A Vindoura Abominação da Desoladora
Ele estava se referindo a Daniel 11, que predisse o que aconteceria com as forças que competiriam pelo controle da Terra Santa nos séculos vindouros. Na maior parte da profecia estes reinos eram a Síria, ao norte, e, ao sul, o Egito, ambos subalternos a governantes gregos seguindo a Alexandre, o Grande. Eventualmente, a profecia descreve um desses governantes da Síria, Antíoco IV, também conhecido como Antíoco Epifânio. Ele “usará de engano” por um falso acordo de paz com os judeus e depois “se indignará contra o santo concerto, e fará como lhe apraz” (Daniel 11:23-24, 30).
O livro apócrifo de Primeiro Macabeus, embora não seja Escritura, nos provê a história do período. Ele descreve como Antíoco lança-se contra os judeus, massacrando muitos deles e saqueando o templo de Jerusalém (1 Macabeus 1:20-33).
O templo profanado
Então aconteceu o pior. A profecia de Daniel alertou sobre Antíoco: “E . . . profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o contínuo sacrifício, estabelecendo a abominação desoladora” (Daniel 11:31).
O livro de Primeiro Macabeus nos dá detalhes: “O rei Antíoco mandou por escrito, a todo o seu reino, que todos formassem um só povo e cada um renunciasse à sua própria lei. Muitos de Israel consentiram na religião dele e começaram a sacrificar aos ídolos e a profanar o sábado.
“Além disso, o rei mandou decretos por meio de mensageiros, a Jerusalém e às cidades de Judá, para que adotassem as leis das nações da terra: ficavam proibidos os holocaustos e sacrifícios e expiações no templo de Deus, e deviam profanar os sábados e as festas.
“E macular o Santuário e as pessoas consagradas. Por outro lado, deviam levantar altares e templos e ídolos, e imolar porcos e outros animais impuros. “Deviam também deixar seus filhos incircuncisos e profaná-los com todo tipo de impureza e contaminação, de modo que viessem a se esquecer da Lei e a mudar todas as observâncias. E todo aquele que não agisse de acordo com a palavra do rei, seria morto” (1 Macabeus 1:41-50, Bíblia da CNBB).
Então aconteceu: “No dia quinze do mês de Casleu, do ano 145” (versículo 54, BCNBB), que corresponde a 168/167 A.C., “Antíoco levantou sobre o altar dos holocaustos a abominação da desolação” do templo (versículo 54, BCNBB). Este parece ter sido um altar pagão, provavelmente com uma imagem representando o deus principal grego Zeus, como 2 Macabeus 6:2 nos diz que Antíoco profanou o templo judeu, “dedicando-o a Júpiter Olímpico” (BCNBB). Afinal, para a mentalidade grega, o Deus dos hebreus simplesmente se igualava ao deus chefe do panteão grego.
E mais adiante nos diz: “E queimavam incenso diante das portas das casas e nas ruas. Os livros da Lei que fossem descobertos, eles os rasgavam e lançavam ao fogo. Onde quer que fosse encontrado um livro da Aliança, numa casa, ou se alguém estivesse seguindo a Lei, o decreto do rei condenava-o à morte . . . No dia vinte e cinco de cada mês ofereciam sacrifícios no altar que fora erguido sobre o altar dos holocaustos” (1 Macabeus 1:55-59, BCNBB). Na verdade, os porcos, declarados impuros na lei de Deus (Deuteronômio 14:8), foram oferecidos sobre Seu próprio altar.
E continua em 1 Macabeus 1:60-61: “As mulheres que haviam circuncidado seus filhos eram punidas de morte, segundo o decreto, sendo seus filhinhos estrangulados, as casas destruídas, e mortos também os que haviam praticado a circuncisão” (BCNBB).
No entanto, tão horrível quanto isso foi, alguns resistiram. E assim relata 1 Macabeus 1:62-64: “Todavia, muitos em Israel permaneceram firmes . . . Preferiam morrer a se contaminar com esses alimentos, profanando a Aliança sagrada. De fato, muitos morreram. Assim, desencadeou-se uma ira terrível sobre Israel” (BCNBB).
No entanto, muitos da resistência sobreviveram. A história continua com a ascensão do sacerdócio hasmoniano da família de Matatias, incluindo seu filho e sucessor de Judas Macabeu, que não iria comprometer com o paganismo. No final, os esforços desses patriotas e seus seguidores acabaram causando a expulsão dos sírios.
Cumprimento profético futuro
Agora, dentro desse quadro histórico, vamos tomar em consideração a advertência de Cristo sobre a abominação da desolação. Quando Ele a deu, esta parte da profecia de Daniel já tinha sido cumprida quase duzentos anos antes. Assim, a profecia de Daniel, de acordo com Jesus, tem que ter um duplo cumprimento.
Jesus revelou-nos o tempo para cumprimento final desta profecia em Mateus 24:21 quando explicou o que se seguiria imediatamente: “Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora.”
Isto lembra outra parte da profecia de Daniel, que no tempo do fim “haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo” (Daniel 12:1). Portanto, este período de tribulação ocorre no final desta época, pouco antes da volta de Cristo.
Lições do primeiro cumprimento
Podemos aprender muito sobre esta profecia do fim dos tempos a partir da abominação desoladora original que Daniel predisse. Antíoco Epifânio foi um precursor do rei do norte do tempo do fim, o ditador mundial referido no livro de Apocalipse como a “besta”. Sem dúvida, este governante do fim dos tempos vai empregar os mesmos métodos desonestos e dissimulados que marcaram o reinado de Antíoco.
Além disso, pelo que temos visto e por outras indicações das escrituras, parece que o governante do fim dos tempos vai dissimular propostas de paz aos judeus da nação moderna de Israel.
Quais os outros paralelos que podemos ver? Parte da “abominação” de Antíoco envolveu a cessação dos sacrifícios diários no templo (versículo 31). No entanto, a profecia de Daniel deixa claro que os sacrifícios serão novamente impedidos com a próxima abominação da desolação (Daniel 12:9-13). Para esta profecia ser cumprida, parece que os sacrifícios serão novamente instituídos e um altar será reconstruído antes do retorno de Jesus, o Messias.
Em outro paralelo, Antíoco profanou o antigo templo sagrado, quando ergueu o ídolo do deus pagão Zeus e sacrificou suínos sacrificados lá dentro. A abominação do fim dos tempos também pode envolver uma imagem idólatra em um novo templo. O que sabemos com certeza é que dentro do “templo de Deus” haverá uma pessoa real afirmando ser Deus na carne (2 Tessalonicenses 2:1-12).
Cristo vai destruir esta figura religiosa na Sua segunda vinda (versículos 5-8), mas não antes de muitas pessoas terem sido enganadas “com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira” (versículos 9-12).
Além disso, assim como a abominação desoladora original marcou o início de um período de horror e de miséria sem precedentes também assim será no fim quando se iniciará um tempo horripilante como nunca visto, a futura Grande Tribulação.
Podemos ser gratos a Deus por ter prometido enviar o Seu Filho de volta à Terra para salvar a humanidade da auto aniquilação neste tempo horrível de engano e destruição em massa que está por vir. De fato, os eventos mundiais marcham cada vez em direção ao cumprimento dessas profecias, por isso vamos nos aproximar mais a Deus na fé, confiando Nele para que cuide de nós nesse tempo temível, sabendo que não fomos deixados às escuras, pois esse conhecimento prévio nos ajuda a entender melhor os eventos do fim dos tempos.