A Crise Militar dos Estados Unidos

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A Crise Militar dos Estados Unidos

Os Estados Unidos parecem “encurralados” neste ano, enfrentando um crescente número de rivais externos e potências hostis. Embora a Rússia, adversária histórica dos Estados Unidos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, se encontre enredada em uma tentativa de tomada de poder na Ucrânia, outros inimigos internacionais, como China, Irã e Coreia do Norte, estão ficando cada vez mais poderosos.

Apesar de suas alianças, os Estados Unidos precisam se defender em um mundo hostil. Em nenhum momento de sua história a nação foi tão dependente de um exército forte, mas há cada vez mais evidências de que as Forças Armadas do país estão se enfraquecendo e a tendência é piorar.

Embora ainda sejam, em termos absolutos, as mais poderosas do mundo, as Forças Armadas dos Estados Unidos enfrentam desafios praticamente sem precedentes. Partindo da crescente dificuldade de recrutamento à incerteza e visão distorcida das principais prioridades de defesa e aparente incapacidade de enfrentar a atual realidade do poder dos adversários, os estrategistas militares estadunidenses parecem perdidos.

Qual é a maior ameaça aos Estados Unidos?

Ao longo dos séculos, as nações têm reconhecido que a segurança nacional é a principal responsabilidade de qualquer governo. E poucos foram os períodos na história em que até nações poderosas puderam descansar despreocupadamente dentro de suas fronteiras. Até mesmo o poderoso Império Romano enfrentou constantes ameaças de tribos hostis em suas fronteiras. E o mesmo pode ser dito dos Estados Unidos que, desde sua ascensão como potência mundial no início do século vinte, sempre enfrentaram ameaças de potências estrangeiras hostis.

Entretanto, apesar dessas ameaças evidentes, o Departamento de Defesa do país parece ter perdido o foco. Em 2021, o atual secretário de Defesa, Lloyd Austin, causou espanto em seu pronunciamento dizendo que o “aquecimento global”, e não os países inimigos, era o maior desafio de segurança dos Estados Unidos.

Na Cúpula de Líderes sobre o Clima de 2021, ele disse: “Hoje, nenhum país poderia alcançar uma segurança duradoura sem enfrentar a crise climática. Enfrentamos todos os tipos de ameaças em nosso ramo de atuação, mas poucas delas podem ser chamadas de existenciais como a crise climática. A mudança climática está tornando o mundo mais inseguro e precisamos agir” (“Defense Secretary Calls Climate Change Existential Threat” [Secretário de Defesa Classifica a Mudança Climática de Ameaça Existencial, em tradução livre], DoD News Channel, 22 de abril de 2021).

Logo, ele passou a discutir o derretimento do gelo do Ártico, o aumento do nível dos oceanos e a disputa entre nações por recursos naturais, usando termos que antes serviam apenas para descrever a ampliação dos arsenais nucleares dos inimigos de seu país e a retórica ameaçadora de nações hostis. Alguém pode perguntar se ele estava prestando atenção ao rápido crescimento do poder militar da China ou ao fato de que a Coreia do Norte está cada vez mais agressiva em seus testes de mísseis ou que o Irã continua determinado a desenvolver armas nucleares.

Dificuldades no recrutamento militar

Há cinquenta anos, próximo ao fim da Guerra do Vietnã, os Estados Unidos adotaram uma política de alistamento militar voluntário. Até recentemente os recrutadores encontravam um grande número de jovens saudáveis e capazes, a maioria da classe trabalhadora, dispostos a entrar nas fileiras das Forças Armadas. Muitos jovens estadunidenses acreditavam no serviço militar e se orgulhavam de vestir o uniforme militar dos Estados Unidos.

Hoje em dia, o recrutamento militar enfrenta desafios com uma queda vertiginosa de alistamentos em 2022. Quase todos os setores das Forças Armadas estão deficitários de alistamento neste ano — que caminha para ser o pior ano de recrutamento desde a Guerra do Vietnã. A falta de soldados rasos ameaça o funcionamento da máquina militar, deixando cargos importantes sem preencher e pelotões com um número insuficiente de soldados.

Parte do problema é a Covid. Os lockdowns prejudicaram a capacidade dos recrutadores de criar vínculos presenciais com possíveis recrutas. E a obrigatoriedade da vacinação para militares afasta algumas pessoas que de outro modo poderiam ter interesse em ser recrutadas. O mercado de trabalho altamente aquecido, com muito mais vagas de trabalho abertas do que pessoas para preenchê-las, é outro fator, na medida em que salários e benefícios crescentes do setor civil reduzem a atração pelo serviço militar. Mas há outros problemas de recrutamento mais preocupantes.

Uma delas é a condição física dos jovens estadunidenses. Os recrutadores relatam que o uso de drogas, a obesidade e outras deficiências físicas tornam a maioria dos candidatos incapaz de atender aos padrões de condicionamento físico das Forças Armadas. Muitos potenciais recrutas também carecem de educação, até mesmo de inteligência básica, para se tornarem soldados nas Forças Armadas mais avançadas tecnologicamente da atualidade.

Em uma tentativa desesperada de atingir as metas de recrutamento, as Forças Armadas tiveram que reduzir os padrões de condicionamento físico e educacional. Por exemplo, o Exército eliminou os requisitos de corrida durante as duas primeiras semanas de treinamento básico. As novas diretrizes de recrutamento da Marinha vão aceitar que 20% dos novos recrutas tenham um nível menor de aptidão, cerca de 7.500 marinheiros” (“How the Military Dropped Its Standards in 2022 to Meet a Recruiting Crisis” [Militares Abandonam Requisitos Básicos Para Enfrentar Crise no Recrutamento, em tradução livre], jornal Daily Caller, 29 de dezembro de 2022).

Uma pesquisa recente do Washington Post descobriu que uma mudança de atitude em relação ao serviço militar fez com que hoje apenas um em cada dez jovens cogite entrar no serviço militar. As Forças Armadas também vêm reduzindo seu contingente, adaptando-se a essa nova realidade. Atualmente o número de militares na ativa é praticamente a metade do que era na década de 1980 e a previsão é continuar diminuindo.

Um laboratório de experimento social

Ademais, um foco crescente no “despertar” de questões sociais totalmente alheias à defesa nacional também tem contribuindo para o esvaziamento das Forças Armadas. O Departamento de Ensino do Ministério da Defesa nomeou a veterana Kelisa Wing para o recém-criado escritório de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). E logo ela começou a criticar o que chamou de discriminação racial no treinamento de desenvolvimento profissional de oficiais militares e funcionários de alto nível.

Ela ficou ofendida com o que descreveu como ênfase exacerbada nos valores militares tradicionais e na progressão de métodos. Os incessantes tweets dela sobre a resistência às prioridades do DEI provocaram uma forte reação do Congresso, que já anda preocupado com o declínio no recrutamento, na preparação e na moral das Forças Armadas.

Além disso, recursos valiosos e tempo que deveriam ser usados para tornar as tropas melhores em estratégias e táticas de combate agora estão sendo desperdiçados em discussões de tópicos como estudos sobre gênero, questões raciais e teoria racial crítica.

O aumento do poder dos adversários

A maioria dos estadunidenses está preocupada com o poder crescente e a ameaça nuclear representada pela Coreia do Norte e pelo Irã. Além do constante progresso da China na composição de suas Forças Armadas. Os gastos da China com defesa já é o segundo maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O número de soldados ativos no Exército de Libertação Popular agora excede em muito ao das Forças Armadas estadunidenses. A China está trabalhando para fechar a lacuna tecnológica em relação às Forças Armadas dos Estados Unidos até 2027.

Além disso, a China está buscando criar um exército de “super-homens”, soldados capazes de suportar muito mais a fome, a dor e a privação do que as tropas de qualquer outra nação. “A China está desenvolvendo um exército de ‘supersoldados’ geneticamente modificados do tipo que só vemos na ficção científica”, disse o ex-diretor de Inteligência Nacional, John Ratliff, ao Congresso há mais de dois anos. Ele informou aos congressistas que a China está usando ferramentas de edição de genes para criar soldados super-resistentes e capazes de sobreviver à radiação nuclear — em caso de um eventual conflito.

Enquanto isso, o compromisso do governo de fornecer armas e equipamentos para Ucrânia na guerra contra a Rússia está esgotando os suprimentos militares dos Estados Unidos em um ritmo insustentável. E de acordo com um relatório publicado no ano passado pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, os suprimentos de munições de alta tecnologia dos Estados Unidos estão muito baixos devido aos envios para a Ucrânia e que, nos atuais níveis de produção, podem levar anos para serem repostos.

“Eu quebrarei o orgulho do seu poder”

E não faz muito tempo que os Estados Unidos se orgulhavam de ser a maior potência mundial. Os estadunidenses estavam dispostos a arcar com o fardo de ajudar a policiar o mundo, contribuindo com bilhões de dólares para o alívio de desastres naturais e, em geral, tornando o mundo um lugar melhor.

Mas, esses dias se foram. A ideia de restaurar a grandeza dos Estados Unidos é vista sobretudo com escárnio e desprezo. Os estadunidenses de hoje estão cansados do conceito de grandeza nacional e da responsabilidade que advém disso.

E isso não é por acaso. Há profecias que predizem o que aconteceria com a antiga nação de Israel e seus descendentes, sendo que a maior parte deles se tornou os atuais povos anglófonos. “Quebrantarei a soberba da vossa força”, Deus advertiu um povo rebelde, caso se recusasse a se humilhar perante Ele (Levítico 26:19). Será que além de suas Forças Armadas, os Estados Unidos também estão entrando em declínio?

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