O Supremo Sacrifício

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O Supremo Sacrifício

Alguma vez você já foi inspirado por uma história de grande coragem e convicção? Ou comovido por um exemplo de grande sacrifício pessoal para o benefício dos outros?

De vez em quando, escutamos algumas histórias, e muitas delas são realmente inspiradoras. Elas podem, e geralmente nos levam, a querer imitar esses exemplos tão positivos. Elas apelam para a nossa melhor natureza, como se é de esperar.

A Bíblia também registra muitos exemplos positivos. Veja alguns:

• O jovem pastor Davi, que desafiou o exército filisteu e o bom senso para lutar com o guerreiro gigante Golias.

• O jovem rei Josias, que assumiu a autoridade religiosa e cultural de sua nação para livrar a terra da idolatria pagã e restaurar a adoração ao Deus verdadeiro.

• João Batista, que enfrentou uma poderosa família governante e acabou com a cabeça em uma bandeja.

• O apóstolo Paulo, que aparece pela primeira vez na Bíblia como perseguidor da Igreja, mas depois dedicou sua vida a ela, suportando dificuldades como fome, sede, naufrágio, espancamentos e, após ser apedrejado, foi deixado à morte.

E há muito mais exemplos que podemos mencionar; homens e mulheres fiéis que se sacrificaram demasiadamente por um propósito maior do que eles.

O maior de todos os sacrifícios

Mas, de todos esses exemplos corajosos e de sacrifício pessoal encontrados na Bíblia — e, de fato, em toda a história — há um que se sobressai imensamente sobre todos os demais. Ele permanece sendo único porque foi o maior sacrifício de todos os tempos.

Ele é único porque envolve Aquele que entregou absolutamente tudo de si e também envolve Aquele que deu tudo que tinha àqueles que se beneficiaram desse sacrifício.

Ele é único porque envolve não apenas um grande sacrifício, que já é algo absolutamente notável, mas também outro aspecto pouco compreendido desse sacrifício colossal que se encontra quase além da compreensão humana.

Estou me referindo ao sacrifício de Jesus Cristo, que está extraordinariamente acima de qualquer nível de sacrifício.

Por que a morte sacrificial de Cristo foi necessária?

Provavelmente, muitas pessoas já estão familiarizadas com a morte de Jesus Cristo em que Ele foi executado como um criminoso por meio da crucificação.

Esse é um importante tema da religião cristã, e com razão. Ele está no coração do cristianismo bíblico, embora certamente não seja entendido por todos os que o conhecem.

Muitas passagens bíblicas nos falam da importância desse sacrifício e por que ele foi necessário. Vamos analisar alguns:

• “Mas se estivermos vivendo na luz da presença de Deus, tal como Cristo, então temos alegria e uma comunhão maravilhosa uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1:7, Bíblia Viva, grifo nosso).

• “Ele [Deus] é tão rico em graça que comprou nossa liberdade com o sangue de Seu Filho e perdoou nossos pecados” (Efésios 1:7, Nova Versão Transformadora).

• “Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1 Pedro 1:18-19, NVI).

• “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstrar a Sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Romanos 3:23-25).

• “E, [Jesus] tomando o cálice e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos. Porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados'” (Mateus 26:27-28).

Essas e muitas outras passagens semelhantes nos dizem que Jesus Cristo teve que morrer como sacrifício em nosso lugar para que nossos pecados pudessem ser perdoados. Ele aceitou, voluntariamente, a pena de morte que cada um de nós merecia. Pois, Hebreus 9:22 diz que "sem derramamento de sangue não há remissão". Se Jesus Cristo não tivesse morrido por nós, todos nós morreríamos culpados de nossos pecados, e estaríamos para sempre afastados de Deus e de qualquer esperança de vida além desta.

E isso é importantíssimo porque o plano de Deus para a humanidade gira em torno da possiblidade de oferecer a cada pessoa a oportunidade da vida eterna! (Mais adiante falaremos sobre isso).

Jesus sabia como morreria

Você já pensou se gostaria de saber quando, onde e como morreria? Muitos se perguntaram sobre isso ao longo dos anos. Para alguns, o pensamento de saber quando eles iriam sair desta vida poderia ser reconfortante. E para outros, isso poderia acarretar em muita ansiedade.

Contudo, sendo algo inédito entre os seres humanos, Jesus de Nazaré sabia exatamente quando, onde e como iria morrer. E Sua morte não seria de forma tranquila. Ele seria assassinado brutal, violenta e premeditadamente.

Apenas alguns meses depois de iniciar Seu ministério, Jesus disse ao líder religioso judeu Nicodemos: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:14-15). Jesus estava se comparando aqui à serpente de bronze que Moisés ergueu em um poste para que quando as pessoas olhassem para ela escapassem da morte (Números 21:8-9). A menção de Cristo ser “levantado" era uma referência à Sua futura crucificação, quando Ele seria "levantado" acima do solo naquela execução pública.

Alguns dias antes de Sua morte, Jesus usou essa mesma expressão quando disse a um grupo de pessoas: "E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim” (João 12:32). E, no versículo seguinte, o apóstolo João acrescenta: “E dizia isso significando de que morte havia de morrer” (João 12:33, ver também João 8:28).

Você consegue imaginar como seria viver sabendo disso? Como impactaria sua vida o fato de saber que, em poucos anos ou em um determinado dia do ano, você sofreria uma morte horrível e sangrenta? E ainda saber que você enfrentaria sozinho esse destino, pois seria abandonado por seus familiares e amigos mais íntimos?

Apesar de saber disso, Jesus cumpriu Sua missão sem hesitar. Lucas 9:51 nos diz: “E aconteceu que, completando-se os dias para a Sua assunção, [Jesus] manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém”. Ele estava determinado a terminar a missão pela qual veio à Terra.

Sem dúvida, ao percorrer as estradas da Judeia e da Galileia, Ele tenha visto homens crucificados. A crucificação era um espetáculo público, um aviso para potenciais infratores. Ele sabia exatamente o que Lhe esperava. Ele sabia que sofreria esse mesmo destino horrível.

A dor excruciante do flagelo e da crucificação

Provavelmente, a crucificação é a forma mais horrível de execução já inventada pelo homem. Uma das primeiras formas de crucificação era praticada pelos antigos assírios, que empalavam seus inimigos derrotados em postes de madeira. A partir daí isso passou a outras culturas antigas, e, eventualmente, aos gregos e, finalmente, aos romanos, que a usaram de forma generalizada.

Essa forma de execução era sangrenta, horrível e humilhante — exatamente como queriam que fossem. Muitas vezes, as vítimas eram crucificadas nuas para aumentar ainda mais a sua humilhação e vergonha. Essas execuções públicas eram realizadas comumente nas principais estradas ou fora dos portões da cidade para enviar uma forte mensagem a todos: Isso é o que vai acontecer com você se desafiar o domínio e o poder de Roma.

Porém, Jesus nunca desafiou o poder de Roma. O governador romano da Judeia da época, Pôncio Pilatos, não encontrou nEle “culpa alguma”, nenhum crime que merecesse a morte (Lucas 23:4, 14; João 18:38; 19:4, 6). A autoridade religiosa judia, que exigiu a crucificação de Jesus, teve que mudar as acusações. Inicialmente, eles O acusaram de blasfêmia (Mateus 26:65), mas como isso não era uma ofensa capital sob a lei romana, eles mudaram as acusações para sedição, rebelião e traição (Lucas 23:2), crimes pelos quais a pena era a execução por crucificação.

Eles também estavam tentando chantagear Pilatos para ele declarar uma sentença de morte imerecida contra um homem inocente (João 19:12). Então, Pilatos sucumbiu à pressão deles e aprovou o castigo por açoites e, depois, uma sentença por crucificação.

Esse flagelo envolvia açoitar a vítima com um chicote formado por várias tiras de couro aonde havia fixados pedaços de metal ou osso. E isso dilacerava literal e completamente a carne da vítima. Muitas vítimas flageladas morriam durante essa punição e nem chegavam a ser crucificadas.

Em Isaías 52:14, uma profecia descreveu como estaria o corpo assolado de Jesus após ser brutalmente flagelado: "Sua aparência estava tão desfigurada, que Ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano" (NVI). Reflita profundamente nisso. Ele estava tão mutilado que mal podia ser reconhecido como um ser humano.

Depois disso, Jesus foi levado para ser crucificado. As vítimas de crucificação ficavam afixadas por pregos ou cordas por horas — e, frequentemente, por vários dias — antes de sucumbir à morte.

A agonia da crucificação era tão horrível que os romanos inventaram um novo termo latino para descrevê-la, e assim surgiu a palavra excruciante, cujas raízes literalmente significam "da cruz". Hoje, a palavra continua viva em nosso idioma para descrever uma dor que traz um tormento quase insuportável.

Como Jesus morreu?

O processo de flagelo e crucificação pode resultar em uma morte dolorosa por várias causas — perda de sangue por flagelo, choque devido ao grande trauma do corpo, asfixia da vítima que não tem mais forças para se erguer sobre os pés e pulsos perfurados pelos pregos para conseguir respirar, ou alguma combinação de tudo isso.

No caso de Jesus Cristo, Sua morte foi prenunciada pelo sacrifício de milhões de ovelhas, cabras, cordeiros, pássaros e gado que antes eram sido oferecidos anualmente ao longo dos séculos em Israel, inclusive milhões de cordeiros da Páscoa. O apóstolo Paulo, ao escrever que “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7), sabia que aqueles antigos sacrifícios apontavam justamente  para isso.

Igualmente, Hebreus 10:4 nos diz que era impossível que o sangue daqueles animais sacrificados removesse pecados, algo que só pode ser realizado com um sacrifício que representasse a todos eles — a morte sacrificial de Cristo em nosso lugar (versículos 5-10; Hebreus 9:11-14).

Como morreram aqueles animais sacrificiais? Todos eles morreram por derramamento de sangue. Suas gargantas eram cortadas, o que significa que eles morriam rapidamente e de modo quase indolor. Jesus Cristo também morreu derramando Seu sangue, mas Sua morte foi tudo menos rápida e indolor. Depois de ser açoitado, Ele sofreu terrivelmente entre as nove horas da manhã até às quinze horas da tarde, quando morreu (Marcos 15:25, 34-37). Para entender mais sobre por que Ele teve que suportar tudo isso, leia o texto abaixo “Por Que Jesus Cristo Precisava Sofrer?”.

O golpe final que causou a morte de Cristo veio da lança de um soldado romano (João 19:34). A profecia de Zacarias 12:10 foi cumprida, ela dizia que “eles verão Aquele a quem traspassaram” (João 19:37, ARA). (Para saber mais detalhes sobre esse tema, baixe ou solicite nosso guia de estudo bíblico gratuito Jesus Cristo: A Verdadeira História).

Com a morte de Cristo, essa parte de Sua missão foi encerrada. Em Seu último suspiro, com razão, Ele exclamou: "Está consumado" (João 19:30). Aqui o termo grego é tetelestai, que era escrito nos recibos da época para indicar algo "totalmente pago”.

O Seu sacrifício estava completo. Essa parte de Sua missão, que Ele havia descrito anteriormente como o ato de "dar a Sua vida em resgate de muitos”, havia terminado. Seu corpo ensanguentado e sem vida foi tirado da cruz e levado para uma tumba próxima, onde permaneceria pelos próximos três dias e três noites até Sua ressurreição (Mateus 20:28; 12:40).

A preexistência de Jesus Cristo

Porém, há uma dimensão perdida nessa história que muitos não entendem. E esta se refere a um sacrifício anterior pouco compreendido que preparou o terreno para o que acabamos de descrever.

Entender a profundidade desse sacrifício requer compreensão de quem e o que Jesus Cristo era antes de Seu nascimento humano.

Muitas pessoas creem que a história bíblica começa em Gênesis 1:1, onde nos diz: "No princípio, criou Deus os céus e a terra". Mas a história bíblica começa antes disso como descrita nos versículos iniciais do Evangelho de João: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:1-3).

Aqui vemos reveladas diversas verdades notáveis:

• “No princípio” havia dois seres divinos — um aqui chamado de “Verbo” e o outro chamado de “Deus”.

• Junto com o Ser referido como Deus, "o Verbo” também era Deus.

• Ambos os seres existiam no princípio — nenhum dos dois foi criado; nenhum criou o outro. Visto que “no princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1), esses dois seres já existiam antes da criação do universo físico.

• O Ser referido como Deus criou tudo por intermédio daquele chamado de "Verbo".

(Para saber mais sobre esse tema, leia “Essa Rocha Era Cristo”, começando na página XX e baixe ou solicite nosso guia de estudo bíblico gratuito Quem é Deus?).

O Verbo se tornou um ser humano

Em João 1:14, vemos outra verdade extraordinária: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai". O Verbo que existia juntamente com Deus no princípio como Deus, e que “se tornou humano e habitou entre nós”, sendo visto por João e pelos outros discípulos, foi Aquele que conhecemos como Jesus Cristo.

Além disso, o versículo 10 diz que Ele “estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu". E aqui, no versículo 3, nos diz que foi Ele quem criou o mundo e todo o universo!

Hebreus 1:2 confirma isso quando afirma que "pelo qual [Jesus Cristo] também [Deus Pai] fez o universo" (ARA).

Paulo nos fornece mais detalhes sobre essa surpreendente verdade em Colossenses 1:15-16: “O qual [Cristo] é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele”.

Paulo acrescenta aqui que o Ser que veio em carne como Jesus Cristo criou não apenas o universo físico, que conhecemos e vemos ao nosso redor, mas também os reinos celestiais — um universo espiritual de seres espirituais angelicais no mundo invisível que existe além da percepção natural dos seres humanos. (Para saber mais sobre esse mundo espiritual, baixe ou solicite nosso guia de estudo bíblico gratuito Anjos: Mensageiros e Exército Espiritual de Deus).

Qual a aparência de Deus Pai e Jesus em Sua forma divina?

Os seres humanos físicos estão limitados aos sentidos físicos da visão, audição, olfato, paladar e tato, por isso é difícil imaginarmos uma existência espiritual além do que podemos perceber através desses sentidos. Como podemos entender um Deus que se descreve em Isaías 57:15 como “o Alto e o Sublime, que habita na eternidade”? Deus, o Pai, e Jesus Cristo, seu Filho, vivem além do universo físico de tempo e espaço, pois Eles não tiveram começo nem têm fim!

O profeta Daniel registrou uma visão que teve, e nela descreveu Deus Pai de forma semelhante: “A Sua veste era branca como a neve, e o cabelo da Sua cabeça, como a limpa lã; o Seu trono, chamas de fogo, e as rodas dEle, fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dEle; milhares de milhares O serviam, e milhões de milhões estavam diante dEle” (Daniel 7:9-10).

O mesmo apóstolo João que nos contou sobre a preexistência de Jesus Cristo com Deus Pai, também teve uma visão de Jesus em Sua forma ressurreta e glorificada. Ele descreveu essa aparência glorificada da melhor maneira que pôde e registrou sua descrição em Apocalipse 1:14-18:

“E a Sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo; e os Seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas...e o Seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando O vi, caí a Seus pés como morto; e Ele pôs sobre mim a Sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre”.

E é assim que, Aquele que se tornou Jesus Cristo, existia antes de vir em carne humana. Essa era a Sua aparência divina e glorificada. Essa é a existência à qual Ele pediu para ser restaurada quando orou na última noite de Sua vida humana: “E, agora, glorifica-me Tu, ó Pai, junto de Ti mesmo, com aquela glória que tinha Contigo antes que o mundo existisse" (João 17:5).

E assim Ele foi restaurado. Hebreus 12:2 nos diz o seguinte: “Em troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus".

De que Jesus Cristo abriu mãos por nós?

Agora estamos obtendo muito mais discernimento sobre a magnitude do sacrifício de Jesus Cristo. Sem dúvida, Ele se sacrificou imensamente quando deu a vida em nosso lugar como uma oferta por nossos pecados. Mas Ele também sacrificou enormemente quando renunciou à Sua existência espiritual imortal e glorificada como Deus para se tornar um humilde ser humano de carne e osso, para que pudesse morrer pelos nossos pecados. Como um Deus poderoso e glorioso, Ele nunca morreria porque era espírito e imortal. Mas, ao tornar-se carne, Ele poderia morrer por nós. E foi exatamente isso que Ele fez.

Paulo descreve a humildade e o autossacrifício exemplar de Cristo para todos nós em Filipenses 2:5-8: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”.

Essas palavras são muito profundas. Quando esse Ser, que havia sido Deus junto com Deus Pai, veio à Terra — a mesma Terra que Ele havia criado — como Ele veio? Ele não se gloriou em resplendor de luz para que todas as pessoas O reconhecessem como um Ser divino e O adorassem. Ele não surgiu como um célebre e renomado filósofo mundial, como Platão e Aristóteles. Ele não veio como um grande general romano que, como César, marcharia à frente dos exércitos para dominar Roma com seu poderoso império.

Ele poderia ter feito qualquer uma dessas coisas, mas escolheu não fazer nenhuma delas. Em vez disso, deixou de lado Sua glória, esplendor, majestade e poder e veio à Terra como um ser humano mortal sujeito à morte. E fez isso para executar o plano que Ele havia elaborado com o Pai antes da criação do mundo e do universo (ver 1 Pedro 1:20; Apocalipse 13:8).

Ademais, ninguém O forçou a tomar essa decisão. Em João 10:15-18, por diversas vezes Ele enfatizou que estava fazendo isso por Sua livre escolha: “E dou a Minha vida pelas ovelhas...porque Eu dou a Minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de Mim; pelo contrário, Eu espontaneamente a dou” (ARA).

Por que Ele teve que morrer?

Agora temos um quadro muito mais completo do sacrifício de Jesus Cristo. Como Deus, juntamente com o Pai, Ele era eterno e nunca poderia morrer. Mas, por causa do pecado da humanidade — o pecado de cada um de nós — era necessário haver um Salvador e um sacrifício para pagar de uma vez a pena máxima por tudo isso.

E por isso é que nenhum outro sacrifício seria suficiente. Somente a vida de Jesus Cristo, como Aquele que criou todas as coisas, inclusive a raça humana, poderia pagar essa pena. E isso ceifou a vida do Criador de toda a vida humana do presente, do passado e do futuro, para pagar essa pena de morte pelos pecados de todas as pessoas que viveram ou ainda viveriam.

Se Jesus fosse apenas um simples homem, o sacrifício dEle só poderia pagar Sua própria pena de morte— como nunca pecou, Ele poderia transferi-lo para outra pessoa, caso isso fosse aceito por Deus. Mas Jesus não era um mero homem. Ele era Deus, o Criador em carne e osso, a única vida que era mais valiosa do que todas as outras vidas humanas em toda a história.

O grande objetivo do plano de Deus

Por trás de tudo isso, há um plano que poucos entendem. Pois, isso não é apenas uma questão de Jesus Cristo morrer para que possamos ser perdoados. Há um grande propósito por trás da nossa necessidade de perdão. E esse propósito é que Deus deseja trazer “muitos filhos à glória” para serem parte de Sua família!

Observe como isso está muito bem explicado em Hebreus 2:9-12:

"Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos. Porque convinha que Aquele, para Quem são todas as coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse, pelas aflições, o Príncipe da salvação deles.

Porque, assim O que santifica como os que são santificados, são todos de Um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: Anunciarei o teu nome a Meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação” (Hebreus 2:9-12).

Há uma razão pela qual Paulo chama Jesus de “primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29). De modo semelhante, em 2 Coríntios 6:18, Paulo escreve sobre Deus Pai, que diz a Seu povo: "Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso".

Por mais surpreendente que possa parecer, esse é o objetivo do plano de Deus. É por isso que Jesus Cristo se esvaziou de Sua glória, esplendor e majestade que compartilhava junto com o Pai como Deus no céu. E foi por isso que Ele veio à Terra para viver como ser humano — e dar Sua vida como sacrifício pelos nossos pecados. E por isso é que o Pai O ressuscitou para trazê-Lo de volta a Sua antiga e gloriosa forma, mas agora como “o primogênito entre muitos irmãos”. Estes “muitos irmãos” estão destinados a serem os próprios filhos e filhas de Deus!

E o que você vai fazer agora?

Jesus Cristo trocou Sua vida pela vida de muitos. Mesmo sendo Deus, Ele se tornou ser humano para que nós — todos os que estiverem dispostos a entregar totalmente sua vida assim como Ele fez — possamos nos tornar como Deus, sendo parte da família divina. Esta é a surpreendente verdade das Escrituras!

O plano de Deus é "trazer muitos filhos à glória" por meio de Jesus Cristo, "o primogênito de muitos irmãos". Esse plano e propósito inclui você! Você não foi criado para viver uma vida vazia e sem sentido, mas para alcançar o maior de todos os propósitos na vida — tornar-se parte da família de Deus e ser um dos filhos de Deus!

Como vimos, Jesus Cristo ofereceu o maior sacrifício de todos os tempos. E Ele fez isso por você! Por que você não se compromete hoje mesmo para tornar realidade o propósito de Deus para você, reconhecendo a finalidade do sofrimento e da morte de Jesus Cristo em seu lugar e entregando sua vida a Ele assim como Ele fez por você?


Por Que Jesus Cristo Precisava Sofrer?

A maioria dos crentes entende, pelo menos a nível intelectual, se não pessoal, as razões da morte de Jesus Cristo. Mas será que todos realmente entendem o panorama geral de Sua morte?

Jesus não morreu apenas pelos nossos pecados. Se Sua morte tivesse sido tudo o que fosse necessário, Ele poderia ter morrido muito mais rapidamente e menos dolorosamente. Ele poderia ter sido apedrejado até a morte, um método comum de execução naquela época, o que deixava a vítima rapidamente inconsciente antes de ela morrer. Ele poderia ter sido esfaqueado ou lancetado por um soldado romano, e tudo teria acabado em questão de minutos. Ou ele poderia ter sido decapitado, pois Sua morte teria sido instantânea.

Mas Seu sacrifício exigia muito mais do que simplesmente morrer. Isso exigia muito sofrimento. Por quê? Simplesmente, a resposta é que o pecado traz sofrimento. Jesus nunca pecou (Hebreus 4:15), portanto, como ser humano, nunca deveria ter sofrido. Mas Ele se colocou na condição humana — em um mundo de sofrimento causado pelo pecado. Ele teve que sofrer para que pudesse ser nosso Sumo Sacerdote que entende nossas fraquezas, pois “em tudo foi tentado, mas sem pecado” (mesmo versículo).

Ele também teve que sofrer porque Seu sofrimento era, e ainda é, parte do elevado preço que deve ser pago pelo pecado. Observe que Seu sofrimento foi predito em detalhes pelo profeta Isaías:

“Foi desprezado e rejeitado, homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo...Ele foi desprezado, e não nos importamos. Apesar disso, foram as nossas enfermidades que Ele tomou sobre Si, e foram as nossas doenças que pesaram sobre Ele...Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados... o SENHOR fez cair sobre Ele os pecados de todos nós.

“Ele foi oprimido e humilhado, mas não disse uma só palavra. Foi levado como cordeiro para o matadouro; como ovelha muda diante dos tosquiadores, não abriu a boca. Condenado injustamente, foi levado embora. Ninguém se importou de Ele morrer sem deixar descendentes, de Sua vida ser cortada no meio do caminho. Mas Ele foi ferido mortalmente por causa da rebeldia do Meu povo...

“Quando Ele vir tudo que resultar de Sua angústia, ficará satisfeito. E, por causa de tudo que Meu servo justo passou, Ele fará que muitos sejam considerados justos, pois levará sobre Si os pecados deles” (Isaías 53:3-11, Nova Versão Transformadora).

Jesus sabia que esse sofrimento seria parte do elevado preço que pagaria pelos pecados da humanidade. Bem antes de sua última jornada a Jerusalém, “Jesus começou a falar claramente a seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém e sofresse muitas coisas terríveis...[e] seria morto” (Mateus 16:21, Nova Versão Transformadora; Marcos 8:31; Lucas 9:22).

Pouco tempo depois, Ele tornou a falar aos discípulos que deveria “sofrer muito e ser tratado com desprezo" (Marcos 9:12, Nova Versão Transformadora). Em outra ocasião, nessa última jornada a Jerusalém, Ele disse outra vez a Seus discípulos que era preciso que Ele “sofra terrivelmente e seja rejeitado por esta geração" (Lucas 17:25, Nova Versão Transformadora).

O sofrimento que Jesus passou fazia parte de Seu sacrifício em nosso favor. O sofrimento é fruto amargo de nossos pecados, e “Ele levou sobre Si o pecado de muitos” (Isaías 53:12). Para entender ainda mais profundamente esse tema, leia o artigo “Como o Sofrimento de Cristo Ajuda em Nosso Sofrimento?" a partir da página XX).