Aqueles Que Morrem Sem Conhecer a Jesus Cristo
“Naquele mesmo tempo, estavam presentes ali alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. E, respondendo Jesus, disse-lhes: Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis. E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém? Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lucas 13:1-5).
Os detalhes não são claros. Aparentemente alguns judeus foram cruelmente assassinados, no templo em Jerusalém pelos soldados Romanos, durante uma cerimônia religiosa. Em outra ocasião uma torre desmoronou e matou algumas pessoas. Ambos os acidentes são exemplos de mortes do acaso de pessoas inocentes. Jesus diz que estas pessoas não eram de forma alguma piores que outras. Simplesmente aconteceu que estavam no lugar errado e na hora errada.
Casos semelhantes estão sempre acontecendo. Ficamos perturbados quando as vidas de crianças são ceifadas por acidentes, crimes ou doenças. Meneamos a cabeça com espanto quando um avião cai, uma casa se incendeia, uma bomba explode um centro comercial, um local de negócio ou uma escola. As vítimas dessas tragédias estavam no lugar errado e na hora errada; Deus não as escolheu para serem punidas. Como disse Salomão, todos nós estamos sujeitos às incertezas do tempo e do acaso (Eclesiastes 9:11-12).
A vida e a morte são arbitrárias?
Nos capítulos anteriores descobrimos que Deus tem um tremendo propósito para a nossa vida física e temporária: nos preparar para a eterna vida espiritual que Ele deseja nos dar. Aqueles que, nesta vida, creem em Jesus Cristo e demonstram a sua dedicação pelo seu modo de viver receberão o dom da vida eterna numa ressurreição que ocorrerá quando Ele regressar à Terra.
No exemplo citado, Jesus frisou (Lucas 13:3-5) que a vida e a morte não têm nenhum propósito a não ser que nos arrependamos e busquemos Seu Reino. Mas que dizer dos que viveram, fizeram o seu melhor e morreram sem a oportunidade de fazer essas escolhas e compromissos? Suas vidas e mortes casuais foram sem propósito? Não há esperança ou promessa para eles? Não lhes será dada igual oportunidade para receberem o dom da vida eterna?
As Escrituras demonstram indubitavelmente que Deus leva a sério as Suas promessas. Pedro diz que a vontade de Deus é que todos eventualmente se arrependam: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3:9). Este versículo nos assegura que Deus não se omitirá. Mas também nos indica que algumas pessoas estavam pensando que Deus é indiferente e incoerente.
Nem todos são chamados agora para a salvação
Às vezes os discípulos de Jesus se sentiam confusos e frustrados por causa dos Seus métodos de ensino. Eles Lhe perguntaram porque falava para outras pessoas em parábolas em vez de ser mais direto. Ele disse-lhes: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não lhes é dado” (Mateus 13:11).
Hoje, muitos ficariam chocados se entendessem o que Jesus estava dizendo aqui. Está claro que Ele tinha a intenção de oferecer a salvação a todas as pessoas nesta era. Ademais, a Sua mensagem só seria entendida por alguns nesta era.
Então, Jesus citou uma profecia de Isaías que previa que as pessoas teriam as mentes fechadas e seriam incapazes de receberem os Seus ensinamentos ou de entenderem quem Ele era. E explicou: “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem” (versículo16). Aqui podemos ver uma diferença entre os discípulos, que nesta altura tinham pelo menos alguma fé e entendimento, e o resto do povo que não tinha nada.
No tempo de Jesus, as pessoas tentaram frequentemente definir quem Ele era. Ele era um rabi? Ele era o Elias ou o João Batista profetizado? Ele era um impostor, um falso messias? Ou era o verdadeiro Messias?
Em certa ocasião Jesus perguntou aos discípulos quem eles pensavam quem Ele era; “Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (Mateus 16:15-17).
Deus é quem dá o entendimento
Jesus ensinou aos Seus discípulos que Deus tem que dar discernimento espiritual. Ninguém pode vir a Jesus se Deus Pai não “o trouxer” (João 6:44).
A princípio, Deus trabalhou com a nação de Israel, estabelecendo uma relação com os israelitas através da Antiga Aliança. Mas como nação eles violavam continuamente esse acordo e finalmente rejeitaram o próprio Cristo. E como o Seu próprio povo O rejeitou, as promessas da Nova Aliança, a qual Jesus veio estabelecer, foram agora oferecidas aos povos de todas as nações.
Paulo tinha isto em mente quando, na sua carta à igreja em Roma, se dirigiu aos religiosos judeus (um segmento do povo de Israel) e aos gentios. Paulo, em Romanos 11:8, parafraseando Isaías 29:10, disse: “Deus lhes deu [a Israel] espírito de profundo sono: olhos para não verem e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje.”
Paulo estava explicando que até mesmo a maioria do povo de Israel permanecia espiritualmente cega (Romanos 11:7). Em Efésios 4:17-18, Paulo mostra que os gentios compartilham igualmente desta cegueira espiritual, que é quase universal.
Em Romanos 11:2-4 Paulo citou outro precedente semelhante no Antigo Testamento. O fiel profeta Elias pensava que era o único homem vivo que não foi seduzido pela falsa adoração ao deus Baal. Mas Deus revelou a Elias que tinha reservado outros que também permaneceram fiéis como ele. Deste exemplo, Paulo retirou uma lição importante: “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça” (versículo 5).
‘Um resto’ é simplesmente um rastro, um vestígio remanescente. E a ‘eleição’ que Paulo menciona refere-se somente a uma pequena parte da humanidade. Claramente, Deus tem revelado que nesta era só chamará alguns para a salvação. Veja como Jesus explica isto: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mateus 7:13-14).
Deus não segue este processo, para que Ele assim possa excluir das Suas promessas à maior parte da humanidade. Na verdade, Deus escolheu este método para poder extender as Suas promessas a todos. “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Romanos 11:32).
Paulo reconhece que este processo, à primeira vista, pode parecer ilógico, mas em Sua sabedoria Deus sabe exatamente o que está fazendo. Nós não estamos em posição de aconselhar a Deus como deve ser feito para realizar o Seu plano: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente” (Romanos 11:33-36).
Como Deus criou a vida, Ele tem a autoridade de tirá-la e de restaurá-la. Ele tem o poder de disponibilizar a oportunidade para a salvação no tempo que bem escolher―seja nesta era ou numa era ainda por vir.
O futuro Reino de Deus
Consideremos novamente uma escritura citada no fim do capítulo anterior. “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta [a ressurreição no início dos mil anos] é a primeira ressurreição” (Apocalipse 20:4-5).
João está escrevendo aqui sobre a mesma ressurreição que Paulo se referiu em 1 Coríntios 15 e em 1 Tessalonicenses 4, chamando-a de a “primeira” ressurreição. Visto que é chamada a primeira e não simplesmente ‘a’ ressurreição, deve haver pelo menos mais uma ressurreição. Ele também declara que o resto dos mortos viverá depois dos mil anos.
Vejamos o que os participantes da primeira ressurreição farão durante este período de mil anos (geralmente conhecido como o milênio, do latim referente a “mil anos”).
Daniel 7 apresenta uma visão profética geral da história da humanidade, numa série de breves descrições de grandes impérios (babilônico, persa, grego e romano) que dominariam o Oriente Médio desde o tempo de Daniel em diante. Esses domínios são respectivamente representados por um leão, um urso, um leopardo e por um “terrível e espantoso” animal.
Por fim, Cristo regressa e instaura o Reino de Deus para sempre, o qual jamais será conquistado. “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, o único que não será destruído” (Daniel 7:13-14).
A profecia continua: “Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra. Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e possuirão o reino para todo o sempre e de eternidade em eternidade” (versículos 17-18).
O mundo transformado
Jesus Cristo regressará à Terra com poder e autoridade. Ele estabelecerá o Reino de Deus, substituindo os reinos humanos influenciados por Satanás, o diabo. Satanás, que engana o mundo inteiro (Apocalipse 12:9), será retirado de cena (20:1-3). “Os santos do Altíssimo”—todas as pessoas fieis a Deus ressuscitadas aquando do Seu regresso—reinarão com Jesus sobre a Terra. Cristo assistido pelos ressuscitados para a vida eterna no Seu regresso, encherá a Terra do conhecimento de Deus “como as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9).
Os apóstolos ensinaram que Jesus regressará e restabelecerá a nação de Israel. Então, Ele também oferecerá o dom da salvação e da vida eterna a toda a humanidade. O apóstolo Tiago disse em Atos 15: “E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi [a casa real de Israel], que está caído; levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificá-lo. Para que o resto dos homens busque ao Senhor, e também todos os gentios sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas” (Atos 15:15-17).
Aqui, Tiago está citando Amós, profeta do Antigo Testamento, que então descreve as condições que existirão depois de Jesus restabelecer a nação de Israel. Veja o que Deus revela em Amós, começando com as palavras mencionadas por Tiago em Atos:
“Naquele dia, tornarei a levantar a tenda de Davi, que caiu, e taparei as suas aberturas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e a edificarei como nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom [vizinho adversário national do Israel da antiguidade] e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o senhor, que faz estas coisas.
“Eis que vêm dias, diz o senhor, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão. E removerei o cativeiro do meu povo Israel, e reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor, teu Deus” (Amós 9:11-15).
Em linguagem poética, Amós descreve uma bela gravura da prosperidade e paz que as nações gozarão depois da vinda de Jesus!
Todos aprenderão o caminho de Deus
Quão maravilhosas são as bênçãos físicas de abundância e segurança prometidas por Deus e ainda muito maior é o propósito que Ele está preparando. Tudo que é físico é temporário, incluindo a prosperidade física do milênio e até mesmo a vida humana. Deus tem muito mais para oferecer do que simplesmente uma vida física confortável.
O profeta Jeremias não fala apenas de uma restauração física (Jeremias 31:1-4), mas também da restauração espiritual que Jesus Cristo levará a cabo quando regressar: “Eis que dias vêm, diz o senhor, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, porquanto eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz o senhor. Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o senhor: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:31-33).
Lembremos das palavras de Tiago em Atos 15. Ao falar da nação de Israel, ele diz que o Deus promete: “Levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificá-lo. Para que o resto dos homens [a humanidade] busque ao Senhor” (versículo 17). Esta restauração física e espiritual vai se estender de Israel e de Judá a todo o mundo. Deus pretende usar os israelitas para expandir as Suas promessas a toda a humanidade (Gálatas 3:26-29).
A obra mais importante que Jesus Cristo executará nessa altura será a restauração espiritual, oferecendo o dom da salvação a todo o mundo. Não haverá pessoas confusas com políticas mundiais porque Jesus governará sobre todas as nações (Apocalipse 11:15; Daniel 7). Na Terra, não haverá mais confusão religiosa, porque Deus abrirá as mentes de todas as pessoas e as conduzirá para Jesus Cristo (Ezequiel 36:26-27; Isaías 11:9; Joel 2:27-28).
Aqui é onde aqueles da primeira ressurreição desempenham um papel vital no plano de Deus. Aqueles que ressuscitarem à gloriosa vida espiritual e eterna ao regresso de Cristo, reinarão com Ele na Terra como reis e senhores, ajudando-O a ensinar a verdade à humanidade (Apocalipse 5:10; 19:16; 20:6; Isaías 30:20-21).
E o quanto àqueles que nunca conheceram realmente a Deus?
Até agora, temos visto que a salvação é oferecida a algumas pessoas nesta era―antes do regresso de Jesus para governar o mundo. Também vimos que depois da sua vinda Ele oferecerá a salvação à humanidade em geral.
Mas, como perguntamos antes, o que acontecerá com todas as pessoas que morreram sem nunca serem chamadas à salvação? Este grupo representa a maioria de todas as pessoas que já viveu. Qual é o seu destino eterno?
João disse que os que não ressuscitaram no regresso de Jesus (“os outros mortos”), viverão outra vez depois do milênio: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Apocalipse 20:5).
Alguns versículos mais adiante se encontra mais uma descrição do cenário desta ressurreição: “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros.
“E abriu-se outro livro, que é o [Livro] da Vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno [grego: hades, a sepultura] deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras” (Apocalipse 20:11-13).
Jesus falou de um tempo futuro de julgamento quando todos entenderiam os Seus ensinamentos. Ele descreveu um tempo durante o qual pessoas de todas as gerações viverão e serão julgadas ao mesmo tempo: “Então, começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios, o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido com pano de saco grosseiro e com cinza. Por isso, eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no Dia do Juízo [julgamento], do que para vós.
“E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos [hades]; porque, se em Sodoma [a cidade depravada que Deus destruiu] tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Porém eu vos digo que haverá menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo [julgamento], do que para ti” (Mateus 11:20-24).
Os antigos pagãos rebeldes mencionados aqui, viveram e morreram sem terem a oportunidade de aprender a verdade acerca de Deus e do Seu plano para oferecer o dom da vida eterna através de Jesus Cristo. Observe que Jesus diz que eles teriam se arrependido se tivessem tido a oportunidade que tiveram as cidades de Sua época. Então seria justo que eles nunca recebessem tal oportunidade?
Noutros exemplos semelhantes, Jesus refere-se ao antigo povo de Nínive, à rainha do Sul (de Sabá), do tempo de Salomão, e também a Sodoma e Gomorra, sendo estes exemplos típicos da perversidade (Mateus 10:14-15; 12:41-42). Deus não tolera perversão nem iniquidade, mas é evidente que ele não terminou Seu trabalho nas vidas dessas pessoas da antiguidade. Para isso será necessário que sejam ressuscitados—voltem a viver de novo—e que finalmente venham a ser instruídos nos caminhos de Deus.
Jesus estava descrevendo um período de tempo durante o qual pessoas de todas as eras passadas―pessoas mortas há muito tempo da antiga cidade assíria de Nínive e a “rainha do Sul”, citada na Bíblia, que viveu durante o tempo de Solomão―se levantarão ao lado daquelas pessoas da geração de Cristo e viverão na mesma época. Juntas, elas conhecerão a verdade sobre quem é Cristo e o propósito da vida. Pessoas de gerações diferentes da de Jesus ficarão espantados pelo fato de o povo do Seu tempo tê-Lo rejeitado.
Uma ressurreição à vida física
Sabemos, pelo profeta Ezequiel, que os que fazem parte dessa ressurreição não serão transformados em seres espirituais imortais, como aqueles da primeira ressurreição, mas, a princípio, serão novamente restaurados à vida física, em carne, mortal. Ezequiel descreve uma visão relativa a este espantoso acontecimento futuro—uma ressurreição num vale de ossadas humanas (Ezequiel 37:1-7).
O profeta observou enquanto os ossos ressecados pareciam se juntar novamente em forma de esqueleto, depois se cobriram de carne e se levantaram como uma grande multidão de pessoas ressuscitadas (versículos 8-10). Estas pessoas representam as multidões de israelitas da antiguidade, os quais Deus vai levantar das suas sepulturas para lhes dar o Seu Espírito (versículos 12-14).
No entanto, está claro que serão mais do que apenas os israelitas que estarão presentes nesta ressurreição. Quando juntamos esta profecia com as declarações de Cristo acerca da ressurreição dos antigos pagãos na mesma época daquelas cidades judaicas do Seu tempo―e com a declaração de João em Apocalipse 20:5 de que aqueles que não foram ressuscitados na primeira ressurreição, voltarão a viver de novo no fim do milênio (no fim dos primeiros mil anos do reinado eterno de Jesus), torna-se claro que não são somente os israelitas e sim pessoas de todas as nações de eras passadas que voltarão a viver nesta ressurreição.
Nessa ocasião, eles serão restaurados somente a uma vida mortal porque ainda não tiveram a oportunidade de escolher o caminho de salvação eterna através de Cristo e não demonstraram compromisso com Deus. Uma vez restaurados à vida, eles finalmente terão essa primeira oportunidade.
Ao fim do milênio, todos os que ainda não tinham sido incluídos nas fases anteriores do plano de Deus, vão se apresentar perante Ele. Nessa altura, em Apocalipse 20:12 os “livros” (Biblia em grego) são “abertos”, o que evidentemente se refere aos livros da Bíblia, que serão abertos ao entendimento dessas pessoas (comparar Lucas 24:32). Pela primeira vez em suas vidas, elas serão guiadas ao entendimento correto da Palavra de Deus―os ensinamentos da Bíblia. Através desse ensinamento Deus lhes oferecerá a oportunidade de receber a vida eterna.
Note que “abriu-se outro livro, que é o [Livro] da Vida” (Apocalipse 20:12; ver também Filipenses 4:3). Eles serão julgados por suas obras, tal como todas as gerações anteriores.
O julgamento acontece ao longo do tempo
O que significa ser julgado neste contexto? Quando forem ressuscitadas, as pessoas serão imediatamente recompensadas ou condenadas, segundo o que tinham feito no passado, antes de entenderem a verdade de Deus?
O julgamento é mais do que a decisão final para galardoar ou condenar. O julgamento é um processo que leva tempo e que culmina, por fim, numa decisão final.
Como vimos previamente, Jesus abordou o fato de que há mais de uma ressurreição quando disse: “Vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo [ou do julgamento]” (João 5:28-29 ARA).
A tradução e o significado mais comum da palavra grega krisis (traduzida aqui neste versículo como juízo ou condenação―dependendo da versão utilizada), é julgamento. Esta palavra refere-se ao processo de avaliação e não ao ato de condenação ou punição.
O dicionário expositório completo das palavras do Antigo e do Novo Testamento de Vine define esta palavra como “o processo de investigação, o ato de distinguir e separar . . . um julgamento, uma passagem de julgamento de uma pessoa ou coisa” (1985, pg. 119). Krisis é tipicamente distinto do termo krima, que se refere à “sentença proferida, um veredito, uma condenação, a decisão resultante de uma investigação” (ibid.).
Em Apocalipse 20:12-13, a palavra para “julgados” é uma forma do verbo relacionado krino, que significa “separar, selecionar, escolher” (ibid., p. 336). Esta referência pode significar tomar uma decisão final como também pode denotar o processo de avaliação que acontece antes de se chegar a uma decisão―tal como certamente denota, quando consideramos que o julgamento de Deus para as pessoas acontece ao longo do tempo.
E como vimos anteriormente, aqueles que são chamados nesta vida, e respondem ao chamado e acreditam em Deus, vão receber a vida eterna ao retorno de Jesus Cristo. Estes não serão submetidos a uma avaliação durante o milênio nem depois (João 5:24). Porque eles estão sendo julgados agora (1 Pedro 4:17). Este julgamento presente é um processo em curso, para aqueles chamados por Deus que aceitaram fielmente à Sua verdade e produziram fruto ao longo do tempo (João 15:2-8; Gálatas 5:22-23)―ou recusaram esse chamado (2 Pedro 2:20-22).
Quando Jesus regressar Ele recompensará cada um segundo as suas obras (Mateus 16:27), isto é, de acordo com os bons frutos resultantes de uma atitude e caráter amadurecidos ao longo do tempo. Muitas as escrituras descrevem os resultados que Deus espera de nossas vidas (ver Romanos 12; Colossenses 3-4, Efésios 4-6; Tiago 2:20-24; Apocalipse 22:14).
Deus cuida do nosso coração, de nossos mais íntimos pensamentos e motivações. Ele vê nosso coração e o que realmente somos (1 Samuel 16:7). Deus espera que imitemos a Jesus Cristo em tudo que pensamos e falamos (Filipenses 2:5; 1 Pedro 2:21). Quem for como Cristo, será genuíno. As nossas ações externas—conduta e obras—refletem o coração, o íntimo da pessoa. Todos nós seremos julgados por nossas ações habituais porque estas demonstram o que seremos (2 Coríntios 5:10). O modo como vivemos— como tratamos os outros e respondemos às leis de Deus—refletirá o que cremos e valorizamos, demonstrando assim se estamos em harmonia com os caminhos de Deus ou não.
Os mesmos padrões e oportunidade
Eventualmente todos serão igualmente julgados “porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Eclesiastes 12:14).
Ser julgado de acordo com as obras não implica ganhar o dom da salvação. Simplesmente, isso quer dizer que uma pessoa demonstra por sua vida que crê em Jesus Cristo e que deseja fazer a vontade do Pai (Mateus 7:21). Uma pessoa que viva esse compromisso demonstrará naturalmente em sua vida os resultados positivos dessa escolha e desse modo de viver (Gálatas 5:22-23; Tiago 2:14-26).
Deus dará tempo suficiente aos que ressuscitarem depois do milênio para provarem pelas suas ações e decisões que creem verdadeiramente em Jesus Cristo como seu Salvador e para que voluntariamente se submetam ao Seu caminho de vida, renunciando a sua própria vontade―assim como Ele dá esse período de tempo àqueles que são chamados hoje em dia.
Quando Satanás, o arqui-enganador, for removido permanentemente no fim do milênio (Apocalipse 20:10), aqueles que fazem parte desta segunda ressurreição, a ressurreição geral que seguirá o milênio, finalmente terão as suas mentes, que antes estavam fechadas, abertas para a verdade do plano de Deus. Eles, então, terão a oportunidade de decidir se vão ou não fazer a vontade do Pai.
Depois de terem tido os olhos espirituais abertos e receberem a revelação desta verdade, então eles serão julgados de acordo com as suas obras, segundo a sua resposta a esse novo entendimento. E terão a mesma responsabilidade que outros tiveram nos estágios anteriores do plano de Deus. Eles terão a oportunidade de desenvolver sua fé em Jesus Cristo e de demonstrar a sua crença e dedicação consoante a maneira que viverem.
É preciso esclarecer que a segunda ressurreição não é uma segunda chance para a salvação. Pelo contrário, aqueles que fazem parte dessa ressurreição receberão a sua primeira e única oportunidade de realmente conhecer e servir a Deus.
As pessoas, dessa ressurreição, que permanecerem fiéis a Deus, no final, serão levantados à glória para se juntar àquelas da primeira ressurreição― sendo também transformados em seres espirituais imortais para viverem para sempre com Deus, como Sua família divina em Seu Reino.
O plano de Deus, assim como Ele prometeu, é um plano perfeito e completo―e é totalmente imparcial e justo. De acordo com o Seu plano, Ele eventualmente oferecerá o dom da salvação a todos quantos viveram (Efésios 1:9-10).
E aqueles que rejeitarem a oferta de salvação?
Infelizmente, alguns, por escolha própria, não vão querer se desenvolver no caminho de vida de Deus—eles não receberão esse maravilhoso dom de vida eterna. Ao descrever o destino deles, João escreve: “a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20:14-15).
A segunda morte é a destruição absoluta da qual não haverá ressurreição. O lago de fogo irá consumir totalmente aqueles que sejam lançados nele. Isso está de acordo com a profecia de Malaquias 4:1-3, que diz que o ímpio será finalmente destruído pelo fogo e transformado em cinzas.
Quem são aqueles que não foram encontrados no Livro da Vida? Lembre-se que nessa ocasião Deus terá dado a todos que tenham vivido a oportunidade de receber e aceitar o dom da vida eterna, representado nestes versículos pela inscrição do nome no Livro da Vida. O fato de não ter seus nomes inscritos nele foi porque essas pessoas escolheram, por suas próprias ações e decisões, ser excluídas.
João continua, demonstrando que aqueles que são lançados no lago de fogo são pecadores que não se arrependeram: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Apocalipse 21:8).
Isso não quer dizer que todas as pessoas que nunca foram culpadas de qualquer uma dessas coisas serão destruídas pelo fogo na segunda morte, pois pode Deus nos perdoar sempre quando nos arrependemos. Ao contrário, as pessoas descritas aqui são incorrigíveis e perversas―aquelas que no final, embora elas tenham sido ensinadas o caminho de Deus e, a princípio, tenham aceitado, ainda persistem em seus pecados―recusando-se a se arrepender e continuam rejeitando completamente a Deus e à Sua salvação (Hebreus 6:4-8; 10:26-31).
Deus não forçará ninguém a aceitar o Seu caminho. Se uma pessoa, voluntariamente, escolhe não se arrepender, rejeitando a Deus e a Seu plano para a vida eterna, essa pessoa será julgada de acordo com as suas ações e será destruída. Isto é um ato de misericórdia, pois tal pessoa só traria infelicidade perpétua para si mesma.
Os incorrigíveis serão atormentados eternamente?
Ser destruído não significa continuar vivendo como uma alma imortal. Como já foi dito, ‘ser destruído’ significa que vão ser transformados em cinzas―e deixar de existir absolutamente.
Já vimos que o homem é mortal. A morte é comparada a um sono profundo, a um estado de inconsciência. Uma das razões pelas quais Deus nos deu uma vida física temporária foi porque se não escolhermos aceitar os termos, as condições e os requisitos da vida eterna, a nossa vida pode ser misericordiosa e definitivamente extinta.
Muitas pessoas acreditam que há um inferno em fogo eterno ou um estado de tormento espiritual no qual as pessoas más são torturadas eternamente. Mas o ensino bíblico simplesmente não transmite nada que o pareça. O nosso Deus é um amoroso e misericordioso Pai que não quer entregar ninguém a esse destino.
Nessa conhecida passagem, Paulo nos diz: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23). A vida eterna é um dom que Deus dá a quem fizer parte de Sua família para sempre. A morte da qual não há esperança de uma ressurreição está reservada para os que rejeitam a oferta de Deus da vida eterna no Seu Reino. Eles não viverão em tormento para sempre. Pelo contrário, aqueles que, no final, se recusarem a andar nos caminhos de Deus e não quiserem receber esse dom, simplesmente deixarão de existir.
Aprendemos anteriormente que esta vida na carne humana é temporária para todos (Eclesiastes 3:2; Hebreus 9:27). Toda pessoa que cumprir o propósito da vida física ressuscitará com um corpo composto de espírito para receber o dom da vida eterna. Aqueles que nunca foram chamados voltarão a viver, mediante uma ressurreição, para uma existência física restaurada e serão julgados. Assim receberão a sua primeira e única oportunidade para a vida eterna. Aqueles que rejeitem o sacrifício de Jesus Cristo e a vida eterna, que vem através desse sacrifício, serão lançados no lago de fogo (Apocalipse 20:15).
Jesus advertiu que alguns farão parte desse grupo de pessoas. Ele disse que os justos receberiam a vida eterna, mas que os ímpios teriam o castigo eterno (Mateus 25:41-46). Repare que Jesus não disse que o que for condenado será torturado eternamente. Ele disse que o castigo é eterno (versículo 46, versão Almeida Revista e Atualizada, Nova Versão Internacional e Bíblia na Linguagem de Hoje)―isto é, a morte eterna, a segunda morte, aquela em que a pessoa deixa de existir e ter qualquer consciência, uma morte da qual não há ressurreição (Apocalipse 20:14).
Há quem pense que tal destino seja muito cruel, mas Deus, ao fim de contas, é o Criador da vida. Ele tem a autoridade e o poder de extinguir a vida de quem decidir rejeitar o seu propósito divino na vida.
Além disso, a morte final do incorrigível e perverso em um lago de fogo (Malaquias 4:1-3) é um ato de justiça e de misericórdia da parte de Deus. Pois, permitir que os corruptos continuassem a viver incorrigivelmente numa rebelião eterna, causaria a eles mesmos e, aos outros, grande dor e angústia. Por isso, Deus não lhes dará a vida eterna com esse triste estado mental nem os atormentará eternamente. Em vez disso, o corpo e a alma (o ser físico da pessoa, incluindo a vida e a consciência) serão completamente destruídos (Mateus 10:28).
Para saber mais sobre o que a Bíblia diz sobre o fogo do inferno e o destino do ímpio impenitente, não deixe de ler “A Visão Bíblica do Inferno” que começa na página 44 e os temas que se seguem.
Em resumo
Ao longo de eras passadas, tem sido dado a alguns a oportunidade da vida eterna, através de Jesus Cristo. No entanto, a grande maioria da humanidade não tem sido chamada durante a sua vida física para compreender o plano de Deus. Como Jesus explica na parábola do semeador (Mateus 13:3-23), alguns são chamados, mas devido a várias razões, inclusive ao grande engano e influência de Satanás e seus demônios, eles falharam por responderem completamente ao chamado de Deus. Todos serão separados por um Deus misericordioso no tempo do julgamento.
Quando Jesus Cristo regressar Ele expandirá o processo de oferta da salvação a toda a humanidade. Todos que viverem durante o milênio, imediatamente após o Seu regresso, receberão a oportunidade de aceitar o dom da vida eterna, possibilitada através de Cristo. No fim desses mil anos haverá uma ressurreição física para todos os que não receberam o chamado da salvação durante a sua vida. Então, eles, também, serão chamados―e será a primeira oportunidade deles para a salvação, e não uma segunda chance.
Sem dúvida, as Escrituras demonstram que o grande propósito e desejo de Deus é dar a vida eterna aos Seus filhos e protegê-los para que não tropecem (Judas 21-24; Romanos 8:31-32; 2 Timóteo 4:18; Lucas 12:32). A todos será dada a oportunidade de crer em Jesus Cristo, de aceitar a vida eterna através dEle e de provar o seu compromisso para com Deus, pelas suas obras e ações em suas vidas. Somente àqueles que consciente, intencional e voluntariamente desafiarem Deus e rejeitarem o sacrifício de Jesus Cristo é que não receberão a vida eterna (Hebreus 6:4-6; 10:28-31; Apocalipse 21:8).