Setenta e Cinco Anos Após Hiroshima: Perigo Real, Esperança Real

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Setenta e Cinco Anos Após Hiroshima: Perigo Real, Esperança Real

Este ano o mundo marca o septuagésimo quinto aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, após o lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Será que aprendemos algo disso?

E ainda mais perturbador é ter havido uma explosão de teste nuclear nove anos depois de Hiroshima. Aquilo, no oceano Pacífico aberto, lembrava uma aparição mística surgindo em frente ao sol da manhã. Despertada do sono, a tripulação japonesa do barco de pesca de atum Daigo Fukuryu Maru se amontoou no convés para testemunhar uma bola de fogo bizarra se expandindo no horizonte ocidental. Pouco tempo depois, quando a nuvem radiante subiu mais alto no céu da manhã, um intrigante e fino material calcário começou a chover por todo o navio e nos tripulantes. A surpreendente precipitação durou três horas, grudando na pele humana e acumulando-se no convés.

Aquela poeira fina, conhecida mais tarde como shi no hai (“cinzas da morte”), era detritos dos corais altamente radioativos, que haviam sido pulverizados e lançados na atmosfera pelo então sigiloso teste de Castelo Bravo de quinze megatons (a maior arma termonuclear dos Estados Unidos na época).

Coberto de cinzas mortais, toda a equipe ficou doente por causa da radiação. Sete meses depois, o principal operador de rádio do navio, Aikichi Kuboyama, morreu de complicações devido a essa radiação, tornando-se a primeira vítima de uma bomba de hidrogênio da seguinte geração. Nove anos depois de Hiroshima, um cidadão japonês foi novamente vítima de armas atômicas.

Desde a primeira explosão de teste em julho de 1945, um número espantoso de 2.056 dispositivos nucleares foi detonado por nove países. E qual foi o resultado disso?

A detonação nuclear de Castelo Bravo, descrita acima, causou o pior desastre radioativo da história dos Estados Unidos — pior do que o acidente de Chernobyl na antiga União Soviética — que provocou uma chuva de detritos radioativos nas áreas vizinhas, mas em níveis mais baixos em grande parte do mundo.

Em 1961, os cientistas nucleares militares soviéticos explodiram o maior dispositivo da história — a enigmática Bomba Tsar — de cinquenta megatons — causando arrepio até nas pessoas mais audazes do auge da Guerra Fria. Diversos testes nucleares explodiram cavidades maciças de terra e lançaram várias toneladas de detritos radioativos na atmosfera.

Hoje existem mais ou menos quinze mil armas nucleares com cerca de nove mil e quatrocentos em arsenais militares (o restante está sucateado ou tecnologicamente obsoleto, aguardando para ser desmontado). A Rússia possui por volta de quatro mil e trezentos dispositivos nucleares e os Estados Unidos, não muito atrás, têm cerca de quatro mil.

E o que dizer de outras nações que possuem armamento nuclear ativo? Além da Rússia e dos Estados Unidos, é de conhecimento público que o Reino Unido, China, França, Israel, Paquistão, Índia, Coréia do Norte e, possivelmente, o Irã possuem ou podem fabricar armas nucleares.

Tudo isso suscita um espectro de um acontecimento impensável — um holocausto nuclear mundial. Os especialistas estimam que entre cem e duzentos e setenta milhões de pessoas morreriam horrivelmente nas primeiras horas de uma guerra nuclear em larga escala entre a Rússia e os Estados Unidos — seguida da extinção total da humanidade dentro de alguns anos.

E isso nos leva a esta reflexão: Como o mundo chegou a esse ponto? E, mais importante ainda, qual vai ser nosso rumo a partir daqui? Devemos encarar o futuro com desespero ou com esperança?

Setenta e cinco anos de corrida armamentista e tecnológica

Aqui está uma breve história.

Os marinheiros que viram a enigmática caixa de metal sendo soldada ao convés do cruzador U.S.S. Indianapolis, em 16 de julho de 1945 — no mesmo dia em que uma bomba atômica foi testada com sucesso no deserto do Novo México a quase dois mil quilômetros de distância dali — não faziam ideia do seu misterioso conteúdo. Ao sair da Baía de São Francisco, poucos sabiam que a bordo estava uma arma de alta tecnologia que incineraria, instantaneamente, cerca de setenta mil pessoas em Hiroshima vinte dias depois.

A arma foi o resultado de um salto tecnológico e industrial sem precedentes. Seis anos antes, uma carta escrita pelo físico húngaro Leo Szilard e assinada por Albert Einstein mudou o curso da história da humanidade. No início de 1939, cientistas alemães confirmaram formalmente a descoberta da fissão nuclear. A capacidade de "dividir o átomo" literalmente, em uma reação em cadeia subatômica, poderia liberar uma energia enorme.

Alarmados, vários físicos europeus e norte-americanos e outros cientistas ficaram profundamente preocupados. Após um atraso causado pela invasão da Polônia pela Alemanha nazista, finalmente, a famosa carta de Einstein chegou às mãos do presidente Franklin Roosevelt, em 11 de outubro de 1939.

Imediatamente, o presidente Roosevelt entendeu a gravidade da situação. Os nazistas não poderiam ser os primeiros a desenvolver uma arma atômica.

Prontamente, o presidente pôs em andamento o que ficou conhecido como "Projeto Manhattan", empregando mais de cento e vinte mil pessoas, para construir a primeira arma nuclear operacional.

Então, quase seis anos depois, foi testada no Novo México uma esfera oca de plutônio-239 de 6,4kg, inaugurando assim a era nuclear. Em 16 de julho de 1945, o "artefato", como era chamado o dispositivo de teste, produziu uma explosão destrutiva de vinte e dois quilotons, que quebrou janelas a mais de cento e sessenta quilômetros de distância no sudoeste pouco povoado dos Estados Unidos.

A guerra nuclear do século vinte

O primeiro uso bélico de uma arma atômica se deu algumas semanas depois, em 6 de agosto de 1945. Um bombardeiro SuperFortress B-29 modificado lançou a primeira bomba desse tipo (chamada “Little Boy”) em Hiroshima, uma cidade japonesa com cerca de trezentos e quarenta mil habitantes e uma importante cidade industrial e militar.

Às 08h15min da manhã, sessenta e quatro quilos de urânio-235 forma detonados a cerca de seiscentos metros acima da cidade. Por volta de 30% da população, setenta mil pessoas, foram mortas instantaneamente pela explosão e pelo incêndio radioativo. E cerca de 70% dos edifícios da cidade foram destruídos, embora apenas uma fração do urânio (1,7%) tenha atingido massa crítica. Mais tarde, milhares de pessoas morreram, de forma dolorosa, por causa do envenenamento por radiação, queimaduras e ferimentos relacionados à explosão.

No dia seguinte, o presidente Harry Truman confirmou o bombardeio e a nova capacidade nuclear dos Estados Unidos. Em uma transmissão de rádio, o presidente disse: “O mundo notará que a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima...Sabíamos que nossos inimigos estavam procurando por ela. Agora sabemos o quão perto eles estavam de encontrá-la. E sabíamos o desastre que viria a esta nação, a todas as nações amantes da paz e a toda a civilização, se a tivessem encontrado primeiro...Vencemos a corrida da descoberta contra os alemães”.

"O perigo da destruição total"

Ainda assim, o presidente norte-americano reconheceu a ameaça mortal que essas armas representavam para toda a civilização humana. Ele alertou: “A bomba atômica é perigosa demais para estar disponível em um mundo sem regras. Por isso é que a Grã-Bretanha, o Canadá e os Estados Unidos, que detêm o segredo de sua produção, não pretendem revelar esse segredo até que sejam encontrados meios de controlar essa bomba, a fim de proteger a nós mesmos e ao resto do mundo do perigo da destruição total” (grifo nosso).

Então, dois dias depois, armado com a bomba "Fat Man", movida a plutônio, um segundo B-29 sobrevoou a cidade japonesa de Nagasaki. Os 6,4 quilos de plutônio-239 explodiu a 469 metros do chão. Pelo menos trinta e cinco mil civis japoneses morreram instantaneamente, incinerados por um pesadelo radioativo.

Alguns dias depois, o Japão se rendia formalmente. Em sua mensagem de rendição, o imperador Hirohito reconheceu o potencial de "extinção total da civilização humana" da nova ameaça nuclear.

A União Soviética acelerou rapidamente seu programa de pesquisa nuclear, auxiliado em parte por espiões soviéticos que haviam se infiltrado em instalações de pesquisa secretas dos Estados Unidos. Quatro anos depois, em 29 de agosto de 1949, o mundo foi surpreendido pelo primeiro teste nuclear soviético bem-sucedido. Três anos depois, o Reino Unido, como participante conjunto do Projeto Manhattan, detonou sua primeira arma nuclear em uma área remota da Austrália.

A mortal corrida armamentista nuclear estava em andamento.

Então, nesse momento, é importante ressaltar que as temíveis palavras da Bíblia passaram a ter um enorme sentido. Jesus Cristo havia predito um “tempo de calamidade” tão destrutivo que, se não fosse interrompido, “ninguém sobreviveria” (Mateus 24:21-22, NVI). O potencial expresso nessas antigas palavras agora se tornara realidade!

E agora?

No final da década de 1950 e início da década de 1960, muitos ficaram preocupados com a ameaça de uma devastação nuclear. Milhões de crianças em idade escolar fizeram treinamento de sobrevivência nas escolas. Os “abrigos nucleares” públicos foram criados e a localização informada às pessoas. Muitas famílias construíram abrigos antiaéreos. O primeiro-ministro soviético Nikita Khrushchev ameaçava, quase diariamente, uma potencial guerra atômica. Os Estados Unidos e a União Soviética se enfrentaram em uma guerra de palavras e de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos instalaram mísseis com armas nucleares operacionais na Turquia e os russos fizeram isso em Cuba. Os nervos estavam à flor da pele. E quase houve uma guerra nuclear entre essas duas nações.

Atualmente, a ameaça iminente de uma guerra nuclear desapareceu. Até o lendário Relógio do Juízo Final, criado em 1947 pelo Boletim dos Cientistas Atômicos, mudou seu foco para a ameaça das mudanças climáticas.

Embora muitos expressem grande preocupação com as potenciais ameaças de terrorismo nuclear e do sabre atômico de pequenos países como a Coréia do Norte, a maioria das pessoas está mais preocupada com pandemias como a do coronavírus ou com a recuperação econômica. Recentemente, a revista científica Foreign Affairs declarou que as pessoas parecem "voluntariamente cegas ao perigo" da extinção por uma guerra nuclear.

Mas, sem dúvida, a ameaça ainda existe. A organização International Union of Concerned Scientists (União de Cientistas Preocupados, em tradução livre) emitiu um novo pedido de paz nesse 75º aniversário de Hiroshima. Em parte, o comunicado diz: "As armas nucleares são as 'armas do diabo'. Elas poderiam acabar com a raça humana e todas as outras criaturas. Elas poderiam destruir o meio ambiente e transformar a Terra em um planeta morto”.

O perigo iminente é real

Quase dois mil anos atrás, Jesus estava ensinando Seus discípulos no Monte das Oliveiras, com vista para o Vale do Cedrom e o magnífico templo de Jerusalém. Ao apresentar Sua mais longa profecia (Mateus 24), Ele tinha muito a dizer sobre a nossa era atual.

Ele esboçou uma sequência de eventos críticos que levaria a agitações globais e a catástrofes, como observado anteriormente. Mas, certamente, nem tudo era má notícia. Esse tempo traumático, traduzido em algumas versões da Bíblia como “a grande tribulação”, seria resolvido pelo espetacular estabelecimento do tão esperado Reino de Deus.

E, de fato, esse Reino, a última esperança de toda a humanidade, será inaugurado no retorno triunfal e visível de Jesus — então como Rei dos reis e Senhor dos senhores — ao topo dessa montanha de onde Ele estava discursando.

Os eventos que Jesus descreveu, e também muitas outras declarações impactantes em toda a Bíblia, falam de convulsão social generalizada, até a morte de bilhões de pessoas. Então, apenas o uso de armas nucleares corresponderia a esse horrível quadro que Bíblia descreve frequentemente.

Por que isso é importante? Porque esses tempos ainda estão por vir. Se as tendências seguirem assim e as nações e as pessoas continuarem se afastando da verdade revelada de Deus, a vida se tornará muito difícil — até o ponto de uma extinção humana literal. Mas você e as pessoas que o rodeiam, e até nações inteiras, podem tentar mudar suas vidas, concentrando-se no que Deus revelou. (Ver artigo “Seria Possível Uma Nação Inteira Voltar-se Para Deus?”).

Tempos difíceis estão por vir. Mas há uma esperança real — uma esperança além de um juízo final nuclear. Que Deus antecipe o estabelecimento de Seu Reino vindouro!


Seria Possível Uma Nação Inteira Voltar-se Para Deus?

Deus deixa muito claro seus padrões de comportamento — e as consequências —nas páginas da Bíblia. Repetidamente, Deus demonstra que Seus padrões de comportamento — resumidos nos Dez Mandamentos (Êxodo 20) e no que Jesus Cristo descreveu como os dois "grandes mandamentos" (ver Marcos 12:29-31) — existem para o bem da humanidade. Deus permite o livre arbítrio, ou seja, a capacidade de homens e mulheres fazerem escolhas. Deus convida, e até ordena, as pessoas a escolherem a vida e o caminho que leva à vida. Mas Ele permite que as pessoas façam escolhas erradas — e sofram as consequências, até mesmo em sucessivas gerações.

Grande parte da Bíblia representa um chamado à ação para seguir o Seu caminho de vida, tanto em escala nacional quanto individualmente.

Felizmente, a Bíblia registra vários casos em que as pessoas — coletivamente como nação e individualmente — atenderam esse chamado divino à ação. Essas pessoas optaram por abandonar seu antigo caminho de vida e começaram a "pensar de maneira diferente" — de fato, a palavra grega traduzida como "arrepender-se" significa mudar de ideia. Quando essas pessoas mudaram sua maneira de pensar, se renderam a Deus e reformularam seu comportamento, coisas incríveis aconteceram.

Os padrões de Deus são onipresentes. Seu caminho de vida é um estilo de vida. E a Bíblia registra a intervenção e as manifestações de Deus envolvendo impérios e países grandes e pequenos. Além disso, Deus preservou um exemplo específico e importante de uma nação que se humilhou diante dEle.

Esse exemplo é de uma grande potência econômica e social dos tempos bíblicos — a antiga Nínive. Nínive representava uma das maiores e mais remotas cidades do mundo antigo. Ela serviu como a capital do Império Assírio, atingindo seu apogeu por volta do ano 700 a.C.

Mas nesse tempo, diante das ações cruéis da cidade e de seus habitantes, Deus enviou um profeta para alertar sobre a perversidade e as transgressões daquela cidade e anunciar que o julgamento divino estava chegando. Suas instruções ao profeta foram preservadas para nós: “Vá depressa à grande cidade de Nínive e pregue contra ela, porque a sua maldade subiu até a Minha presença” (Jonas 1:2, NVI).

Deus enviou o profeta Jonas, cuja missão e existência foram corroboradas por ninguém menos que o próprio Jesus Cristo (Mateus 12:39-42). Jonas chegou a essa grande e antiga cidade e declarou seu destino iminente: “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída” (Jonas 3:4, NVI, grifo nosso).

Então, algo surpreendente aconteceu: “Os ninivitas creram em Deus” (versículo 6, NVI). A cidade inteira ficou atemorizada com a probabilidade de ser totalmente destruída — “do maior ao menor” — então todos decidiram fazer um jejum. As pessoas se comprometeram a mostrar a Deus que estavam dispostas a mudar. O rei chegou a emitir uma proclamação ordenando aos habitantes da cidade que "clamem a Deus com todas as suas forças" (versículo 8, NVI). Qual era a diretriz dele? "Que cada pessoa ore a Deus com fervor e abandone os seus maus caminhos e as suas maldades!" (versículo 8, BLH).

Embora o destino de Nínive já tivesse sido decidido, o rei esperava o seguinte: “Assim, quem sabe Deus permita que continuemos a viver e não ficará tão furioso a ponto de querer nos destruir” (versículo 9, Bíblia Viva).

O resultado? “E quando Deus viu que haviam deixado de lado seus maus costumes, abandonou Seu plano de destruir os habitantes de Nínive e não o realizou” (versículo 10, Bíblia Viva). O povo da grande cidade de Nínive se prostrou diante de Deus em uma atitude de arrependimento e foi poupado!

Como o próprio Jesus confirmou: “Os ninivitas...se arrependeram [mudaram seu modo de pensar e seu comportamento] com a pregação de Jonas” (Mateus 12:41). Jesus não se refere a esse relato como o "conto de fadas de Jonas". Ele confirma que todo o relato do livro de Jonas é uma história verdadeira — isso realmente aconteceu!

E essa lição também é válida para nós hoje em dia! Qualquer nação pode se salvar ao buscar a Deus. “Pois não Me agrada a morte de ninguém; palavra do Soberano Senhor. Arrependam-se e vivam!” (Ezequiel 18:32, NVI).

Embora a Bíblia profetize sobre calamidades econômicas e destruição generalizada antes do retorno de Jesus Cristo, Deus providencia uma saída ou um meio de escapar disso. Embora essas palavras tenham sido direcionadas especificamente a Israel, elas se aplicam a toda a humanidade: “Se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a Minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Crônicas 7:14).

E quanto a você? Não espere que outras pessoas em seu país mudem e busquem a Deus. Como o apóstolo Pedro pede a você e a todos nós em Atos 2:40: "Salvem-se desta geração corrompida!" (NVI).