Eclesiastes 3:1 - 3:15
Estudo Bíblico
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Eclesiastes 3:1 - 3:15: Estudo Bíblico
Entendendo o grande plano de Deus (o Princípio)
Transcrição
Nos estudos passados abordamos ao que nós entitulamos como a primeira parte, da primeira secção que demos o título – apreciando a vida como um dom de Deus.
Como ponto de revisão, mencionamos que Salomão enfatizou de que tudo é vaidade, as coisas vêm e vão e vão continuar da mesma maneira – nascer, crescer, trabalhar, reproduzir-se ... morrer e Salomão analisou esta vaidade dizendo que a busca da sabedoria, pelo intelectualismo, e a busca do prazer, assim como a busca do materialismo, tudo é uma frustração.
Salomão reconheceu que viver para o prazer e para o materialismo não tem sentido, pois, o que tem sentido é viver com Deus porque mesmo desfrutando de bênçãos físicas e não ter DEUS na vida: quanto mais temos bens materiais, mais infelizes somos.
Na verdade, não é errado desfrutar de bênçãos físicas (materiais) que DEUS nos dá, ou envolver-se em actividades físicas ou materiais desde que tudo seja lícito. Mas, essas coisas, não se devem tornar o foco da nossa vida.
Assim, Salomão concluiu dois pontos importantes:
Primeiro, é melhor ser um homem sábio, pois entende o que faz e para onde vai;
Segundo, a sabedoria é limitada. Pois, a sabedoria não nos protegerá do que é inevitável para todo. O que é inevitável para o gênero humano é a morte. Esse é o equalizador.
por isso que Salomão mencionou que a perspectiva correcta é a sabedoria, a alegria por meio de Deus.
Salomão também concluiu que os justos finalmente ressuscitarão e herdarão todas as coisas, muito mais do que tenham reunido nesta vida. E, os justos serão recompensados e os pecadores entregarão o que têm aos justos. Isso não é vaidade mas perfeitamente justo. Há um valor bem claro ao servir a Deus. Os pecadores se esforçam, se esforçam, se esforçam para acumular coisas e fazer aquisições, mas é tudo em vão porque em última análise, tudo irá para os justos. Isto está claro, será no reino de Deus.
Hoje, vamos abordar a segunda secção deste livro que começa no cap.3 de Eclesiastes e termina ao fim do cap. 5, que está a abordar três pontos principais:
Primeiro, o princípio básico que diz que Deus tem um plano, isto é, do cap. 3, versículo 1 ao versículo 15 – Deus tem um plano que abrange todo homem e toda mulher e em todas as suas ações e em todos os tempos;
Segundo, isto é do versículo 16, do cap. 3 ao cap. 4, é uma análise deste plano de Deus. Descorre-se sobre as analogias e as aparentes contradições que existem neste princípio que DEUS tem um plano. Essas analogias e contradições aparentes deste princípio de que Deus tem um plano são examinadas e refletidas por Salomão;
A terceira parte, são as várias implicações, certos cuidados e advertências que devem ser levantadas para que uma conclusão apressada não leve as pessoas, homens e mulheres, a negar a realidade e a existência da intervenção divina e da sua providência.
Hoje, vamos abordar esta primeira subsecção, que é do cap.3 ao versículo 1 até ao versículo 15. Que é este princípio de que Deus tem um plano.
Mas, para melhor entendermos o ponto de Salomão, devemos considerar a conclusão desta secção que está no cap.5, nos versículos 18 a 20:
Eis o que eu vi: boa e bela é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção.
Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu o poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus.
Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe enche o coração de alegria.
Tal como nesta conclusão, assim como a conclusão da secção anterior que é em Eclesiastes 2 versículos 24 a 26:
Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus,
Pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se?
Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
Vemos, por este refrão, ao fim dos capítulos 2 e 5, que as pessoas devem aceitar desfrutar dos dons de Deus nas suas vidas diárias. No entanto, na conclusão desta secção, no cap.5, há uma frase que é adicionada que é, cap. 5 versículo 20:
Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe enche o coração de alegria.
Aqui vemos que uma pessoa que aceita e desfruta dos bens da sua vida diária, não se lembrará disto, porque Deus lhe responde na alegria do seu coração como lemos na ACR.
Parece que Salomão aqui está a abordar o problema da seguinte maneira: as pessoas que se preocupam indevidamente com os dias das suas vidas, aumentando a monotonia da vida, ou as experiências negativas, e tentando compreender o sentido de tudo isto, é este o problema que está a ser abordado aqui. Pessoas que se preocupam indevidamente com as coisas da vida ou com experiências negativas e que estão tentando compreender o sentido disto tudo.
Ora, isto lança uma certa luz sobre o belo e o magnífico poema que abre esta secção, dos versículos 1 ao 8, tudo tem seu tempo determinado ou tempos fixos, das circunstâncias da vida. Vejamos então brevemente e analisá-lo mais cuidadosamente:
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo pata todo o propósito debaixo do céu:
Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;
Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear tempo de saltar de alegria;
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;
Tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
Tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.
Este é um poema muito interessante. Vemos que o homem está sujeito à muitas circunstâncias e as vezes é uma fonte de grande consternação, sobretudo para aqueles que não aprenderam a aceitar o cuidado providencial de Deus. Isto é, a intervenção divina, acontece o que acontece.
O poema não é uma digressão de onde Salomão está a ir mas continua a exposição de Salomão ante o percurso humano debaixo do sol, como se lê em Eclesiastes 1 versículo 3, que diz assim:
Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afagida debaixo do sol?
E no mesmo livro no cap.2 versículo 22:
Pois que tem o homem de todo o seu trabalho e da fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?
Salomão continua com a sua exposição da situação do homem nesta vida debaixo do sol (céu) e do caminho do homem para encontrar felicidade.
Por isso, no poema, vemos períodos e eventos, de vários acontecimentos impostos a nós. Ninguém escolhe por exemplo um momento para chorar. Está claro que estes eventos afetam a nossa confiança de que os nossos esforços não prevalecerão. Tudo isto coloca a humanidade no seu lugar. Porque longe de sermos donos do nosso destino e capitães das nossas vidas, temos que aceitar que somos seres mortais e muitas vezes as coisas estão fora do nosso controlo.
O poema parece pessista mas não é, porque é sempre nossa escolha de como reagimos à estas situações. Eclesiastes 3 versículo 1, lemos:
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo pata todo o propósito debaixo do céu:
Demonstra que nós, humanos, não estamos no controlo mas há um propósito. Observe o versículo 17:
Então, disse comigo: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e para toda obra.
Isto demonstra que os tempos e épocas para cada evento são parte do grande plano de Deus que está a ser realizado. Veja os versículos 10 e 11:
Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para com ele os afligir.
Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Esses eventos são tudo parte do plano de Deus que está realizando. Veja também no versículo 14:
Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele.
Sto não significa que os vários tempos do poema são todos fixos de antemão como se Deus tivesse tudo predestinado todos os detalhes da nossa vida e das outras pessoas. Eclesiastes 9 versículo 11, diz:
Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso.
Muitas vezes, eventos e coisas que acontecem são por mero acaso. Acontecem com todos. No entanto, Deus permanece no controlo final. Sempre que algo ocorre, é, apenas, porque Deus o permite. Deus sempre pode intervir. Deus intervêm com base no seu grande plano e está claro também que é em resposta das orações das pessoas.
Por isso, a avaliação de Salomão sobre os tempos da vida, isto é, sobre este poema, precisamente nos versículos 9 e 10, que vamos abordar adiante, a sua avaliação é promissora como vamos ver. Este poema também demonstra o escopro da sabedoria de Deus e não só isso como da sua soberania porque este poema vem em pares e cada par forma o que eles chamam marismo ou marismos que é uma figura de linguagem que duas polaridades formam um todo.
Por exemplo: em Gênesis 1 versículo 1, diz: Deus criou os céus e a terra. Isto significa que criou o universo inteiro. Quer dizer, duas polaridades (céus e terra).
Continuando a ler em Eclesiastes 3 versículo 2:
Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
Aqui vê-se que cada par é um todo. Por exemplo: há tempo de nascer e tempo de morrer; isto é toda existência humana.
Veja no versículo 4:
Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear tempo de saltar de alegria;
Isto resume toda a variedade das manifestações emocionais humanas e assim em diante. Cada par abrange essa gama toda de variedades desse grupo e a lista é abrangente porque esta lista é completa como um todo porque tem sete versículos. Sete é um número de perfeição, completeza. Cada versículo tem dois pares no total de catorze pares que entende-se como o dobro da completeza. Começa no versículo 2, com o nascimento e caba no versículo 8, na guerra e na paz e todo o resto está no meio. O primeiro par de contrastes que é nascer e morrer diz respeito ao início e fim da vida; neste mesmo versículo, tempo de plantar e colher; também pode corresponder a vida e a morte. Por outro lado, plantar e arrancar também na Bíblia são actos criativos e destrutivos, tal como são os verbos nos próximos dois pares que é no versículo 3; aí os verbos são: matar e curar; derribar e edificar. Estes apontam para actos criativos e destrutivos.
Por outro lado, além dos seus significados literais, também podem ser usados de modo figurado. Por exemplo: para se estabelecer paz e amizade ou para minar, machucar amizade; tempo de matar e tempo de curar; estabelecer paz e amizade pode destruir isto. Estas acções mencionadas no poema, devem ser entendidas no sentido moral. Por exemplo, no versículo 3, diz: a tempo de matar (há um tempo em que é certo matar). Na experiência de Israel certamente foi um momento certo, nos casos em Deus ordenou, seja nas guerras ou em casos da pena da morte. O mesmo sucederá no retorno de Cristo quando vai matar os que destoem a terra e o tempo da segunda morte. No entanto, os cristãos, hoje, não devem de se envolver em guerras ou executar pessoas porque somos ministros da vida e não da morte. Há vários exemplos da nossa responsabidade. Vejamos em Mateus 26 versículo 52:
Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão.
É mesmo que dizer: agora não é tempo de matar ninguém.
Veja também em João 18 versículo 36:
Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
Por isso, agora, não é hora de os cristãos envolverem-se em armas e acções militares. Não é nossa responsabilidade. Porque somos ministros da vida e não da morte. Veja também em II Coríntios 3 versículo 6:
O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.
Como cristãos devemos matar as concupiscências da nossa carne que conduzem ao pecado. Devemos declinar os desejos da carne, as paixões da carnalidade. Vejam em Romanos 8 versículo 13:
Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.
Temos que ver este poema duma maneira também espiritual. Em Colossenses 3 versículo 5:
Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena [de seguida apresenta os defeitos da carnalidade que é o que, como cristãos, devemos matar, os nossos caminhos do pecado]: prostituição, impureza, paixão lascívia, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;
Vemos aqui que em Eclesiastes 3 versículo 1, Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo pata todo o propósito debaixo do céu:
Tudo, neste versículo, inclui também actos imorais. Existe uma época, que é agora, é um tempo em que vivemos, o tempo do deus deste mundo, em que há muita maldade. De facto, Deus reservou esta era para isto, permitiu isso e com grande propósito. Jesus Cristo se ofereceu pelos nossos pecados para nos salvar desta era má, embora Deus não esteja a provar o mal.
Continuando em Eclesiastes 3 versículo 4:
Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear tempo de saltar de alegria;
Aqui vemos as emoções humanas mais individuais, mais pessoais mais internas. Depois, vemos tempo de prantear e temo de saltar de alegria. Talvez aqui sejam expressões mais públicas de manifestação das emoções humanas. Vemos aqui um cruzamento da gama das emoções humanas. Veja também no versículo 5:
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar.
Há quatro pontos de vista na interpretação deste versículo pelas pessoas. Vou a seguir mencionar estes quatro pontos.
O targum aramaico do livro de Eclesiastes, vem como uma referência, a espalhar pedras em um prédio antigo para preparar-se para construir um novo; tempo de destruir o prédio antigo para construir um outro novo; outros comentários vêm uma referência de tornar os campos improdutivos cobrindo tais campos com pedra e fazem referências a vários pontos bíblicos como 2 Reis 3:19, 3:25; Isaías 5:2. Outro comentarista do séc. XIX viu aqui uma antiga prática judaica de atirar pedras na sepultura durante o sepultamento e os preparativos de ajuntar pedras à antiga casa.
N entanto, estudiosos mais recentes, vêm isto como uma referência sexual seguindo o que chamam a interpretação medraxica. As três primeiras possibilidades são frequentemente rejeitadas com base no facto de que deixam a segunda parte do versículo que é tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar sem qualquer conexão lógica. Mas a segunda parte do versículo não precisa ter conexão lógica porque pode aludir simplesmente à amizade ou inimizade. Nesse caso, que se refere a amizade ou inimizade é provável que a primeira parte do versículo ajuntar pedras ... para esse mesmo tempo em sentido militar ou nacionais. Por exemplo, juntar pedras, pode se referir a preparação do caminho de um conquistador militar como em Isaías 62:10, enquanto que espalhar pedras pode se referir a agressão militar arruinando os campos do inimigo. Mais uma vez, está a apontar para a amizade e inimizade.
Continuando com o versículo 6:
Tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo e tempo de deitar fora;
Estes dois pares dizem respeito aos bens e as nossas resoluções a respeito desses bens. Por outro lado, vendo isso espiritualmente, há coisas que devemos guardar e respeitar e conservar. Há coisas que devemos guardar como também há coisas, como o tempo, que não devemos desperdiçar. Precisamos examinar o uso do nosso tempo. Versículo 7:
Tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
Tempo de rasgar e coser, resguardar-se ao silêncio pode aludir ao tempo do luto e aos funerais. Os enlutados, nos tempos antigos, rasgavam as suas roupas e os seus consoladores ficavam em silêncio durante o tempo do luto mas as pessoas eram livres para consertar suas roupas e conversar livremente noutras ocasiões.
Por outro lado, o que diz respeito a uma costura, uma costureira pode rasgar o tecido por diversas razões. O sentido de falar e não falar diz ao que devemos fazer apropriado no momento. Por isso, podemos ver que há certas oportunidades que acontecem uma vez mas que pode ser que não voltem. Daí ter de aproveitá-las muito bem, pois, pode-se se dar o caso que já não voltem nas nossas vidas. Portanto, devemos fazer o que devemos fazer no tempo certo.
Finalmente, no versículo 8:
Tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.
Esses dois últimos pares são organizados ao que eles chamam chiasticamente, isto é, ab-ba; amor e ódio; guerra e paz. Estão organizados de maneira diferente que os outros anteriormente.
Tempo de amar e tempo de aborrecer pode ser pessoal como internacional; afecta a todos. Tal como o amor e ódio existe a nível pessoal, também pode existir a nível nacional e internacional. É a mesma coisa com guerra e paz.
Individualmente, os cristãos, devem amar todas as pessoas e odeiar o mal, como sabemos: amem o próprio inimigo. Devemos guerreiar contra todas as forças do mal. Devemos guerreiar contra a nossa natureza humana corrompida. No entanto, o golo, o objectivo final na vida é a paz.
Precisamos nos lembrar que a paz perfeita, a paz duradoura ainda não existe na terra. Por que a paz está em último lugar? Porque Salomão faz a transição do ponto principal do livro. Porque a palavra hebraica para a paz que é shalom significa mais que a ausência de conflito, inclui muitas coisas como contentamento, satisfação ... o livro de Eclesiastes está apontando a todas as pessoas que paz, a perspectiva correcta para alegria, paz é somente por meio de Deus.
Salomão está a avaliar e está a lidar com o que ele apresentou a pouco. Isto é, está a avaliar este poema. No versículo 9, lemos:
Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?
Está aqui uma afirmação de algo aparentemente sem esperança que estavam em Eclesiastes 1:3, 2:22. Que benefícios temos oriundos do nosso trabalho aquando da nossa vida? Nós, como seres humanos, e o nosso trabalho estamos sujeitos ao tempo e as circunstâncias inerentes e isso é parte das nossas limitações ao longo da vida. Dali a pergunta: Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?
Versículo 10:
Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para com ele os afligir.
Quero ler este versículo na ACF:
Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.
A palavra hebraica tem dois significados e é bem possível que esteja mais bem colocado neste caso da ACF.
Vemos aqui no esquema arranjado por Deus na vida que temos; as pessoas têm uma tarefa difícil para navegar pela vida sobretudo naquelas que não têm controlo real incluíndo a hora da sua morte. Vejamos na primeira parte do versículo 11:
Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Deus fez tudo belo, formoso, adequado ao seu tempo. Em Eclesiastes 5 versículo 18, usa a mesma palavra que diz:
Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção.
Aqui a palavra hebraica traduzida de bela, no cap. 3:11 é traduzida por formoso. Por isso, alguns entendem que cada um dos incidentes acontece no seu apropriado tempo.
Salomão pode estar dizendo que no final das contas, a ordenação de Deus sobre as circunstâncias mesmo as negativas, leva a uma bela obra no final. Isso quer dizer, que quando temos coisas que não correm bem e estão a andar mal e começamos a ver as mesmas duma maneira negativa diz: Deus fez tudo formoso, adequado ou para o bem. Isto é paralelo à Romanos 8 versículo 28:
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Tudo ao fim de contas é para o bem. É o que lemos aqui em Eclesiastes 3:11, na primeira fase. Tudo fez Deus formoso. O resultado final vai ser para o bem. Deus vai transformar as coisas para serem para o bem e isso inclui as várias circunstâncias de eventos que decorreram na nossa vida antes de sermos chamados. Porque tudo ao fim de contas vai acabar para o bem. Aí está um ponto importante de entendermos. Porque ao fim de contas mais cedo ou mais tarde todos os seres humanos vão ser chamados para virem a ser filhos e filhas de Deus. Daí que o versículo eventualmente se aplicará a todos os seres humanos.
Salomão está a dizer que se podemos aceitar a vida como obra de Deus, visando um significado positivo e belo, até as partes difíceis, até os dias difíceis, até os tempos difíceis... serão suportáveis.
Continuando com a segunda parte do versículo:
... também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Deus colocou no coração das pessoas o desejo da eternidade e Deus colocou em nós o desejo de compreendermos as voltas e reviravoltas da vida. Mas não podemos descobrir isso tudo.
Portanto, visto que não conseguimos descobrir tudo, agora, nesta vida, nós não nos contentamos em aceitar a vida como é.
Existe um comentário chamado New American Comentary que descreve o seguinte acerca deste versículo:
Sentimo-nos como alienígenas no mundo do tempo e anseiamos em fazer parte da eternidade. Sentimos que precisamos ser eternos para nós mesmos e o nosso trabalho mas estamos tristes or estarmos presos no tempo. Também desejamos compreender o nosso lugar no universo contra o pano do fundo da eternidade mas não podemos descobrir o que Deus fez do começo ao fim ou seja, não somos capazes de discernir nenhum plano ou padrão para tudo isto. Os propósitos de Deus estão fora do nosso domínio e controlo e investigação.
Isto é semelhante ao que lemos em Isaías 55 versículos 8 e 9:
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor,
Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.
Pura e simplesmente, não podemos compreender todas as razões de tudo que Deus fez, faz ou permite que esteja a acontecer. Nós não temos uma visão ampla que Deus tem, porque Deus vê todas as inter-relações entre as várias coisas e ele compreende as múltiplas coisas e intenções em todas as circunstâncias que nós não conseguimos ver isto. Isto pode nos frustrar, deixar-nos ansiosos e por isso, podemos nos focar indevidamente nos questionamentos: por quê isso, por que aquilo ... e acabar por ficar angustiados e com muita ansiedade.
Continuando a ler em Eclesiastes 3 versículo 12:
Sei que nada há melhor para o homem do que regozijar-se e levar vida regalada;
Ou ler da ACF, que diz:
Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida;
Por isso, ou nos tornamos indevidamente focados nos problemas que temos e ficamos angustiados e cheios de ansiedade, ou abraçamos a solução que Deus está no controlo e temos que alegrar-nos com o que temos e fazer o bem na nossa vida.
Ora, fazer bem, se refere em envolver-se em actividades que dêem prazer mas com moralidade. Isso é paralelo com, por exemplo, estar entre os bons, na conclusão de Eclesiastes 2 versículo 26, diz:
Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amntoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
Isso é paralelo àquele que está a fazer o bem, então, esse alegra-se com os frutos do bem. Fazer o bem é também equiparado a não pecar e ser justo. Veja por exemplo em Eclesiastes 7 versículo 20:
Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.
Eclesiastes 9 versículo 2:
Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
Aquele que está a fazer o bem – que é o justo; fazer o bem inclui obedecer a Deus e ajudar e servir aos outros.
Continuando a ler no versículo 13:
E também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho.
Isso quer dizer que é uma bênção de Deus estar a apreciar a vida com uma atitude positiva não obstante no percurso da vida existirem dificuldades, problemas mas continuar a ter esta mentalidade positiva e ter fé. Por isso aqui, Salomão está a implicar que uma vida de fé e uma vida de aceitar o cuidado, a intervenção de Deus de acordo ao seu querer e no seu tempo e a sua bênção é o que precisamos ter na vida. Salomão aqui aponta-nos na necessidade de termos fé. Continuando no versículo 14:
Sei [Salomão aqui afirma com propriedade falar com conhecimento, ele sabe o que está a dizer] que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele.
Veja também no versículo 12:
Sei que nada há melhor para o homem do que regozijar-se e levar vida regalada;
O que Deus faz é eterno. Veja também o do versículo 11:
Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Tudo que Deus fez do princípio até ao fim é eterno.
Salomão está a dizer que Deus sabe o que está a fazer. Ele está no controlo, ele está no domínio e por isso, precisamos de entender o grande plano e propósito de Deus para a humanidade, particularmente como se desdobra nas várias circunstâncias expressas no poema do início do cap.3 de Eclesiastes. Noutras palavras, irmãos, Salomão está a virar o dilema do problema da cabeça para baixo porque este mesmo problema que pode parecer estar a representar uma armadilha sombria e sem esperança no tempo, aqui ele está a reavaliar como representando a certeza da direcção da vida por Deus.
Na verdade, aqui vemos que isto é um facto de que podemos ter grande confiança. A obra de Deus durará para sempre inalterada em nítido contraste com o vapor da vida humana.
Alguns põem isto negativamente: oh, se não podemos acrescentar nada ao que Deus fez ou não tirar nada disto, então não há nada que possamos fazer sobre a nossa situação na vida. Então, como o governo de Deus pode ser um governo de absoluta esperança e encorajamento? Algumas pessoas podem dizer isto mas a resposta está no mesmo versículo de Eclesiastes 3:14:
Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele.
Para sermos humildes e para nos submetermos a Deus. Para termos o temor de Deus. O temor de Deus não é um terror. O temor de Deus é um dos conceitos mais positivos de toda a Bíblia. Temer a Deus é reverenciá-lo e submeter-se ao seu grande poder. Salmos 111 versículo 10, diz:
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.
A conclusão do livro de Eclesiastes, no capítulo 12 versículo 13, diz a mesma coisa:
De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.
O versículo 15, de Eclesiastes 3, é muito interessante. A primeira parte:
O que é já foi, e o que há de ser também já foi;
Isto reconhece que o tempo passa incessantemente, ciclicamente; assim como declarado em Eclesiastes 1:9, que diz:
O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.
Quer dizer: as pessoas nascem, crescem ... isso é um ciclo de vida contínua.
Esta primeira parte do versículo 15, está a ilustrar a brevidade e a monotonia da vida contra este pano de fundo.
Agora vamos ver a segunda parte do versículo 15, que é traduzida de duas maneiras. Na ARA, diz:
Deus fará revonar-se o que se passou.
Parece significar que Deus busca o que foi ignorado. No contexto, isso pode significar que Deus acabará por lembrar e restaurar as vidas que foram deixadas para trás pela marcha do tempo. A esperança de superar as limitações da vida física. Uma coisa muito positiva porque diz: Deus renovará tudo que passou. Busca o que foi ignorado. Deus acabará por lembrar e restaurar as vidas que foram deixadas para trás pela marcha do tempo. Muito significativo e muito positivo.
Por outro lado, a mesma tradução desta segunda parte do versículo 15, é o que está na ACF, que diz: ... e Deus pede conta do que passou.
Isto pode referir-se a lembrança de Deus nos eventos passados com o propósito de julgamento. Assim, é um aviso para aqueles que responderam aos altos e baixos da vida vivendo imoralmente e é um reforço sobre o ponto do temor a Deus que lemos no versículo 14. Ainda assim, esta expressão da segunda parte do versículo 15 é tão positiva que sugere que Deus está procurando redimir o passado e não simplesmente fazer o julgamento. Pela sua graça, ele irá recuperar e restaurar o que parece, do nosso ponto de vista, está perdido para sempre. Isso é muito importante e encorajador.
De qualquer forma, no final desta secção, nos aponta para o além desta labuta e vida, para o reino de Deus.
Viver a vida com este foco do reino de Deus é o caminho para a felicidade aqui e agora. As pessoas costumam criticar a Deus por chegar tarde demais, mas, em retrospecto descobrimos que a agenda de Deus é sempre a melhor. As vezes, insistimos na porta fechada e acabamos tomar uma direcção diferente, mas que ao fim das contas, é a direcção certa no tempo certo porque Deus estava no controlo. Não estávamos, por exemplo, prontos para o relacionamento que queríamos quando queriamos. Nós, as vezes, queríamos um relacionamento mas não estávamos prontos para isto. Só mais tarde é que nos vem o insight: hã... por isso que Deus mudou as situações. Algo aconteceu para mudar as nossas vidas e acabamos tendo, digamos assim, uma coisa que foi inesperada que acabou mudando a nossa vida ou talvez o rumo da vida de outra pessoa.
Às vezes, estar no lugar certo, à hora de Deus, é o que ele planejou mas nós não sabíamos. Tudo acontece na hora de Deus. E isso pode salvar-nos a vida.
Lembrem-se do seguinte: em Gálatas 4 versículo 4, diz: vindo, porém, a lenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
E morreu pelos nossos pecados no tempo certo, isto é, no seu tempo. Romanos 5 versículo 16.
Por isso, vemos que o Salvador veio ao tempo correcto; o Salvador morreu ao tempo correcto.
Vemos que Deus tem um bom senso de tempo. Está tudo no tempo de Deus. Deus está no comando, está no controlo.
Invés de insistirmos que tudo funcione de acordo com a nossa programação, precisamos de ter confiança e confiar no cronograma de Deus.