Apenas Uma Questão de Saúde?
Por que Deus distinguiu entre carnes limpas e imundas — animais que servem e não servem para o consumo humano — nas Escrituras? Há algo mais nessa história? Podemos encontrar uma conexão com a saúde?
Esta é a razão específica que Deus deu aos israelitas para proibi-los de comer animais imundos ou até tocar suas carcaças: "Sereis santos, porque Eu sou santo" (Levítico 11:44-45). Nesta passagem, Deus não faz distinção entre animais limpos e imundos especificamente para a saúde.
Entretanto, o contexto mais amplo de Levítico e Deuteronômio incluem muitos problemas de saúde e higiene. Os quatro capítulos de Levítico que contêm a lista de carnes limpas e imundas tratam de precauções pós-parto e dos meios para identificar e eliminar a propagação de doenças transmissíveis. Portanto, as distinções entre carnes limpas e imundas aparecem em um contexto de saúde e bem-estar.
As distinções entre carnes limpas e imundas são uma questão de saúde? Deus os revelou como diretrizes de saúde para os antigos israelitas e, consequentemente, para as pessoas hoje em dia? O consumo de animais classificados como imundos pode trazer danos imediatos ou em longo prazo à nossa saúde?
O ponto de vista dos eruditos
Muitos fatores, como dieta, composição genética, ambiente, exercício e bons e maus hábitos afetam nossa saúde. No entanto, pesquisadores teológicos e médicos reconheceram os benefícios de seguir as leis alimentícias das Escrituras.
Em uma nota sobre Levítico 11-15, o Comentário Bíblico do Expositor declara: “Em geral, pode-se dizer que as leis protegiam Israel da má alimentação, de vermes perigosos e de doenças transmissíveis. Somente agora, com o avanço da medicina, tem sido possível melhorar as normas de saúde. Essas eram leis práticas que, sabiamente, Deus deu a um povo que não entendia o motivo da provisão...
“O hebreu não devia evitar apenas comer animais imundos, mas também deixar de tocar em suas carcaças mortas. Assim, essas leis automaticamente ajudaram a controlar os vermes. Animais imundos comuns eram aranhas, moscas, insetos, ratos e camundongos. Um rato morto não era esquecido em uma casa hebraica. Logo, ele era retirado e enterrado cuidadosamente. Em seu esforço para evitar tais problemas, a dona de casa hebreia geralmente mantinha a casa limpa...
“É verdade que algumas culturas adotaram regras semelhantes por alguma experiência infeliz. O [Antigo Testamento] não obteve seus tabus das culturas vizinhas, mas algumas outras culturas adotaram, posteriormente, alguns desses tabus...Essas leis foram engenhosamente criadas por Deus para a saúde geral da nação” (R. Laird Harris, Vol. 2, 1990, p. 569).
O professor de teologia Roland Harrison escreve: “A classificação das espécies de animais em categorias limpas e imundas (Levítico 11:1-47) é significativa porque, sendo parte do código médico do Pentateuco, constituiu a base de normas alimentares que ainda são respeitadas pelos judeus ortodoxos e por gentios preocupados em manter uma boa saúde física.
“Essa categorização também é importante, tendo em vista o fato de ser única nos anais da literatura do Oriente Próximo, porque sua ênfase não está tanto na prevenção de práticas mágicas associadas a certas espécies de animais, mas no delineamento positivo de princípios alimentares destinados a assegurar o bem-estar físico do indivíduo e da nação por meio de uma abordagem [preventiva] consistente” (Introdução ao Antigo Testamento, 1999, p. 603).
O ponto de vista dos médicos
As leis de saúde da Bíblia têm algum fundamento médico? Os médicos S.I. McMillen e David E. Stern resumem sua opinião sobre essas leis que Deus revelou aos israelitas: “Durante séculos, as epidemias mataram milhares de egípcios e hebreus. Os tratamentos antigos raramente ajudavam. Muitas vezes, a ‘cura’ era pior do que a doença. Contudo, aqui [Êxodo 15:26] Deus fez uma promessa fantástica — livramento das doenças.
“Então, Deus deu a Moisés muitas normas de saúde, preenchendo uma seção inteira da Bíblia. Moisés registrou centenas de normas de saúde, e nenhum único equívoco médico de hoje.
“Milhares de pessoas morreram ao longo dos séculos, porque os médicos ignoraram as normas bíblicas. Finalmente, quando os médicos leram e tentaram seguir essas diretrizes, rapidamente descobriram como impedir a propagação de epidemias. Assim, Moisés poderia ser chamado de pai do moderno controle de infecções. Até hoje ainda estamos nos beneficiando das instruções de Deus de 3.500 anos atrás” (None of These Diseases: The Bible’s Health Secrets for the 21st Century [Livres de Doenças: Os Segredos da Saúde na Bíblia Para o Século XXI, em tradução livre], 2000, p. 11).
O medico Rex Russell acrescenta: “Ao examinarmos a ciência e a nutrição modernas, descobriremos que . . . há uma incrível sobreposição entre as leis originais de Deus sobre o limpo e o imundo quanto aos adequados princípios de higiene. . . As escrituras e a pesquisa médica concordam que o estilo de vida moderno, que ignora as leis e o projeto de Deus, encurta a vida e acelera a morte” (What the Bible Says About Healthy Living [O Que A Bíblia Diz Sobre Uma Vida Saudável, em tradução livre], 1999, pp. 14, 16).
O nutricionista David Meinz diz que, mesmo que não entendamos todos os aspectos das leis alimentícias da Bíblia, seria sensato segui-las.
"Muita da sabedoria revelada na Bíblia agora faz sentido para nós à luz de nossa visão moderna", diz ele, "mas será que isso significa que não devemos considerar as áreas que ainda não foram cientificamente comprovadas?".
"Somente nos últimos cinquenta anos descobrimos que a gordura animal é ruim para nós. Para o cristão de um século atrás, a diretiva de Levítico 3:17 para evitar a gordura animal não fazia nenhum sentido. No entanto, isso está claro para nós hoje. E se houver algo na lagosta prejudicial à nossa saúde? E se descobrirmos isso só daqui a cinquenta anos? Devemos exigir evidências científicas antes de dar à Bíblia o benefício da dúvida?” (Eating by the Book [Dieta Bíblica, em tradução livre], 1999, p. 226).
O médico Reginald Cherry comenta sobre o motivo de médicos e pesquisadores concordarem com as instruções da Bíblia sobre não comer gordura.
"Por que essa proibição contra a gordura é tão importante para nós?", ele pergunta. “Nos grandes países desenvolvidos, mais de 53% das pessoas morrem de doenças cardíacas. As doenças cardíacas geralmente são causadas por depósitos de gordura acumulados nas artérias, e quase sempre isso começa na adolescência” (The Bible Cure [A Cura Através da Bíblia, em tradução livre], 1998, p. 34, edição impressa).
Tabus culturais ou revelação divina?
Como demonstrado, algumas normas alimentícias da Bíblia oferecem benefícios comprovados à saúde, mas o que podemos dizer sobre suas outras instruções? O doutor Cherry continua: “. . .O Antigo Testamento . . . contém muitíssimas revelações de Deus sobre higiene, alimentos saudáveis e… prevenção de doenças. Como médico especializado em medicina preventiva, acho o Antigo [Testamento] fascinante e intrigante. Ao longo de seu antigo texto hebraico, encontramos muitos segredos e mistérios não revelados sobre o que devemos comer e como evitar coisas contaminadas e que nos adoecem, e que substâncias naturais podem ser usadas para realizar a cura . . .
“Os hebreus não procuravam entender mais sobre anatomia, ciência ou ordem natural, assim como seus contemporâneos das antigas civilizações do Egito, da Mesopotâmia ou da Grécia. Ao contrário, qualquer coisa que pudesse ser descoberta nos antigos textos hebraicos da Bíblia tinha que chegar até eles através do conhecimento divino e sobrenatural revelado por Deus. Portanto, o que descobriremos do Antigo [Testamento] não surgiu de especulações humanas sobre saúde e medicina, mas da própria Palavra de Deus sobre a cura para nós — Sua criação. Como Criador, Deus sabe mais sobre nossos corpos, Sua criação, do que poderíamos descobrir através da filosofia ou da ciência...
“As listas de animais limpos e imundos de Levítico 11 e Deuteronômio 14 têm um significado, mas geralmente têm sido ignoradas. Longe de ser um catálogo de tabus alimentícios baseados em moda ou fantasia, essas listas destacam um fato que não foi descoberto até o final do século passado [década de 1800] e ainda não é inteiramente conhecido: Os animais carregam doenças perigosas para o homem” (pp. 27, 30 39).
Há risco para a saúde dos seres humanos?
O doutor Russell pergunta: “O que há de tão bom em carnes 'limpas' e o que é tão ruim em carnes 'imundas'?” Ele continua explicando que “a carne de animais limpos, como carne bovina e peixes que têm escamas e barbatanas, é ideal para a saúde dos seres humanos — exatamente como seria de esperar de um Criador amoroso...Muitos animais terrestres, que Deus criou para alimentação, fornecem um benefício adicional, pois geralmente comem gramíneas e grãos que também foram criados para alimentação” (Russell, pp. 73-74).
Por outro lado, David Meinz resume o risco potencial à saúde por conta do consumo de criaturas que a Bíblia classifica como imundas. "Quase todas as criaturas da lista dos imundos são necrófagas”, observa ele. "Em muitos casos, elas não caçam sua própria comida, mas comem a matéria morta e em decomposição do nosso ambiente. Um peixe-gato faz isso no fundo de um lago e lagostas e camarões fazem isso no oceano. Um porco come qualquer coisa. Os abutres, quase por definição, são conhecidos pelo hábito de se alimentar de carniça” (Meinz, p. 225).
Russell observa que "um animal não precisa, necessariamente, ser um necrófago para ser imundo. por exemplo, cavalos e coelhos são imundos porque não têm cascos divididos. Embora eles sejam considerados uma comida saudável em alguns países, estudos mostraram que a carne de cavalo, geralmente, contém vírus e parasitas. Os coelhos, por mais inocentes que pareçam, são a causa da tularemia (uma doença infecciosa) nos seres humanos.
"Uma razão para Deus proibir a carne de porco é que o sistema digestivo de um porco é completamente diferente do de uma vaca. Ele é semelhante ao nosso, pois o estômago é muito ácido. Os porcos são gulosos e não sabem quando parar de comer. Seus ácidos estomacais se diluem por causa do volume de alimentos, permitindo que todos os tipos de vermes passem por essa barreira protetora. Parasitas, bactérias, vírus e toxinas podem passar para a carne do porco por causa do excesso de comida. Essas toxinas e agentes infecciosos podem ser transmitidos aos seres humanos quando estes comem a carne de um porco” (Russell, p. 76-77).
O doutor Don Colbert acrescenta: “Além de serem glutões, os suínos também são animais extremamente sujos. Eles comem lixo, fezes e até carne em decomposição. Geralmente, tudo o que é consumido se torna parte da carne do porco...Além de doenças frequentemente transportadas pelos suínos, a carne de porco também é uma carne muito gordurosa. As toxinas da carne de porco são mantidas principalmente na gordura, que não é isolada da carne, como é na carne magra, mas dispersa por toda a carne do animal” (A Dieta de Jesus e Seus Discípulos, Editora Thomas Nelson, 2006, pp. 49-50).
Veneno no prato?
A evidência que apoia o ponto de vista de Russell é chocante. Ele escreve: “Nos Estados Unidos, três de cada seis doenças parasitárias humanas mais comuns transmitidas por alimentos estão associadas ao consumo de carne de porco. Entre as quais estão a toxoplasmose, teníase ou cisticercose (causada pela tênia do porco Taenia solium) e triquinelose…
“Há muito que se reconhece que a carne de marisco — camarão, caranguejo, lagosta, etc. — é, notadamente, perigosa. Muitas doenças, inclusive paralisia repentina, afligem algumas pessoas diariamente como resultado de comer mariscos.
“O maior surto de cólera nos Estados Unidos ocorreu na Louisiana de agosto a outubro de 1986. (Os sintomas de cólera são diarreia persistente, levando à rápida desidratação, inconsciência, hipotensão e morte). O que essas pessoas atingidas comeram? Verificou-se que as refeições suspeitas incluíam macarrão de arroz com camarão, carne de porco, legumes, sopa de mexilhão, sangue de porco coagulado com vinagre e camarão com salmoura e legumes misturados.
“Se os mariscos forem colocados em um recipiente de água contaminado com bactérias de cólera, eles purificarão a água. Camarão, ostras, caranguejo, conchas e mexilhões são particularmente eficientes nisso. Eles filtram grandes volumes de água todos os dias. As águas residuais carregadas de produtos químicos, toxinas e bactérias nocivas, parasitas e vírus concentram-se nesses frutos do mar. A causa de surtos de cólera em várias áreas foi atribuída a camarões, caranguejos, ostras e mariscos contaminados.
"Ao ler tudo isso, não nos surpreende saber que a Assembleia Legislativa da Califórnia propôs uma lei exigindo que a indústria de alimentos colocasse nos rótulos dos produtos com moluscos o seguinte aviso: 'Esse alimento pode ser perigoso para sua saúde'. Por quê? Em um único ano, cinquenta mortes e diversas hospitalizações foram causadas pela ingestão de mariscos” (Russell, pp. 78-79).
A finalidade desses animais
Se essas criaturas não foram criadas para servirem de alimento, por que Deus as criou? O Dr. Russell explica: “Por um lado, elas desempenham um papel útil apenas de limpeza de lugares. Entretanto, muitos animais impuros, principalmente porcos e mariscos, não são saudáveis porque sua dieta consiste do lixo gerado pelos seres humanos, que é carregado de doenças.
“Os porcos comem o lixo e o esgoto da Filadélfia há mais de cem anos, economizando à cidade três milhões de dólares por ano em custos de aterros. Essa é uma maneira inteligente de se utilizar os porcos. Pois, eles foram projetados para limpar nosso ambiente.
“Mesmo quando empilhados em gaiolas, os leitões engordam com migalhas mesmo quando apenas o porco da gaiola superior recebe comida. Os suinocultores aumentaram seus lucros alimentando os porcos com resíduos de esgoto gratuitos. Geralmente, os avinocultores mantêm um porco na propriedade para que possam descartar os frangos mortos sem ter que enterrá-los” (Russell, p. 81).
Algumas espécies de peixes e mariscos desempenham um papel semelhante na água. O Dr. Russell observa que “entre os peixes frequentemente consumidos, o bagre...sempre apresenta os mais altos níveis de contaminação da água quimicamente poluída. Após algum vazamento de produtos químicos, os pescadores locais são avisados para não comerem bagres” (ibid.).
Até mesmo o bagre criado comercialmente é um risco potencial à saúde, observa ele. “A organização Consumer Reports realizou testes em peixes comprados em vários mercados nos Estados Unidos. Os peixes são considerados contaminados quando a quantidade de bactérias é superior a dez milhões por grama de carne. Quase todos os bagres tinham contagens que ultrapassavam a escala de vinte e sete milhões por grama, mesmo quando preparados adequadamente” (ibid.).
Qual foi a conclusão do doutor Russell? "Embora os suínos ajudem a limpar a terra e os moluscos e os bagres tenham sido eficazmente projetados para purificar a água, não queremos comer o que eles limpam!" (Ibid).
À luz desses fatos, raramente divulgados, podemos entender e contemplar melhor as palavras de Deus através de Moisés: “Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te suceda a ti e a teus filhos, depois de ti para sempre, quando fizeres o que for bom e reto aos olhos do SENHOR, Teu Deus” (Deuteronômio 12:28).
Que todos tenhamos o cuidado de “discernir entre o impuro e o puro” (Ezequiel 44:23).