A Abragência Mundial da Profecia
Deus prometeu a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12:3). Para cumprir esse objetivo, Deus também lhe prometeu: “E far-te-ei [através do povo de Israel] uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gênesis 12:2-3).
Quando examinamos cuidadosamente a profecia bíblica, vemos simplesmente que Deus permanece fiel à Sua promessa. Qualquer pessoa ou nação que se opõe à maneira como Deus decidiu usar o povo de Israel—por causa de Suas promessas a Abraão—está condenada, por fim, ao fracasso. Isto não é porque os israelitas descendentes de Abraão são melhores do que outras nações. É porque essas pessoas se puseram contra a vontade de Deus.
O plano de Deus se estende a todas as nações
Deus é justo. Ele puniu severamente a antiga Israel e a Judá quando se rebelaram contra Ele. Ele abençoa quem está em conformidade com Suas instruções e pune aqueles que são contrários. E, por fim, Ele demonstra não ter nenhuma parcialidade em seu tratamento com os israelitas e os não-israelitas (Deuteronômio 10:17-19).
No texto dos Dez Mandamentos, Ele explicou que suas leis se aplicam a todos: “Eu, o senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos” (Êxodo 20:5-6).
Deus julga as pessoas pelas respostas às Suas instruções. Ele disse especificamente ao povo da antiga Israel para amar ao estrangeiro porque eles mesmos foram estrangeiros no Egito (Levítico 19:34). E explicou a Abraão que Seu plano mestre também tem como finalidade abençoar “todas as famílias da terra” (Gênesis 12:3).
Esse plano envolve os descendentes de Abraão através de Jacó em um papel proeminente e especial. Jesus Cristo, evidentemente, é a principal descendência de Abraão no plano (Mateus 1:1, Gálatas 3:29); a salvação somente é acessível por meio dEle (Atos 4:10-12).
Mas, os outros descendentes naturais de Israel desempenham um papel vital no plano de Deus. É importante que nós compreendamos as implicações, em âmbito mundial, da profecia bíblica para que o papel de Israel não seja mal interpretado. Deus não está enfocado somente em Israel. Seu propósito diz respeito a todas as nações e a todos os povos.
Isaías inicia sua profecia com estas palavras: “Ouvi, ó céus, e presta ouvidos, tu, ó terra” (Isaías 1:2). E logo acrescenta: “E acontecerá, nos últimos dias, que se firmará o monte da Casa do senhor no cume dos montes e se exalçará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações” (Isaías 2:2). No último capítulo do mesmo livro, Deus nos diz através de Isaías: “O tempo vem, em que ajuntarei todas as nações . . . e virão e verão a minha glória” (Isaías 66:18).
A profecia transcende as fronteiras nacionais. Embora Deus concentre mais atenção em seu plano para os descendentes de Abraão, Ele não se esquece do resto da humanidade (Atos 10:34-35). Ele abençoará a todos os que Lhe obedecem e punirá a todos os que obstinadamente são contra Sua vontade— tanto israelitas quanto outras nações.
O propósito de longo alcance de Deus é mudar o comportamento de todas as pessoas. Isto é porque Ele não quer “que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3:9). Ele prometeu, “a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos” (Isaías 56:7). A profecia explica como isso vai acontecer.
Deus amou o mundo
Embora Deus tenha escolhido Israel como um “tesouro pessoal dentre todas as nações” (Êxodo 19:5, NVI), seu propósito vai muito além dos israelitas. Moisés explicou isto, quando Deus estava estabelecendo Israel como nação: “Eu lhes ensinei decretos e leis, como me ordenou o Senhor . . . Vocês devem obedecer-lhes e cumpri-los, pois assim os outros povos verão a sabedoria e o discernimento de vocês. Quando eles ouvirem todos estes decretos dirão: ‘De fato esta grande nação é um povo sábio e inteligente’” (Deuteronômio 4:5-6, NVI).
Sob protestos, o profeta Jonas foi enviado por Deus para profetizar aos gentios da cidade de Nínive. Seus cidadãos responderam ao seu aviso e se arrependeram, e Deus os poupou. Ele se preocupa com todos os povos.
Deus entregou a Israel a responsabilidade crucial de viver os Seus caminhos como um modelo para o benefício de outras nações. Naquela época, os israelitas não tinham um coração para obedecer a Deus (Jeremias 7:23-24). Então, seu sucesso como um modelo foi de curta duração. Ao longo do tempo a sua conduta degenerou-se ao mesmo nível das outras nações ao seu redor.
Finalmente, Deus retirou temporariamente Suas bênçãos dos descendentes de Abraão e eles foram levados para o cativeiro. Deus, então, ofereceu a Nabucodonosor, rei gentio da Babilônia, uma oportunidade incomum para servi-Lo. Daniel, o profeta que era um importante administrador no governo de Nabucodonosor, registrou que Deus ofereceu a este monarca gentio a chance de se arrepender de seus pecados e aplicar as leis de Deus em seu reino.
As nações e as pessoas no vasto império de Nabucodonosor teriam sido beneficiadas imensamente se ele tivesse aceitado a oferta de Deus. E então, este conhecimento e compreensão dos caminhos de Deus poderiam ter sido passados para as gerações futuras.
Deus permitiu que Nabucodonosor governasse um império cuja cultura e influência se estenderia muito além dele e alcançaria os impérios e culturas que sucederiam a Babilônia. Mas, porque Nabucodonozor não se submeteu a Deus, a influência da Babilônia seria muito mais para o mal do que para o bem. As Escrituras mostram essa influência maligna continuaria através do tempo até a segunda vinda de Jesus Cristo (Apocalipse 17:5; 18:2).
O futuro revelado a um rei gentio
Para chamar a atenção de Nabucodonosor, Deus revelou-lhe, através de um sonho, um vislumbre do futuro. Daniel explica ao rei que “há um Deus nos céus, o qual revela os segredos; ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser no fim dos dias” (Daniel 2:28).
Daniel continuou: “O Deus dos céus te tem dado o reino . . . E, depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu, e um terceiro reino, de metal, o qual terá domínio sobre toda a terra. E o quarto reino será forte como ferro . . . Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; . . . e será estabelecido para sempre” (vv. 37-44).
Por causa dos pecados de Israel, Deus concedeu a governantes gentios o domínio naquela região até o último reino—o Reino de Deus—ser estabelecido na volta de Cristo. Deus revelou esta profecia básica—que é um esboço dos futuros poderes dominantes naquela região—a Nabucodonosor.
Na mesma época, Deus enviou Daniel para dizer ao monarca: “Ó rei, aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça” (Daniel 4:27). Embora, temporariamente, tenha reconhecido a grandeza de Deus, Nabucodonosor realmente nunca aceitou a advertência de Daniel.
Deus humilhou ao rei, entregando-o completamente à insanidade por sete anos. Durante esse tempo, ele estava incapaz de administrar os negócios da Babilônia. Daniel tinha lhe avisado: “Serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois . . . até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Daniel 4:25). Deus quis ter certeza de que Nabucodonosor não teria nenhuma desculpa para desobedecê-Lo.
Quando tudo acabou, Nabucodonosor emitiu uma proclamação: “Nabucodonosor, rei, a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: paz vos seja multiplicada! pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração” (versículos 1-3).
O rei da Babilônia reconheceu o poder e a autoridade de Deus sobre a terra. Mas, não temos indicação de que ele mudou permanentemente os seus caminhos idólatras e que tenha começado a servir somente ao Deus verdadeiro. Ele veio a entender, no entanto, que o Deus de Daniel era maior do que todos os outros deuses que ele adorava.
Uma lição da história
O que Deus tem mostrado, e a história repetidamente provado, é que nem os líderes nacionais nem os seus súditos são capazes de obedecer a Deus, de maneira consistente e por conta própria. Paulo resumiu isso quando ele escreveu: “Pois quê? Somos nós [os judeus] mais excelentes [que os gentios]? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos [gentios], todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Romanos 3:9-12).
Não até Jesus Cristo estabelecer o Reino de Deus na terra, e Deus dar o Seu Espírito a “toda carne” (Joel 2:28, Atos 2:17, 38), àqueles que voluntariamente se arrependerem, poderá haver justiça pelo mundo inteiro. Deus revelou esta mesma verdade, a Nabucodonosor, através de Daniel: “O Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre” (Daniel 2:44).
Esta verdade é o foco da profecia bíblica. A profecia mostra como o Deus Criador intervirá nos assuntos da humanidade e estabelecerá o Seu Reino, que trará paz, justiça e salvação para toda a humanidade.
A profecia bíblica tem alcance mundial. É centrado somente em um Governante—Jesus Cristo, o Filho de Deus—que pode estabelecer uma utopia na terra.
Agora veremos como essa utopia prometida surgirá.