Perdoar Assim Como Se É Perdoado

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Perdoar Assim Como Se É Perdoado

No entanto, a graça de Deus envolve muito mais do que isso — na verdade, tem a ver com todos os Seus dons benignos para nós. Contudo, Seu misericordioso perdão é uma parte importante da graça que Ele nos concede. E uma condição para recebermos, e continuarmos recebendo, Seu perdão pela graça é que também devemos ser misericordiosos, perdoando como somos perdoados.

O Salmo 37:21 diz que “o justo se compadece e dá”. Cumprindo a exigência do Senhor de amar a misericórdia (Miquéias 6:8, ARA), Jesus disse que a misericórdia é um dos assuntos “mais importantes da lei” (Mateus 23:23)

E nas bem-aventuranças que abrem Seu Sermão da Montanha, Jesus disse: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mateus 5:7). Mais tarde, na mesma mensagem, onde Ele deu um exemplo de como orar na oração conhecida como o Pai Nosso, dizendo-nos: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores" (Mateus 6:12). Aqui Ele se refere ao que é devido por ter feito algo errado.

Lucas registra essa linha de pensamento noutro lugar assim: “Perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve" (Lucas 11:4). Depois de dar esse exemplo da Oração do Pai Nosso no Sermão da Montanha, imediatamente Jesus chamou a atenção para esse aspecto em particular, declarando: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14-15).

Portanto, é importante não guardar ressentimentos e deixar de lado essas coisas — não nos apegando a mágoas e nem nos tornando amargurados. E Jesus disse que devemos continuar perdoando, mesmo diante de repetidos pecados, assim como Deus faz conosco (Lucas 17:3-4; Mateus 18:21-22). Isso não significa que tudo pode ser resolvido de forma totalmente reconciliatória com todo ofensor. Infelizmente, aqui não há espaço para aprofundarmos nessas circunstâncias específicas, mas devemos nos esforçar para ter um coração perdoador.

Em Mateus 18:23-35, Jesus continuou com uma parábola de um servo que devia uma fortuna a seu mestre, mas não podia pagar — como consequência, o servo e sua família deveriam ser vendidos. O servo implorou por mais tempo para pagar o que devia e, surpreendentemente, o mestre teve compaixão dele, o libertou e perdoou sua dívida.

Mas depois esse servo encontrou um companheiro que lhe devia uma quantia que, embora substancial, não era nada comparada com a dívida que lhe fora perdoada. Esse companheiro pediu-lhe mais tempo para pagar, mas ele não aceitou e o jogou na prisão pela dívida! Quando isso foi relatado ao mestre, este ficou furioso e disse: “Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?” (versículo 33). E o mestre entregou-o aos carcereiros para ser torturado para pagar com sofrimento sua imensa dívida.

Observe que esse servo realmente voltou a ter aquela dívida da qual havia sido liberado e agora tinha que pagá-la por causa de seu próprio fracasso em perdoar. Este é um sério aviso para os cristãos que receberam a graça de Deus. Como Jesus concluiu: “Assim vos fará também Meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (versículo 35).

Mais tarde, o apóstolo Tiago escreveria: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia” (Tiago 2:13). Não devemos nos concentrar em tratar os outros segundo o que merecem, pois o que isso significaria para nós? E o que nós merecemos? Felizmente, como Tiago acrescenta, “a misericórdia triunfa sobre o juízo” — e o mesmo deve acontecer com nosso tratamento e perdão quanto aos outros. O apóstolo Paulo também disse que devemos perdoar “uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Efésios 4:32; comparar Colossenses 3:13).

Mais uma vez, vemos que a graça não vem sem sérias obrigações. Assim como fomos perdoados, também devemos ser pessoas que estendem o perdão aos outros. Se chegarmos ao ponto de deixar de perdoar, então Deus também deixaria de nos perdoar. Nunca devemos seguir esse caminho, mas sempre nos lembrar da grande e misericordiosa graça perdoadora de Deus para conosco e continuar perdoando assim como somos perdoados.