Deus Confirma Sua Credibilidade ao Mundo

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Deus Confirma Sua Credibilidade ao Mundo

“A palavra hebraica para profeta, nabi, significa ‘aquele que anuncia ou traz uma mensagem de Deus’. Nossa palavra ‘profeta’ tem essencialmente o mesmo significado, aquele que fala por inspiração divina, como o intérprete ou porta-voz de Deus, seja uma mensagem de dever, uma advertência, ou uma previsão de eventos futuros. O duplo sentido é devido aos dois sentidos da preposição pro (no grego, do qual nossa palavra profeta é derivada), ‘por’ e ‘antes’, assim o profeta é aquele que fala por Deus, e quem diz de antemão o que está para acontecer” (Dicionário Bíblico de Peloubet, 1971, “Profeta, Profecia”).

É importante que entendamos o papel desses profetas. Daniel refere-se aos profetas como “Teus [de Deus] servos . . . que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da terra” (Daniel 9:6). Eles foram mensageiros cujo papel foi muito além de revelar o futuro. Eles também deram instruções, observando as lições da história, lembrando o povo de sua aliança com Deus, mostrando a reis e nações os seus pecados e proclamando a chamada de Deus ao arrependimento. Como porta-voz de Deus, a Bíblia, às vezes, se refere a um profeta simplesmente como “um homem de Deus” (1 Samuel 2:27).

Deus costumava revelar Sua vontade aos profetas através de visões e sonhos. Eles viram, claramente em imagens mentais, o que Deus queria que eles transmitissem ao povo—como a “visão que teve Isaías, filho de Amoz, a respeito de Judá e de Jerusalém” (Isaías 2:1). Eles, então, descreveram com suas próprias palavras e estilo, o que viram ou ouviram (vers. 8). Às vezes, Deus dizia-lhes o que deveriam falar. Muitas passagens proféticas são introduzidas com as palavras: “Assim diz o senhor . . .” (Isaías 44:6, Jeremias 8:4, Ezequiel 11:5).

Declínio espiritual de Israel

Entre o período logo após a morte de Josué até a destruição de Jerusalém pela Babilônia em 586 a.C., a condição espiritual do povo de Israel havia se deteriorado. Apenas durante parte dos reinados de alguns reis—Davi, Salomão, Ezequias e Josias—as nações da antiga Israel e Judá foram consideradas relativamente justas e obedientes.

Sob a liderança de Salomão, Israel alcançou o auge de sua expansão, prosperidade e fama. Porém, a tributação pesada que Salomão impôs, gerou miséria e ressentimento. Enquanto isso, suas esposas pagãs influenciaram-no a se afastar de Deus e ir para a idolatria.

Imediatamente após a morte de Salomão, seu filho Roboão ignorou o conselho de seus conselheiros mais experientes para reverter a tributação excessiva de Salomão, uma política que ameaçava dividir o reino. As tribos do norte, especialmente se ressentiam desses pesados impostos e, sob a liderança de Jeroboão, as dez tribos se revoltaram e se reorganizaram em um reino separado.

Quase imediatamente este novo reino, a casa de Israel, adotaram formas de idolatria para suas cerimônias religiosas. Judá, o reino do sul, manteve a forma correta de adoração e, às vezes experimentava reavivamentos espirituais sob a liderança de reis justos, como Ezequias e Josias. Mas, até mesmo Judá falhou em reduzir a propagação da idolatria dentro de suas fronteiras.

O clima moral e espiritual em ambos os reinos havia se degenerado, primeiramente com um rápido declínio na casa de Israel seguido por um declínio prolongado na casa de Judá. Governantes e súditos começaram negligenciando sua aliança com Deus. Especificamente, Deus condenou a idolatria e o desprezo do dia de Sábado, o tempo que Ele tinha separado para o repouso semanal e para o culto.

Logo as aflições e as punições pela desobediência que Deus havia escrito detalhadamente em Levítico 26 e Deuteronômio 28 começaram a afetar ambos os reinos em grande escala. Através de seus profetas, Deus insta ao arrependimento, durante vários séculos, ambas as casas, a de Judá e a de Israel. Porém, a maior parte do povo ignorou e desprezou os avisos dos profetas.

A princípio, os profetas utilizaram somente a advertência verbal para condenar a corrupção moral e espiritual das duas nações. Rogaram por arrependimento. Os dois proeminentes profetas durante este longo período de declínio espiritual e moral foram Elias e Eliseu. Lemos sobre o seu trabalho perto do final do livro de Primeiro Reis e nos primeiros capítulos de Segundo Reis. No final das contas, os profetas começaram a anunciar suas advertências proféticas não apenas com apelos verbais, mas com mensagens proféticas escritas.

A profecia escrita tornou-se necessária

Conforme Israel e Judá continuaram deslizando para a degeneração moral e espiritual, Deus logo aumentaria drasticamente a punição por seus pecados. Ele enviou Seus profetas com uma nova e aterrorizante advertência para anunciar a ambas as nações: A menos que se arrependam dos seus pecados coletivos—particularmente a sua cobiça, idolatria e violação do Sábado—brevemente seu destino será o cativeiro e o exílio. Conquistadores estrangeiros invadirão suas fronteiras, destruirão suas cidades e levarão os sobreviventes para terras distantes.

Naqueles dias impérios muitas vezes conseguiam a submissão de pequenos reinos vizinhos simplesmente intimidando-os com ameaça de invasão. Os países mais fracos normalmente consentiam em tornar-se estados vassalos dos governantes poderosos, que exigiam fidelidade total. Enquanto os estados vassalos pagavam o imposto ou tributo exigido e mantinham sua fidelidade ao império mais poderoso, geralmente eram autorizados a governar a si mesmos. Mas qualquer insubordinação era rapidamente esmagada, e restrições adicionais à sua liberdade eram impostas. Se os vassalos novamente tentassem livrar-se do controle do poder superior, eram derrotados pela força militar e os sobreviventes levados para o exílio.

Por que a ameaça de exílio para Israel e Judá era tão importante para Deus a ponto de Ele querer que fosse registrada por escrito para as gerações futuras? Por que Deus decidiu que o mundo inteiro deveria saber como e por que Ele iria negar Seu povo escolhido por um tempo? Afinal, Deus havia prometido esta terra aos descendentes de Abraão para sempre. Como é que Ele poderia afastá-los para longe dela sem destruir a Sua própria credibilidade?

Deus cumpre Suas promessas

Deus quer que o mundo saiba que Ele sempre cumpre suas promessas. Ele, especificamente, prometeu a Abraão e a Davi que seus descendentes, sua semente, herdaria e reinaria sobre uma terra particular, a terra de Canaã, para sempre. Emtretanto, através dos profetas, Deus disse a Israel e a Judá que os expulsaria daquela terra. Isso exigia uma explicação.

Como Deus poderia expulsar Seu povo da Terra Prometida para o cativeiro e o exílio e ainda assim manter suas promessas? Deus iria abandonar Suas promessas e alianças? Seria o fim da dinastia de Davi?

Deus decidiu responder a essas perguntas com antecedência. Ele não queria que nenhum escarnecedor tivesse razão legítima para acusá-Lo de ignorar ou abandonar Suas promessas e alianças. Ele decidiu registrar permanentemente o motivo pelo qual estava enviando os descendentes de Israel—ambos os reinos—para o exílio.

Então, Ele enviou Seus profetas não só para avisar, mas também para registrar o que tinha planejado para que todos os povos pudessem ler, antecipadamente, Seus planos para restaurar a Israel como um reino. Um dos primeiros profetas escreveu sobre o exílio iminente do reino do norte, Israel, exclamando: “Certamente o senhor não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Deus ordenou aos profetas, não apenas alertar sobre as catástrofes iminentes, mas também explicar que Ele cumpriria todas Suas promessas.

Com este pano de fundo, lemos que Deus registrou pelos profetas para todas as gerações o que traria o futuro. Esta é a história escrita com antecedência.

As mesmas profecias que prenunciavam a queda dos reinos de Israel e Judá davam detalhes específicos sobre a vinda do Messias e a restauração do trono de Davi. Estas profecias explicam que o Messias—como o Filho de Davi e também de Deus—restaurará, na Sua segunda vinda, o reino de Israel como parte de Seu próprio reino mundial.

Através dessas profecias, Deus fornece à humanidade a prova da confiabilidade de Suas promessas e alianças. A profecia constata a credibilidade e a fidelidade de Deus para todos aqueles que tiram um tempo para estudar e aceitar a Sua Palavra.

Tal como Deus já havia demonstrado—pelo milagroso êxodo de Israel do Egito—que Suas promessas de nacionalidade a Abraão, Isaque e Jacó eram confiáveis, igualmente Ele demonstrará a confiabilidade total de Sua Palavra cumprindo tudo o que anunciou através das palavras e dos escritos de Seus profetas. Através deles Ele revelou os aspectos bons e ruins do futuro de Israel e que essas coisas certamente afetarão o futuro da humanidade.

E o mais importante é, depois de tudo ser cumprido, que Deus demonstrará que Ele e somente Ele é o Único que tem todo o poder sobre o nosso destino. Ele terá provado sem sombra de dúvida, estas palavras: “Eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam . . . porque assim o disse, e assim acontecerá; eu o determinei e também o farei”  (Isaías 46:9-11).

Deus demonstrará que Ele é Deus

Através do profeta Ezequiel, Deus explica o grande propósito dos eventos Ele nos revelou:

“E eu porei a minha glória entre as nações, e todas as nações verão o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que sobre elas tiver descarregado. E saberão os da casa de Israel que eu sou o senhor, seu Deus, desde aquele dia em diante. E as nações saberão que os da casa de Israel, por causa da sua iniqüidade, foram levados em cativeiro, porque se rebelaram contra mim, e eu escondi deles a minha face e os entreguei nas mãos de seus adversários, e todos caíram à espada. Conforme a sua imundícia e conforme as suas prevaricações, usei com eles e escondi deles a minha face.

“Portanto, assim diz o senhor: Agora, tornarei a trazer os cativos de Jacó. E me compadecerei de toda a casa de Israel... quando eu os tornar a trazer de entre os povos, e os houver ajuntado das terras de seus inimigos, e for santificado neles aos olhos de muitas nações. Então, saberão que eu sou o senhor, seu Deus, vendo que eu os fiz ir em cativeiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para voltarem à sua terra, e nenhum deles excluí” (Ezequiel 39:21-28; comparar com Êxodo 6:7).

Deus deixou essas profecias por escrito para que toda a humanidade fosse capaz de compreender e acreditar em Seu grande poder e veracidade. Então, todos os povos teriam provas incontestáveis para que pudessem confiar Nele como o Deus vivo e fiel. Se Deus não conseguisse manter uma única promessa, Sua palavra estaria para sempre sob suspeita. A profecia explica como cumprirá Suas promessas—tanto para punir aqueles que se rebelam contra Ele, quanto abençoar aqueles que se rendem às Suas instruções.

Deus pretende usar Suas profecias—surpreendentemente precisas—para demonstrar a todos que Ele é realmente o Deus da verdade. Eles perceberão a veracidade da simples declaração de Jesus Cristo a respeito de Deus: “A tua palavra é a verdade” (João 17:17).

Deus confirmará sua credibilidade

Devemos lembrar as promessas feitas a Abraão e Davi e a aliança que Deus estabeleceu com Israel. Deus compromete-Se a ser fiel à Sua palavra. Ele, portanto, obrigou-Se a restaurar toda a herança e todas as bênçãos que tirou de Israel e Judá, durante o exílio.

Mais uma vez, por intermédio de Ezequiel, Deus disse: “Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra. E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles; e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.

“E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas prevaricações; e os livrarei de todos os lugares de sua residência em que pecaram e os purificarei; assim, eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Ezequiel 37:21-23).

Será tão convincente e evidente a realidade de Deus que haverá um arrependimento real e uma transformação impressionante do povo de Israel em resposta a Ele. “’O Redentor virá a Sião [Jerusalém], aos que em Jacó se arrependerem dos seus pecados’, declara o senhor. ‘Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles’, diz o senhor. ‘O meu Espírito que está em você e as minhas palavras que pus em sua boca não se afastarão dela, nem da boca dos seus filhos e dos descendentes deles, desde agora e para sempre’, diz o senhor” (Isaías 59:20-21, NVI).

O apóstolo Paulo reafirmou este conceito séculos mais tarde: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Romanos 11:25-26).

Nenhuma sombra de dúvida restará sobre a existência de Deus e Sua autoridade. A prova de que Ele é real e que Sua Palavra é confiável será absolutamentee irrefutável.

Uma vez que os descendentes da antiga Israel aceitem a evidência inegável de que Deus inspirou e fielmente tem cumprido as profecias escritas em Sua Palavra, Cristo começará a ensinar as outras nações esta mesma verdade. Então, Deus trará todas as nações, toda a humanidade, ao arrependimento. Os livros da profecia em nossas Bíblias serão a prova indiscutível de que Deus pode prever, com precisão, o fim desde o começo.