Os Misteriosos Citas Surgem na História
Quando o reino do norte de Israel foi destruído pelas nas mãos dos assírios, seu povo se viu forçado ao exílio. Deus havia prometido que eles sobreviveriam para se tornarem umas das maiores potências do mundo nos últimos dias.
Para onde eles foram? Como podem ser encontrados?
Rastrear a linhagem de povos antigos é uma tarefa extremamente difícil. Arqueólogos, historiadores e professores ilustres em universidades famosas frequentemente discordam ao interpretarem os artefatos e documentos históricos.
Isso ocorre por que o pleno conhecimento das origens de qualquer povo da antiguidade é quase sempre obscurecido pelas neblinas do tempo. Especialmente, quando os registros escritos desapareceram, tendo sido destruídos ou sequer existido. Portanto, para determinar o que aconteceu com os antigos israelitas, nós devemos comparar, cuidadosamente, a evidência histórica e a arqueológica disponível com a história e as profecias da Bíblia.
Os arqueólogos e historiadores têm acumulado uma base substancial de informações que podemos juntar como peças de um quebra-cabeça da história. Quanto mais peças na mesa, mais fácil fica de juntar as informações com exatidão. E se juntando suficientes partes, podemos obter uma imagem razoavelmente boa do passado.
Indícios históricos fundamentais
Os historiadores aceitam que a maioria dos ancestrais das democracias ocidentais atuais já viveu como tribos nômades, perambulando pelas vastas planícies verdejantes da antiguidade conhecidas como estepes eurasianas. Um determinado grupo desses povos migratórios, identificado pelos gregos como Citas, apareceu de repente nas estepes eurasianas aproximadamente na mesma época em que as dez tribos de Israel desapareceram da história. Será que há uma conexão? Eis alguns fatos e descobertas mais pertinentes relativos a esses dois povos.
As vastas estepes eurasianas estendem-se por sete mil quilômetros da base das Montanhas Carpatas na Europa até a Mongólia ao leste da Ásia. Elas formavam uma só unidade geográfica de vegetação natural que a cada primavera se transformava em mares de flores selvagens espetaculares, se estendendo além do alcance dos olhos.
Esta vasta planície servia perfeitamente para lavoura e ao cultivo de grãos. Os arqueólogos descobriram muitas evidências para provar que, na antiguidade, tribos nômades a atravessavam com regularidade, pastoreando rebanhos de gado e ovelhas em enormes jornadas cíclicas durante a primavera, verão e outono.
Entretanto, mudanças climáticas há quase dois mil anos tornaram a extensa região das estepes da Ásia central em um deserto. Ela ficou tão seca que não podia mais suportar o modo de vida pastoral praticado entre 2.700 e 2.100 anos atrás (Tamara Talbot Rice, Os Citas [The Scythians], 1961, p. 33).
O repentino aparecimento dos Citas
Alguns estudiosos modernos sugerem três teorias para explicar o aparecimento repentino e misterioso dos citas na região de estepe adjacente ao Mar Negro. Alguns creem que eles migraram para lá do norte, outros do leste. Uma terceira opinião sugere que as migrações vieram do sul.
Embora as origens geográficas do povo cita sejam fortemente debatidas, o mesmo não ocorre com a evidência de quando é que foi a sua primeira aparição na história. Eles apareceram repentinamente na mesma época e próximo da mesma área do desaparecimento dos israelitas.
A Enciclopédia Britânica diz: "Os citas foram um povo que durante os séculos oito e sete a.C. se mudou da Ásia Central para o sul da Rússia" (15ª edição, Vol. 16, macropaedia, “Citas” [“Scythians”] p. 438). A Enciclopédia Americana explica que os citas ocuparam primeiro o território ao redor do Mar Negro por volta de 700 a.C. e que, nos seus primórdios, eles apresentaram uma “entidade política coesa” (Vol.24, edição 2000, “Citas” [“Scythians”], p. 471).
A historiadora Tamara Talbot Rice confirma que "os citas não se tornaram uma entidade nacional reconhecível antes do oitavo século a.C.... Por volta do sétimo século a.C. eles haviam se estabelecido firmemente no sul da Rússia... E tribos idênticas, possivelmente até clãs relacionados, embora politicamente distintas e independentes, também foram centralizadas no Altai [onde a fronteira oriental da Rússia se encontra com a fronteira ocidental da Mongólia e da China]".
"Documentos assírios colocam sua aparição lá [entre o Mar Negro e o Mar Cáspio] no tempo do Rei Sargão (722-705 a.C.), uma data que corresponde exatamente com a do estabelecimento do primeiro grupo de citas no sul da Rússia" (Rice, pp. 19-20, 44). Essa data também corresponde com o desaparecimento dos cativos do reino do norte de Israel.
Durante o fim do século VIII a.C., registros do reino caucasiano de Urartu, que controlava os limites do norte do Rio Eufrates, também notaram a aparição de um grupo chamado de cimérios.
O livro Desde as Terras dos Citas [From the Lands of the Scynthians] explica: "Dois grupos, cimérios e citas, parecem ser mencionados nos textos urartianos e assírios, mas nem sempre fica claro se os termos indicam dois povos distintos ou simplesmente nômades... A partir da segunda metade do século oitavo a.C., fontes assírias referem-se aos nômades identificados como cimérios; outras fontes assírias dizem que esse povo esteve presente na terra de Mannai [ou Mannea, sul do Lago Urmia] e na Capadócia por uns cem anos [isto é, por volta de 750 a 650 a.C.], e registra seus avanços na Ásia Menor e no Egito.
"Os assírios tinham cimérios em seu exército como mercenários; um documento legal de 679 a.C. menciona um 'comandante do regimento cimério' assírio; mas em outros documentos assírios eles são chamados 'a semente dos desertores que não conhecem votos aos deuses nem juramentos'" (Boris Piotrovsky, 1975, pp. 15, 18).
O historiador Samuel Lysons falou dos "cimérios parecendo ser o mesmo povo que os gauleses ou celtas sob um nome diferente" (John Henry e James Parker, Nossos Ancestrais Britânicos: Quem e o Que Eles Eram? [Our British Ancestors: Who and What Were They?] 1865, pp. 23, 27).
Anne Kristensen, uma respeitada e estudiosa linguista dinamarquesa, recentemente chegou à conclusão de que os cimérios (que mais tarde ficaram conhecidos como celtas) podem ser corretamente identificados como os israelitas deportados. No início de sua pesquisa a Dra. Kristensen não acreditava e concordava com a teoria tradicional de que os cimérios eram tribos "arianas" que os citas haviam afugentado do norte, segundo a teoria de Heródoto.
Mas, conforme estudava mais e mais as origens assírias, ela descobriu que os cimérios apareceram pela primeira vez na história em 714 a.C. na região do Irã, sul da Armênia, onde os reis da Assíria haviam estabelecido muitos israelitas deportados. Ela chegou à conclusão de que Gimira, ou cimérios, representava pelo menos uma parte das dez tribos perdidas de Israel.
A Dra. Kristensen escreve: "Não há mais razão para duvidar da emocionante e verdadeiramente extraordinária declaração apresentada pelos estudiosos das Dez Tribos, que dizem que os israelitas deportados da Bit-Humria, da Casa de Onri, são idênticos aos Gimirraja das fontes assírias. Tudo indica que os israelitas deportados não sumiram do mapa, mas que, em um país estrangeiro, sob novas condições, eles continuaram a deixar sua marca na história" (Quem eram os cimérios e de onde vieram? Sargão II, os Cimérios, e Rusa I [Who Were the Cimmerians, and Where Did They Come From? Sargon II, the Cimmerinas, and Rusa I], traduzido do dinamarquês por Jørgen Læssøe, Academia Real Dinamarquesa de Ciências e Letras, No. 57, 1988, pp. 126-127).
Também é essencial observar que o príncipe monarca assírio, Senaqueribe, escreveu um relatório com informações secretas, que os arqueólogos encontraram durante a escavação dos arquivos reais em Nínive. O relatório de Senaqueribe trazia notícias, através de seus espiões, de que nômades cimérios haviam invadido Urartu e destruído suas tropas. Baseado naquele relatório os assírios fizeram preparativos para invadir seu rival do norte, Urartu, plano executado com sucesso em 714 a.C.
O surgimento de uma aliança tribal cita
Afinal de contas, foram os citas que lucraram mais com os conflitos que enfraqueceram Urartu. Por volta de 700 a.C. os citas haviam tomado o controle do território do antigo reino urartiano. E lá formaram uma aliança tribal que os gregos chamaram de Reino Cita.
Usando a Passagem Kreuzberg (também conhecida como Portão Cáucaso), os citas superaram a travessia das íngremes montanhas caucasianas. A passagem era transitável quase o ano todo e relativamente livre de gelo, embora sua elevação fosse a mais alta que muitas passagens nos Alpes. Os citas tinham uma habilidade notável para deslocar grandes exércitos em ambas direções através dessa passagem. Na antiguidade, ela até chegou a ser conhecida como a "rota cita".
Antes de seu exílio as dez tribos israelitas do norte estavam cientes da existência do reino de Urartu e sua localização estratégica. Por quê? Por que na primeira metade do século oitavo a.C. o reino do norte de Israel, antes de seu cativeiro, estava investindo pesadamente no comércio de exportação-importação, e Urartu era essencial para esse comércio. Urartu havia feito uma aliança com os pequenos Estados do norte da Síria que faziam fronteira com o território de Israel durante o reino de Jeroboão II.
Muitos desses arameus aliaram-se ao rei Peca durante sua invasão à Judá por volta de 735 a.C. Durante esta época os urartianos haviam conquistado o estratégico domínio do Eufrates até sua curva ocidental, o que permitia que controlassem a rota principal comercial para o Mediterrâneo do Cáucaso Sul. Escavações arqueológicas em Urartu têm revelado artefatos do Egito, Assíria e Pérsia bem como da região mediterrânea.
As origens citas
O termo cita, escreveu o historiador George Rawlinson, originalmente era mais a designação de um modo de vida do que uma referência a relacionamentos sanguíneos. Ele explicou que o termo era "aplicado pelos gregos e romanos às raças indo-europeias e turanianas indiferentemente", por causa de seus hábitos e costumes que correspondiam ao estilo de vida nômade" (George Rawlinson, Sete Grandes Monarquias [Seven Great Monarchies], Vol. 3, 1884, p. 11).
Hoje, entretanto, os historiadores usam o termo cita principalmente em referência aos Citas Saka, ou Sacae. Esses povos se tornaram as tribos dominantes da cultura cita. Eles inspiraram seu modo dinâmico de vida e sua liderança política, artística, econômica e social. Do século sete a.C. em diante, eram as tribos Saka ou Sacae que definiram o que significava ser cita do Mar Negro por todo o caminho das montanhas da Mongólia.
Antes do início do século vinte, historiadores europeus e norte-americanos assumiram que os citas eram o povo mongol da Ásia. E pesquisas antropológicas recentes, entretanto, têm mostrado ser falsa esta ideia. A maioria dos estudiosos está convencida de que nenhuma ligação étnica existe entre os citas Saka e os povos mongóis ou eslavos.
Contudo, isto não significa que todas as antigas tribos espalhadas nas estepes eurasianas—os povos que os gregos rotularam como citas antes do século oitavo a.C.— desapareceram repentinamente. Certamente, os citas Saka simplesmente começaram a dominar a região estepe de 700 a 500 a.C. Durante esse tempo os citas Saka—acompanhados por uma pequena mistura de outras tribos procedentes do Oriente Médio tais como os medos, os elamitas e os assírios—passaram a ser os povos predominantes das planícies eurasianas.
Na verdade, entre o quinto ou quarto século a.C. os habitantes predominantes da Sibéria ocidental eram "um povo louro de origem europeia e... após aquela data foi quando um afluxo de mongólicos resultou em um tipo misturado de população" (Rice, p. 77). Uma rigorosa investigação de descobertas arqueológicas do século vinte retrata clara e consistentemente os citas Saka fisicamente semelhantes ao povo atual da Europa.
Os elos com a profecia bíblica
Vamos comparar o que temos aprendido sobre os citas com as promessas que Deus fez aos israelitas exilados. Dirigindo a eles como "casa de Isaque" (Amós 7:16), Ele prometeu que durante seu cativeiro eles não desapareceriam como povo (Amós 9:8, 14; comparar Oséias 11:9; 14:4-7). Ao contrário, Ele prometeu multiplicá-los grandemente após seu exílio (Oséias 1:10) e mostrar-lhes amor, bondade e misericórdia por causa de Sua aliança.
As Escrituras relatam claramente que os Israelitas, após os assírios tê-los deportado violentamente de sua pátria, mudaram-se "para Hala, e para Habor, junto ao rio Gozã [norte da Assíria], e às cidades dos medos" (2 Reis 18:11). O lugar não é distante da região de Urartu, entre os mares Negro e Cáspio, onde os citas haviam estabelecido um reino temporário.
Através de Oséias Deus tinha previsto que os israelitas se tornariam "errantes entre as nações" (Oséias 9:17). Isso explica por que os israelitas exilados parecem ter desaparecido como um povo. Eles realmente não sumiram; simplesmente reapareceram na história com novos nomes—como um povo errante, separado em clãs independentes, peregrinando pelas planícies eurasianas.
Obviamente, ninguém mais poderia identificá-los como cidadãos de seu antigo reino do Oriente Médio. Assim, eles adquiriram uma nova identidade. Apenas seus antigos nomes tribais, ou clãs, permaneceram quase os mesmos. Esses nomes têm provado serem importantes na preservação de sua identidade como as dez tribos de Israel. (Leia "Elos Linguísticos: O Significado de um Nome?" p. XX).
A conexão cita-céltica
Ao mesmo tempo em que os citas irromperam no cenário em volta do Mar Negro, outra civilização estava emergindo no ocidente da Europa. Em seu livro O Mundo Antigo dos Celtas [The Ancient World of the Celts] o historiador Peter Ellis observa: "No início do primeiro milênio a.C., uma civilização que se desenvolveu de suas raízes indo-europeias às margens dos rios Rhine, Rhone e Danúbio, repentinamente surgiu em todas as direções rumo a Europa. Sua avançada arte em metais, particularmente armas de ferro, fez deles uma força poderosa e invencível. Os mercadores gregos, os primeiros a encontrá-los no século sexto a.C., os chamaram de Keltoi e Galatai... Hoje, geralmente são identificados como celtas" (1999, p. 9).
Evidências consistentes vincula [associa] os celtas da Europa aos cimérios, que fugiram do Oriente Médio para a Ásia Menor no tempo em que os exércitos da Babilônia estavam conquistando o Império Assírio. Da Ásia Menor os cimérios migraram através do Rio Danúbio para a Europa, onde ficaram conhecidos como celtas. Muitos historiadores concluíram que os celtas e os citas têm uma origem comum.
Os gregos e romanos chamavam de bárbaros todos os povos além das fronteiras norte da velha república romana e das cidades-estados gregas. Eles usavam esse termo para descrever os estrangeiros que ousavam desafiar sua liderança política e cultural, independentemente do quão instruídos ou tecnologicamente avançados pudessem ser. Essas pessoas representavam muitos clãs de famílias conhecidos por uma variedade de nomes. Entre eles, sem dúvida, estavam os clãs de origem étnica não relacionada que fugiram dos territórios orientais do antigo Império Assírio, mais ou menos na mesma época.
Porém, o fato mais significativo é que muitas, se não a maioria, dessas tribos apregoadas como bárbaras eram racial e culturalmente aparentadas. Por esta razão, devemos esperar que a língua dessas tribos aparentadas pudesse ser traçada a um idioma materno comum—e é isso exatamente o que encontramos.
A conexão da língua
As línguas são identificadas por famílias. A linguagem familiar comum dos povos do noroeste europeu diz respeito ao que é classificado como descendência germânica das línguas indo europeias. A história da língua materna indo-europeia nos dá excelentes indícios das relações entre as tribos bárbaras que geraram as democracias do noroeste europeu.
Quando olhamos para as nações da Europa, vemos as fronteiras das nações-estados traçadas por línguas distintamente diferentes como inglês, francês, dinamarquês e sueco bem como dialetos locais (tais como o alto-alemão e o baixo-alemão). Entretanto, nos dias desses tão famosos bárbaros tais distinções óbvias não existiam. Naquela época, os povos estabelecidos no noroeste europeu falavam principalmente dialetos diferentes dessa mesma língua materna.
O inglês é parte da família de línguas indo-europeias que em geral é amplamente rotulado como teutônico ou germânico. Mas tal rótulo não pressupõe que a língua germânica moderna (alemão) seja a língua materna ou que o povo alemão veio das mesmas origens étnicas dos citas. Ao contrário, o alemão moderno é apenas um ramo da língua materna original. O mesmo é verdade para as línguas inglesa, dinamarquesa, holandesa e escandinava. Todas são ramos de uma única língua original.
Como explica o professor H. Munro Chadwick da Universidade de Cambridge: "No decorrer do século V as línguas alemã, inglesa e escandinava diferiam levemente uma da outra… No século V e nos seguintes uma diferenciação ocorreu rapidamente no grupo do noroeste. O inglês se desenvolveu, em termos gerais, alinhado a meio caminho entre o alemão e o escandinavo, mas com muitos recursos especiais próprios. O frísio [holandês] parece ter diferido pouco do inglês por um longo período… A diferença das línguas era obviamente guiada por sua posição geográfica estratégica" (As Nacionalidades Europeias e o Crescimento das Ideologias Nacionais [The Nationalities of Europe and the Growth of National Ideologies], 1966, p. 145).
Se retrocedermos quinhentos anos, a partir do ponto em que as línguas teutônicas começaram a se diferenciar, descobrimos que parte do norte, do ocidente e do oriente europeu falava dialetos similares de uma língua indo-europeia comum. Quando estudiosos tentam especificar uma determinada tribo bárbara europeia como sendo germânica, celta ou cita, eles sempre se deparam com um dilema: as distinções são quase sempre obscuras e podem facilmente se tornarem arbitrárias.
Os romanos da antiguidade raramente se preocupavam em aprender línguas bárbaras, preferindo usar intérpretes. Eles não podiam perceber a diferença entre a língua falada na Gália da falada no outro lado do Reno. Por esta razão, os escritores de latim habitualmente começaram a rotular de "germanias" as tribos bárbaras a leste do Reno, agregando-as ao grupo.
Alguns arqueólogos modernos, entretanto, descrevem o povo dominante do norte da Europa durante o período de aproximadamente 500 a.C. como dividido entre celtas e cita-teutônicos. Até mesmo esta distinção era mais geográfica e cultural do que étnica.
Quanto mais distante retrocedemos na história, menos distinção encontramos entre os povos celtas e teutônicos que se estabeleceram no norte e noroeste da Europa. O Professor Chadwick escreve: "Em qualquer debate quanto à origem das línguas teutônicas (ou germânicas) é preciso deixar claro que essas línguas são meramente um ramo das línguas indo-europeias… e consequentemente sua família original—tão distinta da área na qual adquiriram características especiais—era aquela da família indo-europeia. A mesma observação se aplica às línguas celtas … Ninguém duvida que essas línguas, ou melhor a língua materna da qual são derivadas, foram uma vez limitadas a uma área muito menor que aquela da atual distribuição" (Chadwick, p. 157).
Esses povos romperam no cenário ao longo da margem do antigo Império Assírio na última metade do século oitavo a.C. — ao mesmo tempo e na mesma área onde as dez tribos perdidas de Israel desapareceram. Até aproximadamente o século quarto d.C. esses dialetos de língua comum permaneceram similares o suficiente para eles se comunicarem facilmente.
Os citas e celtas estão intimamente ligados pela língua. Mas os celtas foram um povo distinto dos citas? Ou existe indicações de uma forte ligação entre eles?
A interação cita-céltica
Os historiadores e os arqueólogos relatam que durante a segunda metade do primeiro milênio a.C. a área ao norte da Europa do mediterrâneo compartilhava duas culturas relacionadas. Das Ilhas Britânicas às origens do Danúbio, às margens orientais dos Alpes existiu o que os historiadores rotulam a cultura celta de Hallstatt e, mais tarde, a cultura celta de La Tène.
Porém, mais além do oriente, ocupando uma vasta área da Europa Oriental, estava a forte e tradicional cultura cita baseada na criação de cavalos e em um estilo de vida apropriado ao pasto, ao contrário das áreas montanhosas e de florestas. Cada uma dessas proporcionou ideias e inspiração à outra. De acordo com a evidência arqueológica, os dois grupos se uniram voluntariamente através do casamento.
As culturas distintas celta e cita interagiram entre si quase como a moderna Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Cada uma foi adaptada à geografia de sua própria região. Mas os próprios povos interatuaram como se compartilhassem uma descendência. Os arqueólogos revelaram alguns lugares extraordinários das culturas celta e cita que demonstraram quão intimamente os dois povos estavam ligados (veja "A Geografia do Comércio Céltico-Cita,” página XX).
A distinção entre as culturas cita e celta provavelmente é mais bem explicada por dois fatores. Primeiro, a geografia que apoiava cada cultura era geralmente diferente. Mas, igualmente importante, as dez tribos israelitas foram exiladas do Oriente Médio. Cada uma destas tinha sua própria cultura dentro da multicultura do reino do norte de Israel. Além disso, cada tribo foi subdividida em clãs (1 Samuel 10:19; comparar Êxodo 6:14-25, NVI).
Portanto, era de se esperar que essas tribos israelitas exiladas continuassem apresentando algumas diferenças culturais nas terras de seu exílio. Tais distinções também explicariam os clãs e subclãs existentes entre os citas e celtas.
O estudioso talmúdico israelense Yair Davidy, em seu livro As Tribos: As Origens Israelitas dos Povos Ocidentais [The Tribes: The Israeli Origins of Western Peoples], apresenta evidências convincentes de que os israelitas desalojados conservaram seus nomes das clãs subtribais durante e após seu cativeiro. As "provas aduzidas," escreve ele, "são derivadas de fontes bíblicas, talmúdicas, históricas, arqueológicas e linguísticas bem como folclore, mitologia, símbolos nacionais e características nacionais" (1993, p. xiv). Como residente de Jerusalém, o senhor Davidy teve acesso às fontes históricas e bíblicas das prateleiras da Biblioteca Nacional de Jerusalém.
Os nomes tribais e subtribais, observa ele, são a chave para rastrear a peregrinação dos israelitas. Nesta introdução ele resume sua conclusão: "'As Tribos' produzem evidência de que a maioria dos israelitas antigos assimilou as culturas estrangeiras e esqueceu sua origem. No decorrer do tempo eles alcançaram as Ilhas Britânicas e o noroeste da Europa de onde as nações aparentadas (tal como os Estados Unidos) foram estabelecidas" (ibidem).
Para uma cobertura completa desse aspecto da história migratória de Israel, indicamos seus livros ‘The Tribes: The Israeli Origins of Western Peoples’(1993), ‘Joseph: The Israelite Destiny of America’ (2001) e ‘Ephraim: The Gentile Children of Israel’ (2001).
Entre 200 a.C. e 500 d.C., tribos inimigas e as drásticas mudanças climáticas direcionaram os clãs citas das estepes eurasianas para as regiões setentrionais e ocidentais da Europa. E por outros mil anos, os primeiros citas foram alternadamente aliados e inimigos na Europa feudal sob uma variedade de nomes de clã. Isso durou até as nações modernas, conforme as conhecemos, começarem a tomar forma na Europa.
No próximo capítulo, encontramos a maravilhosa história dos descendentes dispersos da antiga Israel, surgindo na proeminência internacional que Deus prometeu tempos atrás à descendência de José.