O Que A Arqueologia Tem a Dizer Sobre A Bíblia?

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O Que A Arqueologia Tem a Dizer Sobre A Bíblia?

A arqueologia é uma disciplina que se ocupa da investigação e recuperação de materiais e vestígios de civilizações e culturas passadas. Envolve a escavação e o estudo sistemático de ferramentas, armas, utensílios de cozinha, inscrições e outros objetos e restos mortais desses povos. A arqueologia bíblica é um subconjunto menor do amplo campo da arqueologia, limitada ao estudo de civilizações antigas do antigo Oriente Médio e o cenário geográfico dos eventos registrados na Bíblia.

A arqueologia bíblica moderna é uma disciplina fascinante e, às vezes, controversa. Geralmente, o objetivo dela é comparar as descobertas da arqueologia com as escrituras da Bíblia. Os arqueólogos bíblicos procuram estabelecer a historicidade, ou a ausência desta, de pessoas, lugares e eventos da Bíblia.

Por muitos séculos, os eventos da Bíblia foram aceitos como histórias verdadeiras. As grandes sagas bíblicas eram vistas como fatos precisos e muito detalhados. No entanto, esse panorama começou a mudar com a chegada do “Iluminismo” dos séculos XVII e XVIII. Os estudiosos começaram a exaltar a razão humana e a investigação científica acima da Bíblia, assim começaram a atacar diretamente as Escrituras.

Os heróis bíblicos e outros personagens importantes, bem como suas experiências registradas nas Escrituras, passaram a ser considerados por muitos estudiosos como meras lendas. A existência de impérios poderosos, alguns acompanhados por séculos pelo registro bíblico, foi posta em dúvida ou até mesmo negada. O ceticismo se tornou a regra geral entre os estudiosos “críticos”.

Enquanto as gerações anteriores avaliavam a Bíblia pelo seu próprio valor, agora uma geração, supostamente, iluminada a enxergava com dúvidas. O efeito concreto foi um golpe terrível na credibilidade da Bíblia na mente de muitas pessoas.

Anteriormente, quando a Bíblia foi traduzida para diversas línguas na era pós-Reforma, após o analfabetismo da Idade Média, a Bíblia se tornou para muitas pessoas seu único livro de história antiga. Eles a consideravam como a infalível Palavra de Deus.

Mas, depois dos arranjos de estudiosos críticos, a Bíblia começou a ser vista como suspeita por muitos historiadores. O historiador britânico Arnold Toynbee resumiu sua opinião quando se referiu ao Antigo Testamento como meramente "composições humanas de diversos graus de mérito religioso e histórico". Ele afirmou ainda que aqueles que a aceitaram como fatual “atribuíram um prêmio religioso a uma estupidez obstinada” (A Study of History [Um Estudo da História, em tradução livre], Vol. 10, 1957, p. 260).

Em face dessa mentalidade, os arqueólogos que procuraram escavar e avaliar as ruínas de eras passadas e relatar a credibilidade da Bíblia de maneira honesta enfrentaram uma difícil batalha. O campo dessa ciência em geral havia se tornado preconceituoso contra a Bíblia e alguns dos principais críticos também eram arqueólogos.

O testemunho da história

William M. Ramsay, primeiro professor de arqueologia clássica e arte de Oxford, era fruto desse tipo de educação de meados do século dezenove e dessa tendência antibíblica generalizada. Ele acreditava que os relatos históricos do livro de Atos não haviam sido escritos na época da Igreja apostólica, mas bem mais tarde — em meados do segundo século. Assim, se isso fosse verdade, o livro bíblico de Atos não poderia ter sido escrito por Lucas, o companheiro de viagem do apóstolo Paulo, e só poderia ser uma história inventada.

Lucas afirmou ter estado com Paulo durante suas viagens pelo extenso sistema de estradas do Império Romano. Ele escreveu como alguém que viu Paulo ser usado por Deus para trazer de volta à vida um jovem convertido após uma queda fatal (Atos 20:8-12). Ramsay era cético quanto à historicidade de Lucas e ao registro histórico de Atos e assim começou a refutá-lo.

Depois de muitos anos de estudo minucioso das evidências arqueológicas, Ramsay chegou a uma conclusão desconcertante: As evidências históricas e arqueológicas eram solidamente favoráveis ao fato de Lucas ter escrito o livro de Atos no primeiro século, durante o tempo dos apóstolos. Em vez de concluir que Lucas era uma fraude histórica, Ramsay concluiu que há “razões para colocar o autor de Atos entre os historiadores de primeira categoria” (St. Paul the Traveller and the Roman Citizen [São Paulo, Viajante e Cidadão Romano, em tradução livre], 1925, p. 4).

Ramsay se convenceu que realmente foi Lucas quem escreveu esse relato da obra da Igreja primitiva, uma vez que isso estava entrelaçado com eventos seculares e personalidades da época. No relato do Evangelho de Lucas, somos apresentados a Pôncio Pilatos, Herodes, o Grande, Augusto e outros agentes políticos. Em Atos encontramos um número ainda maior deles, incluindo Sérgio Paulo, Gálio, Félix, Festo e Herodes Agripa I e II.

E Lucas não escreveu apenas sobre essas pessoas, mas também mencionou detalhes, e até fatos relativamente minuciosos, sobre elas. “Uma das provas mais notáveis da exatidão [de Lucas] é sua familiaridade com os títulos corretos de todas as pessoas eminentes mencionadas... por exemplo, Chipre, que era uma província imperial até o ano 22 a.C., tornou-se uma província senatorial naquele ano e, portanto, não era mais governada por um legado imperial, mas por um procônsul. E assim, quando Paulo e Barnabé chegaram a Chipre, por volta de 47 d.C., foi o procônsul Sérgio Paulo que eles encontraram” (The New Testament Documents: Are They Reliable? [Os Registros do Novo Testamento São Confiáveis?, em tradução livre],1981, pp. 82-83).

Lucas menciona outros detalhes sobre os cargos e títulos de funcionários do Império Romano. E ele acerta em todos os casos, como confirmado por descobertas arqueológicas muitos séculos depois. Como Ramsay descobriu, demonstrar essa precisão exigia que o autor fosse bem versado nas complexidades da política daquela época nessa ampla região — e sem nenhuma obra de referência prontamente acessível para verificar. Poucos de nós poderiam se sair tão bem se questionados sobre os títulos oficiais exatos de agentes políticos nacionais e internacionais de hoje.

Exatidão: um teste de credibilidade

Esses pequenos detalhes do cenário histórico tornam a Bíblia interessante, mas também colocam escritores, como Lucas, à prova — e também a Bíblia junto com eles. Se cometerem um erro no relato, seu trabalho perderá credibilidade. E como Lucas se saiu nesse teste?

O teólogo e escritor F.F. Bruce disse o seguinte sobre a obra de Lucas: “Um escritor que relaciona sua história com o contexto mais amplo da história mundial está procurando problemas se não for cuidadoso; ele oferece a seus leitores críticos muitas oportunidades para testar sua precisão. Lucas assumiu esse risco e resistiu admiravelmente ao teste” (p. 82).

Alguns estudiosos afirmam que Lucas estava errado em seu relato sobre um censo romano na época do nascimento de Jesus Cristo (Lucas 2:1-3). Eles argumentaram que Quirino não era governador nessa época porque assumiu esse cargo vários anos depois. Os críticos também argumentaram que não houve nenhum censo naquela época e que José e Maria, portanto, não foram obrigados a retornar à cidade natal deles, Belém, na época.

Entretanto, evidências arqueológicas posteriores mostraram que Quirino serviu por dois mandatos como um importante administrador romano na região e que os eventos descritos por Lucas eram de fato possíveis (Bruce, pp. 86-87). Na verdade, Lucas nos diz que Jesus nasceu na época do “primeiro censo” sob Quirino (Lucas 2:2), indicando fortemente que este governante conduziu um censo tanto em sua primeira como em sua segunda administração na área. Ademais, descobriu-se que aqueles que desafiaram o relato bíblico o fizeram sem ter todos os fatos disponíveis.

O professor Bruce continua observando que, quando vemos a habitual precisão de Lucas demonstrada em detalhes historicamente comprovados, há muitas razões para aceitar sua credibilidade em todo o relato. E, de fato, as descobertas arqueológicas têm apoiado frequentemente a precisão e a atenção aos detalhes de Lucas.

Ainda há muito a ser descoberto

Somente uma parte relativamente pequena de resquícios do mundo bíblico foi escavada. Dentre os cerca de trinta e cinco mil locais conhecidos somente em Israel, apenas algumas centenas foram explorados, e destes apenas uma pequena porcentagem foi extensivamente escavada — apenas quatro por cento de um local. E dentre os que foram escavados, é fato que toda a Bíblia possui um notável histórico de precisão quando comparada ao que foi encontrado pela arqueologia.

Como o professor Walter Kaiser Jr. escreveu: “A arqueologia bíblica tem melhorado muito o estudo dos textos bíblicos e de sua história” (The Old Testament Documents: Are They Reliable and Relevant? [As Escrituras do Antigo Testamento São Confiáveis e Relevantes?, em tradução livre], 2001, p. 97). Ele também declarou: “Os fatos, de qualquer fonte, quando totalmente conhecidos, forneceram confirmação sólida e impressionante de detalhes sobre pessoas, povos e lugares do Velho Testamento por meio de vestígios artefatuais, estratigráficos e epigráficos [e também] evidências descobertas” (p. 108).

E muitas partes do Velho Testamento foram atacadas intensamente por estudiosos anti-inspiração quando os ventos da dúvida varreram o século dezenove. E quanto a esse tempo e seus efeitos, o arqueólogo Kenneth Kitchen escreveu: "Constantemente, os estudos do Antigo Testamento têm dito que‘ a história não conhece tal pessoa’ como, por exemplo, Abraão ou Moisés, ou... as batalhas de Gênesis 14. No entanto, essas afirmações são totalmente enganosas. Eles simplesmente cobrem não a ignorância da 'história' personificada, mas da pessoa que faz essa afirmação” (The Bible in Its World: The Bible and Archaeology Today [O Mundo da Bíblia e a Arqueologia Hoje, em tradução livre], 1978, p. 48).

A declaração do Dr. Kitchen mostra que a historicidade dos personagens do Antigo Testamento e seus mundos não podem ser ignorados. E é importante notar que os estudiosos duvidaram da existência de impérios, de populações inteiras e de muitos personagens centrais da Bíblia. Mas, diante de um grandíssimo e crescente número de evidências, os céticos foram forçados, muitas vezes, a retratar suas afirmações anteriores.

As evidências apoiam o relato bíblico sobre os patriarcas

Por exemplo, alguns estudiosos críticos questionaram a existência dos patriarcas — Abraão, Isaque e Jacó. Eles rejeitaram a perspectiva bíblica porque nenhuma evidência arqueológica clara era conhecida.

Ainda assim, os registros bíblicos descrevem detalhadamente Abraão e seu mundo. Os costumes específicos dessa sociedade, conforme descritos em Gênesis 15 e 16, foram confirmados em tabuinhas encontradas em Nuzi, perto da cidade de Assur, na Assíria. Os documentos “dizem respeito a questões como herança e direitos de propriedade, escravidão, adoção e coisas semelhantes” (Kingdom of Priests: A History of Old Testament Israel [Reino de Sacerdotes: Uma História da Israel do Antigo Testamento, em tradução livre], Eugene Merrill, 1996, pp. 38-39).

Certa vez, alguns estudiosos afirmaram que os eventos incomuns descritos nesses dois capítulos de Gênesis foram inventados, como o episódio em que Abraão gerou um filho para sua esposa Sara com a serva dela, Agar. Esses mesmos estudiosos tiveram que recuar quando as tabuinhas de Nuzi demonstraram que, quando a mulher era infértil, esse era o costume comum na cultura daquela época.

Semelhantemente, Gênesis 37:28 diz que os irmãos de José o venderam como escravo por vinte siclos de prata. Tábuas de argila descobertas na região que datam dos séculos 18 e 19 a.C., época em que José viveu, mostram que o valor corrente de escravos naquele tempo era de fato vinte siclos.

Entretanto, em séculos posteriores, o preço dos escravos sofreu um grande aumento. No século VIII a.C., havia aumentado para cerca de cinquenta a sessenta siclos. Entre o quinto e quarto século antes de Cristo, o preço era de noventa a cento e vinte siclos (“The Patriarchal Age: Myth or History?” [A Era dos Patriarcas: Mito ou História?, em tradução livre], revista Biblical Archaeology Review, Kenneth Kitchen, março-abril de 1995, p. 52).

Se um escriba judeu tivesse sonhado com a história de José, no século VI a.C., como argumentam muitos críticos bíblicos, por que o valor da venda de José não foi estipulado entre noventa e cento e vinte siclos? E se essa história foi inventada mais de mil anos depois de ter acontecido, como o autor dela sabia qual era o valor de venda de um escravo mil anos antes disso? A resposta óbvia é que essa história em Gênesis é um relato preciso de eventos da época.

E quanto ao êxodo israelita?

Muitos estudiosos e arqueólogos céticos contestaram o registro bíblico sobre o êxodo dos israelitas do Egito porque não havia nenhuma evidência material encontrada fora da Bíblia para confirmar esses eventos. Eles acreditavam que essas histórias foram inventadas muitos séculos depois.

A veracidade desse êxodo é importante para a autenticidade da Bíblia porque obviamente esse evento foi considerado de importância monumental no estabelecimento de Israel como nação. Os israelitas olham para esse evento como o fundamento de sua fé. Muitas passagens bíblicas testificam o quanto eles consideram importante esse acontecimento. Ou existiu um povo conhecido como Israel, morou no Egito e foi tirado dali ou simplesmente não podemos confiar na Bíblia.

O professor Kitchen oferece uma explicação sólida sobre o motivo de haver poucas evidências materiais da habitação de Israel no Egito. “O Delta [do Nilo] [onde Israel morava] é um leque aluvial de lama depositado durante muitos milênios pela enchente anual do Nilo; não tem nenhuma fonte de pedra dentro dele...Os casebres de tijolos de barro de escravos e agricultores humildes há muito tempo voltou a ser argila, para nunca mais serem vistas”.

 “Até mesmo estruturas de pedra (como templos) dificilmente sobrevivem, em um flagrante contraste com os lugares no vale do Alto Egito, ao sul, cercado por penhascos...assim não é de admirar que praticamente nenhum registro escrito de qualquer extensão tenha sido recuperado nos locais do Delta, reduzidos a montes de tijolos...e até mesmo grandes templos foram um amontoado de pedras tombadas” (On the Reliability of the Old Testament [A Confiabilidade do Antigo Testamento, em tradução livre], 2003, p. 246).

O Dr. Kitchen também explica por que nenhum registro sobre o êxodo pôde ser encontrado entre as inscrições e registros históricos egípcios: "Como os faraós nunca monumentalizam as derrotas nas paredes do templo, nenhum registro da saída bem-sucedida de um grande grupo de escravos estrangeiros (com a perda total de um esquadrão de carruagem) jamais teria sido homenageado por qualquer rei em templos no Delta ou em qualquer outro lugar” (ibid.).

Em outras palavras, os orgulhosos egípcios, que eram a maior potência militar do mundo naquela época, não deixariam um registro de uma completa e total humilhação de seu pretensioso líder e da destruição de seu exército. Na verdade, a Bíblia é a única entre os escritos antigos da região a registrar as derrotas militares de sua própria nação. Os vaidosos líderes daquela época se gabavam de seus triunfos e vitórias, mas optaram por nunca registrar suas derrotas humilhantes.

Eventos e personagens bíblicos comprovados pela arqueologia

Alguns afirmam que Israel não era uma potência significativa durante os dias das dinastias egípcias. Eles acreditam que Israel não era mais do que um amálgama de tribos impotentes.

A evidência objetiva, entretanto, aponta para uma conclusão diferente. Um objeto antigo que entrelaça a história bíblica e a egípcia foi descoberto pelo arqueólogo William Matthew Flinders Petrie em 1896. Esse objeto é conhecido como Estela de Israel porque “contém a menção mais antiga conhecida de Israel” (ibid., p. 26). Essa estela de granito preto contém inscrições presunçosas encomendadas pelo Faraó Merneptah sobre suas vitórias em batalhas e refere-se a Israel sendo "devastada". A estela data do ano 1207 a.C. (revista Biblical Archaeology Review, setembro-outubro de 1990, p. 27).

A jornada de Israel do Egito a Canaã, após o êxodo, também está registrada nas Escrituras. A Bíblia fornece nomes de lugares que aparecem com destaque nessa jornada, e o livro de Números contém uma lista detalhada de locais dessa rota. Os detratores da Bíblia contestaram o registro histórico, negando que esses assentamentos tenham existido nesse período inicial da história porque não foram encontrados vestígios arqueológicos da época em questão.

Um deles é o assentamento de Dibom, onde hoje é o sul do Jordão (Números 33:45). Nenhum vestígio arqueológico foi encontrado naquele local anterior ao século nove a.C., mas isso significa que não havia cidade ali quando o povo de Israel atravessou essa área?

Recentemente, alguns estudiosos viram a necessidade de retratar sua afirmação de que Dibom não poderia ter existido na época do êxodo israelita. Pois, registros egípcios confirmam a existência de Dibom naquele período. Listas de antigas rotas egípcias mencionam Dibom como sendo uma parada ao longo de uma das rotas que passam por aquela área.

E não apenas Dibom existia naquela época, mas que também foi importante o suficiente para chamar a atenção de Ramsés II, que "saqueou a cidade durante uma campanha militar em Moabe" logo depois ("Exodus Itinerary Confirmed by Egyptian Evidence” [A Rota do Êxodo Confirmada Por Evidências Egípcias, em tradução livre], revista Biblical Archaeology Review, Charles Krahmalkov, setembro-outubro de 1994, p. 58).

A cidade de Hebrom também figurou na conquista israelita de Canaã. “Depois, Josué, e todo o Israel com ele, subiu de Eglom a Hebrom, e pelejaram contra ela” (Josué 10:36). Embora alguns críticos tenham afirmado que não existia nenhuma cidade em Hebrom nesse tempo, os mapas egípcios dizem o contrário. Há uma lista de cidades, que Ramsés II ordenou que fossem esculpidas na parede de um templo em Amom, que menciona Hebrom (revista Biblical Archaeology Review, setembro-outubro de 1994, p. 60). Escavações arqueológicas nesse local também confirma que ela era uma cidade fortificada e próspera desde a época de Abraão (setembro-outubro de 2005, pp. 24-33, 70).

André Lemaire, especialista em inscrições antigas, observa que alguns estudiosos chegaram ao ponto de afirmar que "nada na Bíblia, antes do exílio babilônico, pode reivindicar qualquer precisão histórica" ("House of David’ Restored in Moabite Inscription” [‘Casa de Davi’ Restaurada em Inscrição Moabita, em tradução livre], revista Biblical Archaeology Review, maio-junho de 1994, pp. 31-32). Ainda assim, diversas vezes, os estudiosos tiveram que voltar atrás em declarações anteriores à medida que surgiam mais evidências arqueológicas.

Um exemplo disso foi o caso dos hititas, por muito tempo conhecido apenas pelo registro bíblico. “Até a descoberta do império hitita no início do século passado, os hititas mencionados em Gênesis 10:15 como descendentes de Canaã eram desconhecidos...Mas em 1906, Hugo Winckler começou a escavar um local conhecido como antiga Hattusa... que hoje chamamos de Turquia. E como resultado disso, um povo cuja existência antes se duvidava seriamente se encontra bem documentado em dezenas de milhares de tábuas de argila” (Kaiser, p. 102).

Outro grupo cuja existência não era conhecida fora da Bíblia até recentemente é um povo chamado de horeus. Gênesis 36:20-21 afirma que eles eram filhos de Seir, o horeu. Esse registro bíblico foi confirmado quando “no fim de 1995 veio a notícia de que a capital dos horeus, Urkesh, havia sido descoberta enterrada sob a moderna cidade síria de Tell Mozan, cerca de 640 quilômetros a noroeste de Damasco, na fronteira com a Turquia.

“O local de trezentos acres já rendeu mais de seiscentos itens com alguma forma de escrita, muitas vezes em figuras desenhadas em sinetes de argila... Essa impressionante descoberta demonstra mais uma vez que o texto do Antigo Testamento é extremamente confiável” (pp. 103-104).

A arqueologia confirma a Bíblia?

E o que dizer sobre o registro bíblico até agora? Os céticos sempre vão apontar para determinados elementos que ainda precisam ser verificados detalhadamente. Mas nunca podemos esquecer que partes específicas da Bíblia já foram confirmadas por descobertas arqueológicas. Assim, o ônus da prova recai sobre os céticos. E, na esteira de evidências como as apresentadas neste artigo e disponíveis em muitas outras fontes, cabe a eles provarem seus argumentos.

Frank Gaebelein, escritor eminentemente qualificado e editor-chefe da versão original do comentário bíblico The Expositor's Bible Commentary, observou que "uma atitude de suspensão do julgamento em relação às dificuldades da Bíblia...ela está sendo constantemente comprovada à medida que a arqueologia resolve um problema bíblico após o outro e quando uma reanálise meticulosa das discrepâncias por fim trazem respostas” (The Expositor's Bible Commentary, 1979, Vol. 1, p. 31).

O Dr. Steven Ortiz, codiretor de escavações no sítio arqueológico da Gezer bíblica, comentou, em uma entrevista na Internet em 2007, que “estudiosos sérios, mesmo que não sejam crentes, mesmo que não achem que isso [a Bíblia] seja um texto sagrado, ainda consideram ser história porque as coisas se encaixam muito bem”. O Dr. Aren Maeir, diretor de escavações da antiga cidade filistéia de Gate, em outra entrevista na Internet em 2007, simplesmente disse: “Você não pode trabalhar com arqueologia na terra de Israel sem a Bíblia".

Diante dessas evidências claras, os céticos bem que poderiam reconsiderar sua posição e comprometer sua vida ao serviço de Deus. Se eles esperarem até que todas as mínimas questões sejam resolvidas em sua própria mente, pode acontecer de ignorarem ou rejeitarem um chamado do próprio Deus. Eles podem estar privando-se das bênçãos disponíveis para aqueles que se comprometem e aprendem a seguir o caminho de vida de Deus.

O uso objetivo da arqueologia tem demonstrado a precisão técnica e a veracidade da Bíblia. Este artigo apresentou algumas das evidências fatuais que confirmam o registro bíblico. E ainda muito mais será descoberto.

Como concluiu o arqueólogo Nelson Glueck: “Podemos afirmar categoricamente que nenhuma descoberta arqueológica jamais contradisse uma referência bíblica. Dezenas de achados arqueológicos têm confirmado de maneira clara ou em detalhes exatos as afirmações históricas da Bíblia.  E, por isso mesmo, a avaliação adequada das descrições bíblicas geralmente tem levado a descobertas surpreendentes” (Rivers in the Desert: A History of the Negev [Rios no Deserto: A História do Neguev, em tradução livre], 1959, pág. 31).

A Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, e sua exatidão continua sendo validada pelas ferramentas da arqueologia!


Ciro da Pérsia: O Cumprimento das palavras de um Profeta

O notável cilindro ​​do rei Ciro da Pérsia (à direita), datado de 538 a.C. e que agora se encontra no Museu Britânico, registra sua conquista da Babilônia e sua política de tolerância e até mesmo de patrocínio das religiões nativas. Conforme com essa política, a Bíblia registra o decreto dele que dizia que os judeus exilados, que foram levados cativos pelo rei babilônico Nabucodonosor II em 586 a.C., poderiam retornar à sua terra e reconstruir Jerusalém e o templo.

Esses eventos foram um extraordinário cumprimento da profecia de Isaías, um século e meio antes de Deus usar um governante chamado Ciro, que "cumprirá tudo o que Me apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo: Funda-te". Deus também predisse que Ciro "edificará a Minha cidade e soltará os Meus cativos" (Isaías 44:28; 45:13). E essa foi uma das muitas profecias surpreendentes registradas na Bíblia que mais tarde veio a se cumprir.


Uma Surpreendente Descoberta Arqueológica: O Poderoso Império Assírio Emerge das Cinzas

O descobrimento do antigo Império Assírio foi classificado entre as maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos.

A Assíria apareceu pela primeira vez como um império no início do segundo milênio antes de Cristo. O resto de um zigurate, ou templo, daquela época ainda existe perto no local de sua antiga capital.

No século nove antes de Cristo, a Assíria transformou-se em um império agressivo e poderoso. Àquela altura, cerca de quarenta anos após o reinado de Salomão, Israel se dividiu em dois reinos distintos, Israel e Judá (1 Reis 12:16-24). Liderados por monarcas capazes e cruéis, os assírios começaram a ameaçar e conquistar os seus vizinhos. Eles acabaram subjugando todo o Crescente Fértil da Mesopotâmia ao Egito. E no fim do oitavo século subjugaram o reino de Israel.

E nessa mesma época, eles também invadiram o reino sulista de Judá, conquistando suas principais cidades e sitiando a sua capital, Jerusalém (Isaías 36:1-2). A Bíblia registra as palavras arrogantes do orgulhoso monarca assírio, Senaqueribe, e como ele tentou intimidar e humilhar Ezequias, rei de Judá (versículos 4-10).

Será que as histórias bíblicas que envolvem esse império realmente aconteceram ou são fábulas? Lembre-se que muitos escarnecedores contestaram até a existência do Império Assírio. Mas esse império não era um mito. Quando os escombros de séculos foram removidos de Nínive, uma das capitais do império, evidências extraordinárias da invasão assíria foram reveladas.

Os registros assírios sobre esses eventos mostram Senaqueribe, rei da Assíria, vangloriando-se de sua devastadora invasão a Judá: "Quarenta e seis das poderosas cidades muradas [de Ezequias] e inúmeras pequenas aldeias...Eu sitiei e conquistei...Quanto a Ezequias, o tremendo esplendor da minha autoridade o angustiou" ("Grisly Assyrian Record of Torture and Death” [O Horrendo Registro Assírio de Tortura e Morte, em tradução livre), revista Biblical Archaeology Review, Erika Bleibtreu , janeiro-fevereiro de 1991, p. 60). E Senaqueribe registrou que tinha tornado Ezequias "um prisioneiro em Jerusalém, a residência real dele, como um pássaro em uma gaiola" (Archaeology of the Bible [A Arqueologia da Bíblia, em tradução livre], Magnus Magnusson, 1977, p. 186).

O registro bíblico corrobora o relato da invasão assíria de Senaqueribe e aponta o desespero do reino de Judá, quando os assírios sitiaram Jerusalém, o último reduto que restava. Entretanto, a Bíblia continua narrar a história onde os registros assírios mantêm silêncio. E quando Jerusalém estava prestes a ser destruída, o povo de Judá, liderado pelo rei Ezequias, orou fervorosamente a Deus (Isaías 37:15-20) e, milagrosamente e  contra todas as probabilidades, a cidade e seu povo foram salvos.

Senaqueribe, o rei guerreiro, se vangloria de ter humilhado Ezequias, prendendo-o em Jerusalém, e de como cercara a cidade e tinha se preparado para invadi-la.

Embora Senaqueribe tenha registrado meticulosamente as cidades que tinham conquistado e destruído, uma cidade estava claramente ausente daqueles registros ― Jerusalém. Ele cita apenas o cerco à cidade de Ezequias ― mas não a sua conquista ou a prisão do rei de Judá. O que aconteceu? Os assírios, como outros grandes impérios da época, não deixavam registros de suas derrotas militares. Como relata a Bíblia, enquanto esperavam para atacar as muralhas de Jerusalém, uma calamidade caiu sobre eles:

"Sucedeu, pois, que naquela mesma noite, saiu o anjo do SENHOR e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram corpos mortos. Então, Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e foi; e voltou e ficou em Nínive" (2 Reis 19:35-36).

Mais tarde, Senaqueribe foi morto, de forma ignominiosa, pelos seus dois filhos. "E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada" (versículo 37). Os registros assírios também confirmam esse assassinato. O filho de Senaqueribe Esarhaddon tomou o lugar do pai, mas o Império Assírio atingira seu ápice e logo entrou em declínio. A Assíria tinha sido um instrumento de punição contra Israel por causa de seus pecados repugnantes (Isaías 10:5-6). E, por sua vez, os assírios foram punidos por seus próprios pecados (versículo 12). Nínive, a cidade capital, caiu diante dos babilônios em 612 a.C. Cerca de cinquenta anos depois de atingir seu auge, esse império voraz entrou em colapso e praticamente desapareceu da história.

Na época de Jesus Cristo e dos apóstolos, não havia nenhuma evidência material de Nínive. Luciano de Samosata (120-180 d.C), um escritor grego, lamentou: "Nínive desapareceu. Não resta nenhum vestígio dela. Ninguém pode dizer que uma vez tenha existido" (Magnusson, p. 175). E essa invisibilidade persistente levou alguns estudiosos do século dezenove a expressar ceticismo sobre a existência de Nínive ou de qualquer parte do Império Assírio, e ainda muito menos de seu significante domínio no mundo.

Na verdade, a Bíblia era a única fonte histórica naquela época que confirmava a existência desse império. As histórias do Velho Testamento e as profecias mencionavam a Assíria. Jesus falou sobre a existência de Nínive como um fato histórico (Mateus 12:41). Contudo, alguns estudiosos contestaram o testemunho de Jesus e dos profetas — até que na "espetacular década de meados do século dezenove... [quando] Austen Henry Layard e Paul Emile Botta redescobriram no norte do Iraque os restos de três antigas cidades assírias [incluindo Nínive] e provas das indumentárias militares que esmagaram toda a resistência do Tigre ao Nilo. O império assírio...com toda a sua incrível força tinha sido ressuscitado pela arqueologia" (Magnusson, p. 175).

Então, os céticos foram silenciados. Não havia mais nada que pudessem dizer. As escavações em Nínive e outras cidades na área resultaram em uma riqueza impressionante de evidências históricas, inclusive "dezenas de milhares de tabuletas", contendo "uma imensa quantidade de dados" (Dicionário The Interpreter’s Dictionary of the Bible, 1962, Vol. 1, "Assíria e Babilônia” , p. 275). Portanto, a Bíblia sempre teve razão.