O Apóstolo Paulo: Um Exemplo da Graça de Deus em Ação

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O Apóstolo Paulo

Um Exemplo da Graça de Deus em Ação

A palavra graça tinha um significado profundo para o apóstolo Paulo. As cartas dele formam a maior parte do que hoje chamamos de Novo Testamento, e nelas ele usou a palavra grega charis que, na maioria das vezes, é traduzida como "graça"; aproximadamente cem vezes. Notavelmente, o assunto da graça aparece frequentemente em todas as suas epístolas, que foram preservadas para nós.

Quando entendemos a história dele, começamos a entender os motivos!

Ademais, dos inúmeros indivíduos mencionados na Bíblia, certamente, Paulo é um dos mais intrigantes. Desde o início, ele dedicou sua vida a servir a Deus. Ele estudou com um dos rabinos mais famosos da época, Gamaliel — um professor cuja reputação era tão grande que outros rabinos e estudiosos o citaram por séculos. Esta não foi uma conquista pequena, porque um rabino desse gabarito aceitaria apenas os melhores e mais brilhantes alunos como seus discípulos.

Em sua juventude tudo ia muito bem para Paulo. Como ele disse: “E, na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais" (Gálatas 1:14). Ele estava a caminho de se tornar um famoso rabino, pois era “instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso para com Deus” (Atos 22:3).

O zelo equivocado e suas terríveis consequências

Mas o zelo, como demonstram a história e a Bíblia, nem sempre é uma coisa boa.

O zelo pode ser bom ou muito destrutivo, dependendo da causa pela qual se é zeloso. No caso de Paulo, seu zelo equivocado em apoiar a religião de seu povo o levou a atos horríveis, inclusive ao assassinato de cristãos. Vamos ler isso em suas próprias palavras:

"Sabem como eu perseguia sem dó nem piedade a Igreja de Deus e fazia tudo para destruí-la" (Gálatas 1:13, BLH).

“Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres...fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados” (Atos 22:4-5).

“Encerrei muitos dos santos [ou cristãos crentes] nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui” (Atos 26:10-11).

Naquela época, de forma alguma Paulo, conhecido por seu nome hebraico Saulo, poderia ser considerado uma boa pessoa. Ele era um homem vingativo e violento que perseguia e matava aqueles que discordavam dele — neste caso, os cristãos, homens e mulheres. Devido a suas ações, muitas esposas ficaram viúvas e maridos perderam suas esposas. Crianças ficaram órfãs. E famílias perderam suas casas e negócios. Alguns se tornaram fugitivos, escapando para salvar suas vidas. Na primeira vez que Paulo é mencionado na Bíblia, o mártir Estevão foi brutalmente apedrejado até a morte por uma multidão enfurecida, e Paulo ficou de lado e “consentiu na morte dele” (Atos 7:58-8:1).

A seguir, ele aparece “respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor” e buscando autorização para viajar a Damasco para prender qualquer cristão que encontrasse ali para que “os conduzisse presos a Jerusalém” para serem julgados e, provavelmente, executados (Atos 9:1-2).

Um encontro divino a caminho de Damasco

Mas Paulo experimentou a graça de Deus de uma maneira poderosa e transformadora. Ao viajar para Damasco para realizar essa missão, subitamente, ele foi impedido e ficou temporariamente cego. Enquanto ele rastejava na poeira daquela estrada, uma voz lhe disse: “Saulo, Saulo, por que Me persegues?"

Atordoado, ele respondeu: “Quem és, Senhor?"

A resposta foi chocante: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues...Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer” (versículos 4-6).

Então, Paulo foi batizado. E, capacitado pelo Espírito de Deus, “logo, nas sinagogas, pregava a Jesus, que Este era o Filho de Deus" (versículo 20). Mais tarde, ele passou três anos sendo ensinado pessoalmente por Jesus Cristo (Gálatas 1:11-12, 17-18).

Paulo cresceu espiritualmente e se tornou um homem profundamente convertido. O zelo que antes dirigira ao intuito de exterminar a Igreja de Deus agora estava voltado para a edificação dela.

Mas, seus esforços lhe cobraram um alto preço pessoal: “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez” (2 Coríntios 11:24-27).

Será quantas vezes Paulo foi assombrado pelos rostos das pessoas inocentes que ele havia prejudicado, arrancando-as de suas famílias e enviando-as à prisão ou à morte? Não sabemos. Mas sabemos que Paulo sabia que era um "homem miserável" e que merecia a morte (Romanos 7:24).

Ele escreveu a seu querido amigo e discípulo Timóteo que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1 Timóteo 1:15, NVI).

Um mestre agradecido pela graça

Ele também disse a Timóteo: “A mim que anteriormente fui blasfemo, perseguidor e insolente; mas alcancei misericórdia, porque o fiz por ignorância e na minha incredulidade; contudo, a graça de nosso Senhor transbordou sobre mim, juntamente com a fé e o amor que estão em Cristo Jesus” (1 Timóteo 1:13-14, NVI).

Paulo passou a entender plenamente como atua o maravilhoso dom da graça. Depois de se arrepender de seus erros passados, ele serviu de maneira poderosa. Ele sabia que Deus poderia perdoar até os pecados aparentemente imperdoáveis. Assim, ele escreveu: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Romanos 8:1).

Paulo entendeu perfeitamente que Jesus havia dado Sua vida como oferta sacrificial por nossos pecados e que, apesar do que Paulo havia feito, ele não estava mais condenado. Para Paulo, a graça de Deus venceu o pecado e a morte (Romanos 3:24-26). Tendo sido salvo pela graça, ele agora vivia pela graça, dedicando sua vida ao “evangelho [boas novas] da graça de Deus” (Atos 20:24).

Então, não é de se admirar que Paulo tenha escrito tanto sobre a graça e a benignidade de Deus. Ele foi um exemplo vivo e significativo da graça de Deus em ação! Como ele escreveu em 1 Timóteo 1:16: “Mas Deus teve misericórdia de mim, de tal maneira que Cristo Jesus pode usar-me como exemplo para mostrar a todos como Ele é paciente até mesmo com o pior dos pecadores, a fim de que os outros compreendam que eles também podem ter a vida eterna” (Bíblia Viva).