“Lábios Frouxos Podem Afundar Navios”

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“Lábios Frouxos Podem Afundar Navios”

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“Lábios frouxos podem afundar navios” é uma expressão idiomática estadunidense que alerta contra conversas irrefletidas. Exceto pelo enfoque militarista, isso guarda semelhança com nosso famoso ditado “em boca fechada não entra mosquito”. A frase apareceu em cartazes durante a Segunda Guerra Mundial. Essa mensagem simples, mas profunda, fazia parte de uma campanha que aconselhava militares e civis a evitar conversas descuidadas que pudessem minar o esforço de guerra. O propósito desses cartazes de guerra não era apenas frustrar a espionagem em potencial, mas reprimir rumores que pudessem levar ao desânimo, à frustração, às greves trabalhistas ou a qualquer coisa que pudesse sufocar a coesão nacional em direção à vitória.

Você pode se perguntar o que um slogan de guerra tem a ver com aceitar o convite de seguir a Jesus Cristo (Mateus 4:19, grifo nosso). Francamente, todos nós também estamos numa batalha diária com nossa própria natureza humana, que pode detonar tudo ao nosso redor pelo que procede de nossos lábios. Uma explosão de egoísmo pode fazer mais do que afundar navios no mar. Pode “afundar corações” e afogar relacionamentos entre familiares, vizinhos, colegas de trabalho, companheiros de congregação e até mesmo pessoas que nunca conhecemos pessoalmente.

Tenha em mente as instruções de Jesus em uma passagem bíblica bem familiar, mas muitas vezes negligenciada — em Mateus 18:15-17, Ele diz para “ir até o irmão”. Nela, Jesus declara: “Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão” (versículo 15, ARA). Jesus está compartilhando a realidade espiritual de que, em termos geométricos, a menor distância entre dois pontos é uma linha reta.

Agora, sejamos honestos, com que frequência praticamos o que nosso Mestre ensina aqui? E quão frequentemente saímos por aí compartilhando descuidadamente informações negativas com todos, menos com o indivíduo em questão? Precisamos entender que nosso Pai Celestial e Seu Filho também são parte da plateia que nos vê “praticando o que pregamos” ou apenas “falando o que pregamos”.

Todos nós precisamos nos esforçar para ser mais cuidadosos quanto às conclusões apressadas a respeito dos outros e também o que contamos sobre eles.

O julgamento justo e o amor uns pelos outros

Vamos dar uma olhada mais atenta ao versículo 16: “Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que, pela boca de duas ou três testemunhas, toda palavra seja confirmada” — e o passo seguinte é levar o assunto perante juízes espirituais reconhecidos.

Jesus estava reiterando aqui um princípio dado anteriormente. Deuteronômio 19:15 afirma claramente que uma única testemunha não era suficiente para condenar alguém: “Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o fato” (ARA). Essa fórmula de Deus acerca da verdadeira justiça também é apresentada e reforçada em Números 35:30 e Deuteronômio 17:6.

Como discípulos de Jesus Cristo, o que significa para nós esse contexto do Antigo Testamento na atualidade? A sabedoria de Deus define o amor e a justiça de forma equilibrada e equitativa para todos. E aqui vemos o apelo dEle à precaução para garantir o bem-estar de todos — tanto da vítima quanto do acusado. O rei Davi proclama no Salmo 145:17-18: “Justo é o SENHOR em todos os Seus caminhos e santo em todas as Suas obras. Perto está o SENHOR de todos os que O invocam, de todos os que O invocam em verdade”.

Deus entregou essas instruções sobre julgamento justo e imparcial e salvaguarda da reputação quando os israelitas estavam prestes a cruzar o rio Jordão para a Terra Prometida. E isso não era apenas para eles, mas para que servissem como um testemunho coletivo aos povos pagãos ao redor deles acerca do grande e justo Deus que os havia libertado. O exemplo habitual deles serviria para mostrar que o caminho de Deus é o melhor caminho para resgatar a humanidade da “lei da selva”, que preconiza que é preciso atacar primeiro e rapidamente para garantir a sobrevivência pessoal.

Deus orientou Moisés a compartilhar com a antiga Israel o propósito dEle ao declarar Seus mandamentos e princípios: “Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR, nosso Deus, todas as vezes que O invocamos?” (Deuteronômio 4:6-7, ARA). Através dos séculos, Israel tem sido chamada para ser uma luz para os gentios, ou seja, as outras nações (Isaías 49:6).

Em Deuteronômio 18:15, Moisés predisse que, dentre os descendentes de Israel, Deus enviaria um Profeta como ele — Alguém que eles deveriam escutar. Essa profecia se referia a Jesus Cristo (Atos 3:20-23). ​​Entretanto, Ele não seria um mero ser humano, mas o Senhor, louvado e apresentado como Libertador e Legislador divino, o “EU SOU” (Êxodo 3:14) que, mais tarde, se tornaria carne como Jesus de Nazaré. Atualmente, Ele se encontra na glória divina como o Cristo exaltado e ressuscitado (João 1:1-3, 14; 8:58; 17:5). Os israelitas se referiam a Ele como “a Rocha” (Deuteronômio 32:4, 15, 18, 30-31). E, como explicou o apóstolo Paulo, Aquele que os levou à Terra Prometida, “essa Rocha era Cristo” (1 Coríntios 10:4, NVI).

Aqui definimos claramente em todas as Escrituras que Jesus de Nazaré veio como o Legislador supremo e Libertador espiritual, o que permitiu que as pessoas cruzassem mais do que simples mares e rios, mas cruzassem da morte para a vida. Hoje, Ele guia Seus discípulos para serem “luz” para todos que estão em sua esfera de influência. Novamente, esse grandioso e segundo Moisés divino ecoa o que lemos em Deuteronômio 4:6-8 ao guiar atualmente Seus discípulos para que “resplandeçam a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16). E isso inclui praticar o julgamento justo e o amor uns pelos outros (João 7:24; 13:34-35).

"Você ficou sabendo disso?"

E se você nunca foi testemunha num tribunal, como esse tema sobre testemunho pode influenciar sua reação a Deus, ao próximo ou até mesmo a um estranho? Há uma frase que frequentemente chega aos nossos ouvidos, através de "pessoas bem-intencionadas", que diz assim: "Você ficou sabendo disso?". É nesse momento de estímulo que seu coração toma uma decisão sobre o que fazer com aquele "boato". Devemos disseminá-lo ou ignorá-lo? Muitas vezes, impulsivamente, podemos nos tornar juízes, acusadores, júri e, ouso até dizer, carrascos no tribunal de nossa mente.

Uma frase simples e notória, que deve ser nosso ponto de partida, se encontra em Provérbios 18:17: “O primeiro [uma testemunha!] a apresentar a sua causa parece ter razão, até que outro venha à frente e o questione”. Deus nos instrui a esperar e verificar um assunto com mais de um indivíduo e lembrar que “na multidão de conselheiros, há segurança” (Provérbios 11:14) — para não frustrar a recompensa espiritual de permitir que paciência tenha a sua obra perfeita (Tiago 1:4).

Gostaria de compartilhar uma história proverbial sobre um homem que tinha o hábito de fofocar e espalhar informações falsas. Ele queria mudar de atitude e buscou a orientação de seu pastor. Ele confessou tudo e se sentiu horrível. Mas o que ele poderia fazer para mudar isso? O pastor dele disse-lhe: "Vá e coloque uma pena na varanda da frente de cada casa de quem você falou mal, depois volte aqui e eu lhe direi o próximo passo".

Então, ele saiu entusiasmado e fez conforme instruído, pensando que o pior já tinha passado. Logo, retornou ao pastor e perguntou: “E agora?”.

O pastor respondeu: “Agora volte e traga todas aquelas penas para mim”. O semblante daquele homem descaiu. Ele abaixou a cabeça e, timidamente, disse: “Isso é impossível, pois agora essas penas se espalharam aos quatro ventos”. E o ministro disse: “A mesma coisa aconteceu com suas palavras! Agora vá e leve essa lição com você”.

Vamos prestar atenção à sabedoria justa Daquele que nos ordena a segui-Lo — analisando bem os assuntos e chegando a conclusões equilibradas e amorosas antes de compartilhar o que sabemos ou pensamos que sabemos sobre os outros. Assim, podemos nos tornar parte da solução e não parte do problema. Lembre-se de que Jesus nos chamou para refletir e espalhar Sua luz e não para viver futilmente colecionando penas!  Até a próxima vez.