para o povo daqueles territórios.
Essa Paz Britânica proporcionou as condições de paz em diversas regiões antes atormentadas pela guerra e hostilidades étnicas de longa data. A presença britânica também estimulou o desenvolvimento econômico territorial e introduziu em muitas áreas os avanços tecnológicos ocidentais. Os missionários britânicos se tornaram os portadores da literatura e do conhecimento bíblico para as pessoas de uma ponta a outra do globo. As bênçãos físicas e espirituais foram distribuídas livremente ao redor da Terra.
O século britânico
A Grã-Bretanha não tinha sido sempre grande. Na verdade, grande parte da expansão da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos veio depois de 1800. Apenas um par de séculos antes de se tornar uma potência mundial, o status da Inglaterra era o mesmo de todas as outras nações da Europa.
O imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V, caracterizou o lugar relativo da Inglaterra entre as nações da Europa na véspera do século dezesseis. Ele fez o seguinte comentário: "Eu falo em latim com Deus, em italiano com os músicos, em espanhol com as damas, em francês na corte, em alemão com os servos e em inglês com meus cavalos".
Como ocorreu essa reversão de riqueza e prestígio inglês ao longo de duzentos anos?
O crescimento industrial e econômico do mundo anglo-americano começou a crescer a partir da metade do século dezoito. Os historiadores de economia discutem sobre o ponto em que o processo de industrialização alcançou a massa crítica. Mas, em geral, as datas mais antigas que eles sugerem são os anos de 1750 e datas mais recentes são à volta de 1800.
A Grã-Bretanha também experimentou uma explosão populacional a partir desse mesmo período. O historiador Colin Cruz observa que "um dos mistérios inexplicáveis da história social é a explosão no tamanho da população da Grã-Bretanha entre 1750 e 1850. Por gerações a população britânica esteve estática, ou aumentava muito ligeiramente. Em seguida, no espaço de um século, quase triplicou — de 7,7 milhões em 1750 para 20,7 milhões em 1850... a Grã-Bretanha era um país dinâmico e uma das marcas de seu dinamismo foi uma explosão populacional" (A Queda do Império Britânico, 1969, p. 155).
Esta janela do tempo parece estar diretamente relacionada aos descendentes exilados de José receberam as bênçãos prometidas da primogenitura. Embora os historiadores tenham se perguntado por que a revolução industrial não começou em algum momento anterior da história, esta bênção divina pode ajudar a explicar por que os gigantescos avanços na capacidade industrial se expandiram de forma tão dramática durante este periodo.
A Bíblia revela que Deus está no controle das obras e dos eventos de acordo com Seu plano e agenda (Isaías 46:9-10). Ele disse há muito tempo que, através do patriarca Jacó, os descendentes de José iriam receber as promessas da primogenitura "nos últimos dias" [derradeiros dias] (Gênesis 49:1, 22-26).
Outros problemas, profetizados na Bíblia, distinguem nossa era moderna como os últimos dias que antecedem os eventos profetizados em Mateus 24 e no livro de Apocalipse. Eles confirmam que o cumprimento das promessas divinas a Abraão sobre os últimos dias já estão acontecendo. (Para entender melhor a profecia do tempo do fim, solicite o seu exemplar gratuito do livro "Estamos Vivendo No Tempo do Fim?" de nosso escritório mais próximo de você ou pode baixá-lo de nosso site na www.revistaboanova.org/literatura).
O ano de 1776 foi uma data marcante. Naquele ano o motor a vapor estava em uso prático e, dentro de uma década — poucos anos antes da Revolução Francesa de 1789 reduzir significativamente o desenvolvimento industrial na França — tornou-se um sucesso comercial.
Naquele mesmo ano, os colonos norte-americanos declararam sua independência. Esta separação dos Estados Unidos da Grã-Bretanha cumpriu a profecia de que Manassés e Efraim seriam povos separados — um seria uma grande nação e o outro seria "uma multidão de nações" (Gênesis 48:16, 19).
Outro grande evento ocorreu na mesma época. O professor de filosofia da Universidade Escocesa de Glasgow, Adam Smith, publicou o livro A Riqueza das Nações, que se tornou o apoio intelectual e filosófico para o desenvolvimento da Inglaterra, o qual se tornou conhecido como a economia capitalista. O sistema capitalista logo começou a se propagar por todo o mundo ocidental, e em particular à economia britânica, alcançando níveis sem precedentes.
Embora aos diplomatas e estadistas britânicos faltasse um grande projeto para a construção desse império, ele tornou-se o maior e mais benéfico império da história da humanidade. Não é de se admirar que os historiadores descrevam os anos 1800 como o século britânico.
O despertar da nação norte-americana
As guerras entre a França e a Inglaterra, que culminou com a vitória britânica sobre Napoleão em Waterloo, em 1815, teve uma influência indireta sobre o despertar dos Estados Unidos para a grandeza. A urgente necessidade de dinheiro de Napoleão para pagar os custos da guerra iminente com a Inglaterra, levou-o a vender vastos territórios americanos da França aos Estados Unidos, o que levou à Compra da Louisiana.
A aquisição do território da Louisiana em 1803 deu imediatamente o status de potência mundial à república norte-americana. O jovem país comprou 2.150.000 Km² de terras agrícolas mais férteis do mundo — o meio oeste norte-americano — por menos de três centavos do dólar por acre! Da noite para o dia o tamanho dos Estados Unidos dobrou, fortalecendo, material e estrategicamente, enormemente a nação.
Depois dessa transação de 1803 o país se expandiu em todo o continente em menos de uma geração, acrescentando enormes faixas de território com vastos recursos naturais. Em 1867, os Estados Unidos adicionaram quase 1.600.000 Km² quando compraram o Alasca da Rússia por sete milhões e duzentos mil dólares, cerca de dois centavos do dólar por acre.
Embora ninguém tenha percebido isso na época, essas grandes bênçãos inexploradas iriam permitir que os cidadãos dos Estados Unidos liderassem o mundo, em termos de riqueza per capita, no século seguinte. Embora os caluniadores tenham ridiculizado abertamente a compra do Alasca, na época, a receita de seus recursos — madeiras, minerais, petróleo e outros — hoje equivalem a dezenas de bilhões de dólares a cada ano.
Uma Comunidade de Nações
Outro cumprimento da previsão de Jacó — que Efraim se tornaria "uma multidão de nações" (Gênesis 48:19) — também ocorreu, devagar, mas logo se acelerou. E começou como o resultado da vitória da Grã-Bretanha sobre a França em 1815. Ao fim das guerras napoleônicas a Marinha Real dominava os oceanos.
A economia britânica, estimulada por este conflito, emergiu com uma supremacia econômica sem precedentes. O esforço francês para supremacia mundial — mais ou menos constante desde os tempos de Luís XIV (1643-1715) e do início do que alguns historiadores chamam a Segunda Guerra dos Cem Anos (1689-1815) — havia falhado rotundamente.
A Grã-Bretanha se viu livre e de posse do poder político, econômico e militar necessário para construir um império que logo se estenderia a todo o mundo. Quando o atual Manassés (Estados Unidos) começou a construir uma nação, que em breve se estenderia de costa a costa, então Efraim (Grã-Bretanha) se tornou herdeiro de terras à volta de todo o mundo.
Os britânicos construíram um império no qual o sol nunca se punha. Sua estrutura imperial era quase infinita em sua diversidade, composta de pessoas de praticamente todos os grupos étnicos e governado de formas tão centralizadas como o raj (governo britânico) na Índia ou pelo escritório geral da Agência Britânica no Egito ou tão independentes como o status de domínio conferido ao Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.
Do ponto de vista material, a maior parte do domínio anglo-americano durante os últimos dois séculos veio da geografia abençoada, do clima favorável e a provisão aparentemente infinita de recursos naturais acumulados durante este tempo.
Os territórios britânicos estavam concentrados nas regiões mais produtivas das zonas de clima temperado. Uma fonte de alimento abundante e confiável que permitiu suportar o crescimento constante da população do século dezoito até grande parte do século vinte. Certamente, os descendentes modernos de José foram um "ramo frutífero" (Gênesis 49:22-25; ver também Levítico 26:9; Deuteronômio 6:03; 7:13-14; 28:4-5).
Os povos britânicos e norte-americanos herdaram um tesouro de recursos naturais. Aquilo que os britânicos não tinham dentro de suas próprias ilhas, eles buscavam de seu império que abrangia o mundo. Os norte-americanos encontraram todo o necessário para alcançar sua grandeza econômica nacional — vastas extensões de solos férteis, florestas intermináveis, ouro, prata e outros metais preciosos, esperando para serem extraídos, e muitíssimo minério de ferro, carvão, petróleo e outros depósitos minerais — dentro dos limites do território continental dos Estados Unidos e, ainda, no Alasca.
Ambos os povos possuíam "o mais excelente dos montes antigos" — e "o mais excelente dos outeiros eternos" e "o mais excelente da terra, e com a sua plenitude" nos territórios que controlavam exclusivamente (Deuteronômio 8:9, 28:1, 6, 8, 13; 33:13-17).
As passagens militares e comerciais do mundo
A promessa de Deus a Abraão incluía outra providência: "A tua semente possuirá a porta dos seus inimigos" (Gênesis 22:17). Neste contexto, porta significa uma passagem estratégica, que controla o comércio ou o acesso militar à região. Exemplos de portas estratégicas são o Estreito de Gibraltar, o Canal de Suez e o Canal do Panamá.
É um fato histórico que a Grã-Bretanha e os Estados Unidos conseguiram controlar a maior parte das terras mais importantes do mundo e as passagens marítimas (ver mapa na página XX). E isto tem sido fundamental para o seu domínio econômico e militar nos séculos dezenove e vinte. Vamos analisar como os descendentes de José adquiriram as três principais passagens marítimas — mencionadas acima.
O primeiro exemplo ocorreu como resultado da Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714). O rei espanhol, Carlos II (1661-1700), não tinha filhos. A ausência de um herdeiro levou a uma polêmica sobre a sucessão ao trono espanhol. Por um momento parecia que o assunto seria resolvido pacificamente. No entanto, quando Carlos designou Philippe d'Anjou, neto do rei francês Luís XIV, como seu sucessor, ele desestabilizou o equilíbrio do poder europeu.
A decisão de Carlos confirmou os piores receios dos estadistas europeus a respeito das intenções francesas. Em Versalhes, o embaixador espanhol, ajoelhando-se diante do novo rei — agora Filipe V de Espanha — o ouviu murmurar, "Il n'y pas de Pyrenees" — os Pirineus não existem mais. Ele deu a entender que a ascensão do rei significava a união da França com a Espanha. Mas o crescente domínio da Inglaterra impediu que isso acontecesse.
Em 1701, a Inglaterra, em guerra contra a França, estava determinada a restabelecer um equilíbrio favorável de poder na Europa. A Inglaterra conseguiu frustrar a proposta francesa de dominar o continente. Na verdade, a Inglaterra emergiu do conflito como a maior marinha de guerra da Europa e com seu status de grande potência confirmado.
Como resultado dessa guerra, a Inglaterra adquiriu Terra Nova, Nova Escócia, o território da Baía de Hudson, Minorca e, a mais importante, Gibraltar, uma indispensável passagem marítima internacional. A posse de Gibraltar significava que ela controlava a entrada e a saída para o Mar Mediterrâneo. Essas aquisições faziam parte dos termos do acordo de Paz de Utrecht, de 11 de abril de 1713.
Mais de um século e meio depois, os ingleses ganharam o controle direto de outra passagem marítima essencial, no outro extremo do Mediterrâneo, o Canal de Suez. A permanência britânica em Suez durou quase três quartos de século. Esta passagem artificial de 163 quilômetros entre os mares Mediterrâneo e Vermelho tem sido uma das rotas marítimas mais utilizadas do mundo, acabando com uma viagem longa e árdua, permitindo que as embarcações navegassem da Europa à Ásia sem terem que contornar a África pelo cabo da Boa Esperança. De acordo com a profecia bíblica, Deus deu essa porta marítima ao povo britânico — os modernos descendentes de Efraim, filho de José.
A terceira importante passagem marítima adquirida pelos descendentes de José foi o Canal do Panamá. Tal como a compra do território da Louisiana, por Thomas Jefferson e a aquisição do Canal de Suez por Benjamin Disraeli (ver "Benjamin Disraeli: Mestre do Império", página XX), o presidente norte-americano Theodore Roosevelt tomou medidas ousadas para obter o [canal do] Panamá, mas de legalidade questionável. Sobre sua presunção Roosevelt disse: "Eu tomei o Istmo, comecei a construção do Canal, e, em seguida, deixei o Congresso debater — não sobre o Canal, mas sobre mim" (Roger Butterfield, O Passado dos Estados Unidos [The American Past], 1966, p. 323).
Uma bênção para outras nações
A grandiosa ascensão da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos não deixava de ser surpreendente. Diz o historiador James Morris: "Durante os... anos de reinado da rainha Vitória [1837-1901] o império tinha crescido mais de dez vezes, a partir de meras posses bens espalhadas a um quarto da massa terrestre... O império transformou a face dos continentes com suas cidades, ferrovias, igrejas... e mudou o modo de vida de nações inteiras, imprimindo seus próprios valores nas civilizações desde os Cree [grande grupo indígena norte-americano] aos Birmanêses, além de criar várias novas nações com plenos direitos. Nunca houve um império igual em toda a história..." (A Vontade Celestial: Um Progresso Imperial, 1973, p. 539, grifo nosso).
Morris acrescenta: "Isto não foi meramente o direito dos ingleses governarem um quarto do mundo, os imperialistas pensaram, foi realmente o seu dever... Então, eles espalharam por todo o mundo seus próprios métodos, princípios e tradições liberais, que reformulariam o futuro da humanidade. A justiça seria estabelecida, a miséria seria aliviada, selvagens ignorantes seriam educados, tudo pela ação do poder e do dinheiro britânico" (Paz Britânica, p. 26, grifo nosso). Deus estava usando as pessoas de fala inglesa para introduzir um novo conjunto de normas e liberdades individuais para o resto da humanidade.
Os britânicos demonstraram ser administradores capazes, melhorando drasticamente a infraestrutura e o padrão de vida nos países em que governavam. Embora todos os aspectos de sua administração nem sempre ocorreram de forma justa e equitativa, como deveria ter sido, o objetivo profetizado por Deus foi realizado. Os filhos de José levaram o mundo a uma era de conhecimento, prosperidade e avanço tecnológico sem precedentes. Pela primeira vez a Bíblia, assim como obras e publicações de referência biblicamente orientadas começaram a ser distribuídas globalmente.
Os Estados Unidos, depois de muitos anos perseguindo uma política isolacionista, foram forçados, por eventos alheios ao seu controle, a também terem um papel maior nos assuntos mundiais — se tornando o modelo internacional para a liberdade e direitos individuais. Ao ser atacado pelo Japão em 1941, os Estados Unidos despreparados, repentinamente se viram envolvidos em uma guerra com as potências do Eixo. E rapidamente aumentaram seu poderio industrial, préviamente desenvolvido em certa medida nos primeiros anos da guerra para ajudar a Grã-Bretanha.
Os Estados Unidos emergiram da Segunda Guerra Mundial como a nação mais poderosa do mundo. Mas, ao invés de usar a sua força para dominar e oprimir as nações mais fracas de um mundo despedaçado, eles começaram a reconstruir os países de seus inimigos derrotados — exibindo uma compaixão que é muito raro nos anais dos assuntos internacionais.
De 1945 até 1952 os Estados Unidos destinaram 24 bilhões de dólares (150 bilhões de dólares, em valores atuais), para a causa do resgate e da reconstrução da Europa, inclusive a Alemanha. No Japão, os Estados Unidos governaram o país durante vários anos, reconstruiu-o e o pôs de volta em pé. Em anos recentes, estes dois países, antigos inimigos, emergiram como potências econômicas mundiais.
Desde então, tanto os Estados Unidos como a Grã-Bretanha têm destinado muitos mais bilhões de dólares em ajuda externa a outros países. Estas são algumas das formas como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos têm sido uma bênção para as nações do mundo. No entanto, juntamente com essas bênçãos tem havido algumas decisões equivocadas e injustas. Esse é o legado de nações muito abençoadas, mas que têm negligenciado a obediência a Deus, que os abençoou.
O domínio anglo-americano seguirá inabalável?
Os séculos dezenove e vinte viram os povos anglo-americanos dominarem os assuntos mundiais. Será que esse padrão continuará no século XXI?
O domínio mundial britânico já se acabou há muito tempo. As duas grandes guerras do século vinte tiveram um efeito terrível sobre a Grã-Bretanha e seu povo. Estes conflitos lhe custaram duas gerações de homens jovens e abalaram sua economia. No fim da Segunda Guerra Mundial, os britânicos se viram sem recursos e sem força para preservar seu império.
Depois de a Grã-Bretanha permitir a independência à Índia, em 1947, o Império Britânico começou a se dissolver numa velocidade vertiginosa. A supremacia da Grã-Bretanha rapidamente deu lugar ao domínio norte-americano na segunda metade do século vinte.
Embora o poder militar, econômico, industrial e técnico norte-americano ainda reine supremo, a acelerada decadência moral dos Estados Unidos não pressagia nada de bom para o futuro. Os valores bíblicos, a base nos quais os fundadores e os povos norte-americanos construíram os Estados Unidos da América, deram lugar a negação de Deus e ao mesmo tipo de autossatisfação orientada ao materialismo que levou à queda dos antigos reinos de Israel e Judá.
Sem uma mudança de direção e ênfase, o resultado final será diferente para os Estados Unidos?
Muitos norte-americanos e britânicos se recusaram a reconhecer a Deus e Suas bênçãos. Em sua arrogância intelectual e espiritual, muitos optaram por negar a existência de um Criador e aceitar a falsa religião da evolução e sua teologia humanista secular.
Eles preferem acreditar que as bênçãos impressionantes da riqueza e do poder nacional são frutos de mera casualidade ou o resultado de seus próprios esforços. Como a antiga Israel, eles caíram em sua própria armadilha, ao decidir ignorar as palavras de advertência de Deus:
"Depois que tiverem comido até ficarem satisfeitos, louvem o Senhor, o seu Deus, pela boa terra que lhes deu. Tenham o cuidado de não se esquecer do SENHOR, o seu Deus, deixando de obedecer aos seus mandamentos, às suas ordenanças e aos seus decretos que hoje lhes ordeno. Não aconteça que, depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, de aumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, o seu coração fique orgulhoso e vocês se esqueçam do SENHOR, o seu Deus, que os tirou do Egito, da terra da escravidão" (Deuteronômio 8:10-14, NVI).
No próximo capítulo, vamos ver o que está aguardando os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Infelizmente, o que recair sobre eles também afetará toda a humanidade.