A essa altura, vemos uma linha comum ao longo do livro de Êxodo. Certamente, não apenas o faraó era de "dura cerviz", mas também os israelitas. Mas qual era a diferença entre eles? Deus estava separando os israelitas como um povo especial devido à aliança que fez com Abraão (Deuteronômio 7:7-8). Os israelitas tiveram uma oportunidade muito especial porque Deus lidou diretamente com eles. Entretanto, eles desafiavam constantemente o amor de Deus por eles. Novamente reclamam e murmuram contra Moisés, mas dessa vez quase com violência. Nesse evento em Massá, que significa "provação", também chamado de Meribá, que significa "contenda", os israelitas fizeram a seguinte pergunta: "Está o SENHOR no meio de nós, ou não?" (Êxodo 17:7). A atitude deles era ultrajante. Eles viram Deus destruir o Egito através das pragas, foram libertados da escravidão por Ele, caminharam pelo Mar Vermelho em terra seca, viram os egípcios serem afogados e as águas amargas tornarem-se potáveis. Todos os dias eles testemunhavam o divino milagre do maná. E o pilar da presença de Deus estava sempre brilhando acima deles! Embora, às vezes, como aqueles israelitas de dura cerviz, até nós nos esquecemos da milagrosa intervenção de Deus em nossas vidas — ou, pior ainda, preferimos esquecer disso.

Surpreendentemente, Deus continua sendo muitíssimo misericordioso com os israelitas nessa situação. Ele nem mesmo envia uma repreensão contra o povo. Em vez disso, Ele provê o que necessitam. Deus instrui Moisés a golpear uma rocha, fazendo com que dela saia água — evidentemente, tornando-se uma fonte constante para suprir todas as necessidades do povo e de seus rebanhos.

O capítulo dezessete também nos apresenta a batalha de Israel contra os amalequitas. Amaleque era descendente de Esaú ou Edom (Gênesis 36). Uma descrição mais detalhada desse confronto se encontra em Deuteronômio 25:17, onde explica que, em um atitude covarde, os amalequitas atacaram os israelitas pela retaguarda, ferindo os retardatários e os cansados. Deus considerou esse ato desonroso e desprezível. Ele profetizou que os amalequitas seriam exterminados. Essa profecia foi realizada em parte pelo rei Saul (1 Samuel 15:18) e num grau muito maior pelos simeonitas nos dias de Ezequias (comparar com 1 Crônicas 4:41-43) — provavelmente essa profecia será cumprida em sua totalidade quando todos os edomitas forem destruídos no retorno de Cristo (ver Obadias 1:18). Nesse confronto com os amalequitas, Deus resolveu a situação para Israel através de Seu servo escolhido, Moisés — desde que ele mantivesse erguida a "vara de Deus" (ver Êxodo 17:9). Embora Moisés fosse o principal instrumento humano de Deus naquela época, o foco ainda estava no miraculoso poder divino. Enquanto a vara de Deus estivesse erguida, Israel prevaleceria nessa batalha. Aliás, é interessante notar que Moisés não era capaz de servir a Deus e ao povo sozinho. Em vez disso, ele precisava de ajuda — pessoas para segurar seus braços —, algo que ficará ainda mais claro no próximo capítulo.