Resgatados pela graça de Deus: A história de Maria

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Resgatados pela graça de Deus

A história de Maria

Muitos não sabem que na Bíblia as palavras traduzidas como "salvar" e "salvador” podem se referir a mais do que a salvação definitiva no sentido espiritual. Originalmente, os termos hebraico e grego (e suas variações) também têm conotações de "resgate" e "libertar" — para salvar num sentido imediato, para resgatar de circunstâncias ou situações perigosas ou desesperançadas.

Tanto Deus Pai quanto Jesus Cristo são chamados de nosso Salvador na Bíblia, e com razão. Não podemos receber o dom da salvação de Deus pela graça sem Eles. Mas também devemos considerar que Eles são nossos salvadores e libertadores de situações desesperadoras nesta vida.

Às vezes, devemos ser resgatados e libertados de situações desesperadas antes de poder avançar no caminho rumo à salvação espiritual de Deus. Encontramos diversas pessoas nessa situação na Bíblia.

Uma mulher necessitando desesperadamente de resgate

Miriam, uma judia que viveu no primeiro século, era uma dessas pessoas. Hoje mais conhecida por Maria Madalena, ela morava na pequena vila de pescadores de Magdala, às margens do mar da Galileia, cerca de oito quilômetros de Cafarnaum, onde Jesus Cristo viveu depois de se mudar de Nazaré.

Sabemos pouco sobre o passado dela. Não sabemos a idade dela e nem se ela era casada ou solteira, como também se ela teve filhos. E não sabemos o que aconteceu com ela. Mas sabemos que ela precisava desesperadamente ser resgatada.

Maria estava possuída por sete demônios (Marcos 16:9; Lucas 8:2).

Hoje, em nossa era supostamente iluminada, é fácil descartar a influência e a possessão demoníaca como algum tipo de superstição ou doença mental baseado na ideia de mitos. Mas a Bíblia é categórica ao afirmar a existência de um mundo espiritual muito real, paralelo e envolto ao nosso mundo e habitado por anjos caídos, rebeldes e perversos — o principal deles sendo Satanás, o diabo.

Às vezes, como mostram as Escrituras, os demônios podem possuir seres humanos — levando a um comportamento bizarro, imprevisível, perigoso e, muitas vezes, autodestrutivo. Como era a vida de Maria nessa condição? Não temos os detalhes, mas, mesmo nas melhores circunstâncias, deve ter sido um tipo de inferno. Geralmente, hoje em dia, falamos da vida de pessoas instáveis usando frases como "um trem desgovernado", "fora dos trilhos" ou "um desastre prestes a acontecer". E, sem dúvida, assim era a vida dela.

A possessão demoníaca torna uma pessoa perigosa, desiludida e complicada, de uma forma muito difícil de alguém compreender. Isso fica claro nos exemplos bíblicos em que indivíduos possuídos por demônios se mutilavam, se jogavam no fogo, arrancavam suas roupas, gritavam à toa e viviam em túmulos, entre corpos mortos e em decomposição. Uma situação compreensivelmente sombria, porque essas pessoas não estavam mais no controle de suas vidas e ações. Mais do que qualquer outra coisa, elas precisam ser resgatadas!

Um resgate milagroso e a resposta de gratidão

A Bíblia não nos diz quando, onde ou como, mas Maria foi resgatada. Jesus ensinou e curou nas cidades e sinagogas por toda a Galileia, inclusive expulsando demônios. Sem dúvida, ele visitou Magdala e, certamente, as pessoas dali caminharam até a vizinha Cafarnaum para ouvi-Lo ensinar e para serem curadas. Em algum lugar daquela época, Maria, a endemoniada, tornou-se “Maria Madalena, a qual [Ele] tinha expulsado sete demônios” (Marcos 16:9; Lucas 8:2).

Jesus era um exemplo vivo da graça em ação e, nessa graça, primeiro Ele se tornou o Resgatador de Maria e depois o Salvador dela, em seu máximo sentido. Em sua grata devoção, ela se tornou uma seguidora muito dedicada e leal. Observe o que dizem os evangelhos sobre ela:

• Ela fazia parte do grupo que seguia Jesus por todo lugar; ela e várias outras mulheres que “ajudavam a sustentá-los com os seus bens” (Lucas 8:3, NVI).

• Ela foi fiel até o fim e testemunhou a crucificação e o sepultamento de Jesus, depois que a maioria dos discípulos fugiu e abandonou Jesus (Mateus 27:55-61).

• Depois que o corpo de Jesus ter sido sepultado, ela foi uma das mulheres que comprou e preparou especiarias para ungir Seu corpo (Marcos 16:1).

• Ela e outras mulheres foram as primeiras a chegar ao túmulo, onde viram a pedra removida e um anjo lhes disse para irem informar aos outros discípulos que Jesus havia ressuscitado dos mortos (versículos 2-7).

• Ela contou aos outros essa notícia dramática, mas eles não acreditaram nela (Lucas 24:9-11).

• Ela foi a primeira pessoa a quem Jesus apareceu após Sua ressurreição dentre os mortos (Marcos 16:9; João 20:11-17).

E, dentre muitas pessoas encontradas nos evangelhos, Maria é uma das poucas que não tem nada de negativo escrito neles — além do fato de que Jesus havia expulsado sete demônios dela. Contudo, isso foi escrito simplesmente como uma maneira de diferenciá-la das várias outras mulheres chamadas de Maria nos Evangelhos. Isso não significa absolutamente uma mancha em seu caráter.

Na história de Maria, vemos um maravilhoso exemplo da obra da graça. Por causa de circunstâncias fora de seu controle, ela estava numa situação terrível e desesperadora. E em um ato amoroso de misericórdia e graça, Jesus reconheceu isso e a libertou daquela possessão e influência demoníaca.

Em sua gratidão (uma palavra derivada do termo graça, num sentido de retornar benevolência pela benevolência recebida), ela se tornou uma seguidora dedicada de Seu Salvador, a quem conheceu como Seu Salvador espiritual, Mestre e Senhor. Como resultado, os escritores dos Evangelhos a consideraram um modelo para todos os outros que receberam o dom da graça de Deus. Nós também devemos ser seguidores dedicados, consagrando nossas vidas a servir ao Doador de tantas coisas boas para nós — assim como fez Maria!