Série Os Dez Mandamentos
O Décimo Mandamento
- A cobiça nos rouba o contentamento, a gratidão e a paz de espírito.
- A cobiça pode levar ao assassinato, ao adultério, ao roubo e à mentira.
- Paulo demonstrou que, com a ajuda de Deus, qualquer um pode estar contente mesmo nas piores situações.
Se você não soubesse nada sobre a Bíblia e tentasse adivinhar quais seriam os Dez Mandamentos de Deus, provavelmente nunca adivinharia o Décimo Mandamento. Pois nem mesmo o apóstolo Paulo teria adivinhado (Romanos 7:7).
Mas esse mandamento, junto com o restante da Bíblia e especialmente o Novo Testamento, nos permite saber que Deus, conhecedor de todos nossos pensamentos, está julgando nossos corações, pensamentos, motivações e também nosso comportamento. Ele espera encontrar santidade em nossos atos, desejos, comportamentos e atitudes (ver Isaías 55:8-9; 2 Coríntios 10:5). O caráter pessoal tem a ver com nossos corações e também com nossas mãos.
A cobiça também nos rouba o contentamento, a gratidão e a paz de espírito. E os maus pensamentos muitas vezes levam a más ações (Tiago 1:13-16; 4:1-4; Marcos 7:21-23).
A Bíblia contém muitas advertências veementes sobre a cobiça e os pecados relacionados com avareza, ganância, inveja, ciúme e materialismo (Lucas 12:15; Romanos 1:29; 1 Coríntios 5:10-11; 1 6:9-10). As pessoas não cobiçam apenas coisas materiais, mas praticamente tudo.
Há muito tempo, a palavra “cobiça” significava simplesmente desejo. A Bíblia fala sobre um desejo positivo por dons espirituais (1 Coríntios 12:31, 14:39). Geralmente, a cobiça se refere a um dos piores tipos de luxúria, que não se trata do desejo de obter algo de maneira ética. Esse tipo de desejo negativo tem a ver com cobiçar o que pertence a outra pessoa — o “próximo” de alguém — quando ela não se dispõe a vendê-lo ou dá-lo a você. Se alguém “ama o próximo como a si mesmo”, então deveria agradecer a Deus pelas bênçãos que seu próximo tem recebido, em vez de desejar tirar o que lhe pertence!
Cobiça versus contentamento
O contentamento é o oposto da cobiça. Muitas vezes, a palavra “satisfeito” é usada como sinônimo de “contente”, mas não será assim neste artigo. Certamente, não é errado ficar insatisfeito com sua condição ou situação atual quando você tem a oportunidade de melhorá-la de maneira ética. Por exemplo, se não houver um motivo importante para uma pessoa morar em um bairro perigoso, ela não deve mesmo ficar satisfeita com isso se tem condições de mudar-se para um lugar mais seguro. Deus quer que tenhamos objetivos piedosos, o tipo certo de ambição e métodos justos de lutar por essas metas. Mas Ele também quer que tenhamos um estado de ânimo de contentamento, independentemente da situação. Porém, Deus não quer que fiquemos satisfeitos quando acontecer de cairmos em um comodismo espiritual, algo que pode ser chamado de presunção, apatia, letargia e mornidão. Deus quer nos vê fugindo tenazmente das tentações e crescendo espiritualmente!
Paulo demonstrou que, com a ajuda de Deus, qualquer um pode estar contente mesmo nas piores situações. Em Filipenses 4:4-14, ele nos deu a melhor explicação bíblica sobre o contentamento. Paulo passou por muito sofrimento e “dificuldade” em sua vida (Filipenses 4:14, Bíblia Viva). E ele escreveu essa epístola quando estava preso. Apesar disso, escreveu: “Aprendi a viver alegremente, tenha muito ou pouco. Sei viver com quase nada ou tendo tudo. Já aprendi o segredo para viver contente em qualquer circunstância, quer com o estômago satisfeito, quer na fome, na fartura ou na necessidade” (Filipenses 4:11-12, Bíblia Viva, grifo nosso).
Observe as virtudes que valorizam e acompanham o contentamento: “Alegrem-se sempre no Senhor” (Filipenses 4:4, NVI). “Não andeis ansiosos de coisa alguma” (Filipenses 4:6, ARA). “Oração” e “ação de Graças” (versículo 6). “A paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Filipenses 4:7). Pense sempre em coisas puras e virtuosas (Filipenses 4:8). O contentamento se concentra na gratidão pelo que temos, em vez da autocomiseração pelo que não temos.
Necessidade versus desejo
O Salmo 23:1 diz: “O SENHOR é o Meu pastor; nada me faltará”, contudo, a maioria das pessoas ainda não acredita nisso. Nem mesmo Adão e Eva acreditaram. Em nossa sociedade materialista e abastada, ficamos deslumbrados com uma variedade aparentemente infinita de produtos disponíveis e nos convencemos de que precisamos de muitos deles. A forte influência da publicidade nos leva a acreditar que realmente precisamos dessas coisas. Ademais, de maneira insensata, nos “comparamos” com outros e sentimos inveja (2 Coríntios 10:12) e pensamos, arrogantemente, que “merecemos” mais.
Quanto a esse assunto, a primeira epístola de Paulo a Timóteo está repleta de lições importantes. Algumas pessoas “pensam que a piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6:5, NVI). Por exemplo, ter a aparência de ser uma pessoa religiosa costuma ser bom para os negócios em feriados religiosos como o Natal e o Domingo de Páscoa, pois isso aumenta a chance de lucrar mais. Mas, na verdade, “a devoção acompanhada de contentamento é, em si mesma, grande riqueza” (1 Timóteo 6:6, Nova Versão Transformadora).
“Portanto, se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso” (1 Timóteo 6:8, BLH). Em sociedades ricas é muito difícil entender isso literalmente. Porém, quando ministros e membros visitam alguns irmãos da igreja em outras áreas do mundo, onde eles têm apenas o básico para a sobrevivência, muitas vezes são inspirados pela atitude de contentamento deles. Geralmente, esses irmãos se distraem menos com o materialismo — concentrando-se muito mais nas gloriosas e consoladoras profecias e promessas do Reino de Deus!
“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro [cobiça!] é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos” (1 Timóteo 6:9-10, NVI). A propósito, ser rico não é algo mau nem mesmo a causa do mal, pois, muitas vezes, Deus ajudou algumas pessoas a ficarem ricas. Porém, ser obcecado por dinheiro ou cobiçar riquezas conduz a todos os tipos de males. Reflita em Eclesiastes 5:10: “Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente” (NVI). Um tema recorrente do livro de Eclesiastes é a cobiça versus o contentamento).
A publicidade alimenta o fogo do desejo e da cobiça. E muitos políticos ganham popularidade prometendo coisas “gratuitas” que são pagas com o dinheiro dos contribuintes (principalmente os impostos pagos pelas futuras gerações).
Infelizmente, muitas pessoas, que se dizem religiosas, gastam toda a sua renda consigo mesmas sem nunca dizimar nem poupar e muito menos ajudar aos necessitados. É importante aprender sobre o contraste entre o caminho do dar e o caminho do receber (Atos 20:35).
Cobiça é idolatria
Idolatria é qualquer violação do primeiro mandamento. Em duas escrituras, Paulo iguala a cobiça à idolatria (Efésios 5:5; Colossenses 3:5). Quando alguém está obcecado por algo, isso denota idolatria. Essas escrituras nos ajudam a entender melhor o significado da “cobiça” e a gravidade da transgressão do Décimo Mandamento.
Geralmente pensamos nos Dez Mandamentos como um ciclo perfeito. Assim, todos os mandamentos têm igual importância e nenhum mandamento é superior ou inferior a outro. Destarte, essa visão posiciona o décimo mandamento ao lado do primeiro mandamento. Transgredir o décimo mandamento é uma maneira de violar o primeiro mandamento. E Deus nos ordena a vê-Lo como nosso principal Provedor (Mateus 7:7; Tiago 1:17; 1 Timóteo 6:17).
Por favor, leia e reflita sobre o sexto capítulo de Mateus, que diz: “Não acumulem para vocês tesouros na terra... Mas acumulem para vocês tesouros no céu… Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mateus 6:19-21, NVI).
“Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo mais importante do que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?" (Mateus 6:25-26, NVI).
“Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que vamos vestir?’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6:31-33, NVI).
E se permanecermos fiéis a Deus, Ele nos ressuscitará e nos concederá a vida eterna em Seu Reino!
Vamos concluir com uma última e inspiradora escritura: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque Ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13:5, ARA).