O que o futuro reserva para Israel?
Em 23 de dezembro de 2016, o governo dos Estados Unidos optou por se abster na votação de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que condenou os assentamentos israelenses em "territórios palestinos ocupados desde 1967, incluindo Jerusalém Oriental". A resolução, que teve quatorze votos a favor e nenhum contra, afirmou que a atividade de assentamento de Israel constitui uma "flagrante violação" do direito internacional e "não tinha validade legal".
A votação foi imediatamente denunciada por Israel. Um alto funcionário israelense acusou a administração Obama de abandonar o Estado judeu ao se recusar a impedir essa resolução através de seu direito de veto, como os Estados Unidos tinham feito com várias outras resoluções anteriores.
No entanto, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) ficou satisfeita com o resultado da votação. O secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti, declarou: "Essa é uma vitória para o povo e para a causa, e abre portas para a exigência de sanções sobre os assentamentos" (CNN, 24 de dezembro de 2016).
A reação de muitos republicanos e democratas norte-americanos e de vários líderes judeus foi criticar fortemente à atitude dos Estados Unidos. Em 24 de dezembro, Donald Trump, então presidente eleito, tuitou: "A grande derrota de Israel ontem nas Nações Unidas dificultará muito mais as negociações de paz".
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, explicou num discurso em 28 de dezembro que o governo Obama achava que os assentamentos eram um obstáculo à paz. Ele afirmou que uma moratória sobre o crescimento dos assentamentos israelenses na Cisjordânia tornaria mais fácil para os negociadores palestinos chegarem a um acordo. No entanto, Israel já havia avaliado essa teoria em novembro de 2009, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu impôs uma suspensão de dez meses na construção de novas moradias. O resultado foi que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, permaneceu inflexível e continuou se recusando a negociar.
Enquanto essa abrasiva resolução da ONU indica que o conflito, em vez de caminhar para a paz, continuará se prolongando através do tempo, o que a profecia bíblica demonstra que vai acontecer? O que aguarda Israel no futuro?
Antes de responder a essas perguntas vamos rever alguns fatos importantes sobre o atual conflito palestino-israelense.
Por que israelenses e palestinos vivem em conflito?
Há um século, na Declaração de Balfour de novembro de 1917, a Grã-Bretanha se tornou a primeira potência mundial a endossar o estabelecimento na Terra Santa de um "lar nacional para o povo judeu". Depois de uma longa série de eventos que se seguiram a isso, Israel declarou sua independência em 1948. Desde então, a minúscula nação, pouco menor que Sergipe (o menor estado do Brasil), tem sofrido constantes ataques e uma forte pressão de vizinhos hostis e de outras potências estrangeiras.
O principal problema em relação às tensões entre israelenses e árabes é o fato de os muçulmanos acreditarem que os judeus não têm direito legítimo à Terra Santa. A Sharia (lei islâmica) afirma que os não-muçulmanos, que inclui os judeus, não têm permissão para governar o que é considerado um território muçulmano. Portanto, reconhecer Israel como um "Estado judeu" é categoricamente impossível.
Para ilustrar este ponto, o Hamas, a organização islâmica fundamentalista militante que governa Gaza, afirma em nota que "o Movimento de Resistência Islâmica considera a Palestina como um Waqf (um dote religioso inalienável) islâmico consagrado para futuras gerações até o Dia do Juízo". Além disso, Abbas, chefe do governo da Autoridade Palestina sobre a Cisjordânia, declarou na TV Dream2 do Egito, em 23 de outubro de 2011: “Eu disse isso antes, e vou dizer novamente: nunca vou reconhecer o judaísmo como Estado ou como um 'estado judeu” (grifo do autor).
Então, como Israel vai conseguir fazer a paz, numa solução de "dois estados", quando os líderes do outro estado envolvido negam o direito de Israel existir?
Os muçulmanos reivindicam a Terra Santa e Jerusalém como sua propriedade, mas isso é claramente contraditório à história. Pois, na verdade, Jerusalém foi capital do povo judeu durante o governo do rei Davi, cerca do ano 1000 a.C. e 16 séculos antes de Maomé começar a religião islâmica, depois de receber sua primeira suposta revelação em 610 d.C. Abundantes evidências arqueológicas testemunham a longa presença judaica em Jerusalém muito antes da fundação do islamismo.
E quanto aos palestinos?
Os ancestrais dos atuais palestinos, na verdade, nunca habitaram Jerusalém até a expulsão dos cruzados durante as guerras de conquista de Saladino em 1187 d.C. — mais de dois mil anos depois de Davi ter tornado essa cidade a capital de Israel. Além disso, nunca houve um povo "palestino" que possuíssem uma terra da "Palestina". Durante os séculos que antecederam o fim da Primeira Guerra Mundial, a Terra Santa fazia parte do Império Otomano, governado pela Turquia. De 1920 a 1948, ela foi administrada pela Grã-Bretanha como parte de seu mandato na Liga das Nações e chamada de "Palestina" — nomeada após a designação da área pelo Império Romano.
Além disso, Jerusalém nunca foi a capital de qualquer entidade árabe ou muçulmana. Mesmo quando os jordanianos ocuparam grande parte de Jerusalém e seus arredores, de 1948 a 1967, eles nunca procuraram torná-la uma capital muçulmana. Além disso, antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, os árabes da Cisjordânia eram considerados jordanianos e os de Gaza eram considerados egípcios porque a Jordânia e o Egito governavam esses territórios.
Diante de tudo isso, não é difícil entender por que uma solução pacífica para o conflito palestino-israelense continua fora de alcance. Embora a recente resolução da ONU tenha condenado a construção de "assentamentos" israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, o problema subjacente é o direito de Israel de governar a Terra Santa. Novamente, isso é considerado totalmente inaceitável para a maioria dos muçulmanos.
Sob esse aspecto, como é o governo de Israel atualmente — em comparação a todos os seus estados árabes vizinhos? Israel é a única democracia do Oriente Médio, onde todos os cidadãos, inclusive árabes, gozam de todos os direitos legais. Israel tem funcionários públicos árabes, juízes árabes e tem um magistrado árabe na Suprema Corte. E é um dos poucos países do Oriente Médio onde as mulheres árabes têm o direito de votar e possuem o mesmo status legal dos homens. Geralmente, os cidadãos árabes de Israel têm mais direitos do que os habitantes árabes da maioria dos países árabes!
Em contraste, quando o mandato do presidente da Autoridade Palestina, Abbas, terminou em 2009, ele se recusou a autorizar eleições, pois isso poderia resultar em sua perda de poder. Ele simplesmente se recusa a deixar o cargo. Além disso, o Hamas, depois de ter vencido as eleições em Gaza em 2006, desde então não permitiu mais nenhuma eleição. Então, com qual dessas entidades governamentais antidemocráticas Israel deve se reunir para negociar a "paz" — especialmente quando ambas há muito tempo vêm apoiando e se engajando ativamente no terrorismo?
Ainda mais interessante nesse contraste sobre os métodos governantes entre Israel e os países árabes vizinhos é o fato da constante ajuda aos refugiados árabes que fugiram da terra de Israel no período das guerras de 1948 e 1967. Contudo, pouco se menciona sobre o número semelhante de refugiados judeus forçados a deixar tudo para trás nos países árabes, e que foram recebidos em Israel. Além disso, os refugiados palestinos nunca foram acolhidos por outras nações árabes para onde fugiram e nem lhes foi concedido direitos básicos de cidadania nessas nações.
Perpetuando a contenção
Como resultado de tudo isso, os palestinos e os países árabes e muçulmanos aliados têm perpetuado essa situação contenciosa ao invés de agir de boa fé para resolvê-la. Por exemplo, Israel descobriu, na cúpula de Camp David para a paz no Oriente Médio, em dezembro de 2000, que nem mesmo a proposta de "terra por paz" funcionava. Nesse caso, Israel havia oferecido entregar 95% ou mais das terras que os palestinos exigiam, mesmo assim a proposta foi completamente rejeitada.
E para agravar ainda mais as circunstâncias, a venda de terras árabes a israelenses em territórios controlados pela Autoridade Palestina é proibida e pode ser punível com a pena de morte. Isso alimenta a narrativa, sempre ameaçada por líderes políticos árabes, de que qualquer futuro estado "palestino" será livre de judeus — ou seja, eticamente limpo de judeus e outros não muçulmanos.
Além disso, a intransigência contra qualquer acordo de paz com Israel já era muito óbvia quando Israel se retirou da Península do Sinai em 1982 e da Faixa de Gaza em 2005. Os ataques terroristas contra Israel não pararam mesmo diante da retirada israelense e de sua benéfica política unilateral de "terra por paz”, invés disso, se intensificaram.
Essas medidas não surtiram nenhum efeito porque, novamente, a questão fundamental é a própria existência de Israel. Isso fica claro na Carta Nacional Palestina e na Carta do Hamas, que conclamam um jihad violento até extinguir Israel.
Por exemplo, o artigo 9 da Carta Palestina de 1968 afirma: "A luta armada é a única maneira de libertar a Palestina. Esta é a estratégia principal, não apenas uma fase tática. O povo árabe palestino afirma a sua determinação absoluta e firme resolução para continuar sua luta armada e trabalhar para uma revolução popular armada para a libertação de seu país e pelo seu retorno a ele".
Embora os líderes da Autoridade Nacional Palestina neguem este e outros artigos similares nas discussões com líderes ocidentais, o fato preocupante é que eles nunca se importaram em propor uma votação legal para remover essas posições oficiais — deixando-os ainda como parte da Carta Nacional Palestina.
Além disso, o artigo 13 da Carta do Hamas afirma: “As iniciativas (de paz), as assim chamadas soluções pacíficas, e as conferências internacionais para resolver o problema palestino, são todas contrárias às crenças do Movimento de Resistência Islâmico. Não há solução para o problema palestino a não ser pelo Jihad [luta armada contra incrédulos]. As iniciativas, propostas, conferências, não são senão perda de tempo, um exercício de futilidades”.
Além disso, o artigo 15 declara: "Quando nossos inimigos usurpam alguma terra islâmica, a Jihad se torna um dever obrigatório de todos os muçulmanos. A fim de fazer frente à usurpação da Palestina pelos judeus, não temos alternativas senão levantar a bandeira do Jihad".
Embora este seja um cenário sombrio em relação a qualquer chance de paz nas circunstâncias atuais, o que a Bíblia nos diz que vai ocorrer no futuro? O que acontecerá com o estado de Israel? Embora continuem havendo tensões, ataques terroristas e violência na região, as Escrituras revelam que um grande perigo militar virá de um lugar inesperado.
O que as profecias bíblicas indicam sobre o futuro?
A profecia bíblica explica que, no futuro, surgirá na Europa uma reencarnação do antigo Império Romano. Apocalipse 17 explica que, no fim dos tempos, uma coalizão de dez líderes de nações ou grupos de nações surgirá na Europa, sendo liderada por um tirano, conhecido na linguagem bíblica como "a Besta". Esse poderoso líder também é descrito em Daniel 11 como o último de uma sucessão de governantes chamados de "rei do Norte".
Várias profecias dizem que, em resposta a uma ação ou a um ataque precipitado daquele que a Escritura descreve como o último "rei do Sul" — provavelmente um futuro líder que unirá grande parte do mundo muçulmano — este Império Romano restaurado, "no fim do tempo", vai invadir o norte da África e o Oriente Médio (Daniel 11:40).
A profecia de Daniel revela que muitas nações dessa área serão totalmente subjugadas e conquistadas pelas forças militares da Besta. Isso inclui os países árabes e também a atual Israel, que será derrotada assim como a Judéia foi conquistada há cerca de dois mil anos pelo antigo Império Romano (versículo 41). Como tudo isso acontecerá, ainda não sabemos, mas isso provocará grandes mudanças geopolíticas no futuro. Isso pode ter algo a ver com a remoção do perene escudo de proteção dos Estados Unidos sobre Israel.
Jesus Cristo profetizou que, no final desta era, Jerusalém e seus arredores passarão por tempos horríveis e destrutivos. A cidade será "cercada de exércitos" durante esses vindouros "dias de vingança" (Lucas 21:20-22). Haverá "grande angústia" na terra, e as pessoas serão forçadas a ir para o cativeiro e serão escravizadas, enquanto Jerusalém é "pisada pelos gentios" — não israelitas (versículos 23-24). O profeta Daniel descreveu essa terrível época como "um tempo de angústia" — o pior de toda a história do mundo (Daniel 12:1). Jesus disse a mesma coisa, chamando esse período do tempo de "a grande tribulação" (Mateus 24:21).
Muitas profecias revelam a extensão da ocupação de Israel e daquela região. Um anjo revelou a Daniel que será "um tempo, dois tempos, e metade de um tempo", três anos e meio (Daniel 12:7, ver também Apocalipse 11:2). A profecia indica que além dos "filhos de Judá", outros descendentes modernos da antiga casa de Israel — incluindo os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e outros países — sofrerão uma derrota humilhante por causa de seus pecados (Oséias 5:5). Mas a Bíblia concentra uma atenção significativa em Jerusalém. Ela será o epicentro de uma grandiosa batalha pelo domínio mundial (Zacarias 14:1-2).
À medida que o conflito for piorando, a humanidade vai encontrar-se à beira da aniquilação total. Entretanto, o Deus Eterno intervirá repentina e poderosamente nesses eventos mundiais (Apocalipse 11:15). Jesus Cristo voltará do céu com um enorme exército de anjos, seguidos pelos Seus santos ressuscitados, para salvar a humanidade. A Bíblia revela que, em Sua segunda vinda, os grandes exércitos do mundo deixarão de atacar uns aos outros e concentrarão suas forças destrutivas contra Jesus Cristo nessa última batalha cataclísmica pelo domínio do mundo.
O resultado será o que a Bíblia chama de "a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso", muitas vezes descrita, incorretamente, como a batalha do Armagedom — que é o lugar aonde os exércitos vão se reunir. (Apocalipse 16:14-16). Jesus vai acabar com essa horrenda destruição e com o sofrimento infligido ao mundo pela Besta e seus aliados. Ele aniquilará totalmente seus exércitos e livrará Jerusalém e as áreas circunvizinhas de seu controle (Joel 3:9-15; Zacarias 14:1-4).
“Israel habitará seguro”
Finalmente, o povo judeu vai reconhecer Jesus Cristo como o Messias — e vai lamentar-se e arrepender-se profundamente, e receber o Espírito de Deus (Zacarias 12:10-14).
Além disso, Cristo trará do cativeiro e da escravidão o restante de todas as doze tribos de Israel e as reunirá na Terra Prometida e estabelecerá o governo de Deus sobre toda a Terra (Jeremias 23:3-8 e Daniel 2:44). Jerusalém se tornará sua sede mundial e servirá como um brilhante exemplo de verdade e justiça (Jeremias 3:17; Zacarias 8:3).
O profeta Zacarias revela que, eventualmente, pessoas de todas as nações virão "buscar em Jerusalém o SENHOR dos exércitos, e suplicar a bênção do SENHOR" (Zacarias 8:22). "Naquele dia sucederá que dez homens, de nações de todas as línguas, pegarão na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco” (8:23) . Ademais, Deus profetizou, por intermédio de Jeremias, a alegre condição dos judeus e suas nações irmãs durante aquele período vitorioso e surpreendente: "Nos Seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro” (Jeremias 23:6).
Mas, enquanto isso, antes que todos esses acontecimentos impressionantes se tornem realidade, Deus anuncia que veremos intensos conflitos e grande tristeza em Israel, nos países vizinhos e em todo o mundo: “Naquele dia farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem, serão gravemente feridos. E ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra” (Zacarias 12:3).
Entretanto, após essa época terrível, Jesus Cristo estabelecerá a verdadeira paz em Israel e em todas as nações. Vamos aguardar e orar pelo cumprimento desse dia maravilhoso! BN