A Estagflação da Década de Setenta Está de Volta?
Muitos têm idade suficiente para se lembrar dos tempos turbulentos da economia de meados da década de setenta. A economia dos Estados Unidos, que era vibrante no início dos anos setenta, foi marcada por um forte crescimento e baixa inflação — o nirvana ansiado por todos os economistas. Aqueles eram bons tempos, pelo menos do ponto de vista econômico.
Mas tudo isso começou a mudar rapidamente no outono de 1973. Naquele outubro, nações árabes atacaram Israel em seu dia sagrado mais solene, o Yom Kippur (o Dia da Expiação), quando as forças armadas israelenses estariam num período de descanso, e isso levou a meses de guerra. Em retaliação ao apoio dos Estados Unidos e da Europa a Israel, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), controlada pelos árabes, embargou as vendas de petróleo para os Estados Unidos e para muitas nações europeias. O preço do barril de petróleo disparou, quase triplicando da noite para o dia. O óleo combustível doméstico e outros produtos à base de petróleo também aumentaram bastante.
Em 1973 e 1974, a queda na safra de trigo e milho causou um forte aumento no preço dessas commodities. Diante desse duplo “choque de oferta” dos altos preços do petróleo e das commodities, os estadunidenses logo se viram pagando muito mais pela gasolina e pelo diesel, e também pelos alimentos, estes últimos agravados pelo aumento dos custos de transporte.
A oferta de moeda também estava crescendo rapidamente. O banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (FED), havia injetado mais de noventa bilhões de dólares à base monetária do país entre 1970 e 1975; e o dólar foi totalmente desancorado do ouro em agosto de 1971. Em apenas um ano, entre dezembro de 1971 e dezembro de 1972, a base monetária do país aumentou de 228 bilhões de dólares para 249 bilhões dólares. Essa tendência se acelerou em 1975. Em uma de suas semanas de mais ampliação, entre 31 de julho e 6 de agosto de 1975, o FED aumentou a oferta de moeda em 1,9 bilhão dólares.
Em 1975, os Estados Unidos enfrentaram as ameaças de uma oferta monetária expandida, que levaria à desvalorização da moeda, e de um choque de oferta nos preços de alimentos e combustíveis, o que reduzia ainda mais o poder de compra do dólar. Como as pessoas eram forçadas a pagar mais por essas necessidades, elas tinham menos dinheiro para gastar em outras coisas. Então, houve queda na demanda de consumo, que corresponde a cerca de 70% da economia dos Estados Unidos. Este e outros fatores levaram a demissões e aumento da taxa de desemprego.
Isso contrariava o pensamento econômico aceito na época. Então, os economistas cunharam um novo termo, estagflação, para descrever o que acontece quando um país passa por uma recessão (ou seja, queda da atividade econômica) simultaneamente a uma forte disparada dos preços.
Mas essa estagflação não durou muito tempo, pois a economia dos Estados Unidos se recuperou na segunda metade da década de 1970 e se expandiu até o início do ano de 1980. Entretanto, a estagnação retornou no fim do ano de 1980, em parte por causa da Revolução Iraniana. Um segundo choque do petróleo desencadeou uma inflação que alcançou uma taxa de mais de 14% no fim de 1980.
Um retorno à década de setenta
Agora, mais de quarenta anos depois, corremos novamente o risco de passar pela mesma situação. À medida que a pandemia do novo coronavírus arrefece e, de certa forma, a vida volta ao normal, a demanda por todos os tipos de bens e serviços vem aumentando. Esse aumento da demanda, alimentado ainda mais pelo grande pacote de estímulo econômico do governo nos últimos vinte meses, rapidamente provocou elevação de preços. E, por sua vez, esse aumento de preços fizeram com que os trabalhadores exigissem aumento salarial para compensar isso.
Como os empregadores tiveram que aumentar os salários para manter ou conseguir contratar funcionários, eles tiveram que repassar alguns desses custos trabalhistas para os consumidores na forma de aumento de preços.
O Bureau de Estatísticas do Trabalho (BLS, sigla em inglês) dos Estados Unidos informou que o país gerou 678 mil postos de trabalho em fevereiro e 431 mil em março, superando as expectativas dos economistas. Além disso, o BLS revisou para cima seus números sobre a criação de novos empregos entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022. O aumento do emprego quase sempre sinaliza uma economia em crescimento.
A maioria dos economistas concorda em um ponto: Grandes aumentos na oferta de moeda levam à inflação. E, como aconteceu no início da década de 1970, o Federal Reserve está novamente aumentando a oferta de moeda nos Estados Unidos — e dessa vez em quantidade inédita. Em um esforço para sustentar a economia durante a pandemia, o FED aumentou a circulação de moeda em mais de 226 bilhões de dólares entre junho de 2019 e junho de 2020, o que equivale a quase 22% de toda a moeda em circulação no país apenas naquele ano!
O governo colocou mais lenha na fogueira da inflação injetando trilhões de dólares na economia com novos gastos com estímulos econômicos — muito acima dos gastos no início da epidemia de Covid-19. Acertadamente, muitos economistas questionaram a necessidade de estímulo fiscal do governo quando a economia já estava se recuperando, um movimento claramente inflacionário.
Agora, não há dúvida de que a inflação disparou. O aumento dos preços de alimentos e combustíveis provavelmente forçará milhões de estadunidenses, a maioria que tem pouca reserva financeira, a cortar gastos em outras áreas. Os gastos com itens não essenciais, como jantar fora, viagens e aquisição de bens de maior valor, podem desacelerar drasticamente, o que leva novamente à desaceleração do crescimento econômico. Assim como foi na década de 1970.
E para conter a inflação, o Banco Central sinalizou que agirá de forma enérgica. A maioria dos analistas econômicos agora prevê diversos aumentos das taxas de juros este ano. Mas, à medida que as taxas de juros sobem, também aumentam os custos de financiamento de casas, carros e financiamento de negócios, o que prejudica ainda mais o crescimento econômico.
O efeito da guerra na Ucrânia
No fim de fevereiro o mundo assistiu ao ataque de Vladimir Putin à Ucrânia. Essa guerra, o primeiro grande conflito terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, algo que também afetará a economia dos Estados Unidos de maneiras que muitos ainda estão começando a perceber.
E para punir a Rússia por sua agressão e enfraquecer sua capacidade de continuar a guerra, os Estados Unidos e a Europa, celeremente, impuseram uma série de sanções econômicas, incluindo medidas contra bancos russos e bilionários russos que controlam a economia russa. A Rússia depende das exportações de petróleo para grande parte de sua renda nacional e, no início de março, os Estados Unidos baniram as importações de petróleo russo. Embora os Estados Unidos importem apenas 4% de suas necessidades de petróleo da Rússia, esse embargo aumentou a escassez de petróleo nos Estados Unidos, uma escassez criada em grande parte pela falta de apoio do governo à produção de petróleo dentro do país.
Ao descartar esse o aumento da produção de petróleo no país, os Estados Unidos buscaram seus antigos inimigos, Irã e Venezuela, para que exportem mais petróleo. E, em mais um sinal do enfraquecimento da influência estadunidense em todo o mundo, ambos recusaram. Agora, os Estados Unidos estão explorando suas reservas estratégicas de petróleo, que são suprimentos de emergência críticos para o futuro do país. E mesmo assim, acredita-se que os estadunidenses vão ter que pagar entre cinco e sete dólares no galão de gasolina quando chegar a alta temporada de viagens de verão.
A invasão russa também afetará os preços dos alimentos, que já estavam aumentando devido à escassez de oferta e à inflação — apesar de muitos dizerem que isso está ocorrendo devido à guerra na Ucrânia. Evidentemente, essa guerra piorou a situação — assim como a resposta do Ocidente. A Rússia e a Ucrânia juntas respondem por quase um terço das exportações mundiais de trigo. Com as exportações ucranianas reduzidas devido à invasão e as exportações russas suspensas por causa das sanções econômicas, os preços dos alimentos vão subir ainda mais. Possivelmente os preços de alguns alimentos podem até dobrar.
Além disso, mesmo antes da invasão, houve queda nas safras de trigo e milho nos Estados Unidos e no Canadá por causa de um prolongado período de seca. A Ucrânia e a Rússia também são grandes exportadores de fertilizantes. Mais uma vez, devido à guerra, a Ucrânia não está em condições de produzir e exportar fertilizantes, e as exportações russas foram suspensas devido às sanções. Essa escassez está levando os agricultores estadunidenses, canadenses e europeus a racionar os fertilizantes que conseguem comprar, e isso levou alguns a trocar o cultivo de milho e trigo por outras culturas que demandam menos fertilizantes — e, em alguns casos, não plantar nada.
Como resultado disso, em meados de março, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu um forte aumento nos preços da energia e dos alimentos. Em seu comunicado, o FMI alertou que “a guerra em andamento e essas sanções também terão um impacto severo na economia global”.
Uma possível recessão?
Ao verem essa disparada da inflação a desaceleração das economias dos Estados Unidos e do mundo, vozes proeminentes de todo o mundo agora temem o espectro da recessão. Em uma conferência sobre energia em março, o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, alertou que as consequências econômicas da guerra na Ucrânia possam levar a uma estagflação no estilo dos anos 1970. Em abril, mais economistas previram uma recessão no fim de 2022.
Após um forte crescimento econômico em 2021, economistas de todos os países reduziram suas previsões de crescimento em 2022. O Goldman Sachs, o famoso banco e corretora de Nova York, rebaixou sua previsão de crescimento em 2022 para os Estados Unidos de 2,75% para 1,75%. Os economistas do Goldman disseram que a chance de uma recessão nos Estados Unidos no próximo ano está entre 20% a 35%.
O Federal Reserve de Atlanta prevê uma grande desaceleração do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos no primeiro trimestre para apenas 0,1%, abaixo dos 6,9% do último trimestre de 2021. O economista Mark Zandi, da Moody's Analytics (empresa global de inteligência financeira e econômica) disse: “Os inventários estão aproximadamente de volta para onde deveriam estar, e agora temos os ventos contrários da política fiscal e monetária. Portanto, o crescimento a partir do ano será bastante suave”. Olhando mais à frente, o Conference Board, que mede o índice de confiança do consumidor, prevê um crescimento de apenas 2,3% para 2023, dizendo que rebaixou suas previsões anteriores devido aos efeitos da invasão na Ucrânia pela Rússia.
Os fatores de estagnação estão visivelmente presentes. A economia pode “esfriar” enquanto os preços de quase tudo certamente continuarão subindo. Então, o que aconteceu em 1975 pode acontecer de novo.
Ninguém está imune às condições do mundo
Durante a maior parte de seus quase duzentos e cinquenta anos de história, os Estados Unidos se sentiram seguros por sua separação territorial da Europa e da Ásia. Protegido por dois grandes oceanos e abençoado com recursos naturais e uma força de trabalho forte e um sistema econômico de livre mercado, produzindo quase tudo o que seu povo necessita e ainda podendo exportar o excesso dessa produção.
Embora a maioria não perceba ou aceite, essa abundante prosperidade nacional foi profetizada na Bíblia. A primeira parte do capítulo 28 de Deuteronômio detalha as bênçãos que o próprio Deus concederia em cumprimento das promessas feitas a Abraão em Gênesis 12 (ler nosso guia de estudo bíblico gratuito Os Estados Unidos e a Inglaterra na Profecia Bíblica para uma explicação detalhada dessa surpreendente verdade).
Mas essa separação dos Estados Unidos do mundo já não existe mais. Atualmente, o mundo está totalmente interconectado. As cadeias de suprimentos agora se estendem por todo o mundo. Como resultado disso, os Estados Unidos são vulneráveis a eventos em lugares distantes, eventos que podem desestabilizar sua economia nacional.
Os eventos da década de setenta trouxeram essa dura realidade à tona. Agora os Estados Unidos estão passando por isso novamente. E o país pode — e vai — perder a prosperidade que desfrutou nos últimos cento e cinquenta anos. Essas bênçãos estão sendo removidas. Leia a segunda metade de Deuteronômio 28 para um vislumbre do que acontecerá como resultado dessa rejeição dos Estados Unidos à lei de Deus.
Os estudantes de profecia sabem que a Bíblia prediz um tempo de turbulência global que Jesus Cristo chamou de “grande tribulação” no capítulo vinte e quatro de Mateus. Jesus disse a Seus discípulos que esse grave período de guerra, fome, colapso econômico e convulsão se intensificaria até a época do retorno dEle.
Ele também revelou ao apóstolo João mais detalhes desse tempo de angústia em Apocalipse 13 e 17, onde se menciona um novo sistema global que enganará o mundo inteiro. Este sistema escravizará a maior parte da humanidade, levando-a a aceitar sua “marca”, sem a qual uma pessoa será totalmente excluída da atividade econômica regular, como comprar e vender.
Se a história nos ensina alguma coisa é que tempos de desespero podem levar a medidas desesperadas — inclusive a ascensão e queda de hegemonia de um país e um reordenamento dos sistemas políticos do mundo. Continue lendo A Boa Nova para entender melhor a gravidade dos tempos em que vivemos e o que você precisa fazer!
Como Você Pode Se Preparar?
Com a incerteza da situação econômica nos Estados Unidos e no mundo, e também pelo fato da previsão de outros tempos perigosos no mundo, seria sensato estar minimamente preparado para situações de emergência.
Um bom ponto de partida é garantir as necessidades básicas, armazenando alimentos e água. E isso é um princípio bíblico, como nos diz Provérbios 27:12: “O prudente antevê o perigo e toma precauções; o ingênuo avança às cegas e sofre as consequências” (Nova Versão Transformadora). Portanto, ter pelo menos uma semana de comida e água disponível em casa, talvez até mais, é uma boa ideia, mesmo quando não haja aparentemente qualquer ameaça imediata. Em seu site, a Agência Federal de Gestão de Emergência (FEMA, sigla em inglês) do governo dos Estados Unidos dá orientações práticas e informa como montar um kit de suprimentos de emergência.
Entretanto, além dessa preparação material, devemos nos lembrar que a Bíblia diz que devemos buscar ajuda de Deus para suprir necessidades físicas enquanto buscamos Seu Reino. E, se buscarmos Seu Reino e Seu caminho de vida em primeiro lugar, temos a promessa do próprio Cristo de que Deus suprirá nossas necessidades físicas (Mateus 6:33).
Jesus também nos adverte para sermos vigilantes em relação ao nosso estado espiritual. Em Sua última grande profecia antes de Sua crucificação, registrada em Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21, Ele descreve e resume as condições e eventos mundiais que levarão à Sua segunda vinda.
Depois de descrever as calamidades que vão atingir o mundo para o qual Ele retornaria, Jesus disse a Seus discípulos: “Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai” (Marcos 13:32).
A seguir Ele mostra claramente que devemos continuar atentos às tendências e condições do mundo, bem como ao nosso próprio estado espiritual, pois não saberemos a hora exata de Seu retorno: “E, uma vez que vocês não sabem quando virá esse tempo, vigiem! Fiquem atentos!” (versículo 33, Nova Versão Transformadora, grifo nosso).
A seguir Cristo comparou a Si mesmo e Sua segunda vinda a um homem que viajou para um país distante, deixando seus servos encarregados de sua propriedade e pediu ao porteiro que “ficasse alerta” até que ele voltasse. Então, Jesus adverte aos Seus discípulos pela segunda vez: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa... E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai”