A Fé da Rainha Elizabeth II

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A Fé da Rainha Elizabeth II

Durante onze dias em setembro de 2022, o mundo voltou sua atenção à Inglaterra para assistir ao esplendor do funeral da rainha Elizabeth II. Como só os britânicos podem fazer, o Estado fez uma impressionante exibição de majestade real, uma “pompa e circunstância” previamente preparada (planejada pela rainha muito antes de sua morte).

Multidões de pessoas assistiram o corpo sair do Castelo de Balmoral, na Escócia, onde ela morreu, para Londres, onde foi velada no Westminster Hall. Essa cerimônia pôs fim às questões sobre o valor da Coroa para a vida no reino. Ela era amada e respeitada, como demonstrado pelas milhares de pessoas que vieram retribuir um pouco do serviço que ela prestou em benefício delas.

Os dias que antecederam o funeral dela deram oportunidade de refletir sobre seu longevo reinado. A rainha incorporou certos valores em sua vida — valores que deveríamos analisar à luz de muitas passagens bíblicas que dizem que nós, como cristãos, um dia nos assentaremos com Jesus Cristo em um trono para julgar as nações sob o governo dEle.

A Bíblia mostra claramente que os santos, os seguidores de Cristo desta era, reinarão com Ele na Terra. Essa é uma verdade fundamental das Escrituras pouco compreendida. Jesus disse aos Seus apóstolos: “E Eu vos destino o Reino, como Meu Pai Me destinou, para que comais e bebais à Minha mesa no Meu Reino e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel” (Lucas 22:29-30).

Uma promessa mais ampla a esse respeito é feita a todos os santos em Apocalipse 20:4-6: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar... e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos...Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição... serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos”. E muitas outras Escrituras confirmam essa verdade.

Observar a vida da rainha Elizabeth II nos proporciona um momento para pensar sobre os atributos ao nosso alcance nesta vida e os princípios práticos que nos preparam para a vida futura.

Primeiramente, vamos considerar que a rainha era a chefe suprema da Igreja Anglicana. Um de seus títulos era “Defensora da Fé”. Segundo todos os relatos, ela era uma pessoa de profunda fé.

Enquanto assistia ao funeral dela na Abadia de Westminster, fiquei impressionado com as Escrituras que ela escolheu para serem lidas. Até parecia que em sua morte ela testemunhou sobre Deus ao mundo. A ordem do culto começou com a leitura de duas passagens bíblicas, a primeira foi a de João 11:25–26: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em Mim nunca morrerá”.

A passagem seguinte, Jó 19:25-27, diz: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra”, essa citação também se concentra na ressurreição dos mortos.

A primeira-ministra Liz Truss leu as palavras de João 14:1-9, em que Jesus diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim”.

Esse não foi um serviço ecumênico destinado a atrair os dignitários reunidos, que representam muitas crenças ou nenhuma crença. Essa foi uma apresentação das Escrituras, leituras e canções destinadas a dizer: “É nisso que eu acredito”.

A vida de Elizabeth era regida pela monarquia britânica, que por sua vez está entrelaçada com a fé cristã. A Bíblia é lida na coroação dos monarcas. E a rainha fez um juramento a Deus de servir e desempenhar seu papel.

Por causa disso, as pessoas da atualidade não gostam da ideia de um monarca. Isso os lembra de Deus, da Bíblia e de algo absoluto e imutável. A rainha Elizabeth estava acima da política e da mudança dos tempos. Muitos disseram que com sua morte uma era de respeito aos valores também chegou ao fim.

Servir aos outros

Em 1952, quando o rei George VI morreu, Elizabeth assumiu o posto de rainha. Em seu aniversário de 21 anos, Elizabeth havia prometido: “Toda a minha vida, seja longa ou curta, será dedicada ao serviço de todos e de nossa grande família imperial à qual todos nós pertencemos”.

Ela manteve sua promessa, pois, nas sete décadas seguintes, ela trabalhou quase todos os dias. Ela viajou para muitas nações atuando como um monarca moderno. Ela abriu escolas e bibliotecas. Ela se levantava e cumprimentava muitas pessoas estranhas por horas. E ela fez tudo isso com graça e alegria.

Embora a rainha vivesse em palácios e tivesse uma grande equipe e empregados domésticos para servi-la, tendo uma vida, em muitos aspectos, muito mais fácil do que a maioria das pessoas, precisamos lembrar que ela ainda era humana e estava sujeita a todas as atrações e pressões comuns às pessoas — na verdade, a riqueza e o status aumentam alguns problemas, especialmente em termos de manter um bom caráter. Como quase todo mundo, ela amou e não foi amada. Ela riu e chorou. Ela se alegrou e se entristeceu. Ela era leal e sofreu traição. Enquanto olhava para o mundo através das janelas do palácio, será que ela já desejou poder viver uma vida normal de uma pessoa comum?

Desde cedo ela sabia que a vida dela seria diferente. Mas, ela estava determinada a servir nesta vida. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela serviu como mecânica de automóveis e arregaçou as mangas para fazer o trabalho pesado. Ela e sua família ficaram na Inglaterra ao decidir não se refugiar no Canadá. Tratando-se de quem ela era, esse foi um sério risco assumido e calculado.

Por mais grandiosa que fosse sua vida, Elizabeth preocupava-se em manter o tipo de atitude de servir ensinada por Jesus. Quando Seus discípulos discutiam entre si sobre quem seria o maior, Jesus disse: “Os reis dos gentios [ou nações] dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem serve” (Lucas 22:25-26).

Cristo disse que o maior deveria servir. Elizabeth se esforçou para servir e dar um bom exemplo de acordo com seu entendimento. E esse foco dela deveria ser enaltecido!

Comprometimento com responsabilidades

A rainha serviu mais de setenta e cinco anos no cargo. Ela prometeu que toda a sua vida, “se longa ou curta”, seria dedicada a servir. Esse tipo de promessa exige compromisso — o tipo de compromisso ensinado por Jesus quando disse que ninguém que vem a Ele e olha para trás, para sua antiga vida, é apto para o Reino de Deus (Lucas 9:62).

Pense nisso: Elizabeth não voltou atrás em seu compromisso. Seus pais eram eduardianos — pense em Downton Abbey (seriado da televisão britânica), um mundo diferente do nosso. Ela foi criada naquele ambiente. E seu tio, Eduardo VIII, abdicou do trono. Ele rejeitou uma vida comprometida por um estilo de vida frívolo. Elizabeth tornou-se rainha porque um homem não cumpriu seu compromisso. Ela sabia que tinha que se comprometer até o fim para preservar a monarquia.

Em sua coroação, ela foi ungida com estas palavras: “Seja tuas mãos ungidas com óleo sagrado. Seja teu peito ungido com óleo sagrado. Seja tua cabeça ungida com óleo sagrado, como foram ungidos reis, sacerdotes e profetas. E como Salomão foi ungido rei por Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, assim sejas ungida, abençoada e consagrada Rainha sobre os povos, a quem o Senhor teu Deus te deu para guiar e governar”.

Isso foi feito no momento mais solene da coroação, um dossel dourado ocultou essa parte do serviço da vista do público. Ela foi designada para um papel especial, e ela entendia isso. Ela estava comprometida com isso. Ela nunca desistiu desse compromisso. Ela se importava profundamente com sua terra e seu povo e fazia tudo o que podia para beneficiá-los. Atualmente, as pessoas podem aprender muito com o exemplo dela!

O dever para com Deus e o país

O dever diz respeito a fazer algo que você deveria e talvez preferisse não fazer — fazendo não porque alguém o obriga, mas porque precisa ser feito e não há alguém mais bem preparado do que você mesmo para fazer isso, então você o faz. O dever envolve realizar seu trabalho sem reclamar. Significa conhecer o seu papel e desempenhá-lo bem. E o dever é permanecer coerente, dia após dia, ano após ano, por toda a vida.

O fato de ser rainha não a livrava de dificuldades, e o famoso mantra de Elizabeth era: “Nunca reclame, nunca explique”. Ela nunca permitiu que seus sentimentos pessoais atrapalhassem seu trabalho. Elizabeth aprendeu com o exemplo de seu pai. Ele não estava preparado para o papel de rei, mas teve que assumi-lo quando seu irmão renunciou. E ele aprendeu sobre esse dever ao desenvolver integridade de caráter íntegro em sua juventude.

A rainha Elizabeth II era um testemunho vivo para o mundo de uma mulher que se esforçou para manter um caráter elevado. E caráter tem a ver com dever e respeito a um compromisso.

Uma cena comovente ocorreu na cerimônia reservada após o funeral. Pouco antes de o caixão da rainha ser baixado para a cripta, a coroa, o orbe e o cetro foram removidos de seu caixão e devolvidos ao altar da igreja. Mas, não foi removida a vara de madeira chamada Wand of Office, que representa sua autoridade. O Lord Chamberlain a quebrou e colocou os dois pedaços no caixão. Assim, encerra-se seu reinado terreno. E, como qualquer plebeia, ela foi para debaixo da terra.

Hoje em dia, todos os que são verdadeiros servos de Deus estão se preparando para receber uma coroa espiritual da vida. E, com a ajuda de Deus, se continuarmos vivendo uma vida de serviço, compromisso e dever, quando formos para debaixo da terra, temos certeza de que uma coroa e um trono nos aguardam na ressurreição!