Existe Uma Maneira Melhor?
As notícias ruins não param de surgir. Os Estados Unidos já estavam exaustos não apenas com milhares de mortes por Covid-19, mas com um recorde de desemprego e catástrofe econômica e a reação a isso tudo. Então veio o horrível e evidente assassinato de um homem afro-americano por um policial em Minneapolis, piorando um ano que já estava terrivelmente ruim. Nos dias e semanas seguintes, milhares de pessoas foram às ruas em protesto pela morte de George Floyd, que rapidamente se tornou um ícone de uma enorme injustiça. A raiva e a revolta tomaram conta de muitas cidades dos Estados Unidos.
Com o passar do tempo, três perguntas dominam nosso pensamento: Por que isso aconteceu? O que pode ser feito quanto a isso? Como podemos alcançar a paz e curar essa terra?
Franco e pessoal
Para mim, as notícias pareciam algo de caráter pessoal. Como muitos outros, eu experimentei minha parcela pessoal de injustiça e opressão. Eu vim para os Estados Unidos em 1949 com meus pais ucranianos como imigrante de uma Europa devastada pela guerra. Nasci em um campo de refugiados na Alemanha. Meus familiares conhecem bem de perto a opressão, os conflitos e as disputas políticas.
Ironicamente, foi em Minneapolis — local da terrível morte de George Floyd — que uma pessoa, de forma desinteressada e bondosa, se responsabilizou para trazer minha família dos destroços da Segunda Guerra Mundial para um novo e promissor futuro nos Estados Unidos.
Ademais, o que me parece ainda mais irônico é o fato de que Minneapolis e a área das Cidades Gêmeas (assim são chamadas as duas grandes cidades norte-americanas de Saint Paul e Minneapolis, separadas pelo rio Mississipi) têm a excelente e merecida reputação por demonstrar apoio, aceitação e inclusão social aos refugiados de todo o mundo! Então, me cortou o coração saber dessa notícia trágica em meu lar adotivo nos Estados Unidos.
Aliviando a opressão
Minha experiência de vida me ajudou a alimentar essa paixão por ajudar pessoas oprimidas e desfavorecidas. Paralelamente com meu extenso trabalho como pastor, eu e minha esposa Bev vivemos trabalhando em todo o mundo em uma enorme obra humanitária para auxiliar as vítimas do acidente nuclear de Chernobyl na Ucrânia (minha terra ancestral) e muitos projetos de assistência na América do Sul, Ásia e África — inclusive no Malaui, Zâmbia, Zimbábue e outras nações africanas predominantemente negras, que figuram entre as mais pobres do mundo.
Por conta disso, Bev e eu tivemos o privilégio de trabalhar ao lado de pessoas de diferentes cores de pele, nacionalidades e culturas. Viemos a conhecer e amar pessoas de todos os lugares, independentemente do status, sucesso econômico ou posição social. Nós sabemos, em primeira mão, o que Paulo quis dizer quando declarou o seguinte no primeiro século: “Nessa nova vida, não importa se você é judeu ou gentio [não israelita], se é circuncidado ou incircuncidado, se é inculto ou incivilizado, se é escravo ou livre. Cristo é tudo que importa, e Ele vive em todos” (Colossenses 3:11, Nova Versão Transformadora, grifo nosso).
(Ironicamente, nos tempos antigos, o termo "bárbaro" ou "selvagem", a princípio, significava “tagarela” e era onomatopeica para os ouvidos gregos, pessoas que falavam idioma estrangeiro produziam sons ininteligíveis (“bar bar bar”) — isso equivalia a uma ofensa cultural contra alguém fora da região do Mediterrâneo, no resto do mundo. Juntamente com o antissemitismo, isso representou uma das primeiras formas de racismo).
Racismo condenado
Para Deus, que não tem favoritos (Romanos 2:11), a cor da pele e a origem étnica não definem as pessoas. Todos têm total acesso a Ele através do sacrifício de Jesus Cristo. E, como atual presidente da organização responsável por esta publicação, eu posso declarar com autoridade que nós, da revista A Boa Nova, condenamos o racismo. Condenamos a chamada "superioridade branca". Pois, isso não tem nada a ver com Deus!
Ao se referir à era atual, a Bíblia fala de injustiça perpetrada por pessoas e governos humanos. Isso lembra o que declarou o profeta Amós: "Vocês, homens maus, que transformam a justiça num remédio amargo para os pobres e oprimidos" (Amós 5:7, Bíblia Viva).
Embora haja muita injustiça neste mundo, também é evidente que a habitual violência não é a solução para esta sociedade e, na maioria das vezes, isso piora as coisas. Hoje, muitos países lutam para encontrar soluções que tragam igualdade econômica e social.
Considere este fato: Os Estados Unidos, que têm sido considerados um bastião da liberdade política para grande parte do mundo, demorou quase um século desde que aprovaram as emendas constitucionais treze, quatorze e quinze — garantias constitucionais chamadas de “bênçãos da liberdade” — até o momento em que o presidente John Kennedy exigiu leis fortes que garantissem tratamento igualitário a todos os norte-americanos, independentemente da raça (lei que entrou em vigor no verão seguinte ao assassinato de Kennedy e conhecido como Lei dos Direitos Civis de 1964). Apesar das boas intenções de muitas pessoas, os governos humanos ficam aquém de satisfazer a necessidade de todos.
Mas, existe uma maneira melhor.
“A escuridão não pode ser expulsa pela escuridão”
Olhando adiante, ponderemos as palavras do líder dos direitos civis Martin Luther King, Jr. Em 1966, que comentou: "Estou preocupado com um mundo melhor. Estou preocupado com a justiça...e quando alguém está preocupado com isso, ele nunca pode defender a violência. Pois, através da violência, você pode matar um assassino, mas não pode matar o assassinato... A escuridão não pode ser expulsa pela escuridão, apenas a luz pode fazer isso”.
E qual seria a resposta, segundo o Dr. King? "Enfim, o amor é a única resposta para os problemas da humanidade... Eu já vi muito ódio... Se você está buscando o bem maior, acho que pode encontrá-lo através do amor”.
Ao falar sobre as palavras do apóstolo João, na passagem de 1 João 4:7-8, o Dr. King observou: “João estava certo, Deus é amor. Quem odeia não conhece a Deus, mas quem ama tem a chave que destranca a porta para o significado da realidade última.”
E, de uma perspectiva bíblica, esse "significado da realidade última" representa um caminho melhor.
Pois, sabemos e ensinamos que a Bíblia diz que o próprio Deus é amor (1 João 4:8). Deus define e manifesta essa admirável qualidade, e Paulo nos exorta: “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor” (Efésios 5:1-2, NVI). Aqui não há espaço para o racismo.
Deus criou o extraordinário potencial humano da vida eterna, ou seja, a possibilidade de se tornar filho de Deus (1 João 3:1). O grande propósito de Deus se concentra maravilhosamente em trazer “muitos filhos à glória” (Hebreus 2:10). E isso inclui homens e mulheres de todas as esferas sociais, sendo reunidos agora e também no futuro Reino de Deus.
Em uma época em que a economia global está sendo arrasada e muitas pessoas estão divididas diante da violência, como podemos aprender a amar? Como podemos encontrar "o significado da realidade última"?
Felizmente, temos um caminho concreto que pode nos levar às respostas a essas perguntas cruciais. Um Mestre extraordinário, enviado pelo próprio Deus, definiu esse caminho.
Seja um pacificador
Ao discursar diante de milhares de pessoas, Jesus Cristo fez uma distinção importante acerca daqueles que desejam a paz: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9). Observe que Jesus não disse "bem-aventurados são os amantes da paz" ou aqueles que simplesmente desejam a paz. Jesus disse que as bênçãos virão para quem busca e vive a paz!
E para isso, precisamos de um padrão. Precisamos de uma referência clara para nos ajudar a determinar e medir se estamos mesmo no caminho da busca da paz. Esse padrão precisa estar escrito em nossos corações, direcionando nossos pensamentos e ações (ver Jeremias 31:33).
E, na verdade, nós temos esse padrão!
O estadista britânico Winston Churchill escreveu isso há um século, referindo-se à Bíblia e seus ensinamentos: “Devemos aos judeus um sistema ético que, mesmo que fosse totalmente separado do sobrenatural, seria incomparavelmente a posse mais preciosa da humanidade, os frutos de toda sabedoria e aprendizado reunidos”.
Aqui estão duas diretrizes fundamentais desse "sistema ético":
"Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças" (Deuteronômio 6:5, ACF).
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Levítico 19:18).
Depois de ensinar que os pacificadores são os que agradam a Deus, mais tarde, Jesus Cristo declarou que estas duas antigas declarações eram os principais ensinamentos da Bíblia: Os dois grandes mandamentos (Mateus 22:36-40). Eles são realmente muito importantes? Jesus enfatizou o seguinte: “Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos” (versículo 40, BLH). E eles se aplicam igualmente a todas as culturas e grupos étnicos!
Buscar e manter a paz
Portanto, se queremos ser pacificadores, então devemos entender que a paz começa tendo paz com Deus. Quando estamos em paz com Deus, podemos ter paz com os outros.
Preste atenção nesta maravilhosa declaração de Paulo: “Porque o próprio Cristo é nosso meio de obter a paz...derrubando a muralha de desprezo que nos separava” (Efésios 2:14, 16, Bíblia Viva).
Para ser um pacificador, é preciso adotar um padrão de desempenho — precisamos amar a Deus e ao próximo. Mas primeiro devemos reconhecer que todos nós fracassamos em atingir esse padrão e, por isso, precisamos nos reconciliar com Deus através de Jesus Cristo. Devemos reconhecer que rejeitamos a Deus e Sua Palavra, vivendo isolados dEle, e precisamos entregar e submeter nossas vidas a Ele (consultar artigo “Uma Mensagem de Deus: Pense Diferente!”). Quando fizermos isso, ficaremos sob a graça divina. Também precisamos de um novo coração, o qual é dirigido a Deus. Devemos começar a construir, refletir e experimentar “a paz de Deus, que é muito mais maravilhosa do que a mente humana pode compreender" (Filipenses 4:7, Bíblia Viva).
Este mundo precisa desesperadamente da verdade de Deus. Porém, tragicamente, muitas pessoas “não conhecem o caminho da paz, e todas as suas ações são injustas” (Isaías 59:8, BLH).
A princípio, você pode não enxergar esse caminho. E ele pode até parecer fútil para você. Será que apenas uma pessoa pode escolher um caminho de paz e realmente fazer a diferença? A resposta é sim. Uma pessoa pode ser um exemplo para muitas outras. Cada um de nós deve reorganizar sua vida. Precisamos pôr as coisas corretas em primeiro lugar. Precisamos tomar decisões corretas. E então confiar na providência de Deus.
E quais são essas coisas certas? “O SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6:8, ARA).
Qual será a sua escolha? Existe um caminho melhor! Rejeite as injustiças e a violência deste mundo. Faça as pazes com Deus através de Jesus Cristo e viva uma vida de amor para com todas as pessoas!