A vida eterna é um dom da graça de Deus, e não algo que qualquer um de nós mereça ou possa ganhar de alguma forma. Ninguém jamais poderá vangloriar-se de ter conquistado ou merecido o dom da vida eterna. Mas Deus estabelece condições para recebermos esse dom? Segundo a Bíblia, Ele estabelece sim!

Se devemos fazer algo para receber de Deus esse dom da salvação, como ele pode ser um presente?

Vamos usar uma analogia para explicar isso. Se alguém quiser lhe mandar uma nota de cem reais com a condição de você lhe enviar um envelope endereçado e selado, então essa pessoa estaria lhe dando um presente. Simplesmente crer que ela vai lhe enviar o dinheiro não seria suficiente para ganhar esse dinheiro. Pois, se você não conseguir lhe enviar o envelope, então não receberia o dinheiro. Portanto, você pode até reclamar, mas ainda assim não receberia aquele presente porque não tinha cumprido as condições.

Por outro lado, se você enviar o envelope requerido e receber o dinheiro, isso não significa que você ganhou esse presente. Você simplesmente reuniu as condições necessárias para isso. Mas sem a oferta desse presente imerecido, mesmo enviando centenas de envelopes você não receberia nada, pois não teria direito a nada. Mas isso não deixa de ser um presente pelo fato de haver condições para recebê-lo. Infelizmente, milhões de pessoas não conseguem entender isso e, portanto, não percebem que correm o risco de perder o inestimável dom da salvação de Deus.

Observe esta declaração de Hebreus 5:9: “E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que Lhe obedecem”.

Visto que a salvação é um dom de Deus, o que essa passagem significa quando fala de “eterna salvação para todos os que Lhe obedecem”? Está bastante claro que a salvação é um presente. Contudo, se precisamos fazer algo para recebê-lo, então ela é um presente que vem com condições.

Então, o que devemos fazer?

Vamos examinar algumas das declarações de Jesus Cristo acerca do que devemos fazer para receber esse dom da salvação.

Em Mateus 7:21, Jesus diz: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus”. Jesus deixou claro que apenas reconhecê-Lo como Senhor e Mestre — dizer "Senhor, Senhor" — não é suficiente. Para herdar o Reino de Deus, devemos fazer a vontade do Pai, como Ele declarou.

Jesus quer que entendamos que é fazer algo mais para receber a vida eterna além da crença ou aceitação mental. Nossa convicção de que Ele é nosso Salvador deve ser mais do que apenas um pensamento caloroso e reconfortante ou um conceito intelectual. Jesus adverte que simplesmente invocar Seu nome ou reconhecê-Lo como "Senhor" não é suficiente.

Obediência aos mandamentos de Deus

Certa vez, um jovem rico perguntou a Jesus como poderia receber a vida eterna. “Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?” (Mateus 19:16). A resposta de Cristo pode chocar alguns que pensam que a obediência à lei de Deus é desnecessária — que Ele fez isso por nós para não termos que fazer nada mais. Jesus respondeu: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” (versículo 17).

Jesus não respondeu que bastava crer em Deus ou nEle. Ele disse ao jovem que ele deveria obedecer aos mandamentos de Deus para receber o dom da vida eterna. Claro e transparente!

Como assinala o apóstolo Tiago, a crença não faz sentido a menos que seja apoiada pela ação e pela obediência: “Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem” (Tiago 2:19). Se pensarmos que crer é tudo o que precisamos fazer para ganhar a salvação, nós estamos muito enganados. Como nos disse Tiago, os espíritos demoníacos acreditam plenamente em Deus e sabem que Jesus é o Filho de Deus ressuscitado dentre os mortos. Mas isso não significa que eles estejam salvos!

Tiago continua explicando que a fé e a obediência andam de mãos dadas, usando o exemplo de Abraão, a quem Deus disse para sacrificar seu filho Isaque (depois o impediu de fazer isso): “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada?” (Tiago 2:20-22).

Assim Tiago explicou que as obras de obediência, como resultado de nossa fé, mantêm nosso relacionamento com Deus e levam a mais fé e obediência, conforme Deus exige. Sem obras como evidência de nossa vida na fé, essa fé está "morta" — vazia e inútil.

Batismo e imposição de mãos

Jesus falou sobre outra condição para o dom divino da vida eterna em Marcos 16:16: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. O batismo nas águas — por imersão total — é um ato simbólico que representa a morte e a lavagem de nossos antigos pecados e o começo de uma nova vida de serviço a Deus e de luta para evitar o pecado (Romanos 6:1-23). Por meio desse ato, matamos e enterramos, simbolicamente, o antigo eu e saímos daquele túmulo aquático para uma nova vida como uma nova pessoa.

O batismo deve ser seguido pela imposição de mãos por um verdadeiro ministro de Jesus Cristo, que nos permite receber o Espírito Santo de Deus e, realmente, passar a pertencer a Ele (Atos 8:17; Romanos 8:9). Se não entregarmos nossa vida a Deus através do batismo e da imposição de mãos para receber Seu Espírito, conforme as instruções, então nós deixamos de cumprir Seus pré-requisitos para receber Seu dom de salvação.

O apóstolo Pedro asseverou essas condições para se receber o Espírito de Deus, declarando: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2:38). O arrependimento significa passar da desobediência para a obediência a Deus. Então, novamente, o compromisso da obediência e o batismo são apresentados como requisitos no processo de salvação.

Para aqueles que descartam essas e outras instruções bíblicas claras, Jesus responde: “E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que Eu digo?" (Lucas 6:46).

Em Mateus 10:22 e Mateus 24:13, Jesus deu outra condição que devemos cumprir para receber o dom da salvação de Deus: “Aquele que perseverar até ao fim será salvo”. Como Jesus disse, de forma clara e direta, aqui, podemos perder a salvação se não conseguirmos perseverar até ao fim (ver também “Aqueles Que Deus Perdoou Podem Rejeitar Sua Graça?”).

Uma vez que nos comprometemos a obedecer e nos render a Deus, devemos seguir assim até ao fim e não olhar para trás (Lucas 9:62).

A salvação é de graça, mas não é barata

Você já deve ter ouvido a expressão "a salvação é de graça, mas não é barata" — em contraste com a "graça barata", que muitos parecem acreditar piamente. O divino dom da vida para nós custou a vida de Jesus Cristo. Ele, o próprio Filho de Deus, renunciou voluntariamente à Sua vida, para que pudéssemos receber esse maravilhoso dom de Deus: a vida eterna. E isso custou muito ao Pai, que "deu o Seu Filho unigênito" (João 3:16).

Mas Deus espera que entreguemos nossas vidas em troca, como Jesus declara em Lucas 14:33: “Assim ninguém pode ser Meu discípulo se primeiro não resolver abrir mão de todas as outras coisas, por Mim” (Bíblia Viva).

O dom divino da vida eterna teve um custo muito mais alto do que podemos imaginar. E como Jesus Cristo deu a vida por nós, precisamos estar dispostos a dar nossa vida para segui-Lo!

Então, voltando à pergunta inicial, Deus impõe condições pelo Seu dom de salvação? Obviamente, a resposta é sim. E Sua Palavra enuncia essas condições. Devemos ter certeza, como nos exorta Hebreus 2:3, de não “negligenciarmos tão grande salvação” (ARA). (Para saber mais sobre as obrigações que temos para com Deus como receptores de Sua graça, leia “O Que Significava 'Graça' no Mundo do Primeiro Século?”).